Nestes tempos contemporâneos, cada dia recebemos jogos que são quase cópias da versão antiga, ou vem com muitos bugs, ou vem incompletos, repletos de DLCs e com preços absurdos. Mas ainda bem que temos os desenvolvedores indies, que sempre vem com surpresas: boas ou ruins. E para a nossa surpresa, recebemos a incumbência de fazer a análise de No Place For Bravery. E agora veremos se o jogo é do tipo de surpresa boa ou de surpresa ruim. Siga com a gente para verificar.
Esta análise só foi possível graças a uma cópia digital de No Place For Bravery, gentilmente cedida pela Glitch Factory, para a versão de PC, via Steam.
Sobre No Place For Bravery
No Place For Bravery se trata de um jogo indie, de aventura ao melhor estilo Soulslike, com uma boa pegada de RPG. Além disso, a sua parte gráfica é toda em pixel art, de um jeito que me surpreendeu muito.
A história do jogo é bem longa, pois como um bom RPG, muito da trama é construída durante a aventura, mas farei uma breve introdução:
Você estará na pele de Thorn, um velho e experiente guerreiro, querendo viver sua vida sossegada, sendo um dono de uma taverna. Porém, Thorn é assolado com um terrível trauma do seu passado: a perda da sua filha. A sua missão é ajudar Thorn, em sua odisséia, a resolver este pesadelo do seu passado e descubra uma grande história, capaz de mudar o mundo todo.
Por último, e não menos importante, o jogo foi criado por um estúdio brasileiro: o estúdio brasiliense Glitch Factory. E isso é ótimo, pois sempre fico feliz quando vejo um trabalho BR. Porém, quero deixar apenas um leve “puxão de orelha”: o jogo não começa com as legendas PT-BR selecionadas por padrão. É necessário ir ao menu de Configurações e alterar, ou ficar de olho no menu que abre ao iniciar um Novo Jogo. É claro que eu entendo perfeitamente a escolha do inglês como língua padrão, mas ainda assim vale a pena o comentário.
Gráficos
Antes de mais nada, eu não sou um grande fã de jogos em pixel art. Sei que tem vários jogos pixel art excelentes, mas eu não consigo jogar muitos jogos em pixel art. Claro que tem boas exceções, como Celeste e Momodora II, porém esse jogo tem a melhor pixel art que já vi em jogos indie. O fato do jogo ser todo em pixel art foi absolutamente irrelevante para mim, porque o jogo é extremamente lindo.
A HUD do jogo é bem limpa e não atrapalha o jogador a ver a tela, lembrando muito o menu tradicional da série Dark Souls, com a diferença que as barras de vida, energia e stamina ficam no canto esquerdo da tela. O menu de pausa me deixou um pouco confuso, mas com menos de 10 minutos eu já estava navegando tranquilamente entre as opções do jogo.
Por ser em pixel art, alguns elementos ficaram mais “básicos” na tela, como o sangue que espalha dos inimigos, efeitos de sombras e iluminação e até mesmo o solo. Porém são bem detalhados, a ponto de conseguirmos distinguir facilmente o que é sangue, folha, grama, montanha,sendo que facilmente conseguimos até ter a noção de estarmos em lugares mais altos ou mais baixos (ou seja, se estamos em nível solo ou em cima de um monte).
Jogabilidade
Não dá para negar que esse jogo tem um estilo de jogabilidade parecido com Soulslike. Porém, a dificuldade que encontrei no jogo, em seu modo normal, não foi algo bem difícil e desafiador como os jogos da série Dark Souls. Na verdade, eu me senti bem à vontade ao jogar e mesmo sem conhecer os padrões dos monstros, não foi difícil aprender os seus padrões. Era como se eu estivesse jogando algo como um Soulslike-Light.
A movimentação de Thorn, o sistema de combate e os controles do jogo são extremamente fluidos e simples. Os poucos momentos de desafio de plataforma não são complexos de fazer e até mesmo os atalhos de habilidades e itens respondem rapidamente ao comando executado. Em nenhum momento senti que o jogo foi injusto ou havia um desafio que precisaria de uma precisão milimétrica para executar.
O tutorial do jogo é um show à parte. De uma forma bem direta e objetiva, o tutorial lhe explica muito bem como o jogo funciona, deixando ainda uma boa margem para cada nova mecânica que é introduzida ao jogador. E a forma que o tutorial lhe é apresentado é de uma forma extremamente sutil, como se fosse uma página de um livro sendo aberta para o jogador.
Não sei dizer ao certo se foi a intenção dos desenvolvedores, mas eu tive um sentimento muito forte de estar jogando The Legend of Zelda: A Link to the Past, de Super Nintendo, só que melhorado e encaixando-se ao sistema Soulslike.
Por fim, não tenho muito mais do que acrescentar: No Place For Bravery possui uma das melhores jogabilidades que já vi em 2022. Ou indo mais além: uma das melhores experiências que já tive na vida. E, para provar isso, veja os 20 primeiros minutos do gameplay que fiz do jogo:
Sons e efeitos sonoros
A princípio, No Place For Bravery possui os efeitos sonoros já esperados: bem simples. Os efeitos sonoros do jogo são bem básicos, mas nem por isso são ruins. Sons de movimentos, ataques, gritos de inimigos, destruição de objetos, entre outros, não tem nada de novo.
Em contrapartida, a trilha sonora do jogo é algo surpreendente, de tão excelente que é. A trilha sonora traz um efeito nórdico que encanta qualquer um. As músicas do jogo são tão boas que em alguns momentos eu “esqueci de jogar”, só para apreciar o máximo possível da música tocada naquele momento. E, particularmente falando, já estarei esperando sair o soundtrack do jogo na Steam para adquirir, ou encontrar o nome das músicas no meu programa favorito de streaming de músicas para ouvir a qualquer momento.
Considerações finais de No Place For Bravery
A princípio, fazer a análise de No Place For Bravery foi uma grata surpresa. E de certa forma até fácil, pois quase tudo que o jogo propôs em fazer foi entregue com louvor. A pixel art do jogo é algo de encher os olhos, mas sinto que, mesmo entregando uma das pixel art mais lindas que já vi, os desenvolvedores poderiam tentar algo mais ao estilo 16 bits, como o The Legend of Zelda: A Link to the Past, que citei.
Quero aproveitar o espaço e deixar aqui uma sugestão: façam um port deste jogo para dispositivos mobile. Mesmo com o jogo tendo um estilo mais voltado ao Soulslike, não vejo dificuldade em jogar com controles touch. Fora que, com os controles touch, os ítens de acesso rápido seriam usados de forma mais intuitiva.
No Place For Bravery será lançado para Steam e Nintendo Switch, no dia 22 de Setembro de 2002.
Essa análise de No Place For Bravery segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
No Place For Bravery
Visual, ambientação e gráficos - 9.5
Jogabilidade - 10
Diversão - 9
Áudio e trilha-sonora - 9
9.4
Excelente/Fantástico
No Place For Bravery é, sem dúvidas, a melhor experiência que tive em jogos pixel art. O seu gameplay bem parecido com jogos soulslike é bem atrativo e tanto jogadores hardcore quanto jogadores casuais conseguirão se divertir. Aproveitem também para entrarem em uma história bem imersiva, ouvindo uma trilha sonora de qualidade.