Hitman sempre acertou em uma coisa: a primeira tela. Após assistirmos o vídeo explicativo da agência de matadores que traz o resumo da missão, um tanto genérica, mas traterei disso mais pra frente, somos inseridos no cais de um resort grande e extremamente luxuoso de Bangkok chamado Himmapan. O hotel por si só já é muito bonito e impressiona assim que começamos o game, mas o mais glamuroso dessa primeira tela é virarmos para o lado oposto e vermos o templo Wat Arum (me corrijam se eu estiver errado) com o rio à frente, realmente uma bela imagem. Sendo os alvos figuras ricas e influentes, nada mais natural não encontrarmos eles nas ruas caóticas da cidade o que também foi uma boa decisão da equipe desenvolvedora para não trazer uma ambientação similar ao episódio anterior.
Depois do fraco Marraquexe, onde o capítulo parece ter sido lançado mais para provar a capacidade visual e de processamento do jogo, deixando de lado o mais legal do Hitman, que é o gameplay, Bangkok traz de volta a alma da série e vemos o Agente 47 no mais clássico de seus cenários: um hotel. Quantas possibilidades não temos em um hotel, correto? Dezenas de tipos diferentes de funcionários, hóspedes, clientes, turistas etc. Cada grupo com suas parcerias e histórias particulares além das conversas de rotina, muito legais e mais naturais do que os marroquinos de inglês americano perfeito do último episódio.
Tudo isso se traduz na jogabilidade com uma gama muito grande de variedade em abordar as missões e possibilidades de troféus e desafios. Além disso, por ser um local único e relativamente compacto (afinal é “só” um hotel), você tem a cada corredor decisões a tomar, pois é a todo momento novos ambientes que refletem justamente as pessoas que convivem neles. Devo experimentar tal solução? Devo entrar aqui? Posso? Quem é importante demais? Quem não é? Tudo muito próximo um do outro fazendo com que as possibilidades apareçam a todo tempo em sua tela chegando ao ponto de ficarmos em dúvida de que caminho escolher.
Infelizmente, quem divide comigo a grande questão de “Que diabos esse meu alvo tem a ver com a história toda?” também vai ficar um tanto frustrado nesse episódio. Aliás, talvez aqui seja ainda pior haja vista que a suposta razão pela qual a agência foi contratada se resume a uma operação de vingança após a frustração de um pai que teve a filha assassinada e viu seus supostos autores impunes. Ou seja, o gatilho da missão é o glichê máximo do que pode ser uma agência de assassinos e o episódio sequer dá uma pista real da ligação disso com o enredo do game. No vídeo final é despertada a desconfiança de que a International Contract Agency (ICA) está sendo manipulada por um plano maior e mais ambicioso Jura? Que coisa mais óbvia! e que devemos ir atrás dos clientes. Porém queremos ter mais do que suspeitas, ainda mais se aproxmando do fim. Esse tipo de desconfiança também é um clichê que qualquer jogador já levanta desde o primeiro momento de um jogo como esse.
Ao mesmo tempo que o roteiro é genérico, o fato de um dos alvos ser um cantor muito popular acaba preenchendo o hotel luxuoso com momentos de bastidores de banda internacional. Isso é legal, pois temos a chance de esbarrar com diversos equipamentos, guitarras e outros instrumentos que inclusive podemos tocar, além da possibilidade de, inclusive, matar um dos alvos através de seus próprios equipamentos de som (muito legal). Esbarrar com membros de equipe bêbados ou desmaiados de overdose pelo chão faz a clássica missão em um hotel ser um pouco mais interessante, divertida e engraçada, além de cumprir o papel de impedir que tenhamos passe livre por determinadas áreas onde a banda está hospedada somente com um disfarce do hotel.
Hitman Episode 4: Bangkok dá mais um passo rumo ao fim desse game e admito que estou com medo. Conforme o jogo vai chegando ao fim, me pergunto se foi sábia a decisão de produzí-lo em episódios, pois vejo muito conteúdo para pouca relevância em sua própria finalidade. A princípio, achei uma boa ideia a estratégia episódica, tanto para a equipe produtora, pois no lado financeiro só tem a ganhar, quanto para os jogadores que, mesmo pagando mais no fim das contas, tem a possibilidade de ir experimentando a aventura conforme seu bolso permite, mas se a escolha se concretizar, no fim das contas, como uma perda sólida de enredo e justificativas dando lugar à diversão comercial pura, acho que vai ser um tiro no pé para uma franquia tão boa e consagrada.
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plataformas = [PS4, Xbox One e PC]
nota = [3/5]
game = [HITMAN: Episode 4]
game = [Bangkok]
info = [Lançamento: 16/08/2016]
info = [Produtora: IO Interactive]
info = [Distribuidora: Square Enix]
texto = [Retoma o espírito do jogo e bota o enredo]
texto = [para frente, mesmo que de forma genérica]
decisão = [Recomendado!]
positivo = [Muitíssimas possibilidades]
positivo = [Alvos divertidos]
negativo = [Ambiente limitado]
negativo = [Roteiro genérico]
}}