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Análise: O mundo virtual de The Caligula Effect

A desenvolvedora FuRyu pegou todos os fãs de JRPG de surpresa com o anúncio de The Caligula Effect como exclusivo do PSVita. Principalmente por seu roteirista ser o ilustre Satomi Tadashi, que escreveu a estória de Shin Megami Tensei: Persona e os dois títulos de Persona 2. Isto foi mais do que o suficiente para a alegria de oldschools que se apaixonaram pela franquia da Atlus graças a sua trama mais adulta e sombria. Porém, Caligula é um sci-fi que não envolve questões de ocultismos. Será que Satomi-san junto da FuRyu foram capazes de trazer aquilo que os fãs queriam?

Mobius: a Utopia virtual

Logo de inicio temos que escolher o nome do nosso personagem. Um jovem que se encontra no segundo ano do ensino médio e está preso no mundo virtual chamado de Mobius. Este lugar é como se fosse uma “super escola” composta com tudo que se tem direito e até mesmo um local reservado para show de músicas. Porém, o que se parece o paraíso na verdade é uma prisão de realidade virtual na qual mantém os jovens que não possuem o direito de escolha de retornar ao mundo real.

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Em busca de liberdade foi formado um clube estudantil ironicamente chamado “Go-Home Club” que está em busca de encontrar uma das criadoras deste mundo, a ídolo virtual μ, e consequentemente descobrir como retornar para casa.

The Caligula Effect trás uma forte critica contra a indústria do entretenimento. Mobius é praticamente uma menção a indústria, enquanto os inimigos chamados de digihead são os alucinados que apenas consomem tudo sem questionar. μ por sua vez é uma ídolo virtual igual Hatsune Miku na qual faz enorme sucesso sem nem ao menos existir. Por fim, os bosses do game são músicos. O fato de que qualquer pessoa pode ser como desejar no Mobius, representa a válvula de escape que os produtos da industria do entretenimento disponibiliza para que as pessoas possam esquecer de seus defeitos e se preocupar unicamente com o consumo dela.

Os personagens principais carregam consigo traumas no qual poderiam simplesmente ter se livrado ao viver no Mobius, porém, eles não fazem parte dos alucinados. Eles estão cientes que independente do corpo ou vida que tenham naquele ambiente, nada mudará no mundo real ou sobre quem realmente são. Essa mentalidade é o que torna a motivação deles algo forte para ingressar o clube.

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Combos e porradaria

The Caligula Effect tem como sistema de batalha a produção de combos para derrotar os inimigos. Quando o confronto começa você continua na mesma tela em que foi emboscado pelo inimigo, porém, não tendo influencias externas do cenário e este sendo limitado na região da batalha. Cada personagem tem três fileiras verticais de habilidades sendo que uma é para suporte (heal, movimentar, desviar e etc), outra para buffs e debuffs e, por fim e mais importante, ataques.

Ao selecionar uma ação automaticamente mostra uma prévia do que pode ocorrer a porcentagem de chance de tal movimento funcionar. Você escolhe que se deseja fazer mais alguma coisa ou encerrar seu turno ali mesmo. Pode fazer até três movimentos por turno com cada personagem. No fim todos fazem as ações que foram pré-definidas por você. Deste modo ao selecionar os ataques numa forma exata é possível realizar combos insanos que causam inúmeros hits. Existe golpes que só funcionam quando o alvo está no jogado no ar, caído no chão ou de pé, também tem aqueles que servem como counter para punir os inimigos que te ataca.

O sistema é inteligente e interessante, porém, é complexo. Às vezes chega a ser chato quando se enfrenta um inimigo fácil no qual um único golpe é o suficiente para matar. E em outros momentos é necessário para quando se enfrenta alguém muito poderoso, uma vez que você pode se prevenir de morrer.

Mais de 500 personagens que podem entrar na party

Isto parece uma promessa um tanto quanto tentadora, porém, não vá se iludindo. Igual a Persona, este jogo possui um simulador de amizades, mas não consome tanto tempo. Quanto mais amigo de algum NPC você for, mais vantagem terá. Ele poderá entrar na party, revelar quests para você fazer e ganhar recompensa e outras coisas. Porém, a maioria dos personagens acaba sofrendo com questão de serem extremamente genéricos. Os principais estão salvos disto, mas todos os outros só têm de singular o nome, uma vez que o tipo de armas, combos e tudo mais têm como base os protagonistas da história. A maior utilidade de colocá-los em sua party é para realizar as quests e ir em busca de troféus que exige o nível máximo de amizade.

Outra coisa que peca com o fator de ser genérico é os digihead. Eles são os nossos inimigos que vão estar em todos os mapas prontos para atacar o Go-Home Club e farão com que todas as batalhas pareçam iguais, porém, o fator diversidade se deve unicamente ao posicionamento a variação de velocidade que eles possuem, fazendo com que cada batalha pareça com um puzzle no qual devemos resolver para vencê-la evitando de levar o máximo de dano. As boss battle são realmente a parte empolgante disso, uma vez que eles possuem movimentos únicos e são mais desafiadores.

The Caligula Effect tropeça um pouco no fator ser um tanto quanto repetitivo, sendo que não é somente os membros “terciários” da party e os inimigos que sofrem com isso. Os cenários começam extremamente bonitos, mas no decorrer da dugeon é notável que quase não existe variação. Além disso, a trilha sonora por melhor que seja não apresenta uma boa variação e não demora para ficar algo manjado.

Falta de polimento

The Caligula Effect é um ótimo jogo, porém, é notável que não recebeu o polimento que era necessário. Já comentei sobre o fato de ser repetitivo, não foi? Ainda devo citar que em alguns momentos no cenário é possível atravessar portas como se elas nem existissem lá ou até mesmo algumas paredes (infelizmente são pouquíssimas), além disso, o jogo não está longe de utilizar todo o potencial do portátil da Sony. Os gráficos bonitos apresentados poderiam ser ainda mais belos com uma merecida refinada.

Este caso me lembra Sword Art Online Hollow Fragment que também foi feito pela FuRyu e peca um pouco em seu polimento, contudo, acabou sendo uma franquia comprada pela Bandai Namco e agora tornou-se um dos títulos na qual a produtora não larga mão. FuRyu e Atlus já tem a faca e o queijo na mão, basta saber se vão utilizá-los corretamente.

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Conclusão

The Caligula Effect é uma proposta interessante e que deve ser conferida pelos donos de PSVita que amam JRPG. Este jogo pode estar longe de ser uma obra prima principalmente pela falta de polimento, entretanto, ela caminha para se tornar uma vanguarda. Agora que a Atlus está o publicando quem sabe ela não resolva comprar a ideia e tornar Caligula uma nova franquia? FuRyu com um orçamento maior deve ser capaz de realizar uma sequencia que consiga contornar os problemas apresentados no jogo. Mas por agora este RPG é um contraste de alguns defeitos técnicos junto com sua repetitividade, ótimas ideias e uma narrativa digna vinda de Satomi. Me atrevo a dizer que se não fosse a história certamente a nota acabaria sendo 3, pois ela consegue prender o jogador sem dificuldade alguma.

{{

game = [The Caligula]

game = [Effect]

info = [Lançamento: 02/05/2017]

info = [Produtora: FuRyu]

info = [Distribuidora: Atlus]

plataformas = [PSVita]

nota = [4/5]

decisão = [Merece ser comprado e jogado]

texto = [Mesmo com deslizes, é um RPG com potêncial]

texto = [de se tornar uma ótima franquia]

positivo = [Narrativa]

positivo = [Ambientação]

positivo = [Personagens]

positivo = [Sistema de batalha]

positivo = [Forma que aborda críticas sociais]

negativo = [Repetitivo]

negativo = [Falta de polimento]

negativo = [OST com pouca variação]

}}

Anderson Mussulino

Publicitário louco por toda a cultura geek. Redator do Última Ficha e apaixonado por jogos que vem da terra do sol nascente.

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