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Análise – Metal Slug Tactics

Um novo formato para um clássico

Existe algo mágico em revisitar uma franquia clássica sob uma nova perspectiva. Quando bem executado, esse exercício pode mostrar facetas até então não exploradas de uma série consagrada, apresentando-a para um novo público enquanto mantém sua essência intacta.

Foi com essa premissa que a Dotemu, conhecida por revigorar clássicos como Streets of Rage 4 e TMNT: Shredder’s Revenge, e a Leikir Studio se propuseram a transformar Metal Slug, uma das séries mais emblemáticas dos arcades, em um RPG tático com elementos roguelite. Se você quer saber tudo sobre Metal Slug Tactics, confira a nossa análise completa abaixo:

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Um clássico amado

Metal Slug sempre foi sinônimo de excelência artística. Desde seu lançamento em 1996, a série da SNK estabeleceu um padrão de qualidade em pixel art que poucos conseguiram chegar perto. Cada sprite, cada frame de animação, cada explosão era meticulosamente desenhada para criar uma experiência visual fantástica que, mesmo décadas depois, continua impressionante.

Metal Slug Tactics herda parte dessa responsabilidade histórica e, embora não chegue no mesmo nível artístico dos jogos originais (uma tarefa hercúlea, diga-se de passagem), consegue traduzir o estilo característico da série para uma perspectiva isométrica com competência. As animações dos personagens mantêm muito do charme original, com Marco, Eri, Fio e muitos outros personagens desbloqueáveis ainda correndo desajeitadamente com suas pistolas em meio ao caos tático.

A mudança de perspectiva traz consigo desafios únicos. O campo de batalha pixelado poderia facilmente parecer distante do espírito da série, mas a Leikir Studio conseguiu incorporar elementos visuais que amenizam essa transição. As elevações do terreno são claramente demarcadas, explosões se parecem muitos com as clássicas do jogo, e os efeitos visuais no geral mantêm a característica da franquia até certo ponto.

Mecânicas

É na jogabilidade que Metal Slug Tactics realiza suas transformações mais dramáticas. O caos característico dos jogos originais dá lugar a um ritmo mais calculado, onde cada movimento precisa ser planejado. No entanto, seria um erro pensar que isso significa um jogo mais lento ou menos intenso.

O sistema de combate é feito para incentivar o movimento constante e o posicionamento agressivo, o que não é tão comum em jogos do gênero. Quanto mais um personagem se move em seu turno, mais recursos ele acumula: Adrenalina para ativar habilidades especiais e Esquiva para reduzir o dano recebido. Fica claro que o objetivo foi capturar a essência dinâmica da série original enquanto adiciona uma camada de estratégia.

Outro elemento bem construído que merce destaque é o sistema de sincronização. Quando os personagens estão posicionados adequadamente, eles podem realizar ataques combinados, que são até fundamentais à medida que avançamos pelos mapas. Ver Marco, Eri e Fio coordenando seus ataques para eliminar uma linha inteira de inimigos me fez sentir um gênio do gênero em certos momentos, poucos, mas eles aconteceram. Aliás, isso se relaciona com outro ponto importante de mencionar nessa análise, que é a curva de aprendizado do jogo.

Curva de Aprendizado Íngreme

Uma das características mais marcantes de Metal Slug Tactics é sua complexidade inicial. Diferentemente dos jogos originais, onde a simplicidade dos controles permitia que qualquer jogador pegasse o ritmo rapidamente, aqui existe uma barreira de entrada considerável. As primeiras duas ou três horas podem ser especialmente frustrantes para quem não está familiarizado com o gênero tático.

O tutorial, embora presente, não consegue transmitir completamente as nuances do sistema de combate. Conceitos como o gerenciamento de recursos, posicionamento estratégico e a importância do terreno são apresentados de forma um tanto abrupta. É comum perder as primeiras missões repetidamente até compreender que Metal Slug Tactics não deve ser jogado como um RPG tático tradicional, nem como um Metal Slug clássico – ele exige uma abordagem muito própria.

Ainda assim, quando as peças finalmente se encaixam, o jogo mostra um sistema de combate profundo e recompensador. A frustração inicial dá lugar a momentos de êxtase, onde cada movimento bem executado pode resultar em sequências de ataques poderosas que lembram certos momentos épicos dos arcades.

Ritmo de Combate

Fora isso, a estrutura roguelite adiciona uma camada extra de complexidade ao jogo. Cada partida através das quatro regiões disponíveis apresenta desafios únicos, com mapas gerados de forma procedural que mantêm a experiência renovada mesmo após várias tentativas. A progressão é consistente: mesmo fracassando, você mantém certas melhorias e desbloqueáveis que facilitam tentativas futuras.

O sistema de progressão é bem robusto, oferecendo diferentes caminhos para desenvolver seus personagens. Ao avançar e acumularmos dinheiro e recursos suficientes, podemos utilizar árvores de habilidades que permitem customizações significativas e modificadores de armas e equipamentos, que permitem que você adapte seu esquadrão ao seu estilo de jogo preferido. As possibilidades são inúmeras, com 36 armas diferentes, 176 modificadores e 9 personagens. Tudo isso faz com que cada run seja diferente, com o jogador tendo que pensar a melhor forma de avançar nas diferentes missões, que vão desde simples eliminação de inimigos até complexas missões de escolta.

Som e performance

Para dar a pitada final, o jogo traz uma trilha sonora que combina bem com as características da franquia. Tee Lopes, conhecido por seu trabalho em Sonic Mania e Streets of Rage 4, traz uma composição que homenageia os temas clássicos de Metal Slug enquanto adiciona sua própria identidade. As músicas transitam entre momentos de tensão estratégica e ação caótica, embora ocasionalmente sofram com problemas de sincronização que me fizeram reiniciar o jogo algumas vezes.

Inclusive, em termos de performance, o jogo roda bem na maioria das configurações, mas alguns problemas técnicos são perceptíveis. Além desses problemas de sincronização de áudio e frame pacing, ocasionalmente encontrei alguns bugs menores que, embora não quebrem o jogo, podem causar certa frustração.

A interface do usuário é funcional, mas poderia ser mais intuitiva, já que algumas informações importantes ficam escondidas em menus secundários, e certas mecânicas importantes não são explicadas adequadamente pelo jogo.

Conclusão – Análise: Metal Slug Tactics

Para resumir essa análise, eu posso dizer que Metal Slug Tactics é uma reinvenção corajosa de uma série amada. Embora não alcance o nível dos clássicos da SNK, o título consegue estabelecer sua própria identidade enquanto mantém muito do espírito que tornou Metal Slug especial. A curva de aprendizado íngreme e alguns problemas técnicos impedem que o jogo seja fantástico, mas há algo genuinamente especial aqui para quem estiver disposto a investir o tempo necessário para dominar suas mecânicas.

Para os fãs da série original, é uma oportunidade de ver seus personagens favoritos sob uma nova luz. E para os novos jogadores, ele é uma porta de entrada única para um gênero com muitos bons títulos. Metal Slug Tactics pode não ser perfeito, mas é uma prova de que mesmo as fórmulas mais consagradas podem ser reimaginadas com sucesso quando tratadas com o devido respeito e criatividade.

Essa análise/review de Metal Slug Tactics segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.

Guerra em turnos

Nota - 7.8

7.8

Bom

Metal Slug Tactics reinventa a clássica série de ação em um RPG tático que, apesar de alguns tropeços técnicos e uma curva de aprendizado íngreme, consegue capturar a essência explosiva e carismática da franquia. Mesmo não atingindo o nível artístico dos jogos originais, a nova perspectiva tática oferece uma boa experiência estratégica que deve agradar tanto fãs da série quanto novatos.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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