Análise: Payday 3 é mais do mesmo
Expandindo a jogabilidade, mas falhando nos detalhes
Payday 3 é o mais recente capítulo da popular série de jogos de tiro em primeira pessoa da Starbreeze focado em assaltos cooperativos. A franquia, que teve início em 2011 com o lançamento de Payday: The Heist, introduziu a premissa básica de um grupo de criminosos realizando assaltos ousados contra bancos e outros alvos.
Não muito tempo depois, em 2013, Payday 2 foi lançado, expandindo muito o universo do jogo. O enredo se aprofundou, e diversas DLCs agregaram ainda mais conteúdo ao jogo, que contou com personagens famosos como John Wick.
Após anos de atualizações nos jogos anteriores, Payday 3 finalmente chegou, dando sequência às aventuras da quadrilha. Eles deixam Washington DC e agora atuam em Nova York, planejando novos e elaborados roubos.
A premissa central da série permanece a mesma: assaltos ousados em equipe contra adversidades crescentes. Agora, se você quer saber tudo sobre o jogo, desde o seu gameplay até gráficos, e se ele vale a pena, confira a nossa análise completa de Payday 3 abaixo.
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Introdução e História – Análise: Payday 3
A história de Payday 3 serve meramente como pano de fundo para a ação dos assaltos, sem uma trama particularmente profunda ou envolvente. A narrativa é transmitida por meio de diálogos durante as missões e cutscenes feitas em forma de slides pouco elaborados. Isso demonstra que a equipe de desenvolvimento simplesmente não deu tanta atenção assim a esse ponto, e eu acredito que ele poderia ter até sido removido do jogo, já que ele não acrescenta muito à experiência, diferente dos dois jogos anteriores da série.
O enredo envolve os criminosos realizando assaltos cada vez mais ousados após um hiato de alguns anos. A história explica superficialmente os motivos por trás de cada missão, mas sem grandes reviravoltas ou desenvolvimento de personagens. Além disso, as cutscenes intermediárias quebram o ritmo da ação e trazem uma dublagem bastante sem sal, que atrapalha muito na imersão.
Diferentemente de Payday e Payday 2 onde a história desempenhava um papel importante, trazendo conspirações e alguma profundidade aos personagens, em Payday 3 ela serve apenas para conectar de forma preguiçosa as diversas missões. A impressão que dá é que ela é um elemento “obrigatório” que a desenvolvedora se sentiu forçada a incluir, quando na verdade o jogo se sairia melhor sem tanta interrupção entre uma missão e outra.
Gameplay
O gameplay de Payday 3 segue a mesma fórmula básica dos jogos anteriores da série, focando em assaltos cooperativos em equipe. Os jogadores assumem o papel de uma quadrilha criminosa tentando completar elaborados roubos a bancos, joalherias e outros alvos lucrativos.
A maior mudança em termos de jogabilidade é o foco ampliado em furtividade. Além de entrar atirando, os jogadores agora podem se infiltrar sorrateiramente em áreas protegidas, distrair guardas, hackear painéis de segurança, roubar chaves e cartões de acesso, e muito mais. Se detectados, o jogador pode retardar o início do tiroteio negociando reféns com a polícia.
As mecânicas básicas de gameplay e movimento viram modestas melhorias, incluindo manobras “modernas” como escorregar e pular sobre obstáculos. No entanto, eu posso falar com certa tranquilidade que o gameplay com controles não está à altura dos padrões de 2023 e é meio desajeitado. Apesar de ter jogado no PC, eu fiz uso do meu 8BitDo para poder jogar em um painel 4K, e percebi logo de cara que o jogo não possui nenhuma assistência de mira, item essencial em qualquer jogo FPS atual.
Cada assalto agora conta com diferentes fases, como “Procurando”, “Negociação” e “Carga Final”, que obrigam os jogadores a mudarem de estratégia conforme avançam. Novos elementos como criptomoedas e assaltos de múltiplos estágios também foram adicionados para aumentar o desafio.
Fora isso, o jogo apresenta diversas classes de personagens com habilidades únicas, como Hackers que podem desarmar sistemas de segurança, e Manipuladores que podem conversar com NPCs.
No geral, o gameplay permanece familiar para fãs da série, mas com novidades suficientes para tornar a experiência fresca. As melhorias em furtividade e classes expandem as opções estratégicas, embora o gameplay geral precise ser bastante refinado para competir com outros jogos cooperativos atuais.
Inteligência artificial
Ainda, há um ponto que eu não posso deixar de comentar. A inteligência artificial dos inimigos em Payday 3 também não está à altura dos padrões atuais. Apesar de haver uma variedade de tipos de policiais, alguns até bastante estranhos, como é o caso do Ninja, seus comportamentos são previsíveis e pouco desafiadores.
Os policiais têm dificuldade de flanquear e perseguir o jogador de maneira eficaz, e frequentemente ficam presos em portas e cantos. O comportamento do grupo é limitado, sem coordenação ou táticas avançadas.
O pior, é que até os aliados controlados pela IA deixam a desejar. Eles têm dificuldade de seguir o jogador, realizar ações contextuais como abrir portas, e geralmente agem de forma errática durante as missões. O jogador acaba tendo que fazer a maior parte do trabalho pesado, enquanto os bots apenas o seguem sem ajudar muito. Eu recomendo fortemente que caso você realmente queira jogar Payday 3, ache mais três amigos para garantir uma experiência menos frustrante nesse sentido.
Gráficos
A mudança no motor gráfico do Diesel para a Unreal Engine 4 gerou grandes expectativas em relação a um salto na qualidade visual de Payday 3, mas infelizmente, o resultado final deixou muito a desejar e talvez seja um dos pontos mais fracos do jogo.
As texturas são extremamente simples, parecendo pertencer à geração passada de consoles. Superfícies como paredes e objetos não têm detalhes, e são pouco variados. Até em ambientes mais trabalhados e cheios de adornos, como joalherias e galerias de arte, percebe-se uma falta de capricho nos assets.
Os modelos dos personagens, exceto pelo elenco principal, também são medíocres. Inimigos como policiais e seguranças têm designs genéricos e pouca personalidade e principalmente as suas animações são bastante travadas, com alguns movimentos até bastante engraçados em alguns momentos.
A iluminação tem papel importante na imersão de um jogo, e em Payday 3 ela é bastante decepcionante. As sombras são bem básicas e há pouca interação da luz com o cenário, dando a impressão de que tudo parece um grande cenário artificial e achatado.
No geral, os gráficos de Payday 3 são medianos para um jogo independente, mas estão aquém do que eu esperava, pelo menos baseado nos trailers. O jogo cumpre seu papel nesse quesito, mas sem surpreender ou impressionar.
Customização
Após completar assaltos em Payday 3, os jogadores ganham experiência, dinheiro e tokens que podem ser usados para customizar seus personagens e arsenais. Há diversas opções cosméticas desbloqueáveis, permitindo criar criminosos com looks únicos.
As máscaras, especialmente, possuem grande variedade de designs que dão a oportunidade do jogador reproduzir as suas preferências visuais no jogo. O vestuário também é altamente customizável, incluindo ternos, jaquetas, calças e diversos acessórios. Novas roupas são desbloqueadas conforme o jogador sobe de nível, recompensando a progressão, e itens premium podem ser comprados através de microtransações.
As armas possuem múltiplas opções de customização visual e funcional. É possível adicionar miras, lanternas, silenciadores e outros acessórios que alteram a precisão, alcance efetivo, recuo e danos das armas.
Conclusão – Análise: Payday 3
Em suma, para finalizar esta extensa análise, eu posso dizer sem medo que Payday 3 é um jogo repleto de altos e baixos. A premissa principal da série se mantém sólida, proporcionando assaltos cooperativos e uma jogabilidade familiar para fãs, porém apresentando novidades suficientes para não se tornar apenas uma expansão repaginada.
As melhorias implementadas em movimentação, furtividade e classes conferem estratégias expandidas e boas doses de diversão, especialmente jogando com amigos. Porém, analisando friamente os detalhes, percebe-se que o jogo peca em vários aspectos importantes.
A inteligência artificial medíocre de inimigos e companheiros, os gráficos datados, a história fraca e genérica, os problemas de conexão e a falta de polimento geral impedem Payday 3 de ser realmente revolucionário ou se destacar entre os atuais jogos cooperativos.
É inegável que os fãs mais dedicados da série encontrarão elementos para se divertir, seja testando novas estratégias ou criando looks personalizados em um sistema de progressão simplificado. Porém, para jogadores ocasionais e mesmo veteranos mais críticos, é difícil recomendar Payday 3 como uma experiência realmente impressionante ou memorável.
No fim das contas, Payday 3 acaba sendo um título mediano, preso demais às limitações e fórmulas do passado. Seu grande mérito é manter o núcleo da jogabilidade intacto, porém é uma pena que não tenha ido além e ousado mais em uma nova geração. Como um assalto medíocre, Payday 3 cumpre seu papel, mas sem estilo, precisão ou maestria.
Essa análise de Payday 3 segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Payday 3
Nota - 6
6
Mediano
Payday 3 mantém a premissa central de assaltos cooperativos que fizeram da série um sucesso, introduzindo elementos de furtividade e novas classes para enriquecer a jogabilidade. No entanto, o jogo é prejudicado por uma série de falhas, incluindo uma história fraca, gráficos datados e uma IA pouco convincente. Enquanto o jogo oferece momentos de diversão, especialmente quando jogado com amigos, essas limitações o impedem de ser um título verdadeiramente notável na nova geração de jogos.
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