Para quem não conhece, Ruff Ghanor nasceu em um podcast de RPG do grupo Jovem Nerd onde um grupo bem galhofas precisa salvar uma princesa. Seu sucesso foi tão grande que livros, graphic novel e até mesmo um RPG autoral foram criados. Agora, desenvolvido pela DX Gameworks e publicado pelas DX Gameworks, Magalu Games e Nonsense Creations, recebemos o vídeo game da franquia para conferirmos. Confira o que achamos do game em nosso review de Ruff Ghanor.
O game está disponível para PC (via steam e nuuvem), Playstation 4, Xbox One e em breve para Switch. Ele está completamente em português, tanto em legendas e interfaces, quanto em sua dublagem.
A história do menino Cabra
Ruff Ghanor é um personagem nascido em um podcast de RPG de 2011 do grupo Jovem Nerd. A história rica e divertida dessa trilogia fez com que a equipe expandisse o mundo e os personagens. Lançando, com isso, diversos conteúdos extras – com a autoria de Leonel Caldela – como livros, áudio dramas e até um RPG de mesa autoral.
Dito isso, Ruff Ghanor conta a história do protagonista que leva o mesmo nome do título. Ele é encontrado por monges do monastério de São Arnaldo – sim, o erro é proposital – enquanto procuram por uma cabra. Sem memórias ou capacidade de comunicação e com uma capacidade de produzir terremotos, seu nome é baseado no único ruído que ele produzia no momento que foi encontrado ‘Ruff’.
A história se passa em um mundo onde as pessoas vivem no terror e na ditadura de um maléfico dragão vermelho chamado Zamir. Ruff é criado no monastério de São Arnaldo, onde aprende sobre combate, religião e milagres, ganhando o título de clérigo. Após um incidente, Ruff precisa deixar seu lar e é incumbido da missão de salvar o mundo da tirania de Zamir.
Não dei muitos detalhes da história por dois motivos. Primeiramente, o jogo reproduz o conteúdo do primeiro livro da trilogia ‘A Lenda de Ruff Ghanor’. Segundo que a narrativa do game é tão boa, que qualquer informação pode estragar do prazer que é desfrutar dessa história. Principalmente o final – se você for capaz de conseguir – que possui um plot twist que, mesmo já conhecendo a história do menino cabra, não deixou de ser surpreendente.
Um mundo repleto de criaturas vindas dos RPG clássicos
Ruff Ghanor é baseado em uma partida de RPG do gênero fantasia medieval. Logo, o game traz diversos ambientes e criaturas com essa temática. Montanhas, cidades, vulcões, cavernas, assim como goblins, hobgoblins, lobos, demônios e claro, dragões, entre outros. Tudo representado lindamente com artes desenhadas e animadas a mão. Confesso que gostaria apenas de ter uma variedade maior de movimentos. Por exemplo, os diferentes ataques das cartas possuem exatamente a mesma animação.
Isso não afeta muito negativamente o game. Na verdade, considero isso mais uma ‘exigência’ de quem gostou tanto que gostaria de ver ainda mais. Inclusive, o game também possui cutscenes com o mesmo estilo, o que me agradou bastante. Todas elas completamente dubladas, o que comentarei mais à frente neste review.
Ruff Ghanor cumpre seu gênero Roguelite – Review
Ruff Ghanor é um roguelike deckbuilder claramente inspirado em games como Slay The Spire. Ou seja, será comum morrer, porém voltaremos com mais cartas desbloqueadas e recurso para recomeçarmos a partida mais fortes. Ganhar não é fácil, mas a recompensa é grande. Talvez, grande até demais, pois ela tornou minha segunda run bem menos difícil – embora AINDA difícil.
O game possui 3 tipos de interação no mapa e todas elas geram recompensas: Combate, Evento Narrativo e Exploração. No primeiro, enfrentamos mais adversários com ou sem aliados. Assim como sua fonte inspiradora, temos 3 ações para tomar e podemos ver a próxima do adversário, com isso podemos bolar nossa estratégia. Temos cartas utilitárias que geram bônus como escudo, aumento de dano etc. Cartas de ataque, que variam em custo de acordo com seu poder e que podem gerar efeitos nos adversários, como enfraquecimento e sangramento. E temos cartas de magias, que funcionam como as de ataque, porém seu dano é direto, ignorando a defesa do adversário.
Nos eventos narrativos, descobrimos mais da história do jogo e temos escolhas, que também geram recompensas. Já na exploração, precisamos tomar escolhas que geram resultados baseados em nossa sorte. Por exemplo, se ao encontrar uma cabana abandonada eu escolho a opção de arrombar sua porta, para ter sucesso preciso tirar 8 cartas aleatórias do meu baralho e 3 delas precisam ser de ataque. Se conseguir, ganha alguma recompensa, se não, algum malefício, como uma carta de uso único que me atrapalha no combate.
Agora, a maior e mais divertida novidade que o game traz são os milagres. Além das cartas, Ruff Ghanor é um santo milagreiro com poder de gerar terremotos. Algumas cartas e artefatos fazem com que geremos benção e, com isso, podemos ativar milagres de forma livre, contanto que tenhamos benção o suficiente para isso. Minha primeira vitória – depois de umas 20 tentativas – foi dada graças ao entendimento e os combos que consegui gerar com essa mecânica. E isso foi extremamente divertido.
Se Ruff Ghanor possui algum ponto fraco, eu diria que ele carece de um pouco mais de conteúdo. Como outros personagens jogáveis – como em Slay de Spire – e outros modos de jogo. No entanto, vale salientar que esse jogo é baseado no primeiro livro da série, o que se leva a esperar que ainda veremos mais coisas por aí.
Dublagem que faz você querer mais, literalmente
Antes de tudo, vale ressaltar que a obra de Ruff Ghanor, como um todo, já possuía um elenco de peso em seu áudio drama. Guilherme Briggs, famoso por dublar o Superman, Buzz Lightyear, O Grinch e diversos outros, por exemplo, é a voz do protagonista. O game mantém essa qualidade, trazendo os mesmos dubladores para as cutscenes.
Infelizmente, como coloquei no título desse bloco, a dublagem surge apenas nesses momentos, que são poucos. Senti falta da mesma nos eventos narrativos e até mesmo nos combates, onde poderia ouvir brandos e provocações.
A trilha sonora do game também é um destaque positivo, trazendo músicas com temáticas de RPG medieval que se encaixam perfeitamente bem com a ambientação. Inclusive, sendo algo mais melódico e calmo nas explorações, e indo para algo mais intenso e agitado nas batalhas.
Conclusão de nosso review de Ruff Ghanor
Ruff Ghanor se provou bem competente em sua proposta. Começando pela sua história rica retirada diretamente dos livros que vai agradar tanto aos leitores quanto aos marinheiros de primeira viagem. Seu visual, apesar de simples, cumpre sua função lindamente nesse universo de fantasia medieval. Enquanto que sua jogabilidade entrega uma fórmula de sucesso e, junto a isso, excelentes novidades, embora careça de mais conteúdo. Do seu áudio, o principal destaque fica em sua excelente equipe de dubladores – cof, cof, Guilherme Briggs – o que traz, junto, uma vontade de quero mais.
Resumindo, o game é excelente e merece todas as chances. Principalmente para que o game gere resultados positivos e continue a trazer novos conteúdos, como adaptar os outros livros da série no futuro.
Esse Review de Ruff Ghanor segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.
Ruff Ghanor é necessário para os fãs de RPG
Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 9
Diversão - 10
Áudio e trilha-sonora - 9
Fator Replay - 9
9.2
Excelente
Ruff Ghanor é com certeza um dos melhores roguelite de cartas que já joguei na vida. Sua mecânica não foge de um padrão que alguns games possuiem, porém suas novidades o destacam dos demais.