ANÁLISESNINTENDONOTICIASPCPLAYSTATIONREVIEWSXBOX

Análise: Mars 2120

Mais um Metroidvania com boas ideias, mas execução questionável

Mars 2120 é o mais recente lançamento no gênero Metroidvania, chegando a todas as plataformas e buscando seu espaço em um cenário já bastante explorado. Com influências evidentes da franquia Metroid, incluindo o recente Metroid Dread, será que este título consegue se destacar em meio a tanta concorrência?

Nesta análise, vamos explorar os pontos fortes e fracos de Mars 2120, um jogo brasileiro que chega ao mercado com legendas e dublagem em português. Acompanhe-nos nesta jornada para descobrir se esta aventura marciana merece um lugar em sua biblioteca de jogos.

Marte está em crise

Como o título sugere, a narrativa se desenrola um século adiante, em uma colônia estabelecida em Marte. A trama, embora promissora, carece de desenvolvimento aprofundado. Você assume o papel de uma protagonista sem nome, convocada para investigar uma misteriosa crise na colônia marciana.

À medida que a aventura progride, o jogador descobre fragmentos da história através de registros de áudio. Esses logs revelam detalhes sobre os experimentos conduzidos na base e os eventos que levaram à atual situação de emergência. Infelizmente, a narrativa não vai muito além desses elementos básicos.

É notável a ausência de uma caracterização mais robusta da protagonista e de um enredo mais elaborado. Em uma era onde o desenvolvimento de personagens e narrativas complexas se tornaram padrão na indústria dos jogos, Mars 2120 deixa a desejar nesse aspecto, relegando a história a um papel secundário.

Mars 2120 convence em sua ambientação

Apesar das limitações narrativas, Mars 2120 se destaca em sua ambientação. A influência da franquia Metroid é inegável, especialmente do recente Metroid Dread, com sua exploração em uma base extraterrestre e uma protagonista misteriosa.

A jornada inicia-se com a queda da protagonista no planeta vermelho, mas rapidamente o jogador é levado a uma vasta instalação dividida em diversos biomas. O jogo apresenta uma fusão bem-sucedida entre elementos de ficção científica, instalações high-tech e as peculiaridades geológicas de Marte.

Os ambientes são visualmente agradáveis e convincentes. A atmosfera de uma base em outro planeta é transmitida com eficácia, e os efeitos da crise que assolou a colônia são retratados de forma crível. O jogador encontrará uma variedade de climas, setores da instalação em ruínas, fiação elétrica exposta e outros detalhes que contribuem para a imersão.

Contudo, os elogios à ambientação não são suficientes para sustentar toda a experiência de jogo.

Falta personalidade em Mars 2120

Durante a análise de Mars 2120, ficou evidente que, embora o jogo apresente conceitos interessantes individualmente, a integração desses elementos resulta em uma experiência pouco satisfatória. Essa falta de coesão se manifesta em diversos aspectos do game, começando pela protagonista e estendendo-se aos inimigos.

A personagem principal sofre de uma indefinição visual desconcertante. Seu rosto, escondido por uma luz inexplicavelmente intensa, dificulta a conexão do jogador com a heroína. Mesmo em momentos de maior exposição, ela carece de personalidade, apresentando-se como uma figura genérica e inexpressiva.

Os inimigos não escapam dessa problemática. A maioria deles padece de uma similaridade visual monótona, com variações que se limitam ao clichê de “ficou mais forte porque mudou de cor”. Contudo, a maior crítica reside nas animações do jogo.

A mecânica de combate exemplifica bem essa questão. A arma principal, uma metralhadora, carece de impacto sensorial – ao atirar, o jogador não sente o peso ou a potência da arma. Paralelamente, a reação dos inimigos aos ataques é deficiente. É comum observar adversários básicos permanecendo imóveis enquanto recebem tiros, criando situações absurdas e tediosas que se repetem ao longo do jogo.

O posicionamento e a movimentação dos inimigos também apresentam falhas notáveis. Os inimigos voadores, em particular, movem-se de forma errática, tornando quase impossível esquivar-se de seus ataques ou acertá-los com precisão. Por outro lado, os inimigos terrestres exibem um comportamento previsível e monótono, seguindo padrões repetitivos que não oferecem desafios significativos ou surpresas ao jogador.

Essas deficiências nas animações e na inteligência artificial dos inimigos comprometem seriamente a dinâmica de combate e a imersão no jogo, elementos cruciais para uma experiência metroidvania satisfatória.

E as críticas continuam

Além das questões já mencionadas, Mars 2120 apresenta outras falhas de design que comprometem a experiência de jogo. Um dos problemas mais evidentes é a ausência de um tutorial integrado. Embora exista um guia de instruções, este se encontra isolado em um menu separado, uma decisão incomum e pouco intuitiva que pode dificultar a familiarização dos jogadores com os controles e mecânicas do jogo.

Outro aspecto problemático é a desproporção entre a protagonista e o ambiente de jogo. A velocidade de movimentação da personagem parece excessiva para a proposta do game, e seu tamanho em relação aos cenários causa estranheza. Essas inconsistências são agravadas por um sistema de câmera mal implementado.

Os desenvolvedores optaram por uma câmera dinâmica que se ajusta conforme o contexto: aproxima-se da protagonista em corredores e se afasta em escadas ou plataformas de escalada. Adicionalmente, em certos momentos, a câmera assume posições diagonais para oferecer perspectivas alternativas do cenário. Embora a ideia seja interessante em teoria, sua execução deixa a desejar.

Esta abordagem de câmera prejudica significativamente a jogabilidade em diversos momentos, especialmente nas seções com visão diagonal. Há situações em que o jogador recebe dano sem conseguir revidar, sendo forçado a se aproximar excessivamente dos inimigos para que a câmera se estabilize e permita o contra-ataque.

Na prática, essa constante mudança de perspectiva, combinada com o posicionamento inadequado dos inimigos e a agilidade exagerada da protagonista, resulta em uma experiência frustrante. O que poderia ser um elemento inovador acaba por se tornar um obstáculo à fluidez e ao prazer do jogo.

Essas escolhas de design, embora possivelmente bem-intencionadas, demonstram uma falta de refinamento que impacta negativamente a jogabilidade de Mars 2120, impedindo que o jogo alcance seu potencial pleno como um metroidvania envolvente.

Um gameplay pé no chão

Quanto ao gameplay de Mars 2120, é importante ressaltar que, assim como outros aspectos do jogo, as ideias individuais apresentam potencial interessante, embora sua implementação nem sempre alcance o resultado esperado.

Fiel à fórmula Metroidvania, a instalação espacial de Mars 2120 oferece múltiplas áreas que só podem ser acessadas mediante a aquisição de habilidades específicas. Para facilitar a exploração deste vasto ambiente, o jogo inclui um sistema de teletransporte rápido (fast travel), que se torna progressivamente mais útil à medida que novos biomas são desbloqueados.

O sistema de poderes do jogo é baseado em elementos, agregando uma camada adicional de estratégia à jogabilidade. Inicialmente, o jogador tem acesso a poderes elétricos, posteriormente expandindo seu arsenal com habilidades baseadas em gelo, entre outros. Cada poder possui funcionalidades únicas, que não apenas ampliam as possibilidades de combate, mas também desempenham papel crucial na superação dos desafios de plataforma e na exploração do ambiente.

Os desafios de plataforma, por sua vez, apresentam um conceito interessante que se alinha com o cenário futurista do jogo. Muitos destes obstáculos envolvem a interação com sistemas de segurança da instalação espacial, oferecendo uma experiência que vai além dos tradicionais saltos e escaladas.

Mars 2120 também incorpora batalhas contra chefes, que, embora visualmente interessantes, podem carecer de desafio para jogadores mais experientes. O sistema de progressão do jogo permite que o jogador acumule pontos de experiência ao derrotar inimigos, os quais podem ser investidos em melhorias diversas, como aumento de vida, potência de tiro, aprimoramento de habilidades e aumento de defesa.

Embora estes elementos de gameplay demonstrem potencial, a execução nem sempre atinge o nível de polimento necessário para criar uma experiência verdadeiramente envolvente e desafiadora. O resultado é um sistema de jogo que, apesar de funcional, não consegue se destacar em meio a outros títulos do gênero Metroidvania.

Conclusão

Para concluir esta análise, é evidente que Mars 2120, embora apresente conceitos promissores, falha em concretizar seu potencial. O jogo ostenta uma série de ideias intrigantes, mas a execução deixa a desejar, resultando em uma experiência que carece de coesão e engajamento.

O cerne do problema reside nos elementos fundamentais do gênero Metroidvania: exploração e combate. Infelizmente, Mars 2120 não consegue tornar nenhum desses aspectos verdadeiramente cativantes. A exploração, que deveria ser um dos pilares da experiência, acaba se tornando uma tarefa monótona, enquanto os confrontos com inimigos se revelam tediosos e repetitivos. Para um título que se propõe a ser um Metroidvania, essas falhas são particularmente prejudiciais, comprometendo severamente a qualidade geral do jogo.

Diante dessas considerações, é com pesar que não podemos recomendar Mars 2120 aos jogadores, pelo menos em seu estado atual de lançamento. O jogo demonstra potencial, mas requer aprimoramentos significativos para se tornar uma experiência verdadeiramente satisfatória.

No entanto, não se pode descartar completamente as possibilidades futuras do título. Com atualizações substanciais que abordem as principais questões levantadas nesta análise, e possivelmente acompanhadas de um desconto atrativo, Mars 2120 poderia, no futuro, oferecer uma proposta mais interessante para os fãs do gênero dispostos a explorar esta aventura marciana.

Por ora, os jogadores em busca de uma experiência Metroidvania robusta e envolvente podem encontrar opções mais refinadas e gratificantes no mercado atual.

Essa análise de Mars 2120 segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.

Deixa a desejar

Visual, ambientação e gráficos - 6
Jogabilidade - 5.5
Diversão - 4
Áudio e trilha-sonora - 6

5.4

Fraco

Infelizmente temos aqui um metroidvania que não é tão interessante explorar assim como é enfadonho combater seus inimigos. E para um jogo onde seu ponto principal é explorar e combater seus inimigos, isso o coloca em uma posição muito complicada.

User Rating: Be the first one !

Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo