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Análise: A Quiet Place The Road Ahead

Entre de cabeça nesse mundo, mas não faça nenhum barulho

Lançado este ano, A Quiet Place The Road Ahead leva para o universo dos games a atmosfera intensa e silenciosa do filme de mesmo nome, que narra os primeiros dias da invasão alienígena. O desafio de transformar essa experiência cinematográfica, marcada por tensão extrema e silêncio absoluto, em uma jornada interativa foi grande, e o desenvolvedor precisava encontrar maneiras de traduzir a sensação constante de perigo e a importância de se manter em silêncio para não alertar as mortais criaturas.

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Nesta análise completa, exploramos como esses elementos do filme foram incorporados e se A Quiet Place The Road Ahead conseguiu capturar a essência aterrorizante e envolvente.

Conheça Alex

Em A Quiet Place The Road Ahead, o jogador assume o papel de Alex, uma sobrevivente da invasão alienígena que dizimou o planeta e trouxe uma nova e assustadora regra de sobrevivência: o silêncio absoluto. A história mantém o tom característico da franquia de filmes, focando na luta por sobrevivência de Alex e de diversos outros personagens em um mundo agora hostil, onde qualquer som pode atrair as mortais criaturas. Esses seres reagem de imediato a qualquer ruído, e a tensão de viver à beira do perigo constante é palpável durante o jogo.

A narrativa oferece uma estrutura de idas e vindas no tempo, permitindo ao jogador explorar tanto a vida de Alex antes da invasão quanto os momentos intensos dos primeiros dias da catástrofe, até cerca de três ou quatro meses após o início do caos. Esse intervalo de cerca de 110 a 120 dias desde a invasão é o cenário em que Alex vive e se adapta à nova realidade, destacando o contraste entre sua antiga vida pacífica ao lado de seu namorado, seu pai e outros entes queridos, e os desafios emocionais e físicos que ela enfrenta agora.

No início do jogo, acompanhamos Alex em uma missão ao lado de seu namorado, onde eles exploram uma casa em busca de recursos. Esse trecho serve como um prólogo, ensinando ao jogador as mecânicas de A Quiet Place The Road Ahead, que demandam cuidado extremo para evitar sons. Porém, no final dessa introdução, o namorado de Alex é brutalmente morto pelas criaturas, deixando-a sozinha para garantir a própria sobrevivência – e com a responsabilidade adicional de proteger a vida que ela carrega, pois está grávida dele. Esse dilema emocional é o motor central da história, enquanto ela busca um novo refúgio após perceber que o hospital onde está abrigada, ao lado de outros sobreviventes, não é mais seguro.

Outro ponto de destaque é a maneira como o jogo usa a ausência de som para intensificar a narrativa. A comunicação entre os personagens ocorre principalmente através de gestos e notas deixadas para trás, criando uma atmosfera que incentiva a exploração do ambiente para descobrir uma rica lore do universo de A Quiet Place. Essas notas revelam fragmentos da vida de outros sobreviventes e das mudanças que o mundo sofreu, imergindo o jogador nas histórias pessoais e coletivas que compõem esse cenário pós-invasão. Esse cuidado com os detalhes torna a narrativa de A Quiet Place The Road Ahead especialmente fiel ao espírito da franquia, criando um jogo que sabe dosar tensão e melancolia em igual medida.

A Quiet Place The Road Ahead acerta na ambientação

A ambientação de A Quiet Place The Road Ahead é um dos maiores triunfos do jogo, capturando de forma excepcional a atmosfera de perigo e desolação que caracteriza a franquia. Logo de início, somos imersos em um mundo sombrio, composto por casas, prédios e ruas abandonadas, criando uma sensação constante de isolamento e vulnerabilidade. Esse cenário urbano, misturado com áreas naturais, é bem detalhado, trazendo elementos que remetem diretamente ao universo do filme, como personagens se comunicando em silêncio absoluto através de gestos e escrita. Esse cuidado nos conecta ainda mais com o mundo de A Quiet Place, oferecendo uma experiência visual que faz jus ao material original.

O aspecto gráfico é bastante detalhado e realista, especialmente nas construções, corredores e interiores das casas. A iluminação, muitas vezes em ambientes noturnos, aumenta a tensão e entrega uma estética que lembra clássicos do terror, como Resident Evil e Silent Hill. Ao explorar o cenário, o jogador se depara com cenas que retratam a brutalidade da invasão alienígena, como destroços de casas e estruturas destruídas por criaturas que invadiram o local em busca de suas vítimas. Esses elementos visuais reforçam o terror e a precariedade da sobrevivência nesse mundo, além de mostrarem o impacto implacável da presença alienígena.

No entanto, há uma ressalva: embora o cenário e a ambientação sejam impressionantes, os modelos dos personagens deixam a desejar. Comparados ao alto nível de detalhes no ambiente, as representações dos personagens parecem visualmente inferiores, destoando da qualidade gráfica que o jogo estabelece. Em cenas de diálogos ou flashbacks que mostram momentos antes da invasão, onde vemos pessoas interagindo de forma mais casual, a discrepância se torna evidente. Felizmente, esses momentos são esparsos, mas quando ocorrem, acabam prejudicando um pouco da imersão.

Complementando a ambientação visual, o design sonoro é outro destaque. Em um jogo onde o silêncio é crucial para a sobrevivência, cada som é meticulosamente planejado para criar angústia e tensão. Ruídos sutis, como folhas ao vento ou o som da chuva batendo em superfícies de madeira, são amplificados pela ausência de diálogo ou música de fundo. Esse cuidado com o som não apenas respeita o conceito de A Quiet Place, mas também contribui para uma experiência altamente imersiva, mantendo o jogador sempre atento a cada passo e movimento.

O calcanhar de Aquíles

Agora falando do gameplay, temos o ponto crítico em A Quiet Place The Road Ahead. Aqui, o jogo traduz com fidelidade o mundo do filme, onde qualquer som pode ser fatal. Isso significa que o jogador não pode correr, disparar armas, gritar ou mesmo ligar um carro sem alertar os alienígenas, uma limitação que faz sentido para a narrativa e intensifica a atmosfera de tensão constante.

Embora o sistema de gameplay esteja bem alinhado com a premissa do filme, ele pode se tornar uma experiência excessivamente passiva para alguns jogadores. Em vez de confrontos diretos, a sobrevivência se baseia em evitar os inimigos e enganá-los para prosseguir. Esse estilo de jogo exige uma observação cuidadosa dos arredores e decisões calculadas sobre cada movimento, incluindo o cuidado ao pisar para não gerar som e atrair as criaturas.

A exploração em A Quiet Place The Road Ahead é, sem dúvida, o coração do gameplay. Tudo começa com a movimentação de Alex, que precisa ser cuidadosa e lenta para evitar fazer qualquer som desnecessário, já que correr ou esbarrar em objetos como poças d’água ou latas alertaria os alienígenas. Esse ritmo pausado e meticuloso torna a exploração uma experiência de tensão constante, onde o analógico é controlado no mínimo possível para garantir a segurança. Encontrar itens e resolver quebra-cabeças é um processo que requer paciência e atenção ao ambiente, já que qualquer descuido pode ser fatal.

Outro aspecto importante é a ação em si: cada movimento, como abrir portas, gavetas ou até pegar objetos, precisa ser calculado. Em ações que demandam mais esforço, Alex pode se cansar rapidamente devido à asma, e você precisa controlar a intensidade dessas ações para que o cansaço e a respiração ofegante não a denunciem. Quando uma criatura se aproxima, a protagonista entra em estado de pânico, o que também requer manejo da respiração e das ações com extrema cautela.

Por fim, temos os encontros com os alienígenas, que são baseados inteiramente na furtividade. Aqui, atacar ou correr não são opções viáveis. A sobrevivência depende da sua capacidade de utilizar o cenário de forma inteligente, observando o ambiente e os movimentos dos inimigos. Você deve evitar superfícies barulhentas e criar distrações, como arremessar itens, para atrair os alienígenas para longe da sua rota. As ações passivas reforçam a vulnerabilidade de Alex e intensificam a sensação de que cada movimento pode ser seu último.

Para ajudar nessa sobrevivência, A Quiet Place The Road Ahead oferece mecânicas de suporte. Além de bombas de asma que podem ser coletadas, Alex pode usar uma lanterna, com bateria limitada, para iluminar áreas escuras e um dispositivo criado por ela para monitorar o som do ambiente e o seu próprio. Esse dispositivo ajuda a adaptar a estratégia de acordo com o cenário, já que o nível de ruído muda entre áreas mais silenciosas, como interiores, e locais externos, como florestas ou cachoeiras barulhentas. Equilibrar todos esses recursos é essencial para avançar em A Quiet Place The Road Ahead sem chamar atenção e atravessar cada fase com um constante senso de perigo iminente.

Conclusão da análise de A Quiet Place The Road Ahead

Em conclusão, A Quiet Place The Road Ahead é uma obra que brilha ao capturar a essência do filme, traduzindo o universo de silêncio, tensão e vulnerabilidade de forma fiel. O jogo acerta em cheio ao abraçar essa atmosfera quase sufocante, trazendo uma execução que, apesar de não ser impecável, é incrivelmente sólida e eficaz. A ambientação é impactante, com cenários detalhados, uma trilha sonora minimalista e efeitos sonoros cuidadosamente inseridos que elevam a imersão a um novo patamar.

No entanto, a mesma proposta que o torna tão fiel ao filme pode se tornar seu ponto fraco quando adaptada ao formato de um jogo de longa duração. Embora funcione em um filme de cerca de duas horas, onde o público experimenta a tensão de forma concentrada e rápida, o ritmo lento e a passividade do gameplay podem cansar alguns jogadores. Com uma duração muito maior que um filme tradicional, o ciclo de exploração e ações meticulosas, feitas em silêncio e sempre com extrema cautela, se torna repetitivo. A linearidade e a ausência de um desenvolvimento ou variação significativa no ritmo fazem com que, eventualmente, a sensação de novidade e tensão se dissipe, levando a um desgaste.

Assim, A Quiet Place The Road Ahead acaba sendo um jogo para aqueles que buscam uma experiência mais introspectiva e contemplativa, onde a ambientação e a imersão são os verdadeiros protagonistas. Para quem prefere dinamismo, evolução de habilidades ou ação, ele pode se mostrar entediante. Em última análise, o mérito e o problema de A Quiet Place The Road Ahead são o mesmo: sua total imersão no conceito do filme, o que agradará uns e afastará outros.

Essa análise/review de A Quiet Place The Road Ahead segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.

Uma experiência intensa, mas que não agrará a todos

Visual, ambientação e gráficos - 8
Jogabilidade - 6.5
Diversão - 6
Áudio e trilha-sonora - 8

7.1

Bom

A Quiet Place The Road Ahead acaba sendo um jogo para aqueles que buscam uma experiência mais introspectiva e contemplativa, onde a ambientação e a imersão são os verdadeiros protagonistas. Para quem prefere dinamismo, evolução de habilidades ou ação, ele pode se mostrar entediante. Em última análise, o mérito e o problema de A Quiet Place The Road Ahead são o mesmo: sua total imersão no conceito do filme, o que agradará uns e afastará outros.

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Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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