Análise: Arc Raiders
Estilo e inovação num PvPvE brilhante — mas punitivo para quem só tem meia horinha.

ARC Raiders é o raro caso de jogo que te conquista nos primeiros cinco minutos… e te esgota nos trinta seguintes. A Embark entrega um pacote redondo: menus e UX exemplares, polimento visível, gráficos com identidade e um áudio que guia decisões como poucos shooters. Tudo respira a atmosfera — poeira, concreto, cabos, bips, alarmes, natureza — e te chama para a próxima rodada.
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Esse charme inicial vem do cuidado com microdetalhes: animações de saque fluídas, feedback tátil nos tiros, leitura de interface limpa, crafting sem burocracia. Você entende rápido o que cada item faz, como sua árvore de habilidades conversa com seu estilo, e por onde seguir no mapa. O início sussurra “vai dar certo”, “gastarei meu ano jogando isso”. O problema é que, se você só tem meia hora por dia (alguns dias por semana), o jogo cobra pesado no final de cada sessão.
Confira aqui em nossa análise o que esperar de ARC Raiders!
PvPvE de verdade: caos controlado com ARC
A grande sacada de ARC Raiders é seu sistema: os ARC não são figurantes, são a terceira força no combate. Você pode atrair robôs para cima de outros jogadores, quebrar emboscadas com gadgets e transformar cada raid em algo único. Quando o tabuleiro vira, o potencial é grotesco: perseguições, reviravoltas e fuga no último segundo.

Esse desenho promove escolhas que não existem em shooters puramente PvP: chamar enxame para limpar uma área, usar barulho como isca, atravessar um corredor “morto” porque a IA vai punir o time que está te marcando. É PvPvE de verdade, onde improviso e malícia valem tanto quanto mira. Você vira diretor de caos. E pode ter certeza, outros levarão o caos até você.
Polimento e identidade de ARC Raiders: menus, áudio e mapas
Aqui ARC Raiders mostra maturidade. Montar loadout e craftar é rápido e claro onde a progressão conversa com o que você acabou de fazer. Os mapas são variados e legíveis. Em alguns momentos eu senti uma vibe de Days Gone, não só pelo crafting, mas por abrir carros e pegar itens, pelo vazio e pelo nervosismo do que está por vir. O som é referência para sua jogatina: passos, tiros distantes, bips de extração e outros barulhos compõe de forma perfeita o nervosismo de uma rodada.

E ARC Raiders não para por aí. A direção de arte ajuda a você entender seus objetivos e perceber e ameaças sem um HUD desproporcional, desorganizado e feio. É fácil bater o olho e entender “isso explode”, “aquilo sobe”, “aqui dá para flanquear”.
O atrito do casual: meia horinha que machuca
Mesmo que você opte por iniciar uma rodada com itens 0800, quests iniciais e escudos recarregáveis, a natureza punitiva do gênero cobra caro. Você looteia por vinte minutos, administra som e posição, corre para o elevador (para fugir do caos) e… morre no último suspiro. Isso quando você consegue chegar perto de um elevador, aonde, volta ao hub com migalhas emocionais e sem itens que lootearam de você. Em sequência, esse ciclo destrói a vontade de continuar. Não é falta de qualidade; é desalinho de ritmo com a vida real. É um jogo que você PRECISA se dedicar. Não há um meio-termo. Não mesmo, acredite.

Existem alguns confortos, claro — o galo que te dar uns recursinhos, perks que continuam evoluindo, desafios diários. Só que a aritmética do seu humor não fecha quando sua janela de jogo é curta: a lembrança que fica não é de uma run com sucesso, mas do item que você perdeu. Em jogos de sessão rápida, o pós-partida te dá um sorriso, mas em partidas normais, muitas vezes, deixa apenas um suspiro.
ARC Raiders sozinho ou em bando
Jogando em trio, ARC Raiders floresce: coordenação, piada interna e até um plano B. As histórias aparecem naturalmente. Já indo solo, o jogo te aniquila, o meta vira evitar tudo e todos, ler som o tempo todo e torcer para a IA salvar sua pele. Dá para gostar assim? Até dá, mas é quase sadomasoquismo.

O contraponto é que o chat de proximidade te permite encontros sociais genuínos: trégua na escada, troca de dicas, extração conjunta improvisada. Literalmente você e outros imploram por piedade, em tempo real. É o tempero que transforma um susto qualquer em memórias. Só que, quando o encontro é hostil por padrão, jogar solo vira penitência. É a mesma mecânica que rende lendas com amigos e frustração quando você está sozinho.
O masterpiece escondido: e se fosse PvE à la Destiny?
Aqui vai uma opinião completamente pessoal, completamente a parte do que é essência de Arc Raiders. E também contaminada pelo meu antigo vício em Destiny e Destiny 2.

Quando a IA domina a cena e os humanos cooperam, ARC Raiders parece um co-op cinematográfico de altíssima qualidade. Um modo PvE puro, com eventos e expedições totalmente cooperativas contra os ARC liberariam o “modo clássico” que está preso aqui dentro. Nesta pegada, seria um vício diário para os que tem pouco tempo na semana. Entra em ARC Raiders, joga um PvE de qualidade, volta dias depois e continua motivado.
Daria para imaginar temporadas focadas em bosses de mundo, trilhas de objetivos cooperativos, tabelas semanais de mutadores e recompensas temáticas. O esqueleto já existe — mapas, áudio, gadgets, leitura visual — falta só virar a chave da desconfiança para a parceria. O dia que isso acontecer, a conversa muda de boa para histórica.
Conclusão: excelente, mas não para todos
Como produto, é fácil recomendar a quem joga em equipe e usa tensão como combustível: polido, estiloso e diferente. Para quem só pode ligar e jogar por um tempo limitado, o atrito é grande demais. Eu queria amar — e, em vários momentos, amei — mas, infelizmente, não clicou comigo. ARC Raiders é excelente e, ao mesmo tempo, exaustivo.

No balanço do pagante, é possível resumir do seguinte modo: se o seu ciclo é semanal, com amigos fixos, você vai encontrar aqui uma fábrica de histórias e um shooter que respeita sua inteligência. Se o seu ciclo é diário, curto e muitas vezes solo, prepare-se para um rolo compressor que não pede desculpa. E dói escrever isso, porque os alicerces de um clássico atemporal já estão prontos — só não são, hoje, para mim e para quem se vê na mesma situação de tempo limitado.
Ah, fica o recardo para brasileiros. O jogo não é dublado, mas todos os menus e afins são localizados em português do Brasil.
Essa análise de Arc Raiders segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Excelente em equipe; exaustivo para sessões curtas/solo.
Nota - 8.5
8.5
Ótimo
ARC Raiders entrega um pacote raro: menus e UX exemplares, polimento visível, mapas com identidade “cassette-futurism” e um áudio que guia cada decisão. A sacada é sistêmica — os ARC entram como terceira força e transformam cada raid em setpiece emergente. O potencial é gigantesco. O problema é o loop punitivo para quem joga meia horinha: morrer no último suspiro, perder o que montou e voltar ao hub corrói a vontade de continuar, sobretudo solo. Em trio, ARC Raiders floresce e vira uma fábrica de histórias; sozinho, cobra cabeça fresca sempre. Como produto, é fácil recomendar a quem joga em equipe. Para o casual, o atrito pesa.
