A ANCINE (Agência Nacional do Cinema) anunciou, nesta segunda-feira (5), em cerimônia realizada na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, a liberação de R$ 10 milhões para a indústria nacional de jogos em recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).
A Chamada Pública PRODAV 14/2016 é o primeiro edital do Programa Brasil de Todas as Telas voltado ao investimento na produção de obras audiovisuais brasileiras independentes de jogos eletrônicos. O objetivo é viabilizar novos projetos em todo o país voltados à exploração comercial em consoles, computadores ou dispositivos móveis. O edital estará disponível para consulta a partir de 06 de dezembro (terça-feira) no site: http://www.brde.com.br/fsa/.
“Contar com um investimento destes na indústria de games é muito importante e com certeza será um fator chave para o crescimento das produtoras de jogos brasileiras. É um trabalho contínuo da Abragames cuidar deste relacionamento político e estamos muito felizes com esse anúncio e esta conquista”, diz Fernando Chamis, presidente da Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos).
“A verba concedida às empresas poderá viabilizar e acelerar projetos de alta qualidade no Brasil e fazer com que nossa indústria de desenvolvimento de jogos atinja um nível de qualidade muito mais profissional do que nos anos anteriores. O financiamento sempre foi nosso maior obstáculo e, com esse edital, mais uma barreira foi quebrada”, diz João Requião, CEO e programador da Overlord Game Studio, desenvolvedora do Rio de Janeiro.
A verba será distribuída para até 24 projetos com a seguinte divisão de recursos:
Serão observadas as RESERVAS MÍNIMAS por Região:
30% para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste
10% para a Região Sul e os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Poderão participar do edital empresas produtoras audiovisuais e desenvolvedoras de jogos eletrônicos registradas e classificadas na ANCINE como agente econômico brasileiro independente, de acordo com a IN nº 91, estendidas as vedações de controle, coligação e veto comercial ou qualquer tipo de interferência comercial sobre os conteúdos produzidos aos agregadores de serviços de jogos eletrônicos, ou provedores deste serviço ao consumidor final. As empresas devem possuir CNAE de produção ou de desenvolvimento de programas de computador.
As empresas também poderão se candidatar aos recursos do PROCULT/BNDES, pleitando o valor mínimo de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) no prazo de 30 dias contados da publicação da Ata de Resultado da 1ª Fase de Seleção.
FORTALECIMENTO DA INDÚSTRIA
Para Eliana Russi, gerente executiva do Projeto de Exportação Brazilian Game Developers (BGD), parceria entre Abragames e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex-Brasil, o edital é resultado de um trabalho de longo prazo, que coloca o Brasil cada vez mais no mapa mundial dos jogos eletrônicos.
“A Abragames, Apex-Brasil e BNDES, foram pioneiros no entendimento de que a indústria de games é um setor efervescente: música, filme, design, programação, todos convergem para esse campo”, diz Eliana. “A indústria mundial de games continua crescendo e gerando receitas da ordem de US$ 100 bilhões. A indústria brasileira passou a participar desse mercado efetivamente com o BGD, tanto nas Rodadas de Negócios do BIG Festival, como nos mercados mundiais na América do Norte e Europa”, completa.
Entre os marcos desse processo de fortalecimento do setor, está a criação do BIG Festival, maior e mais importante festival de jogos independentes da América Latina, em 2012. “A primeira edição do BIG nos mostrou que no Brasil havia uma indústria com enorme potencial, efervescente e inovadora, que precisava apenas de estímulos para mostrar sua força”, conta Gustavo Steinberg, Diretor do evento.
No BIG 2016, quarta edição, a consagração veio com a premiação de um jogo brasileiro como o melhor do mundo em sua categoria, o Horizon Chase, desenvolvido pela gaúcha Aquiris Game Studio. No mesmo evento, a empresa de Porto Alegre tornou-se a primeira desenvolvedora a receber recursos do BNDES Procult, programa que financia negócios de todas as cadeias produtivas da economia da cultura, no valor de R$ 1,5 milhão.
Outra conquista foi a criação, em 2015, de um Grupo de Trabalho (GT de Games) para a discussão de políticas públicas e estratégias para o setor. “O GT nasceu no BIG 2015 e hoje reúne cerca de 100 gestores públicos e empresários. Sem dúvida, as 8 reuniões já realizadas pelo GT foram fundamentais para que todos os envolvidos tivessem uma visão macro da indústria no Brasil e no mundo”, diz Eliana Russi.