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Análise: Frostpunk 2 expande bem o primeiro jogo

Sobrevivência, política e dilemas morais em um mundo congelado

Cinco anos após o lançamento do aclamado Frostpunk, a 11 Bit Studios nos convida novamente a enfrentar o apocalipse gelado em Frostpunk 2. Essa sequência ambiciosa, que chega no dia 20 de setembro, expande significativamente o escopo do original, oferecendo uma experiência mais profunda e complexa de construção de cidades e gestão de sociedades em um mundo à beira do colapso. Embora ocasionalmente exaustivo, Frostpunk 2 desafia os jogadores a confrontarem dilemas morais angustiantes e decisões estratégicas, trazendo uma boa experiência no geral. Confira abaixo a nossa análise completa de Frostpunk 2 para PC:

Expandindo o primeiro jogo

Frostpunk 2 se passa 30 anos após os eventos do jogo original. A humanidade sobreviveu ao cataclismo inicial, mas a luta contra o frio implacável continua. Como o novo Administrador de Nova Londres, os jogadores herdam uma cidade em crescimento, enfrentando desafios cada vez mais complexos. O carvão, que antes era a salvação da humanidade, está acabando, forçando a sociedade a buscar novas fontes de energia e expandir seus horizontes para além dos limites da cidade.

Assim como no primeiro jogo, o ponto principal de Frostpunk 2 continua sendo a construção e gestão da cidade, mas em uma escala significativamente maior. Em vez de colocar edifícios individuais, agora construímos distritos inteiros, cada um com suas próprias especializações e expansões. Essa mudança de escala traz uma sensação de grandiosidade à cidade que distingue o jogo do seu antecessor, que tinha um pouco mais de micro gerenciamento.

O processo de construção é mais elaborado, exigindo que os jogadores primeiro “quebrem o gelo” para criar fundações antes de estabelecer distritos. Essa mecânica adiciona uma camada extra de planejamento estratégico, pois os jogadores devem considerar cuidadosamente onde e quando expandir, além de pensar com calma quais regiões serão habitadas no futuro.

Sistemas de política e pesquisa mais robustos

A introdução de um sistema político robusto é talvez a maior inovação de Frostpunk 2. A cidade agora é dividida em várias facções, cada uma com suas próprias ideologias, demandas e visões para o futuro. O Conselho da cidade, composto por 100 representantes, é o campo de batalha onde essas ideias conflitantes se chocam.

Como Administrador, o jogador deve fazer o jogo político, negociando, fazendo promessas e, por vezes, quebrando-as. Cada decisão tem o potencial de agradar uma facção enquanto exclui outra, criando um delicado equilíbrio que se desenrola ao longo do jogo.

Fora isso, o sistema de pesquisa foi expandido e renomeado como “Árvore de Ideias”. Este novo sistema reflete as complexidades políticas da cidade, com diferentes facções favorecendo diferentes caminhos de pesquisa. Escolher que tecnologias desenvolver não é mais apenas uma questão de eficiência, mas também de alinhamento ideológico e manobra política.

Como consequência, a expansão para além dos muros da cidade ganha nova importância em Frostpunk 2. Os jogadores devem enviar expedições para explorar as Terras Congeladas, descobrindo recursos, estabelecendo postos avançados e até fundando novas colônias. Esse sistema adiciona uma camada extra de gestão de recursos e planejamento estratégico ao jogo.

Um jogo melhorado em termos visuais e sonoros

Frostpunk 2 melhora bastante os gráficos do primeiro jogo, oferecendo uma experiência mais detalhada sem comprometer a atmosfera sombria característica da série. A cidade, agora mais vasta, traz uma sensação de complexidade e densidade bastante única. Cada distrito possui uma identidade visual distinta, com distritos residenciais exibindo tons mais quentes, contrastando com os azuis frios dos distritos industriais. Esta diferenciação não é apenas estética, mas também funcional, auxiliando na navegação da cidade.

O nível de detalhamento é notável em cada aspecto do jogo. Edifícios mostram desgaste realista pelo frio, com de gelo e vapor escapando das chaminés. A interface do usuário, embora complexa, integra-se perfeitamente à estética steampunk-apocalíptica do jogo.

Além disso, os efeitos climáticos são particularmente bem feitos. Nevascas dinâmicas cobrem gradualmente a cidade, enquanto o gelo é representado com bastante detalhe, com diferentes texturas e padrões de formação de gelo e neve que criam um mundo que parece verdadeiramente hostil.

Agora, um aspecto importantes da configuração gráfica do jogo são as suas extensas opções de upscaling. O jogo suporta uma variedade de tecnologias de upscaling, incluindo DLSS (incluindo o DLSS 3), FSR e XeSS. Isso permite que jogadores com uma ampla gama de hardware aproveitem bons visuais sem sacrificar tanto o desempenho. Isso é especialmente benéfico em um jogo tão detalhado visualmente, e não exatamente leve, quanto Frostpunk 2.

Uma narrativa pesada e jogabilidade densa

A narrativa de Frostpunk 2 é contada não apenas através de eventos principais da história, mas também por meio de inúmeras micro-narrativas que surgem organicamente durante o jogo. Decisões aparentemente pequenas podem desencadear consequências de longo alcance, muitas vezes de maneiras surpreendentes e perturbadoras.

O jogo continua a explorar temas difíceis como sobrevivência, moralidade em tempos de crise e os custos do progresso. No entanto, a introdução do sistema de facções adiciona novas camadas a essas discussões, forçando os jogadores a considerar não apenas o que é necessário para a sobrevivência, mas também que tipo de sociedade eles desejam construir.

Vale mencionar que Frostpunk 2 é um jogo desafiador, com uma curva de aprendizado íngreme. A complexidade dos sistemas pode ser esmagadora no início, exigindo paciência e dedicação dos jogadores para dominá-los. Pensando nisso, o jogo oferece várias opções de dificuldade, permitindo que os jogadores ajustem a experiência de acordo com suas preferências.

Ainda assim, mesmo nas configurações mais fáceis, Frostpunk 2 é um jogo intenso e muitas vezes estressante. A constante pressão para equilibrar recursos, satisfazer facções e lidar com crises pode ser exaustiva.

Rejogabilidade e alguns problemas

O modo história principal oferece cerca de 15-20 horas de jogo, dependendo da habilidade e das escolhas do jogador. No entanto, a verdadeira longevidade de Frostpunk 2 vem do seu modo Utopia, que permite aos jogadores construir suas cidades sem as restrições da narrativa principal.

A variedade de facções, caminhos de pesquisa e cenários possíveis garante que cada partida seja única. As opções de personalização de dificuldade adicionam ainda mais ao quesito rejogabilidade, permitindo que os jogadores ajustem precisamente o desafio de acordo com suas preferências.

Agora, apesar de suas muitas qualidades, Frostpunk 2 não está isento de problemas. A interface do usuário, embora melhorada em relação ao original, ainda pode ser confusa, especialmente para novos jogadores. A quantidade de menus e submenus é um tanto esmagadora, e algumas informações importantes são difíceis de encontrar rapidamente.

A natureza abstrata da construção de cidades em grande escala, embora impressionante visualmente, pode fazer com que os jogadores se sintam desconectados dos cidadãos individuais, perdendo um pouco da intimidade que era um ponto forte do primeiro jogo.

Além disso, a intensidade constante do jogo pode ser exaustiva para alguns jogadores. A falta de momentos de “respiração” entre crises pode levar à fadiga, especialmente em sessões mais longas.

Conclusão – Análise: Frostpunk 2

Para fechar essa análise, eu posso dizer que Frostpunk 2 é uma sequência ambiciosa e bem-sucedida que expande e aprofunda as ideias do original de maneiras significativas. A introdução de sistemas políticos complexos e a expansão da escala da cidade criam uma experiência mais rica e desafiadora, embora às vezes à custa da intimidade que caracterizava o primeiro jogo.

Os dilemas morais, a gestão de recursos e as decisões estratégicas continuam no centro da experiência, agora amplificados pelas complexidades da política de facções. Fora isso, os gráficos e sons do jogo são de primeira, criando uma atmosfera opressiva e envolvente que complementa perfeitamente os temas do título.

Embora possa ser ocasionalmente exaustivo e tenha uma curva de aprendizado íngreme, Frostpunk 2 recompensa a paciência e a dedicação com uma das experiências de construção de cidades e gestão de sociedades mais profundas e envolventes disponíveis. É um jogo que não apenas desafia suas habilidades estratégicas, mas também força você a questionar suas convicções morais.

Para os fãs de jogos de estratégia e construção de cidades que não se intimidam com temas pesados e decisões difíceis, Frostpunk 2 é uma experiência obrigatória. Ele pode não ser para todos, dada sua natureza intensa e muitas vezes sombria, mas para aqueles que se entregarem à sua visão gélida, oferece uma jornada inesquecível através das profundezas da sobrevivência humana e da construção de uma sociedade à beira do abismo.

Essa análise/review de Frostpunk 2 segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.

Uma boa continuação

Nota - 8

8

Ótimo

Frostpunk 2 é uma sequência ambiciosa que expande o escopo do original, oferecendo uma experiência mais profunda e complexa de construção de cidades e gestão de sociedades em um mundo à beira do colapso. Com sua jogabilidade desafiadora, visual aprimorado e narrativa envolvente, o jogo se destaca no gênero de estratégia, apesar de ocasionalmente ser exaustivo.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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