O mercado de jogos está saturado de experiências semelhantes, com foco enorme na ação, customização e de narrativas épicas. Tanto desenvolvedoras de grande e pequeno porte buscam a nova tendência para replicar em seus novos jogos, a fim de pegar onda em games que fizeram sucesso. Mas no meio deste grande oceano, estúdios se afundam por tomar baixos riscos, e entregar experiências que rapidamente se desgastam.
Neste cenário turbulento, ONI : Road to be the Mightiest Oni chega como uma experiência intimista, mas que conta com um combate bastante interessante e uma ambientação muito característica. O jogo, desenvolvido por um estúdio independente japonês, insere os jogadores em uma aventura por uma pequena ilha repleta de demônios e espíritos.
Essa análise de ONI : Road to be the Mightiest Oni foi feita graças a um código de Playstation 5 cedido pela desenvolvedora. ONI : Road to be the Mightiest Oni já está disponível para PlayStation 4 e 5, Nintendo Switch e PC (via Steam).
Navegando contra a maré
O jogo apresenta a história de Kuuta, um guerreiro demônio que perde uma batalha para o humano Momotaro e decide treinar a fim de derrotá-lo em seu próximo encontro. Ao chegar na ilha de Kisejima, o mesmo conhece Kazemaru, um fantasma amigável que se voluntaria para acompanhá-lo em sua aventura. Unindo seus poderes, os mesmos treinam enfrentando os espíritos demônios que habitam a ilha a fim de aprimorarem suas habilidades e coordenação de combate.
Vale ressaltar que Momotaro é um personagem do folclore japonês que enfrentou demônios em busca de vingança por terem destruído sua terra natal. Com isso, fica evidente a importância da cultura japonesa na narrativa e ambientação do jogo. Menus contém escritas japonesas para representar suas funções, a arte possui visual cell-shaded que proporcionam paisagens fora deste mundo, e acima de tudo, os cenários são repletos de construções e decorações relacionadas a espíritos.
Apesar desta ambientação parecer sombria ao olhar ocidental, o jogo reforça ao máximo que os jogadores relaxem em suas cadeiras e aproveite o fluxo das coisas. A trilha sonora traz elementos calmos, com interações tranquilas e intimistas entre Kuuta e os demais personagens que encontra durante sua aventura. Em quase todos os momentos é possível ver o mar e se situar nesta pequena ilha no meio do oceano.
Enfrentando as provações
O jogo é dividido em duas seções de jogabilidade: Combate e exploração. Conforme os jogadores exploram os cenários, os mesmos encontrarão demônios emanando uma aura escura que, ao interagir com os mesmos, é possível entrar nos Trials. Contendo mais de 30 Trials, cada um é composto por uma missão que varia entre derrotar todos os inimigos, ou derrotar todos os inimigos acompanhando um mercador.
Em ambas as situações, os jogadores devem atordoar os inimigos e capturar suas almas, com botões de ataque, captura e desvio sendo atrelados ao controle. Além de utilizar sua arma principal, os jogadores também podem contar com a ajuda de Kazemaru para atordoar os inimigos, necessitando apenas capturar as almas dos mesmos. As mecânicas de combate são bastante interessantes por tirar o foco apenas de pressionar os botões de ataque, e a inclusão de Kazemaru nas lutas as torna mais dinâmicas e estratégicas. Além disso, conforme progride na história, é possível aprender novas habilidades de combate que variam de criar clones de si a deslanchar ataques fortes em área.
Já nas seções de exploração, o jogador pode explorar a ilha com diversas seções desbloqueáveis conforme enfrenta os Trials. Além de coletar recursos que podem ser trocados por itens e cosméticos, é possível encontrar fantasmas escondidos pela ilha. A cada 4 fantasmas coletados e entregues a um santuário, um slot de vida é adicionado ao protagonista. No entanto, ao coletar tais fantasmas, certos monstros podem aparecer, fazendo os jogadores correr ao santuário antes de retornar à exploração da ilha.
Um caminhar pela floresta
Algo que não deve agradar muitos jogadores é o ritmo no qual as coisas acontecem. O jogo possui uma movimentação não muito rápida, com alguns desbloqueáveis aumentando a velocidade do personagem. A falta de um botão de correr é algo que se nota logo no início do game, e isto persiste até o fim da aventura. No entanto, esse traço do game é algo já esperado pelos desenvolvedores, e toda a ambientação deixa isto evidente.
As cutscenes que exibem diálogos entre o protagonista e os demais personagens não possuem dublagem alguma, apresentando os textos de diálogo ao som de trilhas calmas e confortantes. E até mesmo o combate, que traz mais ação ao jogo, exige poucos desafios dos jogadores. Inclusive, ao final de cada Trial é exibido o tempo e maior combo, a fim de convidar os jogadores a buscar melhores pontuações.
O jogo ainda conta com um sistema de desafios que é atrelado aos troféus/conquistas das plataformas. Conforme os jogadores completam estes objetivos, que variam de coletar cogumelos a realizar enormes combos, são concedidas recompensas como itens e aprimoramentos nas habilidades, instigando os jogadores a explorarem os cenários cautelosamente e realizar os combates da maneira mais precisa possível.
O que achamos de ONI : Road to be the Mightiest Oni
Com uma proposta bastante introspectiva, o game traz diversos elementos que o separam de um sucesso comercial ao nível das grandes companhias. Apresentando uma narrativa tranquila e contada aos poucos, com personagens interessantes e bem definidos, e uma jogabilidade fora do tradicional, ONI : Road to be the Mightiest Oni será colocado em análise pelos jogadores como “ame ou odeie”, sem meio termo.
As mecânicas do jogo funcionam, em sua grande parte, como deveriam, mas alguns pontos mereceriam um maior polimento a fim de tornar certas atividades menos repetitivas. Um exemplo se encontra na exploração e coleta de espíritos durante os cenários, que limita a coleta de duas almas antes do monstro ser invocado e ser necessário retornar ao santuário.
Ressalto que o game não possui tradução para o Português do Brasil, o que pode afastar certos jogadores considerando que grande parte da experiência se dá nos textos apresentados durante a aventura.
A análise de ONI : Road to be the Mightiest Oni segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
ONI : Road to be the Mightiest Oni
Visual, ambientação e gráficos - 7
Jogabilidade - 7.5
Diversão - 7
Áudio e trilha-sonora - 7
7.1
Bom
ONI : Road to be the Mightiest Oni é um grande exemplo de jogo que irá dividir a opinião dos jogadores. O game traz uma ambientação tranquila e uma jogabilidade dividida em duas seções diferentes, e mecânicas que funcionam bem mas seguem um fluxo lento que afastará muitos jogadores.