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Análise: NBA Playgrounds enterra chances de se consagrar no gênero arcade

Já faz 24 anos que fomos agraciados com o divertido NBA Jam. Seu espírito zoeiro, jogabilidade arcade, e plantel gigante de jogadores fizeram com que o título fosse um dos melhores e mais memoráveis da sua época. Muitas versões do jogo foram lançadas, sempre tentando proporcionar ao menos parte desse legado, chegando até os celulares da modernidade. Agora, NBA Playgrounds chega a diversas plataformas na tentativa de trazer o gênero basquete zoeiro arcade à nova geração. Será que o jogo faz jus ao gênero? Confira abaixo a nossa análise.

Simples e direto

Com uma proposta simples, NBA Playgrounds chega para reviver o gênero basquete arcade. Após anos de muitos jogos de basquete incríveis, porém muito mais complexos, a ideia de simplesmente pegar no controle sem a preocupação de posicionamento, estratégias, jogadas, escalação, e muitas outras variáveis encontradas em jogos como NBA 2K é boa.

O approach do jogo é bem direto. Escolha seus jogadores, comece a jogar e se divirta fazendo jogadas absurdas e cômicas para vencer seu adversário tirando aquele sarro básico. Os controles são bastante simples. Há um botão de pulo, um de roubo de bola, outro de empurrão e o de trocar o jogador. Isso quando estamos na defesa. Ao atacar podemos arremessar a bola, passar para o companheiro, driblar e chamar para uma ponte aérea. Pelo fato de o jogo ser direcionado para todas as idades, não é necessária qualquer experiência em jogos de basquete ou mesmo qualquer outro jogo de esporte para se jogar NBA Playgrounds.

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Bola muito fora

O resultado disso é uma curva de aprendizado bastante curta. Com algumas partidas já é possível de se pegar o jeito do jogo e realizar arremessos sem passar o vexame de isolar a bola para longe do aro ou enterrar em cheio na tabela. Claro, o resultado dessas ações vai depender muito dos jogadores escolhidos, mas a maior parte do sucesso nas partidas vem da habilidade do jogador. Aliás, por habilidade, leia-se timing. Deve-se manter pressionado o botão de arremesso/enterrada pelo tempo certo para conseguir pontuar. Para auxiliar nessa tarefa, um círculo de luz surge ao redor do jogador e vai abrindo à medida em que o tempo certo para soltar o botão de arremesso/enterrada chega. Não é exatamente difícil de se errar a cesta, mas é praticamente impossível de se atingir o arremesso perfeito, que dá um ponto a mais para o jogador. Aqui, temos uma grande crítica. Isso é ao mesmo tempo contraditório com a proposta do jogo e extremamente irritante, já que o computador é incrivelmente roubado. Além de acertar 99,9999% dos arremessos, ele consegue fazer arremessos perfeitos como se estivesse passeando no parque. Para colocar a cereja no bolo, a IA do seu companheiro é absolutamente aleatória. Não há qualquer critério de posicionamento, tanto no ataque quanto na defesa. Em muitos momentos, o segundo jogador da sua dupla é meramente decorativo, já que ele não busca jogadas e não pega rebotes que não venham diretamente na sua mão.

Outra questão que deve ser melhorada em NBA Playgrounds são os boosts que surgem quando enchemos a barra de energia dos jogadores. O auxílio desses poderes é bastante bem vindo, já que pode mudar um jogo que já estava praticamente perdido, mas o maior problema é a aleatoriedade do mesmos. Simplesmente não é possível escolher ou apertar algo dentro de uma janela de tempo para ao menos ter alguma influência na escolha do boost. O jogo escolhe para você o que será e aceite isso, otário.

Resumindo a questão jogabilidade: NBA Playgrounds é fluido e até consegue divertir, mas peca muito na questão AI amiga, média de acerto dos adversários altamente exacerbada e boosts que não ajudam em nada na maior parte do tempo. Bom, pelos menos me agrada muito o fato de que a Saber Interactive está ouvindo bastante o feedback dos jogadores e lançando patches de correção constantes para resolver todos esses problemas.

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Caricaturas vivas e zoeiras

No que tange aos gráficos, temos o jogo mais bonito do gênero. Os efeitos em todos os mapas são muito bem detalhados e agradáveis de se ver. A mistura do tom cartunesco dos personagens, com mapas que usufruem de todo o poder da Unreal Engine 4, e efeitos que explodem na tela fazem com que a experiência visual seja incrível. Para completar, as animações foram carinhosamente criadas pela equipe da Saber Interactive, tornando NBA Playgrounds uma beleza que só. Se o jogo deixa a desejar no quesito jogabilidade, ele compensa muito nos gráficos.

Agora, vamos deixar claro aqui o que para mim é uma das melhores qualidades de NBA Playgrounds: os narradores. Se você quer zoeira, então definitivamente você vai gostar de ouvir o que os comentaristas falam durante as partidas. Todas os comentários são muito bem colocados e sincronizados com o que de fato está rolando na partida. Assim que comecei a jogar, por exemplo, fui bastante sacaneado pela dupla, que fazia questão de reforçar que eu parecia não ter feito o tutorial de tão deplorável que estava meu rendimento. Neste quesito, bato palmas para a Saber Interactive, que soube fazer piadas realmente engraçadas no jogo. O lado negativo disso, entretanto, é o fato de que não há dublagem em português. Para quem não está habituado a jogar jogos em inglês, perde-se muito da experiência do jogo.

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Dos calouros aos vovôs

Não podemos esquecer de comentar sobre um dos fatores principais do jogo, o elenco de jogadores. Simplesmente não há o que reclamar neste ponto. NBA Playgrounds traz incríveis 152 jogadores de todos os times existentes na NBA, inclusive com lendas do passado, como Shaquille O’Neal, Scottie Pippen e Patrick Ewing. Cada um dos personagens do jogo foi detalhadamente modelado em forma de cartum, o que evidencia a vontade de Saber Interactive de fornecer um produto visualmente incrível. Além disso, há diferentes animações para os jogadores, sendo que algumas são únicas. Aliás, a desenvolvedora fez questão de deixar claro que lançará updates com mais pacotes de jogadores, ou seja, ainda teremos muito mais personagens para zoar e enterrar bolas na cara dos adversários (não deu para evitar a piada, editor).

Para desbloquear jogadores, deve-se acumular experiência vencendo partidas e ganhando pontos. Há tanto um nível de experiência geral quanto outro específico de cada jogador, este que desbloqueia novas animações e movimentos. É uma pena, entretanto, que não seja possível escolher quais movimentos obter, sendo novamente uma escolha aleatória feita pelo jogo. Talvez o maior problema de NBA Playgrounds seja a falta de escolha por parte dos jogadores. Seria muito melhor escolher dribles especiais, roupas e cosméticos, mesmo que custando dinheiro. A impressão que temos é que Saber Interactive não queria fazer com que os jogadores tivessem que usar dinheiro in-game, mas ao mesmo tempo trouxe um jogo engessado demais em termos de customização. Bora atualizar isso daí, meus queridos!

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Lançou de 3 e acertou na torcida

Por fim, temos o pior e lastimável defeito de NBA Playgrounds: o modo online. Jesus Cristo tem poder, a quantidade de lags e glitches que aconteceram em todas as minhas tentativas de jogar uma partida decente supera em muito a quantidade de pontos que de fato consegui fazer. A conexão P2P, coisa de 10 anos atrás, dá muita vantagem para o host da partida, ou seja, a partida se torna completamente desigual. Lembremos que o ponto crucial do jogo é acertar o tempo para que, consequentemente, se acerte a cesta. Se a partida fica travando, com lag, ou com rubber-band a todo momento, torna-se absolutamente impossível de se jogar qualquer partida online. Para fechar com chave de fezes, não há como jogar com amigos, o jogo só permite criar partidas com pessoas aleatórias. Como vocês já perceberam, aleatoriedade é um problema sério para a Saber Interactive. Qual o sentido de lançar um jogo feito para se zoar e jogar com amigos se NÃO É POSSÍVEL DE SE JOGAR COM AMIGOS ONLINE?!

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Conclusão

NBA Playgrounds é um jogo que tenta reviver a sensação da zoeira de NBA Jam, em que enterrávamos as bolas sem dó jogávamos com os amigos tirando com a cara deles. Entretanto, o jogo não passa nem perto de ser tão divertido e cadenciado de se jogar quanto sua inspiração. Por mais que os gráficos e comentários dos narradores sejam material de alta qualidade, a jogabilidade simplesmente não acompanha. Além disso, é difícil perdoar um título que peca tanto no modo online, este que deveria ser um dos carros chefes do jogo.

{{

game = [NBA Playgrounds]

info = [Lançamento: 09/05/2017]

info = [Produtora: Saber Interactive]

info = [Distribuidora: Mad Dog Games]

plataformas = [PS4, Xbox One, PC e Nintendo Switch]

nota = [3/5]

decisão = [mas que erra feio em muitos pontos]

texto = [Um jogo que tenta ser um novo NBA Jam,]

positivo = [Gráficos bem feitos]

positivo = [Narradores zoeiros]

positivo = [Plantel de jogadores]

positivo = [Updates constantes]

negativo = [AI ruim]

negativo = [Boosts aleatórios]

negativo = [Conexões P2P]

}}

Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

4 Comentários

  1. Pelo que vi já é possível jogar com amigos. Mas o lag continua, além de de poucas opçôes de jogadores on line hahaha

  2. Gostei do jogo. Só falta implementar records tais como bloqueios, rebotes, enterradas, 2 pontos, 3 pontos… Na tabela de líderes online.

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