Desenvolvido pela Blue Byte Software e publicado pela Ubisoft recebemos a continuação de um icônico jogo de estratégia com expansão territorial. Será que o game se mantém fiel e eleva a qualidade da franquia de quase 30 anos? Venha conferir o que achamos em nossa análise de The Settlers: New Allies.
O game está disponível para PC via (Ubisoft Store e Epic Games Store), Nintendo Switch, PlayStation 4 e 5, Xbox One e Series e conta com legendas e interfaces em PT-BR.
Uma aventura sobre conspiração e aliados
A história de The Settlers: New Allies começa com uma conspiração que está acontecendo no reino de Ylesse. Um exército rebelde capturou o rei e tirou o poder do conselho, conseguindo, dessa forma, o controle total do reinado. Enquanto algumas tropas lutam sem esperanças pela defesa da capital, um grupo de cidadãos de uma comunidade próxima treinam e se preparam para combater alguns inimigos para dar tempo de salvar o máximo de civis possíveis. Sob a liderança do Mestre da Guilda de Ofício Baldwin e da cartóloga Rina, escapamos da ilha em um navio com o máximo de sobreviventes e mantimentos possíveis rumo a terras desconhecidas. Nela, encontraremos novos aliados, inimigos e mistérios.
Ao contrário da maioria dos jogos de estratégia e administração, The Settlers: New Allies tem um foco bastante interessante em sua história. Além da história inicial, o desenrolar da aventura possui um enredo bem curioso, que fica ainda mais cativante ao considerarmos as constantes ‘cutscenes’ que rolam durante a partida, onde os líderes de cada facção possuem uma participação ativa no desenrolar da história nas tomadas de decisões e nas resoluções dos mistérios. Isto é algo próximo do que é entregue em Starcraft II, porém sem a mesma quantidade de ação e qualidade.
Cenário colorido e vivo, mas um pouco bugado
Provavelmente o ponto mais alto do game está em sua ambientação. Em The Settlers: New Allies temos um cenário lindamente colorido retratando florestas, montanhas, regiões áridas, praias e oceanos. Tudo, mais uma vez, bem detalhado e colorido, causando um efeito visual bem agradável. Os personagens também são coloridos e bem desenhados, embora sua expressividade seja um pouco limitada. Podemos adicionar também as construções, que são bem-feitas – principalmente quando estão sendo erguidas – e que, de quebra, ainda é possível assistir os trabalhadores exercendo seu ofício – de forma simplista, claro.
Além disso, as cidades são bastante povoadas, próximo ao limite populacional geral – que são de 500 pessoas – é possível ver uma verdadeira multidão pelas ruas. Em contrapartida, elas são extremamente parecidas, principalmente em vestimentas, dando a impressão de serem mais formigas do que gente. Lógico que eu não esperava que todos os 500 cidadãos fossem completamente diferentes entre si. Mas uma simples mudança de coloração e/ou da vestimenta seria um adendo muito bem-vindo. Ou seja, o que é bom ficou, ao mesmo tempo, estranho.
Do mesmo modo o game possui uns bugs um pouco chatinhos. Em uma das missões principais, era possível ver “restos” de algumas estruturas voando próximas à câmera sem nenhum motivo aparente. Outro exemplo é quando construímos estradas de pedra em volta das construções. Em alguns pontos os meios-fios das calçadas ficam sumindo e aparecendo constantemente, gerando uma estranheza visual muito grande.
Expansão e prospecção é o que diferencia The Settlers: New Allies de outros do gênero
Para quem já conhece a franquia, e alguns outros games de estratégia, vai se encontrar perfeitamente bem em The Settlers: New Allies. O game é um clássico gênero de estratégia onde precisamos coletar recursos variados para fazer outras construções e processá-los em outros produtos, como ferramentas e armas. O grande diferencial – para quem está conhecendo agora – é que na franquia a questão de construção não é apenas próximo ao seu HQ ou outra estrutura específica. Na franquia The Settlers o meio de expansão é através dos nossos trabalhadores, que precisam expandir nossas fronteiras demarcando territórios.
Da mesma forma, minérios e diamantes são encontrados em regiões de pedra, sendo que o material ali contido não fica explícito para o jogador. Também é necessário enviar trabalhadores para prospectar a montanha, identificando qual recurso(os) podemos encontrar ali e, aí sim, construirmos a devida mineradora no local.
A expansão populacional também é bastante interessante. Ao construirmos casas não apenas aumentamos nossa capacidade de produzir trabalhadores e soldados, mas também sobe o número de carregadores disponíveis. E um fator interessante é que cada número populacional é uma pessoa disponível para essa função, sem precisar de produção ou gasto de recursos. Isso é muito interessante pois ao construirmos algo, é necessário o transporte de nosso armazém até o local designado. E cada um possui um limite pequeno de transporte. Ou seja, quanto mais melhor.
Alimente a população, mas não para que morram de fome
Diferente de alguns games do gênero, a alimentação não afeta humor ou produções. Cada tipo serve para dar um “boost” em certas construções, aumentando a produtividade e quantidade de materiais gerados. Por exemplo, podemos dar peixes para os mineradores de pedra, dobrando a quantidade de material produzido, como também fornecer uva aos ferramenteiros e, assim, conseguirmos uma maior produção de ferramentas. O equilíbrio entre produzir e fornecer esses recursos se mostrou um bom desafio, embora o desequilíbrio também não afetasse negativamente as partidas.
Junto a esses recursos, também precisamos medir ou até mesmo conservar materiais para fazermos pesquisas. Elas não possuem um valor em dinheiro, mas utilizam dos próprios recursos que produzimos. Por exemplo, para aumentar a velocidade de movimento dos trabalhadores, precisa investir ferramentas, ou para aumentar a vida das construções, pedra e por aí vai.
Partidas lentas e arrastadas tornam The Settlers: New Allies bem tedioso – Análise
Tudo explicado até agora é bem tradicional em games do estilo e algumas das características da franquia, porém, sua execução que é o problema. Começando pelas facções, todas possuem exatamente os mesmos tipos de estrutura e unidades, mudando apenas as habilidades de duas delas. Cada um possui 7 unidades sendo que 5 delas são idênticas em atributos e habilidades: O escudeiro, o soldado, o arqueiro e duas unidades de sítio que só mudam o nome. O que difere é uma unidade especial e a habilidade de buff entre os curandeiros. Apenas isso, de resto tudo é a mesma coisa apenas mudando – e nem sempre – a skin e o nome. O mesmo acontece com as construções onde temos apenas uma torre de defesa que possui uma habilidade especial que difere entre as facções, fora isso é só aparência.
O segundo ponto que afeta bastante a jogabilidade é o quão arrastado as partidas são. Os mapas – apesar de lindos – são grandes e a expansão é muito lenta. Embora a proposta do game seja essa, a falta de variação e a quantidade relativamente limitada de coisa para se fazer enquanto espera algo é bastante cansativo e repetitivo com o tempo. Isso sem contar a dificuldade zero que senti com relação a IA do jogo, que ou repetia ataques com exatamente a mesma intensidade e espaço de tempo, ou simplesmente não fazia praticamente nada a partida inteira. Para as partidas solo, um botão para acelerar o tempo cairia muito bem para ‘aliviar’ essa sensação, mas que mesmo assim não mudaria o fato de cada fase se tornar praticamente mais do mesmo.
Trilha sonora que combina e uma boa dublagem
Como explicado anteriormente, The Settlers: New Allies é um game com um ritmo bastante lento e partidas longas. E aqui podemos até dar parabéns pela escolha da trilha sonora. O game conta com uma trilha sonora suave e com um tom que varia da tranquilidade para algo aventureiro – a proposta do próprio enredo. Ela também pula para algo mais agitado ao entrarmos em combate, fugindo da serenidade anterior e trazendo algo mais urgente para seu tom.
Sua dublagem também é boa, principalmente os comentários dos soldados e o barulho da população ao ser atacado. No primeiro, além das respostas padrões de qualquer soldado, quando feridos eles fazem observações como “é apenas um arranhão” ou “preciso de um curandeiro”. Um detalhe que particularmente achei divertido. Também temos a dublagem dos principais personagens nas cutscenes que embora a expressão não traga uma emoção aparente, a voz consegue.
Conclusão da nossa análise de The Settlers: New Allies
Resumindo, baseado nos pontos destacados nessa análise confesso que fiquei com o coração dividido. Quanto mais eu jogava o game, menos eu queria jogar, porém não no ritmo que normalmente acontece. Seu enredo me prendeu um pouco, não sendo nada muito surpreendente, mas trazendo intrigas e curiosidades interessantes. Enquanto seu visual me agradava, sua jogabilidade arrastada e as partidas longas faziam com que eu fosse gostando cada vez menos. No entanto, a trilha ajudou a tornar as longas – e arrastadas – partidas a serem mais agradáveis, mas que seria ainda mais eficiente se o game tivesse uma função de acelerar o tempo.
Conclusão: considerei sim, o game bastante divertido nas primeiras horas, mas depois começou a dar aquela sensação constante de repetição, principalmente quando avancei na campanha e troquei a facção e senti exatamente a mesma jogabilidade da inicial. Isso foi uma frustração bem grande em cima do potencial que o game tem. Se ele vale a pena? Arrisco dizer que sim, pois está longe de ser um game ruim, mas com certeza não pelo seu preço de lançamento – e talvez nem pela metade dele também.
A análise de The Settlers: New Allies segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
The Settlers: New Allies
Visual, ambientação e gráficos - 7
Jogabilidade - 4
Diversão - 6
Áudio e trilha-sonora - 8
6.3
Razoável
The Settlers: New Allies é um game relaxante, mas talvez até demais. Tinha potencial para elevar a franquia, mas cai em um ritmo extremamente lento e simplista que cansa com o tempo. Porém, não deixa de entregar alguma diversão.