Análise: Wartales é uma deliciosa aventura medieval

Desenvolvido pela Shiro Games e publicado pela Shiro Unlimited, recebemos um game de simulação medieval com muitas batalhas e um continente em conflito. Será que o game vai te conquistar? Venha conferir o que achamos em nossa análise de Wartales.

O game está disponível para PC (via Steam) e conta com legendas e interface em PT-BR e sua análise foi possível graças a um código cedido pela produtora. Já produzimos um preview do game que você pode conferir aqui. Agora vamos para nossa análise de Wartales.

Um continente divido em conflitos

Wartales se situa em um mundo medieval fantasioso completamente aberto. Começamos o game selecionando um dos grupos iniciais pré-definidos que vão de aprendizes atrás de aventura até bandidos fugindo da guarda. Isso não afeta em nada a lore do jogo, definindo apenas alguns itens, bônus e ônus e as classes dos 4 personagens iniciais. Embora elas sejam definidas, podemos fazer pequenos ajustes na aparência, nome e nas habilidades iniciais deles. Ao longo do caminho, teremos a oportunidade de contratar novos membros para o grupo, porém esses possuem atributos e habilidades geradas aleatoriamente.

Dito isso, Wartales não tem um grande foco em história, mas sim no desenvolvimento e na sobrevivência nesse mundo. Porém, isso não quer dizer que o game entrega algo vazio, muito pelo contrário. Entrarei mais a fundo nessa mecânica a frente. Mas basicamente, o continente onde a aventura se desenrola é subdividido em várias regiões. Cada uma tem um background diferente que podemos explorar e completar, como missão principal. Porém, o game deixa totalmente a escolha do jogador se ele vai focar nisso ou em coletar recursos e concluir outras missões para fortalecer seu grupo e equipamentos.

Por exemplo, a região inicial se encontra em um conflito entre os residentes e os desertores e imigrantes do conflito que ocorre em outra região. Cabe a nós auxiliar um dos lados a se estabelecer nessa região. Já em outra, entramos em uma terra em guerra entre dois condes e podemos auxiliar um dos lados e definir o resultado do confronto. Essa mecânica livre combinou muito bem com a temática e a proposta do jogo. Servindo muito bem de pano de fundo para nos dar liberdade sem entregar um mundo vazio e com falta de objetivo.

A Idade Média com um toque de fantasia de Wartales – Análise

Wartales possui resumidamente três tipo de câmera. A primeira é o modo exploração, onde temos a miniatura de nosso grupo e os grupos dos inimigos/neutros andando pelo mapa. Aqui vale um destaque para o fato de TODO o grupo ser representado e não apenas um ‘avatar’. Por exemplo, se tivermos 10 membros humanos, 5 jumentos e 2 ursos, cada um deles aparecerá correndo junto com o nosso ‘líder’ – o primeiro membro do grupo.

A exploração é relativamente simples, precisamos apenas clicar ou segurar o botão do mouse para nos mover e clicarmos na estrutura ou inimigos/neutros que queremos interagir. Eu particularmente gostei muito desse modo de exploração, porém existe um defeito peculiar aqui.

Enquanto tempos um visual bonito com montanhas, rios, florestas e cidades a se explorar, o clique direto não gera uma rota precisa, desviando dos obstáculos. Da mesma forma que alguns obstáculos são ínfimos ou até mesmo ‘inexistentes’, então eventualmente o grupo pode ficar preso ’em nada’.

O segundo tipo é no combate. Entramos em um mapa aproximado das unidades baseado em um grid invisível. Ou seja, temos os quadrados de posicionamento e movimentação, mas eles não aparecem diretamente. Isso deu uma sensação agradável de liberdade, tirando a impressão de estarmos em um tabuleiro.

A terceira e última é quando entrarmos em uma estrutura. Temos uma visualização 3D da mesma “cortada”, como uma casa do The Sims. Interagimos com os objetos e NPCs com um clique do mouse e o divertido é que em alguns casos os objetos ficam escondidos, sendo necessário uma exploração para localizá-lo. Existe uma função no teclado de marcar o que dá para interagir, porém ela é tão fina que a impressão que eu tive é que a ideia era essa de procura mesmo, só não posso afirmar que foi intencional.

Sobreviver e manter o grupo será o básico em Wartales – Análise

Wartales é um game tão cheio de elementos que acho difícil conseguir pontuar todos com detalhes. Começarei com a parte de sobrevivência. No game, precisaremos nos atentar a diversos fatores do nosso grupo como o soldo, felicidade, alimentação e fadiga. Primeiramente o soldo, ninguém trabalha de graça, correto? Será preciso manter uma quantia mínima do ouro adquirido para de tempos em tempos pagarmos os membros do grupo. A felicidade está relacionada a diversos outros fatores como o já mencionado soldo, a alimentação e a sua qualidade. Mantê-la baixa pode fazer com que seus membros saiam do grupo.

A fadiga está relacionada a exploração. Conforme andamos pelo mapa nosso grupo vai se cansando até o ponto de não conseguir mais se movimentar direito. Nesse momento devemos levantar acampamento que funciona como uma mini base. Nele podemos distribuir diversas tarefas que explicarei mais a frente, além de distribuir alimentos e descansarmos. E vale lembrar também que cada unidade que contratamos aumenta o valor desse soldo assim como o de alimentos.

Uma coisa divertida e interessante é que o game tem uma mecânica na qual podemos capturar e adestrar alguns dos animais que enfrentamos. Da mesma forma que também podemos capturar os inimigos e os tornar prisioneiros. Enquanto os primeiros possuem a função de combate – e alguns são verdadeiros monstros, como os ursos – os segundos servem para ganharmos dinheiro, utilizarmos em funções no acampamento e reduzirmos nosso nível de procurado.

E sim, podemos cometer crimes e sermos fora da lei em Wartales. Seja atacando caravanas ou roubando itens. Mas isso também explicarei mais à frente.

Combate visceral que dependendo das nossas escolhas pode ser muito fácil ou difícil

Provavelmente a parte mais divertida desses jogos está em seu combate e em Wartales não é diferente. Temos um combate em turnos onde podemos utilizar a primeira rodada para posicionarmos nossas unidades. Após isso, a escolha de quem vai se mover em cada rodada é livre, porém, ao mexermos a primeira unidade, o reposicionamento fica vetado.

Aqui não tem nenhum mistério ou mecânica complexa. Basicamente temos uma ação básica de ataque, que varia de acordo com a nossa arma, e ações bônus que consomem, por exemplo, itens ou pontos de valor. Esse funciona como uma espécie de energia global, ou seja, compartilhado entre todas as unidades e são gastos usando habilidades de dano, suporte e defesa.

Esses pontos são divididos em temporários e permanentes. Os temporários são adquiridos em batalha com as habilidades que todos os soldados tem. Pode ser terminando o turno próximo a um aliado ou próximo a um inimigo fora de combate, matando um adversário ou realizando um ataque que atinge mais de um adversário ao mesmo tempo.

Dito isso, cheguei no ponto do título desse bloco. Se fizermos um build bem preciso com certas unidades, teremos alguns combates básicos que ficarão extremamente fáceis. Por exemplo, como citado, temos unidades que podem atingir em área, essas se se tornaram os principais do meu exército, pois com os combos certos, consegui eliminar até 4 inimigos no primeiro turno.

Da mesma forma que algumas unidades, como o assassino e o arqueiro, são espetaculares ao enfrentar unidades mais fortes fora de combate. Resumindo tudo, o equilíbrio em sua equipe fará toda a diferença nos combates, e isso ficou muito bom.

Nem só de combate – ou roubo – se vive o homem da Idade Média

E quando você acha que Wartales é um game focado apenas na sobrevivência, exploração e combate, ele mais uma vez surpreende. O game traz uma função de profissão onde cada um dos seus personagens pode aprender um dos 10 artifícios atuais. Digo isso, pois tivemos a oportunidade de testar o seu preview e a quantidade praticamente dobrou desde então.

Essas profissões possuem duas finalidades, o ofício em si – que falarei mais adiante – e habilidades. Cada uma provê ao personagem pontos de atributos e/ou chances de crítico. Ou seja, escolher a profissão certa para o personagem certo ajudará a aumentar ainda mais suas capacidades de combate.

E falando das profissões em si, elas contam com experiência e evoluem de forma independente ao seu nível. E como eu disse são as 10 a seguir:

• Corta-lenha: é o lenhador. consegue cortar lenha para produzir madeira e conforme evolui outros recursos;
• Bardo: inicialmente vai parecer inútil, posteriormente ainda será um pouco, mas é divertida. Você pode cantar em tavernas para ganhar dinheiro e influência e em alguns pontos específicos do game;
• Erudição: capaz de explorar ruinas, decifrar runas e consertar relíquias;
• Pesca: autoexplicativa;
• Faz-tudo: produz itens simples de usos rotineiros e constrói aprimoramentos para nosso acampamento;
• Culinária: transforma matéria bruta em pratos sofisticados que geram bônus e mais satisfação ao grupo;
• Rapinagem: capaz de destravar fechaduras e realizar furtos, ou seja, um ladrão;
• Alquimia: produz poções de cura, venenos, óleos para as armas e bombas;
• Ferraria: transforma ferro e outros minérios em poderosas armas e armaduras;
• Mineração: quebra veios de minérios e outros objetos para gerar recursos relacionados.

Alguns deles são executados com mini games simples. E os ofícios relacionados a manufatura começam com praticamente nada de opção, porém conforme avançamos encontramos receitas ou ganhamos pontos de conhecimento que podem ser utilizados para liberar novos produtos ou atualizações.

Temática medieval que faz o seu trabalho

A trilha sonora de Wartales talvez seja o ponto de menos destaque do game. Não que ela seja ruim, muito pelo contrário. Ela é bem assertiva com a temática e ambientação. Em exploração ouvimos uma música calma com um estilo medieval bem identificável. Nos combates, entra uma de ação que também nos remete ao tema. Porém, não existe uma boa variedade e as que existem não são nada que empolgue ou impressione. Ou seja, nesse ponto, o game apenas faz o seu trabalho.

Em contrapartida, diferentemente do preview que testamos, o game tem uma dublagem bem interessante. Todos os personagens que nos deparamos tem sua voz própria e essa consegue demonstrar o sentimento do que está sendo falado – diferentemente de suas expressões. O mesmo pode-se dizer dos efeitos sonoros, em especial nas finalizações. Uma em especial chega dar uma aflição, onde o personagem encrava uma espada de duas mãos na clavícula do adversário e a puxa para cima. Fazendo um som grotesco de carne sendo cortada e osso sendo quebrado.

Conclusão de nossa análise de Wartales

Ufa! Chegamos à conclusão dessa análise de Wartales. Nunca escrevi um texto tão longo, mas acho que o game mereceu esse destaque. Não que ele seja o game mais maravilhoso do mundo, porém fazia tempos que não me divertia tanto assim. O curioso é que o game não precisou entregar uma história principal e nem ao menos nada complexo. Ao contrário, uma de suas qualidades está justamente nessa simplicidade.

Assim como em seu visual, Wartales é um daqueles games que prova que não precisa ser incrivelmente lindo para ser agradável. Sua jogabilidade parecer complexa de início, mas em pouquíssimo tempo ela se demonstra algo simples e intuitivo. E o principal destaque aqui é o quanto o game foi me surpreendendo. Mesmo já tendo aprendido bem o básico, de tempos em tempos eu era surpreendido por uma nova mecânica. Por tantos detalhes e opções não pude fugir de deixar essa análise de Wartales tão longa

Acredito ter abordado o principal, mas acreditem, o game entrega ainda mais do que eu consigo expressar. Resumindo, sim, Wartales vale muito apena e merece algum destaque. Eu consigo me imaginar perfeitamente bem rejogando ele de novo e de novo no futuro. E vale um mini adendo aqui, dentro do game existem elementos escritos “em breve”, ou seja, podemos esperar ainda mais dele no futuro.

A análise de Wartales segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.