Filas intermináveis na recepção, fantasmas de pacientes falecidos, vômito jogado pelos corredores, epidemias e todo tipo de caos. Nada pode definir melhor o simulador de administração de hospital da Two Point Studios, Two Point Hospital. Tratado por muitos como um sucessor espiritual do clássico Theme Hospital, o título vem como uma boa promessa para os amantes de simuladores. Agora, será que o jogo consegue corresponder às expectativas? Veja na nossa análise abaixo:
Two Point Hospital é um jogo bastante simples em sua fórmula e completo nas suas ferramentas. A ideia é muito direta. Comande um hospital desde a sua concepção até ser soterrado por hordas de pacientes com inúmeras doenças. Inicie com uma simples recepção e uma sala de diagnósticos até ter inúmeros consultórios, ambulatórios, UTI’s e tudo que se possa imaginar em um hospital. Aliás, Two Point Hospital traz tudo que se possa pensar de um hospital da vida real e muito mais. Quando digo muito mais, quero dizer as coisas mais loucas que se pode imaginar. Desde pessoas afetadas que acham que são Freddy Mercury até pacientes com panelas presas na cabeça. Se tem algo que o título traz com maestria é a famosa zoeira. Em alguns momentos o jogo traz anedotas tão infames que a gente se pergunta o porquê de estarmos rindo. Com um humor às vezes bem pastelão, Two Point Hospital traz tudo que se espera em um jogo de administração sem abrir mão da diversão.
A mecânica do jogo é linear, mas não necessariamente fechada. Por mais que cada fase seja única com relação aos desafios impostos, a ideia em si não é levantar um hospital por estágio e simplesmente ir para o próximo, mas sim administrar uma rede de hospitais que aumentam a sua receita como um todo. Tudo funciona mais ou menos como um sandbox, onde pode-se seguir até os últimos estágios e voltar para os mapas anteriores para ganhar mais estrelas e reputação. Cada região do mapa traz três áreas que abrigam hospitais já destinados a ser administrado por você. Cada um desses trará um desafio diferente, passando por hospitais psiquiátricos, clínicas que curam palhaços e hospitais universitários que só permitem a contratação de iniciantes. Por mais que muitos hospitais se resumam a simplesmente descobrir uma nova doença de modo a construir as salas necessárias para a sua cura, é sempre muito satisfatório poder fazer com que todos os pacientes sejam devidamente encaminhados sem filas e deixem um gordo cheque na saída.
À medida que vamos avançando, ganhamos reputação, mais dinheiro e kudosh, que nos ajudam a atrair ainda mais clientes, comprar mais equipamentos, contratar funcionários melhores ou adquirir itens que vão ajudar no bem estar dos pacientes. Two Point Hospital funciona como um círculo virtuoso ou vicioso, em que uma má administração só irá piorar a situação dos pacientes, aumentando o trabalho dos funcionários, ou irá melhorar a vida de todos como um todo.
Agora, se você acha que Two Point Hospital é um jogo de simulação que se restringe à zoeira, você está muito enganado. As ferramentas fornecidas pelo jogo para que possamos administrar nossos hospitais da melhor forma possível são bastante detalhadas, trazendo informações individuais de cada uma das pessoas presentes dentro dos hospitais, desde pacientes até zeladores responsáveis por repor máquinas de salgadinhos. Para os amantes dos simuladores detalhistas, Two Point Hospital é um prato cheio, permitindo um microgerenciamento de primeira. Por meio de uma interface intuitiva e eficiente, pode-se mudar o salário de funcionários, ter uma estimativa de tempo de espera dos pacientes, eficiência dos tratamentos, fluxo de dinheiro em caixa, e muito, mas muito mais.
Tudo isso funciona de forma totalmente fluida, o que acaba sendo uma das principais qualidades de Two Point Hospital. O jogo é um dos mais bem desenhados do gênero no que tange a sua interface e jogabilidade. Pode-se pausar e aumentar a velocidade, como em qualquer outro jogo da categoria, mas o jogo é tão bem feito e as ferramentas de construção são tão bem elaboradas que não é necessário parar o jogo para construir um setor ou corrigir algo na planta do prédio. Tudo é feito de forma muito fácil e prática (maldito The Sims quando queremos rearrumar os itens de um cômodo). Basta puxar um quadrado de um cômodo específico que se queira construir que o jogo faz todo o resto. A rearrumação e recolocação de salas, tarefa muito trabalhosa em jogos do tipo, é muito facilitada em Two Point Hospital, exigindo um mero clique e arraste. O lado negativo acaba sendo a impossibilidade de customizar a clínica de forma mais detalhada, já que não se pode mudar papéis de parede e pisos, e também não há muitas opções de objetos para se escolher. A impressão que temos é que a Two Point Studios deixou margem para muitos DLC’s para o futuro nesse campo.
A cereja do bolo de Two Point Hospital é o seu humor. Se toda a mecânica do jogo agrada, as inúmeras anedotas e tiradas do jogo incrementam na medida certa a experiência, deixando tudo ainda mais divertido. Por mais que o jogo apresente muitos textos contextualizando algumas doenças e explicando outras, eu acabei lendo todos de forma natural, já que era praticamente garantido que eu seria agraciado com boas piadas. O título não economiza nas infames tiradas de tiozão e referências a outros jogos e elementos da cultura pop. Quando tudo começa a degringolar, fantasmas surgem por todos os lados, e as pessoas começam a ficar doentes no seu próprio hospital é que tudo fica ainda melhor. O sentimento de desespero se junta ao fato de que o jogo começa a zoar a sua administração e você começa a rir de nervoso.
Temos uma mecânica muito bem trabalhada, uma boa dose de humor e uma progressão que agrada, o que garante horas à fio sem que percebamos. Entretanto, um dos fatores chave para que eu viciasse no jogo rapidamente foi a sua trilha sonora. Two Point Hospital fornece uma gama de rádios que se adequam à experiência do jogo, te fazendo passar horas e horas jogando como se estivesse passeando pelo parque. Juro que na primeira vez que joguei o título para esse review pretendia apenas testar os primeiros trinta minutos de jogatina, mas quando percebi duas horas haviam passado num piscar de olhos. Para os amantes do gênero de construção de cidades, foi a mesma sensação de jogar Sim City 4 ou Cities Skylines só vendo a cidade crescer e perceber que cinco horas da sua vida se foram em cinco minutos.
Finalmente, os gráficos de Two Point Hospital são bem trabalhados, trazendo um visual cartunesco que se adequa à proposta do jogo e ao mesmo tempo permitem que computadores menos potentes possam rodá-lo sem tantos problemas. As animações criadas para os diferentes sintomas, assim como salas e tratamentos são bastante variadas e acrescentam no quesito diversão. Descobrir novas doenças é muito interessante não somente pelo desafio que se cria, mas porque ficamos curiosos para saber o que a Two Point Studios preparou de zoeira nesse sentido. Sempre há uma zoeira te aguardando em algum lugar.
Em suma, Two Point Hospital é um simulador de administração excelente. O jogo consegue se libertar da classificação de sucessor espiritual de Theme Hospital, criando algo novo, moderno, recheado de piadas e extremamente fluido de se jogar. Mesmo os jogadores mais detalhistas terão chances de adentrar em planilhas, relatórios e fazer com que seus hospitais se tornem os mais importantes da região com muito humor.
{{
game = [Two Point Hospital]
info = [Lançamento: 30/08/2018]
info = [Produtora: Two Point Studios]
info = [Distribuidora: Sega]
plataformas = [PC]
nota = [5/5]
decisão = [Um simulador de primeira]
texto = [Two Point Hospital é divertido]
texto = [e traz desafio na medida certa]
positivo = [Desafio]
positivo = [Humor infame]
positivo = [Jogabilidade fluida]
positivo = [Trilha sonora]
positivo = [Simulação complexa]
negativo = [Falta localização em PT-BR]
negativo = [Customização limitada]
}}
