Forspoken é um jogo que pegou todos de surpresa quando foi anunciado pela Square Enix, tendo exclusividade no Playstation 5 entre os consoles e, claro, também sendo lançado para PC. O jogo chegou como quem queria nada, mas será que entregou tudo? Em nossa análise de Forspoken vamos falar mais sobre esse título de fantasia que conta a história de Frey num mundo inacreditável.
Essa análise foi feita graças a um código de Playstation 5 cedido pela Square Enix. Forspoken não é dublado em português, mas possui legenda em pt-br.
Alice no País das Maravilhas está diferente
Em Forspoken vivenciamos a história de Frey, apelido de Alfrey Holland, uma jovem de 21 anos que está encrencada num tribunal de Nova Iorque por ter roubado um carro. Essa não é a primeira vez que a garota acaba ganhando novos pontos de “experiência” em sua ficha criminal, pois ela já tem um belo histórico de furtos. Apesar disso, Frey consegue novamente se livrar de ir para prisão. Contudo, a sua vida não está fácil, pois uma gangue está em sua cola por conta de dívidas e sua vida financeira é consideravelmente problemática.
Tendo o sonho de sair de Nova York, Frey tem como companhia apenas uma gata chamada Homer e uma bolsa de dinheiro que está tudo que ela juntou durante a sua vida. Contudo, esse sonho vai por água abaixo, quando a gangue que está atrás dela finalmente encontra seu apartamento e coloca fogo nele. Ela não tem para onde ir, pois Frey não tem conhecimento de seus pais uma vez que ela foi abandonada assim que nasceu. Sem opções, acaba deixando Homer aos cuidados da juíza que a ajudou anteriormente a não ser presa.
Durante a sua busca por alguma oportunidade, a jovem acaba encontrando um bracelete. Por curiosidade ela o coloca, mas simplesmente não consegue tirá-lo e é transportada para outro mundo. Neste mundo o bracelete começa a se comunicar com ela e muitas coisas começam a acontecer. Principalmente o constante perigo vindo de uma força maligna nomeada de corrupção que transforma humanos em zumbis e animais em criaturas horrendas. A história de Frey começa a tomar um rumo cada vez mais intrigante.
Sua narrativa tem muitos pontos positivos em questão de conceito, porém, há diversos fatores que fazem com que ela não funcione tão bem. Primeiramente nas decisões de roteiro que se contradizem de imediato, como a bolsa de dinheiro estar ao lado de Frey quando o apartamento pega fogo e mesmo assim ela deixar a bolsa no quarto para ir atrás do gato e quando olha, o quarto está inacessível pelo fogo, uma vez que não demoraria mais de 2 segundos para pegar a bolsa. Outro caso é quando a protagonista chega no mundo de Athia e as pessoas começam a chamá-la de bruxa e demônio, há personagens acusando a roupa dela ser diferente da vestimenta do local. Quando Frey é resgatada da prisão, a responsável pelo resgate dá um capuz que cobre apenas o rosto, deixando a roupa que se destaca de todas as outras ainda a vista.
Outro problema da narrativa está na forma como tudo é prolongado. No final do jogo, por exemplo, finalmente vamos descobrir a resposta para tudo que aconteceu, mas infelizmente contam de maneira picotada com o jogador tendo que ir atrás de cada globo de luz que contém um trecho da história. Se fosse apenas alguns globos estaria tudo ok, porém, exageram na quantidade, o que acaba deixando o momento uma vez épico, algo enfadonho. E, para completar, os personagens não apresentam carisma e acabam sendo estereótipos costumeiros do que vemos por aí.
Um mundo aberto extremamente livre, há não ser por paredes invisíveis
O mundo aberto de Forspoken é, sem dúvidas, a melhor coisa do jogo. Ele é extenso, tem relevos que fazem a diferença levando em consideração a forma que a Frey se movimenta pelo mapa. É realmente divertido ficar passeando por esse mundo por mais que seus biomas não sejam tão variados.
Além disso, cada região tem diversas coisas para serem feitas, fazendo com que o jogador possa dedicar boas horas de sua jogatina apenas para completar os desafios ou enfrentar os chefes opcionais que são realmente desafiadores. Sempre tem alguma recompensa relevante que faz com que o jogador tenha a sensação que valeu a pena o esforço.
Provavelmente o único problema do mundo de Forspoken são as paredes invisíveis que te impedem de ir em alguns lugares que simplesmente não faz sentido existir uma limitação. A parede que mais me marcou foi num castelo que tinha uma escada, mas dava a oportunidade de utilizar o parkour gravitacional de Frey para subir sem necessitar da escada. O jogo simplesmente me impediu de seguir adiante, forçando que eu utilizasse a escada por nenhum motivo, já que não tinha cutscenes a seguir.
Falando no parkour gravitacional, ele acaba sendo outro ponto positivo. Além disso, quando derrotar as Theias, que são as inimigas do jogo, você libera novas formas de se locomover neste mundo e isso deixa tudo ainda mais interessante.
Jogabilidade dinâmica, porém, a câmera não é a sua melhor amiga
Forspoken se destaca também em sua jogabilidade e, principalmente no sistema de combate onde controlamos Frey contra as criaturas corrompidas de Athia. A garota pode se mover livremente pelo cenário, enquanto utiliza de suas magias para combatê-las.
Em teoria, a magia funciona como um estilo de TPS onde temos que mirar na direção dos inimigos e lançá-las. A variedade de opções é consideravelmente boa, uma vez que temos quatro “elementos” onde cada um deles traz 3 tipos de magias ofensivas e mais de 4 tipos de magias auxiliares. Dito isso, é importante saber se adaptar contra os inimigos e ir alternando de acordo com o que você está enfrentando.
Mesmo que seja até divertido o combate, ele acaba ficando frustrante quando surgem algumas hordas que simplesmente cancelam suas execuções com um simples ataque básico em meio da animação ou atingem os inúmeros pontos cegos de Frey.
As batalhas contra chefes são muito 8 ou 80, fazendo com que Frey fique o tempo todo recuada ou muito na ofensiva. Isso quando não são maçantes ao extremo, por ter só uma oportunidade única de causar dano a cada meio século. A melhor boss battle do game foi contra a Theia da justiça que utiliza água, pois acabou sendo um combate equivalente entre as duas oponentes e era extremamente dinâmico, além dos efeitos visuais terem sido o ponto alto do jogo.
Gráficos e áudio
Os gráficos de Forspoken trazem a mesma questão das boss fight, eles são 8 ou 80. Em alguns momentos podemos dizer que são lindos, em especial os cenários, mas em outras partes podemos notar uma falta de polimento intrigante como o serrilhado nos cabelos, o modelo dos rostos que deixam a desejar, os dentes que não foram bem estruturados e faz parecer com que os personagens possuem dentes irregulares e mal cuidados devido a estranha cor escura. Infelizmente os momentos dos gráficos não serem agradáveis são bem maiores do que as raras oportunidades dos gráficos poderem se destacar por beleza.
Em questão de áudio não tenho do que reclamar, pois o áudio funciona muito bem, principalmente a voz do bracelete de Frey que sai pelo Dual Sense, dando uma imersão ainda maior ao game. Porém, a trilha sonora está longe de ser algo memorável. O que incomoda um pouco está na construção de alguns diálogos que acaba trazendo frases clichês e, além disso, as falas da Frey sempre são carregadas de palavreado, fazendo com que você se sinta levemente incomodado com o tempo.
Conclusão da análise de Forspoken
Terminando essa análise de Forspoken, devo reforçar que o jogo tem sim inúmeras ideias brilhantes e conceitos intrigantes, porém, a forma que trabalharam deixou tudo muito superficial, maçante ou clichê. O universo e personagens poderiam ter sido memoráveis, mas infelizmente não souberam como aproveitar e isso tornou o jogo apenas mais um game repleto de mesmices e com momentos que deveriam ser marcantes serem apenas situações sem a devida emoção.
Infelizmente Forspoken dificilmente vai agradar o público por conta do que foi descrito nessa análise, sendo indicado apenas se você conseguiu em alguma promoção extremamente atrativa.
A análise de Forposken segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Forposken tinha tudo para brilhar, contudo, más decisões e falta de refino impediram isso
Visual, ambientação e gráficos - 5
Jogabilidade - 6
Diversão - 6
Áudio e trilha-sonora - 7
Narrativa - 4
5.6
Fraco
Forposken carrega um ótimo background e conceitos, porém, a desenvolvedora não soube desenvolver isso sem apelar para clichês e também falhou em trazer refino para o game, deixando ele com inúmeros fatores que deixam a desejar. Certamente não é um jogo a ser recomendado.