Análise: Octopath Traveler 0
Três histórias numa única jornada

Octopath Traveler foi o pioneiro no uso do estilo visual HD-2D da Square Enix. Enquanto os dois títulos principais da série focam na reunião de oito protagonistas distintos, cada um com sua própria bagagem, este prequel propõe uma mudança estrutural notável.
Em Octopath Traveler: Champions of the Continent (aqui tratado como Octopath Traveler 0), acompanhamos a jornada de um único “Escolhido” que deve enfrentar três grandes males que assolam o continente, cada um regido por um vilão específico. Com essa nova abordagem narrativa, o jogo promete ser a prequela definitiva.
Mas será que as promessas foram cumpridas? Vamos conferir nesta análise.
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Três arcos guiados por tragédias
A trama nos transporta de volta ao continente de Orsterra, anos antes dos eventos do jogo original. A premissa gira em torno dos Anéis Divinos, artefatos que, destinados a trazer equilíbrio, acabaram corrompendo o coração dos homens ao amplificar seus desejos mais obscuros. Aqui, o jogador assume o papel de um “Escolhido”, um viajante que possui um anel capaz de resistir a essa influência maligna e que tem a missão de enfrentar os tiranos que caíram em desgraça.
A narrativa se divide em três rotas, cada uma dominada por um vilão que representa o ápice de um vício humano:
- Riqueza: Em Valore, enfrentamos Herminia, a “Bruxa da Ganância”. Uma aristocrata sádica que acredita que toda vida tem um preço, usando sua fortuna para escravizar a população.
- Poder: Na nevada Emberglow, o antagonista é Tytos, o “Herói”. Um militar obcecado pela força absoluta que, sob a fachada de proteção, conduz experimentos nefastos para criar o exército perfeito.
- Fama: Em Theatropolis, encontramos Auguste, o “Dramaturgo”. Uma figura pública amada que esconde uma natureza psicótica, transformando a morte e a tragédia alheia em combustível para suas peças teatrais.
Um ponto forte é a influência das escolhas iniciais. Diferente de um protagonista genérico, suas decisões sobre qual rota de poder seguir (Riqueza, Poder ou Fama) alteram o início da jornada, determinando quais personagens se unem à party mais cedo ou quais equipamentos você obtém. Isso garante que Octopath Traveler 0 proporcione experiências iniciais únicas para cada jogador.

Combate tático em larga escala
O sistema de batalha mantém a base clássica de turnos, mas dobra a aposta estratégica: em vez de quatro, a party comporta oito personagens. Eles são divididos em duas linhas: quatro na vanguarda (combate ativo) e quatro na retaguarda. A alternância é livre e estratégica, pois os personagens na linha de trás recuperam HP e MP automaticamente a cada turno.
As mecânicas consagradas da série retornam:
- Boost (Impulso): Permite gastar pontos acumulados para desferir sequências de golpes ou potencializar o dano de uma habilidade.
- Break (Quebra): Explorar as fraquezas de armas ou elementos dos inimigos reduz seus escudos. Ao zerar o escudo, o oponente entra em estado de “Break”, ficando paralisado por um turno e recebendo dano crítico.
Além disso, o jogo introduz golpes supremos (similares ao Latent Power de Octopath Traveler 2), que funcionam como ataques carregados devastadores. Para quem busca dinamismo, a opção de acelerar a velocidade da batalha em 2x é um recurso de qualidade de vida essencial, tornando o grinding muito mais ágil.

Um universo vivo em HD-2D
A direção de arte continua sendo o carro-chefe. O estilo HD-2D brilha intensamente, misturando pixel art nostálgica com efeitos de iluminação modernos. Os biomas são variados e deslumbrantes, indo de cavernas escuras a florestas vibrantes e picos nevados.
A imersão vai além do visual. O mundo é denso, repleto de NPCs com os quais é possível interagir através das Path Actions: você pode obter itens, lutar ou até recrutá-los para ajudar a reerguer sua própria aldeia (uma mecânica de construção de cidade).
O departamento sonoro é, sem exageros, espetacular. A trilha sonora evoca a grandeza dos RPGs da era de ouro, e a dublagem (tanto em inglês quanto em japonês) entrega performances emotivas que elevam o drama da história. O único ponto negativo técnico é a barreira linguística: infelizmente, o jogo não possui legendas em PT-BR, o que pode causar o distanciamento de novos jogadores.

Conclusão da análise de Octopath Traveler 0
Octopath Traveler 0 representa um passo ousado na franquia. Ao trocar a narrativa fragmentada por uma trama centralizada em três grandes vilões e temas sombrios, o jogo entrega antagonistas memoráveis e um senso de urgência maior.
O combate ganha profundidade tática com a party de oito membros, e o mundo se mostra mais reativo com o sistema de construção da aldeia. No entanto, a ausência de localização para o português continua sendo uma barreira significativa para o público brasileiro.
Ainda assim, ao equilibrar uma narrativa coesa com sistemas refinados e uma apresentação audiovisual de ponta, este título se consolida não apenas como um excelente prequel, mas talvez como a entrada mais madura e consistente da saga até o momento.

Essa análise de Octopath Traveler 0 segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Um RPG grandioso em HD-2D
Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 9
Diversão - 9
Áudio e trilha-sonora - 9
Narrativa - 9
9
Maravilhoso
Octopath Traveler 0 aprofunda a franquia com uma narrativa mais coesa e escolhas relevantes, mantém o combate estratégico e o visual HD-2D já consagrado, mas não chega a reinventar a fórmula e ainda sofre com a ausência de localização em português.





