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Análise: Floodland traz uma história não tão irreal assim

E sobreviver nesse mundo será um grande desafio social

Desenvolvido pela Vile Monarch e publicado por Ravenscourt, analisamos um RTS onde precisamos sobreviver e reviver a sociedade após o resultado da falta de respeito humana com o mundo. Será que aprendemos com nossos erros ou voltaremos a repeti-los? Venha conferir o resultado em nossa análise de Floodland!

O game está disponível para PC via Steam e conta com legendas e interfaces em PT-BR. No entanto, vale avisar que essa tradução encontra-se incompleta. Algo que não é incomum de acontecer ao recebermos um game prévio ao seu lançamento.

Ficção x Realidade

Embora clichê, devo admitir que eu nunca me canso de histórias de catástrofe e Floodland não foge à regra. Entramos no game em um mundo onde finalmente as ações descontroladas da humanidade contra a natureza finalmente trouxeram algum impacto. Não entregando algo sólido de início, descobrimos apenas que houve algo chamado de “O evento” que cobriu de água a maior parte do mundo. Como líder de um dos quartos principais clãs, precisamos guiar nosso grupo de sobreviventes através desse novo bioma onde a maior parte dos recursos são limitados e escassos.

Mesmo parecendo algo mais genérico, o game entrega uma história interessante dividida em capítulos que evoluem a cada nova marca atingida. Essa pode ser uma construção, a exploração de um local específico, algum desenvolvimento tecnológico etc. Embora seja um pouco arrastado – principalmente por se tratar de um RTS – me peguei bastante curioso com o desenvolvimento do nosso clã. E eu digo do clã pois, embora tenhamos nosso líder como um tipo de personagem, eu não poderia me importar menos com ele.

O mundo alagado e minimalista de Floodland – Análise

Floodland possui um gráfico no estilo minimalista. Isso significa que tudo e todos são pequenos e até mesmo difíceis de enxergar. Isso é um problema? Definitivamente, não! O visual do game é, para mim, fantástico. A começar pelo fato de que todos os personagens acabam sendo proporcionais às estruturas, algo que é difícil existir hoje em dia. Por exemplo, ao lado de uma cabana para dois, você acredita que realmente só cabem duas pessoas ali. Da mesma forma que ao lado de uma fábrica, nossas unidades praticamente somem devido a proporção. Isso conseguiu me cativou de uma forma forte, embora não possa afirmar que vá agradar a todos.

Análise: Floodland

O cenário e a ambientação também não deixam nada a desejar. O mundo apocalíptico causado pela mudança climática está presente em cada esquina. Além das estruturas danificadas, os designers não esqueceram que apesar do recuo da água, o mundo virou um grande pântano. Cada trecho de terra que exploramos demonstra, além da destruição em si, um alagamento latente. Isso nos faz lembrar constantemente o porquê de o mundo estar daquele jeito.

No entanto, apesar dessa beleza toda, o game está muito mal otimizado. Embora minha máquina já esteja pedindo um upgrade a tempos, eu sou capaz de jogar um Cyberpunk 2077 sem engasgos. Em Floodland, eu tive dificuldades para dar um simples alt+tab. Lógico que isso pode ser resolvido em patchs futuros, no entanto, a experiência atual está bastante sofrível. E se levarmos em consideração que alguns gamers possam se interessar por games como esse devido sua simplicidade gráfica – o que levaria ele a rodar em máquinas menos potentes – a frustração aqui pode vir em dobro.

Floodland é simples e complexo ao mesmo tempo

A proposta de Floodland pareceu, inicialmente, relativamente simples. Basicamente vivemos em um mundo onde a natureza fez sua cobrança a humanidade. Embora não seja especificado de cara o motivo específico, sabemos que um evento alagou o mundo, e agora será necessário sobreviver nesse novo bioma. Ou seja, fica claro que, inicialmente, precisamos procurar e coletar recursos assim como reconstruir, como vários games da mesma temática. Porém, Floodland consegue entregar algumas características a mais. A começar que, além desse padrão, precisamos também lidar com o bem-estar e as relações dos clãs que compõem nosso grupo.

Análise: Floodland

Iniciamos o game escolhendo um dos quatro disponíveis e, conforme exploramos o mundo, os outros surgem e podem ingressar em nossa nova sociedade. Alguns vem como sobreviventes soltos, porém outros virão como parte desses grupos já organizados. Possuindo características e ideologias diferentes, será necessário saciar, além do básico, alguns desejos particulares para que consigamos manter um bom relacionamento entre eles. A grande maioria destas necessidades surgem em forma de dilemas como, por exemplo, lidar com a morte de um membro do grupo, ou até mesmo como seguiremos as leis.

Outra característica do game é que encontraremos relíquias da antiga civilização. Essas servirão de estudo para que ganhemos pontos de pesquisas que servem para desbloquear novas estruturas e tecnologias. Resumindo, além de explorar, coletar, construir e cultivarmos relações. Também será necessário criar regras e leis que ajudarão a reestruturar um ambiente civilizado, como temos hoje em dia – só que não. No geral, não duvido que muitas pessoas encontrem bastante semelhanças com outro game, o Frostpunk.

Análise: Floodland

Música que cativa em um mundo silencioso

Possível ser um dos pontos mais fortes do game, Floodland possui uma trilha sonora maravilhosa e, igualmente, melancólica. Ela ficou perfeitamente bem encaixada, pois consegue entregar exatamente o que a ambientação do game significa, mas vai ainda além disso. Inicialmente achei que a música estava ficando um pouco repetitiva e monótona. Porém, notei que estava demorando a avançar no game por estar aprendendo sua mecânica. Conforme evolui, percebi mudanças drásticas na trilha sonora. A começar pela introdução das melodias cantadas. Não sei se pela evolução geral ou se por uma parte específica, mas no momento que restaurei uma torre de rádio, começou a tocar uma música country vocalizada bem diferente do que foi apresentado até o momento – muito boa por sinal.

Essa mudança teve um impacto muito positivo na minha experiência auditiva e trouxe uma quebra que eu realmente não esperava no game. Posso arriscar falar de um modo geral que estamos relativamente acostumados com mudanças temáticas nesse sentido ao entrarmos em um momento de ação, mistério, suspense etc. Porém, senti essa mudança sendo muito mais drástica aqui, intencional ou não, ela ocorreu justamente ao reparar uma estação de rádio.

No entanto, apesar de ter acertado em sua trilha, Floodland possui uma introdução muito bem narrada, mas praticamente acaba por aí. O game foca na reestruturação da sociedade e nos relacionamentos em grupos de ideologias diferentes. Isso fica ainda mais aparente ao vermos o líder de cada grupo tecendo diversos comentários ao longo da partida, todos relacionados aos eventos e ao status de suas relações. Porém, nenhum deles possui dublagem, assim como os membros de nosso grupo. Isso acabou tirando um pouco da minha imersão com esse mundo, embora não chegue a torná-la ruim.

Análise: Floodland

Conclusão da nossa análise de Floodland

Chegando ao final dessa análise de Floodland, posso concluir que o game é uma obra muito boa, mas que faltam algumas coisas para ser algo excelente. Sua história é bem clichê, mesmo que não seja ruim, pois é sempre bom alertarmos nossa nova geração de como impactamos nosso mundo. Seja de uma forma mais direta ou indireta – como através de um game. Isso fica nítido no visual utilizado, especialmente devido seu “minimalismo”, criando um impacto direto do quão pequenos nós somos diante da imensidão do mundo e da natureza. Trazendo uma jogabilidade relativamente comum com referências fortes a games como Frostpunk, Floodland consegue ter sua própria personalidade. Junto a isso tudo, embora falte um pouco mais de “vida” nesse novo mundo, sua melodia consegue cativar e manter os momentos mais monótonos, algo agradável e nada cansativo.

Essa análise de Floodland segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Floodland

Visual, ambientação e gráficos - 8
Jogabilidade - 8
Diversão - 7
Áudio e trilha-sonora - 9

8

Ótimo

Um excelente RTS de survival que precisa de uns retoques, mas não deixa de ser agradável e bonito. Com um ponto extra na alfinetada na consciência ambiental que todos devemos ter.

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Guilherme Segal

Apaixonado por games desde o Atari. Curte tanto PC que possui quase 800 jogos na Steam. Mas ainda acha que os games de hoje em dia não possuem o mesmo charme dos antigos, motivo pelo qual ainda joga Heroes of Might and Magic 2 até hoje.

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