Análise: Martha is Dead é uma ótima história de terror
Martha is Dead é um jogo para maiores de 18 anos
LKA revelou Martha is Dead bem aos poucos deixando sempre um gostinho de quero mais. Os fãs de terror e suspense logo foram fisgados pelas imagens realísticas e uma ambientação tensa. Contudo, Martha is Dead é, ao mesmo tempo, mais e menos que tudo isso. Por um lado, é mais por ter uma história incrivel e envolvente, e por outro é apenas isso: uma história. Sem uma gameplay propriamente dita, Martha is Dead entrega o que os fãs do gênero já estão acostumados, ou seja, um walking simulator de terror. Dito isso, vamos ao que interessa: a análise (review) completa de Martha is Dead.
Essa análise de Martha is Dead foi possível graças a um código cedido pela distribuidora Wired Productions e segue nossas diretrizes internas.
Ambientação
Martha is Dead se passa na Toscana, Itália, por volta de 1944, durante a segunda guerra mundial. Você controla Giulia, filha de um general nazista, que acha sua irmã gêmea Martha morta em um lago durante uma sessão de fotos. Giulia a arrasta a irmã de volta para terra firme e decide roubar seu medalhão e se passar por ela.
Meio melodramático, certo?
Entretanto, a questão é que Martha era surda e muda o que facilita as coisas para Giulia. O que exatamente? Se “vingar” de sua mãe tóxica e abusiva. Logo nas primeiras cenas do jogo ouvimos sua mãe falar abertamente o quanto preferiria que Martha tivesse morrido e não Giulia. Ou seja, existe uma motivação densa e interessante para essa decisão da protagonista. Eu não posso revelar muito mais além disso, se não estragaria o jogo que se sustenta principalmente pela sua trama e subtramas.
Os cenários são ricos e transmitem muito bem a região, arquitetura e a sensação do interior naquele momento de guerra. A reprodução da suposta pacata vila da família vai até os mínimos detalhes, desde porta-retratos até objetos largados pela casa e arredores. Entretanto, toda essa riqueza não serve só para dar o tom do game, mas sim para o objetivo central do jogo: desvendar o mistério da morte de sua irmã.
Apesar da riqueza dos cenários, os modelos dos personagens não são lá dos melhores, entretanto Martha is Dead contorna isso muito bem. Em momentos em que você teria a chance de ver um personagem realizando ações complexas que tomam tempo e muito dinheiro da equipe desenvolvedora, o game opta por jogos de luzes e sombras, desfoques, passeios de câmera e outros recursos visuais. Contudo, acredite, isso é ótimo, pois esses recursos ajudam não só a mascarar possíveis limitações gráficas, como também a criar uma ambientação ainda mais tensa e com mais e mais suspense.
Mecânicas
No que diz respeito à jogabilidade, esta é uma aventura narrativa padrão. Você anda e interage com os objetos para coletar pedaços de informações e ir aos poucos avançando na história. Além disso, Giulia pode tirar fotos com sua câmera e elas podem ser reveladas em uma sala escura no porão da casa. Essa sala conta também com um minigame de revelar fotos interessante. Dá para gastar umas boas horas lá.
O game conta com tarefas (quests) a serem realizadas, com um menu de consulta e um mapa para guiar. Existem algumas atividades opcionais que serve para melhorar sua velocidade e até mergulhar em tramas secundárias profundas. Por exemplo, tem uma missão secundária que você precisa traduzir código morse, ou seja, minimamente curioso. Se prepare para usar dicionário, pois muitas mensagens em outros idiomas dentro do jogo não são traduzidas, nem mesmo para o Inglês.
O jogo Martha is Dead é um terror psicológico em primeira pessoa, onde a principal força motriz é desvendar a morte de Martha, se passando pela própria Martha. Para tal, você precisa desvendar pistas concretas sobre a morte de sua irmã, encarar sua mãe abusiva e mergulhar nas profundezas das complexidades que nos tornam humanos. Ou seja, explorar todas as contradições da psiquê humana. Entre sonhos extremamente brutais, sanguinolentos e realistas, que faz os mais fracos largarem o game, e a realidade incômoda da família, Martha is Dead vai chocar a maioria dos jogadores.
O medo e o horror em Martha is Dead
Conforme o jogo progride, a personagem entra em uma paranóia pesada, o que também é aguçado conforme você testemunha certas bizarrices nos bosques ao redor da casa. Ou seja, não se surpreenda de ver Nazistas torturando e desfigurando vítimas pelas redondezas, mostrando o lado mais grotesto e brutal da guerra. Contudo, antes fossem só os NPCs…
O estado mental da protagonista deteriora e, com o tempo, você mesmo é obrigado a controlar desfiguração de corpos, desmembramentos e recriações de abuso doméstico e automutilação. Logo, é de se entender a polêmica ao redor do jogo com muitas pessoas perguntando se isso é bem-vindo nos videogames. Veja bem, é um jogo de terror psicológico e desde o princípio você é avisado sobre o que está vindo à frente. Dito isso, eu acho que sim, tudo isso está ali para criar a dramatização do horror e serve a um propósito narrativo (mesmo que possa ser duvidoso).
Tropeços
Apesar dessa minha defesa sobre as cenas de violência exacerbada, devo salientar que no fim das contas eu não entendi exatamente a mensagem do jogo. Saí com a sensação de que o game toca nos pontos delicados da mente humana através do terror, mas não avança para uma concretude de significado. Digo isso, pois outros jogos (inclusive de terror) já levantaram pontos sobre saúde mental, paranoia etc. oferecendo um caminho, um questionamento para tudo isso.
Alem disso, eu também enfrentei alguns problemas técnicos. Por exemplo, eu não consegui alterar a resolução sem selecionar o modo RTX do jogo, mesmo não usando RTX. Também esbarrei com um problema com joystick. Se você deixar um joystick conectado no PC, os controles do teclado do jogo ficam bugados e os ícones dos menus ficam mudando entre teclado/mouse e joystick aleatoriamente. Portanto, jogar com controles não está sendo uma experiência indicada.
Veredito da análise de Martha is Dead
Entre sangue, horror e uma boa história, Martha is Dead entrega muito do que o gênero exige. Pessoalmente, não acho que o jogo empurre a barreira do terror nos games só por causa do uso excessivo de violência desmedida, mas ainda assim ajuda a quebra um tabu na indústria. Se transgredir o limite do que é perturbador é algo bom ou ruim, eu já não posso dizer, pois cabe a cada desenvolvedor pensar como fazer isso. Dito isso, posso afimar nesta análise que Martha is Dead é uma excelente história de terror, e muito bem executada.
Não é para qualquer um
Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 7
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 8
Trama e roteiro - 10
8.4
Excelente
Um game 18+ que eleva o envolvimento com o horror e a brutalidade, tensionando o tabu do gênero dentro dos videogames. Um excelente título para o gênero, mas que não inova nas mecânicas. Necessário para fãs de terror.
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