Análise: Dolmen é um jogo brasileiro com grande potencial
Viva várias linhas do tempo
Desenvolvido por uma equipe brasileira, o soulslike espacial ganhou notoriedade internacional diante dos lançamentos indies. Como se não bastasse ser produzido por brasileiros, ele tinha o intuito de ser tão grandioso quanto um AAA e também seguir a premissa do famigerado gênero de rpg criado pelo saudoso Demons Souls. Nessa análise, iremos falar sobre Dolmen e descobrir se a Massive Work Studio conseguiu trazer uma obra capaz de atingir as expectativas dos fãs.
A análise de Dolmen foi feita graças a um código cedido pela distribuidora. Dolmen estará disponível a partir do dia 20 de maio de 2022 para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC. E o jogo certamente é tanto dublado quanto legendado em PT-BR.
A humanidade necessita de você
Num futuro muito distante, a humanidade necessita de um cristal chamado Dolmen para ter tecnologias e recursos para sobreviver. Porém, uma fenda surgiu na estação de mineração Revion Prime, fazendo com que diversas criaturas estranhas surgissem e atrapalhasse por completo a mineração do raro cristal. Sua missão está bastante clara! Terá que detonar essas criaturas espaciais, recuperar os cristais Dolmen e evitar uma possível crise da humanidade.
O jogo mescla a forma tradicional de contar histórias com o método trabalhado na franquia Dark Souls. Temos momentos que alguém está nos contando o que ocorreu, os personagens conversam entre si e você consegue ficar bem ambientado sobre a sua missão principal. Entretanto, o jogo tem camadas mais profundas e, consequentemente, você tem que ler conteúdos que estão espalhados pelo game para entender melhor sobre esse universo e tudo que acontecia em Revion Prime e seus trabalhadores.
O universo é bem estruturado e podemos ver que existe uma mitologia espacial dentro dele, porém, os personagens nos quais somos apresentados não tem um carisma memorável e talvez esse seja o maior ponto fraco da narrativa.
Linha do tempo apagada
Como dito antes, o RPG segue o consagrado estilo soulslike. Dito isso, prepare-se para morrer inúmeras vezes. Invés de ver uma tela de “You died” desta vez será uma mensagem de “Linha do tempo apagada”, como se o jogo trabalhasse com inúmeras linhas do tempo onde recomeçasse a partir de uma nova para seguir com a sua missão. Apesar disso ser apenas algo simbólico, já traz uma diferenciação muito bem-vinda ao jogo.
Falando sobre a sua jogabilidade, o maior diferencial para os jogos da série Souls é que aqui não temos magia. Invés disso, há armas de longo alcance que servem para ocupar esse espaço. O jogador pode ir com uma arma de curto alcance como machado, espada e afins e outra de longo. Consequentemente, é possível alternar com grande facilidade entre elas.
Enquanto as armas de curto alcance consomem o seu vigor, as de longo alcance vão consumir sua “bateria” que seria equivalente a mana de outros jogos. Contudo, ela se recupera sozinha até certo ponto, fazendo com que você tenha que ser cauteloso para não gastar de maneira imprudente. Essa barra além de ser utilizada para disparar projéteis também é útil para recuperar sua vida em troca de um grande consumo de bateria ou ativar um modo especial que sua armadura fica envolvida por um elemento, potencializando os seus golpes de curto alcance.
Não é pokémon, mas saber vantagens elementares é importante
Outros jogos do estilo trabalham sempre com vantagens, principalmente elementares. É natural ter que usar uma armadura resistente a fogo quando se enfrenta um dragão de fogo e assim por diante, porém, em Dolmen isso tem uma importância bem maior.
Quase toda arma tem um elemento base, você pode tomar uma forma de elemento base por causa de um cristal que carrega consigo e, consequentemente, inimigos tem vantagens e fraquezas contra certos elementos. Diferente dos outros jogos que essa questão era algo mínimo, aqui vemos uma diferença real, pois seus ataques farão um dano muito notável a criaturas que sofrem com gelo ou fogo, por exemplo.
Aqui é onde o bicho pega
É inegável que para um jogo ser soulslike precisa conter certo nível de dificuldade. Obviamente Dolmen não ficaria de fora. Se fosse comparar com um jogo bastante conhecido, diria que a sua dificuldade é equivalente a Bloodborne, principalmente pelos inimigos e jogadores serem consideravelmente ágeis.
Falando nisso, há diversos tipos de inimigos que variam entre criaturas que parecem insetos e até mesmo aliens humanóides. Enquanto isso, os chefes são bem variados e desde o começo temos batalhas criativas, onde a primeira é tradicionalmente uma criatura grande e forte, enquanto depois temos que lidar com inimigos que tem desvantagem em relação a objetos do cenário e, contra o terceiro chefe, temos uma inimiga que é bastante letal e usa o cenário para o combate. Simplesmente o jogador não cai numa mesmice. Inclusive, o jogo permite que você reviva os chefes para enfrentá-los novamente e assim conseguir recursos para fazer armas que são baseadas neles.
Essa possibilidade de reviver os chefes e poder farmar seus itens, introduz uma característica única que serve tanto para reviver o desafio, como para focar na produção de uma arma ou equipamento que você queira.
Apesar de ser uma dificuldade aparentemente equilibrada, o jogo peca em alguns aspectos. Como o posicionamento de alguns inimigos fortes, impedindo do jogador enfrentá-los de maneira segura ou na jogabilidade se mostrar meio travada em momentos cruciais. Inclusive, o rasto de vigor e o tempo para recuperá-lo também é negativamente crucial.
Gráficos e áudio
Às vezes é até difícil se lembrar que Dolmen é um jogo indie e brasileiro, uma vez que seus gráficos em 3D são consideravelmente bem feitos e rico em detalhes, principalmente os mapas que apesar de serem um pouco confusos às vezes, ainda possuem uma direção de arte brilhante. Por outro lado, temos alguns momentos que vemos que ele não está perto dos AAA, pois os personagens (fora o protagonista) possuem um modelo muito simplório e isso se estende a maioria dos inimigos. Nos consoles de nova geração você pode jogar no modo qualidade onde terá ray tracing e mais detalhes de luzes ou no modo desempenho que foca na reprodução a 60fps.
Já nos PC’s o jogo conta com uma excelente otimização onde nosso Dell G15 Ryzen Edition (5800H + RTX 3060) conseguiu rodar tudo no máximo com Ray tracing ligado no máximo e em um monitor 2K com uma média superior a 100 FPS. A otimização nos PC’s é algo que devemos destacar em Dolmen.
E falando do áudio, ele está muito bom, principalmente se levarmos em conta as vozes dos personagens. O jogo foi feito inicialmente em português e apenas depois foi dublado em inglês. Além disso, o jogo também conta com dois idiomas alienígenas que possuem suas próprias regras gramaticais e até mesmo sotaques para diferenciar os aliens, deixando ainda mais rico o universo do jogo.
Por fim, a trilha sonora é bastante imersiva, apesar de não ser algo memorável.
Conclusão da análise de Dolmen
Finalizando essa análise de Dolmen, eu queria dizer que foi gratificante ter essa aventura espacial. Aqui temos um ótimo jogo desenvolvido por brasileiros e mostra como existe grande potencial nos desenvolvedores nacionais. Inclusive o jogo mostra como podemos ter sim sucesso em um jogo no estilo 3D e não devemos ficar presos apenas no estilo 2D.
Dolmen não é perfeito, pois em diversos aspectos poderia melhorar ou receber maior refino, porém, esse título é um vencedor por chegar tão longe e com uma qualidade tão sólida.
A análise de Dolmen segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.
Dolmen mostra o potencial das desenvolvedoras nacionais
Visual, ambientação e gráficos - 8
Jogabilidade - 8
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 8.5
Narrativa - 7.5
8
Ótimo
Dolmen é um bom jogo que traz muita qualidade, apesar de faltar refino em suas características. É um jogo nacional que merece atenção de todos os gamers, principalmente dos fãs de Soulslike.