Dois anos após o lançamento de Road 96, a desenvolvedora independente Digixart lançará um novo jogo da série, entitulado Road 96: Mile 0. O game promete apresentar os eventos que antecedem o primeiro game em uma narrativa envolvente.
Enquanto o primeiro jogo contava com um enorme foco na narrativa e eventos que se misturam à viagem na estrada, Mile 0 promete trazer uma perspectiva totalmente inesperada, mas que funciona em diversas partes para quebrar o tom do jogo. Ao invés de enfrentar um bandidos e todo um governo tirano, os jogadores deverão auxiliar a protagonista Zoe a se aproximar da realidade de seu amigo Kaito em uma jornada interior.
Road 96: Mile 0 será lançado para Playstation 4 e 5, Xbox One e Series, Nintendo Switch e PC (via Steam) em 4 de abril de 2023.
O começo de tudo
Recebemos da produtora uma versão que permite jogar o primeiro ato do game, ou seja, cerca de duas horas. Logo ao iniciar a aventura, somos lançados em uma experiência psicodélica na qual deve-se esquivar de obstáculos e coletar pontos seguindo uma estrada ao som de músicas extremamente envolventes. Os jogadores controlam Kaito, que percorre a pista utilizando um Skate.
Logo ao final dessa primeira seção do game, somos introduzidos a Zoe, que por sua vez utiliza patins e o diálogo entre os dois já demonstra a química existente entre os personagens. Zoe é uma garota nascida em uma família poderosa da nação ditatorial Petria, onde ambos vivem. Kaito, por sua vez, tem origens mais humildes, com seus pais trabalhando em empregos menos valorizados e residindo nos subúrbios da cidade de White Sands.
Ambos os adolescentes sonham em conhecer o mundo, servindo de prévia ao que se realizará no primeiro jogo da série. Mas para tornar o sonho realidade, os mesmos precisam se aproximar e bolar um plano mirabolante a fim de escapar da vida monótona e sem grandes perspectivas que vivem.
A revolução começa dentro de nós
Os jogadores controlam Zoe na maior parte do primeiro ato. O ato é subdividido em três seções que apresentam diferentes localidades de White Sands, sendo elas o subúrbio onde residem os trabalhadores, o condomínio de luxo onde a elite mora, e uma praça de atividades. É possível selecionar a ordem de exploração destes espaços no primeiro ato, e cada seção termina em um minigame rítmico com a mesma proposta da experiência de abertura do game.
Estas seções são repletas de colecionáveis, atividades e diálogos que podem definir níveis de moral para a personagem. Um exemplo é a possibilidade de pichar paredes ou pintá-las para restaurá-las. As escolhas são livres para os jogadores decidirem o que mais os convém, e o game promete grandes impactos na narrativa baseados nestas escolhas.
Não consegui notar nenhuma mudança radical de comportamento dos personagens nestas primeiras horas de jogo, mas acredito que o produto final deve contar com maiores ramificações da história. Além de explorar os cenários, é possível coletar latas de spray de tinta, que posteriormente são utilizadas para customizar o acampamento dos adolescentes em um minigame de grafitagem.
O aspecto político da narrativa evidencia os traços mais crus dos personagens e do mundo que cerca a protagonista. Zoe é claramente tratada com um nível de respeito que não combina com uma adolescente, mas que se mostra tristemente real considerando que as classes mais baixas se sintam amedrontadas pelo poder dos ricos. E em certo momento, uma atividade com o filho do presidente mostra como mesmo vivendo entre os ricos, a protagonista ainda tenha que abaixar a cabeça àqueles que pertencem a classes “superiores” a ela.
Diversas atividades que entrelaçam a história
Algo que me agradou bastante neste primeiro ato foi como os desenvolvedores inseriram certas atividades ao decorrer dos trechos de diálogo, quebrando um pouco o peso das conversas e inserindo os dois protagonistas em atividades que os aproximam e justificam a conexão que possuem.
A dublagem está toda em inglês, mas o game conta com uma ótima localização nos textos e legendas, o que permitirá aos jogadores criar vínculos com os personagens e entreter-se com as conversas. Somando isto à trilha sonora que, até então, não conta com hits populares, mas foi muito bem selecionada para engajar os jogadores, o game promete trazer uma experiência totalmente oposta ao primeiro jogo da série, mas que deve aprofundar nesta história rica e interessante.
O que achamos de Road 96: Mile 0?
O jogo não vem chamando muita atenção na mídia, mas graças a suas propostas de narrativa e de jogabilidade, Road 96: Mile 0 mostra-se bastante divertido e envolvente. No período em que joguei o mesmo fiquei bastante instigado a explorar cada canto do primeiro ato, e me questionei se respondi certo em cada uma das perguntas de múltipla escolha. Acredito que este sentimento prova o quanto o jogo nos conecta aos personagens.
Obviamente, o game traz elementos que não agradarão a todos os jogadores, mas a quem estiver interessado em saber mais do jogo, recomendo acompanhá-lo visto que seu lançamento ocorrerá um mês após o lançamento desta prévia. Em minha opinião pessoal, o game não se encontrava em nenhum radar, mas após jogar este primeiro ato, fico curioso pelo que está por vir na história de Zoe e Kaito.
