Shin Megami Tensei é uma franquia lendária da consagrada Atlus e que é dividida em diversos spinoffs como Persona, Devil Summoner, Devil Survivor e outros… Porém, há diversos desses spinoffs que possuem os seus próprios jogos paralelos como é o caso de Shin Megami Tensei: Devil Summoner: Soul Hackers lançado originalmente no Nintendo 3DS. Em nossa análise iremos falar sobre a sua sequência que ficou denominada unicamente como Soul Hackers 2. Continue lendo e descubra se está tão bom quanto o jogo original.
Essa análise foi feita graças a um código de Playstation 5 cedido pela produtora. Soul Hackers 2 já está disponível para PS5, PS4, Xbox Series, Xbox One, Nintendo Switch e PC e não conta com legendas em PT-BR.
O fim do mundo está próximo, sua missão é impedir essa tragédia
Em Soul Hackers 2 temos como principal protagonista uma pessoa chamada Ringo. Ela não é exatamente uma pessoa e irei explicar o motivo. Ringo nada mais é do que um ser criado por uma entidade tech-divina chamada Aion que tem como dever observar o mundo dos humanos e garantir que ele continue a existir. Prevendo a destruição de nosso mundo, Aion deu origem a duas entidades conhecidas por Ringo e Figue para que ambas desçam ao mundo humano e impeçam quatro assassinatos que serão a causa do trágico fim da humanidade.
Infelizmente ambas falham em suas missões, mas Ringo tem a brilhante ideia de usar uma habilidade proibida chamada soul hacker para invadir a alma de Arrow, o invocador de demônios que ela deveria ter impedido a morte, e fazê-lo reviver.
Nesta mesma noite, a protagonista repete o processo mais duas vezes ao trazer de volta a vida Milady e Saizo. E da mesma forma que Arrow, os outros dois também são invocadores. Agora com uma equipe, Ringo tem tudo que precisa para impedir o fim do mundo humano, porém, as coisas não serão tão fáceis, uma vez que o vilão conhecido por Máscara de Ferro está alguns passos a frente.
A narrativa de Soul Hackers 2 é consideravelmente leve, mesmo abordando diversos temas mais adultos. Ainda mais se levarmos em conta que os personagens são de fato adultos, diferente de SMT e Persona que costumam usar adolescentes. Outro ponto que vale a pena ser ressaltado que é a equipe de protagonistas é bem reduzida, onde temos apenas cinco personagens sendo quatro jogáveis e um que serve de navegador. Devido a redução, eles são bem explorados e podemos entender melhor os acontecimentos que levaram eles a morrer antes de Ringo salvá-los.
Um ótimo RPG para ser porta de entrada para novos fãs
Soul Hackers 2 é extremamente fácil se for comparado aos outros RPGs da série Shin Megami Tensei, até mesmo em comparação ao seu antecessor. Os fãs de longa data sabem como SMT é considerado o Dark Souls dos RPGs de turnos ou seria Dark Souls o SMT dos action rpg? Fica aí o questionamento. O ponto que quero ressaltar é como Soul Hackers 2 está fácil seja em seus puzzles, mobs ou batalha contra chefes. Sendo sincero, deu para contar nos dedos de uma só mão quantas vezes eu suei para derrotar um boss. Inclusive, é extremamente acessível sair das dugeons, recuperar o seu MP e retornar, você não vai sofrer em ter que ficar estocando itens de MP ou segurando suas melhores magias para quando for confrontar um inimigo mais poderoso.
Por mais que isso pareça uma crítica, não considere o que está sendo dito como uma crítica, pois se levarmos em conta que Soul Hackers 2 está sendo lançado em todas as plataformas atuais, isso o tornará mais acessível ao público e teremos um aumento de novos jogadores conhecendo SMT. Consequentemente, esse jogo é uma porta de entrada para que novos fãs venham e se sintam acolhidos ao invés de deixar o jogo de lado por conta de dificuldade extra.
Felizmente os jogadores mais hardcores não foram deixados de lado, uma vez que o game possui opção de escolher a dificuldade.
A evolução dos invocadores de demônios
Em Soul Hackers 2 temos um tradicional RPG de turnos com dugeons que deveriam ser percorridas para você alcançar os seus objetivos. O mapa da cidade funciona por meio de click’n point, onde você apenas seleciona as áreas que deseja visitar e, só então, terá a liberdade para andar pelos cenários.
Diferente de outros jogos da série SMT onde você literalmente invoca os demônios para lutar no seu lugar, aqui temos um upgrade dos invocadores. Eles não precisam mais invocar de fato os demônios, mas sim usar os seus poderes. Deste modo a luta é quase que totalmente feita pelas próprias pessoas invés de apenas controlar as criaturas. E como isso influência no gameplay? Sendo sincero, em nada. É algo mais visual e também que reforça na história como os invocadores que voltaram a vida por meio do soul hacker são diferentes dos outros.
Falando mais da parte técnica do combate, aqui temos um turno inteiramente seu onde poderá executar ações ofensivas ou defensivas com os seus personagens e posteriormente um turno dos oponentes. O maior segredo para o sucesso é explorar as fraquezas dos inimigos o quanto antes para tentar derrotá-los num único turno, deste modo você acaba se poupando do dano que receberá na vez do oponente.
Além disso, Ringo também trouxe mais um upgrade a jogabilidade que é a realização do “sabbath” que em poucas palavras é a real invocação dos demônios para que eles deem um golpe a mais nos adversários. E como funciona? Vamos explicar agora. Toda vez que você atinge uma fraqueza do oponente, você invoca a sombra de um dos seus demônios e, no final do teu turno, ocorre um sabbath para causar dano relativo ao número de stacks de sombras que foram acumuladas. Alguns dos demônios receberam habilidades únicas para este game que só funcionam durante o sabbatah e servem para causar dano adicional, recuperar sua vida, causar um status negativo no inimigo e etc.
Algo que o sistema de combate deixa a desejar é uma função mais útil para Figue como navegadora e estrategista do grupo. Ela apenas alerta quando um inimigo está próximo ou te perseguindo, da mesma forma que em combate serve apenas para registrar as fraquezas. Mostrando uma função muito inferior ao trabalho de Rise e Futaba na série Persona.
As memórias ampliam o seu poder
Um ponto alto em Soul Hackers 2 é o fato das memórias dos personagens desbloquearem novas habilidades para eles. Além das dugeons tradicionais que terão que ser percorridas para você concluir a história, também existe uma sequência especial de dugeons chamadas de matrix que nada mais é do que o subconsciente hackeado da alma de cada um dos três personagens que voltaram a vida.
Você terá que entrar nessa área especial, percorrê-la, realizar puzzles, derrotar chefes e reviver memórias alheias para que assim Arrow, Saizo e Milady desbloqueiem novas habilidades para potencializar a individualidade de cada um em meio dos combates. Por exemplo, Milady recebe uma skill que permite perfurar inimigos que possuem resistência a golpes físicos, enquanto Saizo é capaz de causar dois múltiplos danos de arma de fogo em seus ataques, enquanto Arrow tem uma taxa de crítico maior. Ringo não fica para traz, uma vez que as habilidades dela são desbloqueadas de acordo com a vivência das memória dos outros três.
Gráficos e trilha sonora
Enquanto Persona 5 tinha uma engine gráfica própria e Shin Megami Tensei 5 utilizou a unreal engine, em Soul Hackers 2 temos a famigerada engine Unity que já havia sido usada no remaster de Shin Megami Tensei Tensei 3. Obviamente inferior ao que usaram em P5 e SMT5, os gráficos de Soul Hackers 2 são bem mais simples na modelagem dos personagens e dos cenários, tendo como destaque somente a quantidade de efeitos visuais nas roupas brilhantes e também nas cores extremamente vivas trazendo uma vibe meio cyberpunk.
De inicio pode ser estranho, uma vez que é notavelmente inferior aos dois grandes títulos da Atlus, mas não é difícil de se acostumar. Apesar disso, é até compreensível, uma vez que Soul Hackers 2 teve um tempo de desenvolvimento relativamente curto e não foi feito como um jogo ambicioso. Além do mais, a Atlus nas últimas gerações focava na produção de jogos simples da série Shin Megami Tensei, onde podia se destacar na trilha sonora e roteiro. Esse é o caso dos seus jogos lançados no Nintendo 3DS e no Playstation 2. Soul Hackers 2 nada mais é do que aparente teste para ver se essa estratégia vai funcionar e de forma que possa englobar todos os consoles atuais.
Só para deixar mais claro, os gráficos não são ruins, porém, sabemos muito bem que poderiam ser melhores. Por outro lado, a trilha sonora consegue se destacar seja pela música de introdução ou ela como um todo durante o jogo, trazendo soundtracks marcantes e que certamente você vai querer ouvir mesmo quando não estiver jogando.
Conclusão da análise de Soul Hackers 2
Concluindo essa análise de Soul Hackers 2 devo reforçar que aqui temos um excelente jogo de entrada para novos fãs. Ele é mais acessível de diversas formas, principalmente em sua dificuldade e por estar em todas as plataformas atuais. Além disso, sua história é envolvente e traz informações na medida certa, não tendo diálogos excessivamente cansativos. Apesar de tudo que foi dito aqui, há relatos do jogo não estar tendo um bom funcionamento em nenhum dos Xbox, então se você é usuário de um desses consoles deve levar em consideração um possível problema com quedas extremas de quadros por segundo.
Há muitas dugeons, diversas batalhas e combinações interessantes para a sua party. Soul Hackers 2 é um jogo necessário para todo fã de RPG.
Essa análise de Soul Hackers 2 segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Soul Hackers 2 é essêncial para todos os fãs de RPG
Visual, ambientação e gráficos - 7
Jogabilidade - 7
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 9
Narrativa - 9
8
Ótimo
Soul Hackers 2 é um RPG acessível, divertido e com certo nível de desafio. É perfeito para fãs antigos e novos. Ele tem suas falhas como uma queda constante de FPS nos consoles da Microsoft. Entretanto, essa aventura inédita merece o seu tempo investido.