
Lost Records: Bloom & Rage é o mais novo jogo da Dontnod Entertainment, estúdio amplamente conhecido por seu trabalho em Life is Strange. Ao longo dos anos, a desenvolvedora explorou diferentes gêneros e narrativas, com resultados variados. Agora, com Lost Records, a grande questão é: será que a Dontnod retorna ao auge da narrativa interativa ou este será mais um título que não alcança o impacto esperado?
Vale destacar que o jogo é dividido em duas partes. A primeira, Bloom, já está disponível e será o foco desta análise. Já a segunda parte, Rage, será lançada em abril de 2025 sem custo adicional para quem adquiriu o jogo. Por isso, esta análise traz impressões sobre a parte inicial da experiência, e um veredito completo só poderá ser dado com o lançamento da segunda parte.
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A História de Lost Records: Bloom
Lost Records: Bloom & Rage é um jogo inteiramente focado em narrativa, e sua trama se desenrola em duas linhas temporais distintas. A primeira ocorre em 2022, quando as protagonistas já estão adultas e começam a relembrar eventos de sua juventude. A segunda se passa em 1995, durante um verão marcante na vida do grupo de amigas formado por Swanm, Nora, Autumn e Kat, todas em torno dos 16 anos.
O jogador assume o papel de Swann, que enfrenta um dilema pessoal: enquanto fortalece sua amizade com as outras três garotas, ela sabe que está prestes a se mudar para o Canadá, deixando tudo para trás. Cada personagem carrega arquétipos bem definidos, desde a nerd insegura até a mais destemida e impulsiva, e o jogo se constrói em torno das interações e dinâmicas entre elas.
A narrativa tem um desenrolar relativamente simples, transmitindo o cotidiano dessas amigas ao longo do verão antes do retorno às aulas. No entanto, desde o início, Lost Records: Bloom & Rage dá a entender que algo aconteceu, um evento desconhecido que só é revelado no final desta primeira parte, que dura entre cinco e seis horas, dependendo do nível de exploração.
Esse mistério cria um problema na forma como as escolhas do jogador são feitas. Como o jogo alterna entre os eventos de 1995 e 2022, muitas decisões parecem desconectadas do impacto que terão no futuro. Embora algumas escolhas reflitam diretamente nos diálogos e nos elementos visuais da linha do tempo atual, a falta de um direcionamento claro enfraquece o engajamento. Diferente de outros títulos da Dontnod, onde há um elemento forte que prende o jogador desde o começo, Lost Records se apoia apenas na ideia de que “algo aconteceu”, sem oferecer motivações adicionais para manter o interesse.
Essa abordagem pode ressoar com alguns jogadores, especialmente aqueles que se identificam com a simplicidade do cotidiano adolescente dos anos 90. No entanto, para quem busca uma narrativa com maior peso dramático desde o início, a história pode parecer morna. Com a segunda parte do jogo ainda pendente, resta a dúvida de como Rage poderá modificar essa percepção e dar um novo rumo à experiência.
Gameplay que deixa a desejar
Como esperado em um jogo focado em narrativa, Lost Records: Bloom & Rage não apresenta grandes mecânicas de jogabilidade. No entanto, a experiência oferecida aqui se mostra abaixo do padrão de outros títulos da Dontnod Entertainment, incluindo Life is Strange e seus derivados.
A principal interação do jogador se dá por meio das escolhas de diálogo, que ocorrem em diversos momentos da campanha. Além disso, há algumas seções que envolvem quebra-cabeças simples, como encontrar itens em um quarto ou explorar uma cabana e outros ambientes abertos. No entanto, essas interações não adicionam profundidade significativa à jogabilidade – são apenas mecânicas básicas que cumprem uma função sem oferecer grande engajamento.
Um dos elementos que mais chama atenção, mas também causa estranhamento, é o uso da filmadora por Swann, a protagonista. Ela carrega o equipamento por toda a história, utilizando-o como lanterna em locais escuros e registrando diversos momentos, incluindo personagens, animais, paisagens e situações aleatórias. Entretanto, essa funcionalidade é essencialmente estética, sem um propósito claro dentro da jogabilidade.
Mesmo em momentos onde a filmadora tem algum impacto narrativo – como quando as personagens decidem formar uma banda e o jogador precisa gravar pequenos clipes delas tocando – sua utilização se resume a algo pontual e pouco relevante. Embora possa ajudar em algumas interações menores ou na resolução de quebra-cabeças, a mecânica parece subaproveitada e, muitas vezes, desnecessária.
No fim das contas, Lost Records: Bloom & Rage se resume a um grande conjunto de escolhas de diálogo e interações básicas com o cenário. A falta de mecânicas mais elaboradas faz com que a jogabilidade pareça limitada, sem oferecer algo realmente inovador ou marcante.
Parte Técnica com altos e baixo
Ambientação Caprichada
Um dos grandes acertos de Lost Records: Bloom & Rage é sua ambientação nostálgica e detalhada, que resgata com precisão a atmosfera da década de 1990. O jogo consegue transmitir essa época de forma autêntica, desde o vestuário dos personagens até a presença de elementos icônicos, como videolocadoras, fitas VHS, tamagotchis, filmes de época e telefones antigos.
A trilha sonora segue essa linha, apostando em um punk rock característico da época, reforçando ainda mais a imersão. Além disso, a ausência de tecnologias modernas como celulares e internet constante ajuda a recriar um mundo mais analógico, que remete à infância de quem viveu nesse período.
Contudo, apesar do capricho na ambientação dos anos 90, a parte da história que se passa em 2022 é muito mais simplória, sendo restrita a poucos cenários – principalmente um bar. Isso resulta em um contraste visual evidente, tornando esse segmento menos imersivo e sem o mesmo apelo nostálgico do restante do jogo.
Gráficos e Animações: Um Conjunto Irregular
Visualmente, Lost Records: Bloom & Rage segue a identidade gráfica já conhecida dos títulos da Dontnod, com uma estética estilizada e uma paleta de cores vibrante. No entanto, não há grandes avanços técnicos, e os modelos de personagens já parecem datados, apresentando rigidez nas animações e uma expressividade limitada.
Além disso, o jogo sofre com problemas técnicos visíveis. A sincronização labial falha em diversos momentos, afetando a naturalidade das conversas. Também são perceptíveis carregamentos tardios de textura, onde roupas e cenários levam um tempo considerável para renderizar, prejudicando a imersão.
Outro problema sério são as quedas de taxa de quadros, que acontecem com frequência, mesmo sem um modo de performance ajustável. No PlayStation 5 base e Pro, o jogo roda fixo em 30 FPS, mas ainda assim apresenta oscilações inexplicáveis de frames, impactando a fluidez da experiência.
Áudio e Trilha Sonora: Um Ponto Forte
Se há um aspecto onde Lost Records: Bloom & Rage se destaca, é no trabalho sonoro. A dublagem das personagens é excelente, trazendo interpretações naturais e envolventes. A trilha sonora, por sua vez, se encaixa perfeitamente na proposta do jogo, evocando o clima de um verão dos anos 90 com amigos.
Além das músicas que aparecem em rádios e eventos da história, a ambientação sonora também merece destaque. Quando o jogador está em áreas abertas ou florestas, os sons do ambiente reforçam a imersão, tornando o mundo mais vivo e convincente.
Lost Records: Rage salvará?
Lost Records: Bloom & Rage deixa uma impressão mista. Há aspectos positivos, como a ambientação nostálgica dos anos 90, a trilha sonora imersiva e a dublagem competente, mas esses elementos não compensam as limitações do jogo. A experiência se mostra restrita em termos de mecânica, narrativa e interatividade, além de sofrer com problemas técnicos evidentes, como quedas de FPS, carregamento tardio de texturas e animações engessadas.
A esperança recai sobre a segunda parte, Rage, que pode trazer reviravoltas narrativas, novos elementos mecânicos ou melhorias técnicas que salvem a experiência como um todo. No entanto, é difícil imaginar que mudanças estruturais significativas aconteçam, dado que muitas das limitações parecem estar enraizadas no próprio design do jogo.
No fim, Lost Records: Bloom & Rage não entrega a mesma força e impacto emocional dos melhores trabalhos da Dontnod e, por enquanto, fica aquém do esperado.
Essa análise de Lost Records: Bloom & Rage segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Um ínicio turbulento para o jogo
Visual, ambientação e gráficos - 7
Jogabilidade - 6
Diversão - 5
Áudio e trilha-sonora - 7.5
Performance e qualidade geral - 5
6.1
Mediano
Lost Records: Bloom & Rage deixa uma impressão mista. Há aspectos positivos, como a ambientação nostálgica dos anos 90, a trilha sonora imersiva e a dublagem competente, mas esses elementos não compensam as limitações do jogo. A experiência se mostra restrita em termos de mecânica, narrativa e interatividade, além de sofrer com problemas técnicos evidentes, como quedas de FPS, carregamento tardio de texturas e animações engessadas.