Morbid: The Seven Acolytes é um RPG que segue a mecânica do consagrado estilo soulslike, porém, com gráficos que usufruem do nostálgico pixel art para trazer uma experiência desafiadora para os seus jogadores. O game foi bem recebido pela comunidade que trouxe inúmeros feedbacks para uma possível sequência e, como esperado, essa continuação chegou com Morbid The Lords of Ire.
A sequência em questão surpreendeu todos os jogadores do primeiro game, pois ele não estava mais seguindo o mesmo estilo do primeiro jogo ao transformar uma aventura 2D num jogo mais robusto com gráficos 3D e sendo muito mais próximo do que vemos na série da FromSoftware.
Obviamente todos ficaram em dúvidas se essa evolução foi uma boa ideia, então em nosso review de Morbid The lords of Ire vamos contar tudo sobre o game e se essas mudanças foram satisfatórias.
Um mundo desolado para você explorar
Se o mundo do primeiro Morbid já era sinistro e abandonado, agora em Morbid The lords of Ire temos uma visão inédita principalmente pelos gráficos em 3D trazerem ainda mais detalhes. Cada passo que damos somos entregues a cenários macabros que mostram corpos de supostos humanos que foram mortos de maneira brutal. Junto disso, as criaturas que nos cercam parecem ainda mais ameaçadoras por conta de seus visuais que são no mínimo sombrios.
Como muitos jogos soulslike, aqui não temos uma narrativa direta. Invés disso somos entregues a um mundo ameaçador, enquanto vamos descobrindo lentamente detalhes sobre o plot que vão se unindo para formar a história do game.
Esse formato costuma funcionar bem, contudo, em Morbid The lords of Ire infelizmente tudo que acontece é bastante entregue, não trazendo tanto contexto ao universo do jogo e fazendo com que o jogador fique narrativamente perdido.
Gráficos, desempenho e trilha sonora
Como já citei sobre a mudança da direção de arte, irei falar logo sobre os gráficos de Morbid The Lords of Ire que conseguem entregar mais detalhes do mundo e também trazer uma bela ambientação do que vimos no primeiro jogo. Quando enfrentamos inimigos em cenários de neve, o sangue deles simplesmente se espalha pelo cenário, trazendo um contraste bastante artístico do vermelho carmesim com o branco.
Apesar dos gráficos terem uma boa direção nas questões mencionadas, principalmente quando se trata de cenário, infelizmente os personagens e inimigos não tiveram o mesmo refino. Isso traz a sensação de que são bastante rígidos e engessados.
Outro problema está no desempenho do jogo. Ele não se mostra fluído mesmo que em teoria ele alcance 30 FPS (levando em conta que recebemos um código de PS4) e em vários momentos dá algumas travadas ficando cerca de 1~2 segundos congelado.
O áudio não está ruim, mas também não faz uma entrega excepcional. Apesar disso as músicas são boas, principalmente quando estamos enfrentando situações mais complicadas, ela consegue nos trazer uma sensação de urgência.
Combate tradicional e muito parry
Em Morbid The lords of Ire temos um gameplay bastante tradicional de soulslike, onde há golpe forte, golpe fraco, rolar no chão para esquivar, defesa e, principalmente, uma função de parry para poder dar um golpe mais poderoso nos inimigos por deixá-lo de imediato desequilibrado.
Além disso, no decorrer do jogo, você poderá conseguir inúmeras armas. Logo de começo já temos uma espada, soco inglês e também liberamos uma pistola para longo alcance.
Basicamente o combate se baseia em conseguir acertar o timing da aparagem, desequilibrar o inimigo e desferir um golpe mais poderoso para causar a maior quantidade de dano possível. Apesar de parecer simples, o timing dos inimigos poderão engajar o jogador, principalmente dos oponentes mais rápidos que estranhamente dão um atraso no movimento.
É estranho essa questão do parry, pois em alguns momentos conseguimos acertar todos, mas logo depois parece que nenhum timing encaixa e isso simplesmente nos deixa à mercê.
Outro problema relacionado ao combate está no posicionamento dos inimigos, pois eles não mediram esforços em trazer situações complicadas para o jogador onde, por exemplo, há dois inimigos mais fortes e dois arqueiros para enfrentarmos ao mesmo tempo após uma sequência insana de vários oponentes.
Cartas são o segredo da evolução
A evolução do jogo é por meio de cartas que trazem consigo habilidades. Podemos equipar até quatro cartas e todas elas possuem 3 níveis, onde a cada nível seus efeitos são consideravelmente ampliados.
Esse sistema é bacana, apesar que infelizmente a forma de conseguir liberar novas habilidades, evoluir as que já possui e desbloquear slots de cartas é um tanto complicada. Pois a cada inimigo derrotado, você consegue experiência e a cada novo nível conseguirá um novo ponto de habilidade.
Dito isso, você usa esses pontos para poder evoluir, conseguir novas habilidades e liberar slots. Entretanto, tudo isso custa muitos pontos, enquanto os ganhos são consideravelmente baixos, fazendo com que grind seja algo inviável.
E outra coisa, aqui não temos atributos tradicionais que são upados, então você dependerá exclusivamente destas habilidades. E como disse, você vai demorar muito para conseguir desbloqueá-las.
Conclusão do review de Morbid The lords of Ire
Sou um grande fã de soulslike e tinha certa expectativa com Morbid The Lords of Ire, pois o mesmo tinha boas ideias e também experiência vinda de um jogo anterior. Contudo, a sua falta de refino juntamente de problemas técnicos que acabam influenciando diretamente no gameplay acabaram quebrando essa expectativa.
Junto disso, o posicionamento dos inimigos e a obrigatoriedade de enfrentá-los em situações completamente desfavoráveis deixa a jogada ainda mais letal e não traz uma sensação de conquista satisfatória, pois tudo que é conquistado se baseia simplesmente no caminho se abrindo, pois simplesmente os inimigos não dropam itens.
A evolução também dificulta esse processo, pois poderia ser uma das formas de conseguir vantagens ao seu personagem. Mas infelizmente esse sistema de habilidades é a única mecânica evolutiva do game.
Morbid The Lords of Ire realmente tinha ótimas ideias, mas infelizmente sua construção deixou muito a desejar.
Essa análise/review de Morbid The lords of Ire segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.
Um Soulike com boas ideias, mas uma execução questionável
Visual, ambientação e gráficos - 6
Jogabilidade - 6
Diversão - 5
Áudio e trilha-sonora - 7
Narrativa - 6
6
Mediano
Morbid: The lords of Ire pode ter apresentado boas ideias e uma ótima idealização na sua direção de arte, mas infelizmente pecou em toda a construção, deixando a desejar na fluidez, posicionamento de inimigos e também no sistema de evolução.