Análise: Sherlock Holmes The Awakened desperta seu detetive interior
Para que o Holmes foi a padaria? Alimentar, meu caro Watson!
De antemão, quero agradecer a honra de analisar Sherlock Holmes The Awakened. Já tive o privilégio de analisar Sherlock Holmes Chapter One e agora começaremos a elementar arte da observação e dedução de jogos, também conhecida como análise.
Esta análise só foi possível graças a uma cópia digital de Sherlock Holmes The Awakened, gentilmente cedida pela editora Frogwares, para a versão de PC, via Steam.
Sobre Sherlock Holmes The Awakened
Antecipadamente, digo-lhes que Sherlock Holmes The Awakened é praticamente um remake do jogo homônimo de 2008. Porém, não farei comparações entre as versões, principalmente porque houveram mudanças significativas.
Sherlock Holmes The Awakened é um jogo de investigação e aventura, com uma história de terror a lá Howard Phillips Lovecraft. Nesta aventura de Holmes e Watson, os dois são contratados para investigar um, aparente, caso de sequestro. Porém, quanto mais avançam na investigação, a dupla descobre um inusitado e nesfasto culto de adoração a Cthulhu. Será que eles serão capazes de desvendar este imenso mistério ou serão engolidos completamente pela insanidade?
Por fim, venho parabenizar aos desenvolvedores da Frogwares, por trazer ao jogo uma legenda em PT-BR quase perfeita. Durante a análise encontrei alguns errinhos aqui e ali, mas nada que não passe apenas de um pequeno incômodo. As legendas contém um fundo preto, ajudando (e MUITO) na leitura.
A arte da observação
Em primeiro lugar, o uso da Unreal Engine nesse jogo é algo que me surpreendeu de uma forma bem positiva. Da mesma forma, os cenários apresentados são lindos e bem detalhados, enfatizando o ambiente. Diferente de Sherlock Holmes Chapter One, temos uma Londres chuvosa e até mesmo desolada, introduzindo o clima de terror que a aventura se encaminha.
Do mesmo modo, o interior dos estabelecimentos estão incrivelmente detalhados. Contudo, se me permitem a audácia, digo que alguns ambientes são uma retratação fiel do passado. Agora vejam só esta biblioteca:
A complexa dedução
Em síntese, Sherlock Holmes The Awakened tem uma jogabilidade bem peculiar. Como o foco do jogo é a análise e investigação, o jogador ficará constantemente a procura de pistas, para prosseguir na aventura. Porém, alguns momentos são bem frustrantes, visto que precisa constantemente usar a habilidade de dedução e busca e em alguns momentos precisa combinar duas das habilidades para achar a pista.
Similarmente ao Chapter One, as soluções exigem que o jogador “saia da caixa” e busque constantemente informações. Por vezes, o jogador terá que recolher evidências, fazer perguntas, reorganizar as pistas, descartar o que não serve… Não que isso seja ruim, afinal a proposta do jogo é esta.
A habilidade de dedução de Holmes é semelhante a visão de detetive dos jogos do Batman, da série Arkham ou a “visão de gato” do Geralt, em The Witcher. Contudo, o jogador precisa ficar mais atento, pois agora não está tão fácil achar as pistas de primeira. A visão de cenário parece muito como a visão do Agente 47, em Hitman ou a visão da Lara Croft, na nova trilogia de Tomb Raider. Analogamente, é isso mesmo: com essa habilidade, Sherlock Holmes consegue identificar todos os objetos de destaque da cena. A pequena diferença aqui é que tem um “tempo de recarga”, para usar novamente a habilidade.
Em contrapartida, o jogo não possui nenhum sistema de combate. O foco desta aventura é totalmente voltada para a investigação e progressão da história, no qual tem um trabalho excelente.
Por último, ainda temos o Palácio Mental.
O Palácio Mental
Antes de tudo, farei uma breve explicação do que é Palácio Mental, para incrementar nosso conhecimento nerd:
O que é palácio mental?
Um palácio mental, ou palácio da memória, é uma espécie de construção imaginária em sua mente que se baseia em uma localização real. Se você consegue ver seu quarto mentalmente, pode construir um palácio da memória para ajudar no aprendizado de um novo idioma.
No palácio mental, “estações” são locais como um quarto ou sala de estar e o espaço entre eles é chamado de “jornada”. Ao construir o palácio da memória, você deixará objetos, palavras e frases nessas estações e, em seguida, as retomará mais tarde, quando fizer uma visita ao palácio.
A técnica do palácio da memória é baseada no fato de que somos extremamente bons em lembrar de lugares que conhecemos. Assim, esse palácio funciona como uma metáfora para qualquer lugar conhecido que você possa visualizar facilmente. Pode ser o interior de sua casa ou talvez o trajeto que você faz todos os dias para a escola ou para o trabalho. Esse lugar familiar será o seu guia para armazenar e lembrar de qualquer tipo de informação.
Outro nome para essa técnica é Método dos Loci e ela funciona principalmente porque nosso cérebro está programado para relembrar imagens mais rapidamente do que de texto – o que torna essa abordagem atrativa para o aprendizado de inglês e, especialmente, para a fixação de novo vocabulário.
Fonte: https://blog.redballoon.com.br/palacio-mental
O Palácio Mental apresentado está de uma forma simplificada, com uma separação entre as pistas. Agora temos análise de “Itens”, “Observações” e “Documentos e depoimentos”, cada um separado em tópicos diferentes.
Para finalizar uma conclusão, o jogador deverá conectar as pistas certas conforme a análise pede. Nas imagens acima, a conclusão exige uma pista do tipo “Itens”, outra de “Observações” e por fim uma de “Documentos e depoimentos”. Juntando todas corretamente, a dedução aparece, mas caso uma pista não se encaixe, ela é automaticamente descartada (se não mais for necessária) e se a pista estiver certa, a conexão é feita automaticamente.
Esta mecânica é muito interessante, mostrando o porquê do Sherlock Holmes ser uma lenda dos detetives. Mas caso o jogador queira também, é só ir chutando todas as possibilidades, que uma hora a resposta aparece. Não é o usual, mas é funcional.
Ouvir é elementar
Em primeiro lugar, as músicas do jogo são de época. Ou seja, o jogo tem um bom conteúdo de música clássica. Porém as músicas não tem o devido destaque, parecendo mais um complemento de fundo, para não deixar o áudio vazio. Já os efeitos sonoros do jogo estão excelentes. Você consegue distinguir facilmente quando Sherlock está somente andando ou correndo, quando uma porta está abrindo e entre outros.
A dublagem do jogo está excelente. De uma forma melhor trabalhada da versão anterior, as vozes dos protagonistas estão “como deveriam ser”. O tom de voz de Holmes sempre inquisidor e direto, a fala de Watson que traz calma ao mesmo tempo que “explica melhor” o que o Holmes disse (a metáfora para isso é fazer o “meio de campo” do diálogo) caracteriza perfeitamente os dois. E os NPCs principais que contém mais diálogos também estão bem interpretados. Contudo, em vários momentos, muitos dos NPCs do jogo tinham a mesma voz e a mesma frase a se dizer. Não que atrapalhe a gameplay, porém pode incomodar um pouco a repetição constante, ainda mais quando vai procurar pistas no jogo e você precisa interrogar cada um deles.
Considerações finais de Sherlock Holmes The Awakened
Sherlock Holmes The Awakened é tudo o que esperamos de um remake: uma completa e empolgante reimaginação da aventura, jogabilidade atualizada e responsiva, sons e feitos sonoros prazerosos de ouvir, ao mesmo tempo que mantém a essência do jogo anterior. O Sherlock Holmes está com o modelo extremamente semelhante ao usado no Chapter One, incluindo a vestimenta utilizada anteriormente, mas agora temos diversas customizações que dão a oportunidade de deixar o personagem como você bem entender.
John Watson está bem representado aqui. De uma forma bem fiel aos livros, o mesmo se mostra extremamente útil para a vida de Holmes, mesmo que ele seja pouco utilizado em gameplay. Praticamente, é o doutor Watson que mantém “as ideias” de Holmes no lugar, o impedindo de se tornar algo totalmente alheio a um ser humano. Ah, o doutor Watson também pode ser customizado, porém em menor escala que o Holmes.
O desenrolar do jogo chega a ser lento em algumas partes, pois o jogo não te entrega tudo facilmente. Não serão raros os momentos em que você ficará frustrado. Mas fique sossegado que o progresso virá naturalmente, bastando apenas insistir na sua conclusão. E, se mesmo assim ficar perdido, nada como um bom amigo para lhe ajudar nessas horas (e não estou falando do Google).
Acima de tudo, é um jogo excelente. Gráficos lindos e bem ambientados, músicas que te deixam no clima de cenário de investigação, controles simples e que atendem muito bem ao jogo. Em outras palavras, posso dizer que Sherlock Holmes The Awakened é o remake que os fãs de 2008 irão se surpreender e os novos jogadores terminarão a aventura pedindo mais.
Sherlock Holmes The Awakened está disponível para Playstation 5, Xbox Series X|S, Playstation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC (via Steam, GOG e Epic Games Store).
Essa análise segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Sherlock Holmes The Awakened
Visual, ambientação e gráficos - 9.5
Jogabilidade - 10
Diversão - 9
Áudio e trilha-sonora - 9
9.4
Excelente
Sherlock Holmes The Awakened é exatamente o que eu imagino de um remake. Praticamente tudo foi refeito do zero e a entrega final condiz com a proposta. mesmo com alguns momentos frustrantes, a diversão é certa e extremamente prazerosa quando se conclui uma investigação de cena. Se você já jogou a versão de 2008, peço que considere jogar esta versão, pois não irá se arrepender. Caso tenha jogado Chapter One, também recomendo que jogue The Awakened.