Uma maldição feita por uma bruxa gata transforma os tripulantes – inclusive você – em ratos. Agora teremos que enfrentar piratas e criaturas marítimas para conseguirmos recuperar nossa identidade. Essa é a premissa que a desenvolvedora Pettons Studio e a distribuidora PQube trouxeram em seu mais novo game. Será que a história vai nos prender? Confira o que achamos em nossa análise de Curse of the Sea Rats.
Essa análise de Curse of the Sea Rats foi possível graças a um código de PC cedido pela PQube. O game está disponível para Nintendo Switch, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox One, PC (via Steam), Xbox Series X e Series S e, no momento dessa análise, não possui legendas nem interface em PT-BR.
A maldição dos Ratos
Começamos nossa aventura em um navio inglês que está transportando piratas e bandidos condenados do Caribe para a Inglaterra. Os quatro protagonistas da história fazem parte desses prisioneiros, cada um com sua história particular. Por exemplo, Bussa é um escravo fugitivo da ilha de Barbado e líder de um grupo de rebeldes que luta contra a escravidão. Já Akane é uma guerreira japonesa em uma missão secreta na América. Embora, inicialmente pelo menos, esse background não seja bem explorado, não deixa de ser interessante conhecer um pouco mais de quem iremos controlar.
Apresentado isso, no meio da viagem, uma bruxa chamada Flora utiliza um amuleto ancestral para lançar uma magia, transformando toda a tripulação em ratos inclusive – aparentemente – ela mesma. Com isso, ela aproveita a oportunidade para sequestrar o filho do capitão e escapa com sua tripulação pirata. Isso gera uma oportunidade para os prisioneiros. Quem for capaz de trazer seu filho em segurança será presenteado com a liberdade. Recompensa mais do que suficiente para convencer um grupo de prisioneiros condenados à morte (embora eles pudessem ter simplesmente aceitado a missão e fugido).
Para iniciar nossa missão, o capitão nos entrega um amuleto perdido por Flora imaginando que isso possa ter alguma utilidade quando a encontrarmos. Logo descobrimos que esse amuleto, na verdade, guarda um espírito ancestral que é capaz de nos ajudar a não morrermos e pode, ainda, aumentar nossos poderes. Com isso, estamos prontos para caçar Flora e recuperarmos nossa identidade.
Apesar de termos nos tornado Ratos, não vivemos em uma gaiola
Visualmente, os gráficos de Curse of the Seas Rats são um show à parte. Temos um universo 2.5D onde o cenário ao fundo e os efeitos são em 3D e os personagens em 2D desenhados à mão. Tudo muito colorido e bonito. Suas animações também estão bem fluidas, tanto as nossas quanto as dos inimigos. Mas não é apenas isso, a ambientação também é algo a se destacar.
O game possui um cenário inicial que remete completamente a piratas – embora não sejamos um – que dá a impressão de que passaremos o game inteiro em ilhas, cavernas e praias, só que não. Existe uma variação de cenário surpreendente. Passamos sim, por esses biomas, mas também por florestas, campos, torres abandonadas e até mesmo uma fazenda. Isso me agradou bastante pois não achei em momento algum o cenário cansativo e repetitivo.
Único ponto – que também remete ao quesito jogabilidade – é que alguns inimigos e objetos tem um hitbox um pouco fora da sua imagem. Como o game traz o chato clássico encostou tomou dano, foi um pouco frustrante alguns danos que tomei sem sentir que, de fato, encostei no inimigo. Mas isso foi algo que me acostumei dado a quantidade que enfrentamos.
Curse of the Sea Rats tem uma jogabilidade comum, mas muito cativante – Análise
A jogabilidade de Curse of the Sea Rats é algo relativamente simples. Como a maioria dos ‘metroidvanias’, temos um sidescrolling com bastante pulos, regiões a se explorar e inimigos para combater. Utilizando uma mecânica de combate padrão, começamos o game podendo apenas pular, refletir ataques – não existe bloqueio direto – e atacar. Rapidamente recebemos de forma individual poderes mágicos e entra mais uma coisa na lista de comandos. Porém, o game traz elementos extremamente agradáveis – na minha opinião – de clássicos como Wonder Boy.
Assim como o game mencionado, além de precisar enfrentar inimigos específicos ou achar itens para conseguir acessar novas regiões, será necessário também desenvolver certas habilidades. Por exemplo, para acessar a plataforma que dá em uma nova área, precisamos do pulo duplo, conquistado ao derrotar um chefe. Essa característica – que eu sempre admirei – dá um charme e uma nostalgia maravilhosa para o game.
Junto a isso temos uma mecânica limitada, porém efetiva de RPG. Ganhamos experiência e, com isso, níveis, aumentando nossos atributos de acordo com o tipo do personagem. Bussa, por exemplo, é um tanque vivo, já David é um personagem de atributos equilibrados. Esse esquema deu um gostinho especial de RPG para o game, só senti uma falta de poder comprar e equipar armas e armaduras novas.
Um roguelike muito divertido, mas que também tem seus defeitos
Também temos a questão do elemento roguelike do game. Ao matarmos inimigos, ganhamos dinheiro e experiência, mas também, graças ao amuleto de Flora, podemos absorver suas almas. Em certas áreas encontramos um ponto seguro para podermos falar com o espírito do amuleto e utilizarmos essas para ganharmos novas skills, magias e atributos. Porém, assim como todo roguelike que se preze, se morremos, perdemos essas almas e precisamos retornar ao local para podermos recuperá-las.
Logo, se essa morte se repetir no caminho, as perderemos para sempre. Bem clássico! E vale salientar que podemos trocar entre os personagens durante a campanha principal, o nível que eles estão é compartilhado, porém as habilidades aprendidas com as almas são individuais. Você leitor será capaz de reparar que na maioria das imagens salvas estou usando a mesma personagem. Isso porque apesar de ser divertido poder trocar no meio da partida, a evolução individual fez com que os outros ficassem mais fracos e menos interessantes.
Falando dos pontos negativos. Primeiramente, temos a questão de tomarmos dano encostando nos inimigos. Bom, talvez seja uma frescura pessoal, mas eu acho essa mecânica bem caída para os jogos de hoje em dia. Isso sem contar que o hitbox de alguns inimigos está um pouco diferente do visual e fez com que eu tomasse alguns danos frustrantes por tentar chegar perto demais do inimigo.
Outra característica cansativa é que os pontos para salvar os de viagens rápidas são beeeeeeem distantes. O que faz com que ficar retornando em alguns lugares – e será necessário – fique bem cansativo e até mesmo chato. Assim como as mortes podem ser bem irritantes pois podem ter acontecido a uma distância considerável do último save, o que aumenta o risco de morrermos no caminho e perder o que tentamos recuperar.
Efeitos sonoros que se atentam aos detalhes
Curse of the Sea Rats possui uma trilha sonora com temática mística bem agradável. Mas o que mais me impressionou nesse quesito foi a adaptação e a variação de acordo com o ambiente. Por exemplo, ao chegar em uma caverna, toca uma música mais sinistra nessa mesma temática. Enquanto em uma floresta rola uma mais suave e calma, mas ainda um pouco sinistra. Além de agradáveis, essa variedade fez com que em momento algum da minha jogatina eu me cansasse.
Outro ponto que vale destacar é a dublagem do game. Todos os personagens que dialogamos possuem uma voz própria que combinou bastante com a personalidade. Alguns, inclusive, possuem sotaques, o que foi interessante visto que são personagens de várias regiões diferentes. Porém, o que realmente me chamou a atenção foram os efeitos sonoros.
Os impactos e os sons ambiente estão de tirar o chapéu. Eu já gostei dessa parte nos primeiros minutos, mas o que fez eu realmente prestar atenção nela foi quando cheguei em uma caverna. Os desenvolvedores cuidaram para que o som de tudo que acontecesse nela soassem ecoados. Da mesma forma, em uma região montanhosa, o barulho fustigante do vento ficou excelente. Resumindo, como mencionado no subtítulo, a atenção aos detalhes nos sons do game ficaram excelentes.
Conclusão da nossa análise de Curse of the Sea Rats
Na medida do possível, tentei salientar as principais características do game até aqui. Agora, a parte mais importante, vale a pena investir no game?
Posso dizer que, para mim, sem sombra de dúvidas. Curse of the Sea Rats provou ser um roguelike digno e muito divertido. Com uma história divertida – porém pouco explorada – o jogador não vai sentir falta de conteúdo. Seu áudio e visual são, com certeza, seus principais destaques. E embora alguns detalhes da sua jogabilidade poderiam ser construídas de modo que ficasse menos maçante, não dá para dizer que eu não me diverti bastante com o game. Somado a isso, o game também entrega um cooperativo de até quatro jogadores. Não tive a oportunidade de ter essa experiência, mas tenho certeza de que deve ser ainda mais divertida quanto o game é de um modo geral.
A análise de Curse of the Sea Rats segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Curse of the Sea Rats
Visual, ambientação e gráficos - 8
Jogabilidade - 6
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 9
7.8
Bom
Curse of the Sea Rats é um game divertido e agradável que com pequenos ajustes pode passar de um jogo bom para excelente fácilmente.