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Análise: Need for Speed Unbound não entrega o esperado

Mais do mesmo, mas com erros novos

Antes de iniciar esta análise de Need for Speed Unbound, eu fui refrescar minha memória com o Need for Speed Heat que joguei e também revisei em 2019. E logo de cara eu me surpreendi ao fazer isso, pois de certa forma, temos dois jogos iguais.

Será que a mudança da desenvolvedora Ghost para a famosa Criterion Games realmente não trouxe nada de novo? E o fato de termos o jogo apenas para a nova geração de consoles traz que tipo de melhorias? E claro, e esse novo estilo visual funciona em um Need for Speed?

Essas e outras perguntas serão respondidas nessa análise de Need for Speed Unbound.

Essa análise de Need for Speed Unbound foi feita graças a um código cedido pela produtora. O jogo já está disponível para PS5, Xbox Series e PC e conta com legendas em PT-BR.

Uma história já conhecida e batida

Acredito que minha primeira crítica que trarei aqui é sobre a história do jogo. Não sei se a opção de colocar um modo história em um jogo de corrida é algo tão complexo e desafiador, mas apelar sempre para a mesma história, acaba desgastando esse modo com o tempo.

Assim como em Heat, Unbound traz praticamente a mesma história que já vimos no passado. Aqui temos seu personagem principal (que irá escolher seu sexo e estilo) e que participará de corridas ilegais no meio da cidade.

Ao mesmo tempo, teremos uma polícia que busca enfrentar essas corridas ilegais e por trás deles temos a prefeita que busca reeleição em seu cargo e que um de seus pilares políticos é acabar com esses rachas ilegais na cidade.

Adicionalmente, logo no início temos a clássica fórmula onde o protagonista perde tudo e tem que reconquistar o que tinha. Em Unbound, você já começa conceituado e com um super carro ganhador, porém, após ser enganado por sua parceira e ter todos os carros roubados, caberá a você reerguer a oficina e colocar a Rydell Rydes de volta no mapa da corrida assim como nos negócios de carros dois anos após os eventos iniciais.

E essa é a temática geral do jogo onde deverá encontrar com diversos personagens que irão enfrentar desafios, contar histórias e mais. De certa forma o jogo tem uma pegada mais juvenil e isso é reforçado tanto por sua nova estética em cell shading como a forma de falar dos personagens onde todos estão sempre muito animados e falando como rappers, o que combina com a trilha sonora que é composta apenas de músicas de Hip Hop.

E a cereja do bolo da juvenilidade de Need for Speed Unbound é que o linguajar lembra muito o que vemos hoje em dia sem contar na conectividade das lives e diversos vídeos que vemos espalhados pelas redes sociais e principalmente no Tik Tok.

Um gameplay sem carinho

Agora que tirei da frente o modo história desta análise, fica a pergunta de como é acelerar em Need for Speed Unbound? Curiosamente temos aqui um sentimento muito parecido com Need for Speed Heat, mas muito mesmo, incluindo seu início lamentável. Confira o que falei em 2019:

“Sendo muito honesto, a primeira impressão de Need for Speed Heat é péssima! Após escolher um dos poucos carros disponíveis, você deverá sair com ele para ganhar algumas corridas e fazer seu nome. As primeiras corridas foram absolutamente lamentáveis e parece que está tentando manobrar um tanque de guerra. Naquele momento eu temi pela minha vida.”

E sim, nesse trecho eu apenas trocaria o nome do jogo, pois mudou. De resto, o início dá uma sensação muito amarga, pois o controle do carro (supostamente incrível) é horrível isso sem contar uma falta de equilíbrio nas corridas.

Mas diferente de Heat, Unbound não melhora tanto quanto poderia e isso fica por conta de uma falta de carinho em diversos detalhes como em momentos chaves.

Começando pela parte mais delicada, a dificuldade é algo surreal. Eu jogo jogos de corrida desde que tinha enduro no Atari e é uma paixão de longa data. Eu não me recordo de um jogo tão punitivo que você raramente consegue lutar por uma vitória. E não apenas isso, ao cometer algum erro na corrida ou então sofrer uma batida inesperada, a sua chance de chegar entre os 3 primeiros é quase inexistente.

Adicionalmente, outra crítica vai para os carros aleatórios que ficam trafegando nas ruas. Ok, temos aqui uma cidade e estamos fazendo corridas ilegais, portanto faz sentido ter outros carros. Mas muitas vezes suas corridas são frustradas por um carro mal estacionado ou então carros que aparecem mais do que deveriam. Faltou tanto um balanceamento na quantidade de carros com um game design melhor para onde eles deveriam estar parados.

Outra coisa que não me agradou foi a falta de impacto em basicamente tudo. Ao bater em árvores, placas, muretas e até outros carros, simplesmente não sentia o que deveria. E o que quero dizer com isso? Vou responder com um exemplo. Ao andar em uma área com árvores pequenas e grandes, tudo cai como se fosse um galho simples. Porém, uma ou outra árvore não cairá e você baterá. Isso dá uma impressão de aleatoriedade.

Outro exemplo que atrapalhava no gameplay, eram as muretas de proteção. Em um jogo de corrida arcade é extremamente comum utilizar essa parte da pista ou para te ajudar completamente em uma curva ou então a pelo menos te ajudar a inclinar o carro, afinal é uma proteção de metal fincada no chão. Porém, assim como as árvores, parece que não tem nada em seu caminho. E também assim como as árvores eventualmente um guard rail não vai se quebrar. É muito aleatório.

E embora eu tenha críticas ao gameplay, eu também tenho elogios, em especial aos seus ajustes para a corrida. À medida que vai evoluindo seu carro e comprando novas peças, será possível focar em um estilo como drag ou drift. Adicionalmente, cada peça terá um range de ajuste que poderá fazer para ajustar ao seu estilo de pilotagem.

Embora esteja muito longe de ser um ajuste como vimos em Gran Turismo 7 ou outros simuladores, é uma adição extremamente bem vinda em um jogo arcade.

Sim, Need for Speed Unbound é bonito – Análise

Algo que quero deixar claro nesta análise é que Need for Speed Unbound é muito bonito sim. Claro, existem os problemas que mencionei que tiram a imersão em alguns momentos, mas é importante dizer que temos aqui um belo jogo.

Por mais que os personagens estejam em cell shading, os carros são muito realistas e estão ricos em detalhes, principalmente com o clássico uso da água e chuva que é usado como um artifício para refletir as luzes e deixar tudo mais bonito.

E eu faço uma pequena reclamação para com as poças de água. É tudo utilizado de forma artificial e não existe física. Passar pelas diversas poças de água não tem nenhum efeito seja em derrapagem como em física de vê-las se mexendo. Ou seja, é algo puramente estético e pouco imersivo.

Need for Speed Unbound também conta com o clássico ciclo de dia e noite, algo que vimos em Heat. A parte do dia é bonita e temos uma vasta visibilidade da cidade, porém, é a noite que o jogo se destaca ao estar iluminada. Devo dizer que a cidade de Lakeshore é interessante, mas não é nada demais.

Ela possui ambientes de centro de cidade, subúrbio, bosques, florestas, áreas de construção e mais, no entanto, eu senti falta de uma personalidade onde ela acabou sendo um tanto genérica, embora seja originalmente inspirada na cidade de Chicago.

O que é bacana é que o jogo roda aos tão sonhados 60 frames enquanto mantém a resolução de 4K com tranquilidade. O único ponto que me chamou a atenção de forma negativa em sua performance é que eu vi sim alguns pop ins de textura. Em especial quando existia uma troca muito forte de iluminação como entrar ou sair de um túnel.

E por fim, logicamente terei que falar da customização assim como os efeitos no estilo grafite. Sobre os efeitos eles são interessantes e casam bem com a proposta do jogo. De forma geral eles aparecem quando se aplica o turbo, quando o carro fica no ar por um tempo ou então quando está fazendo um drift. Esses efeitos são muito bacanas, mas eles não irão fugir das minhas críticas. Por mais que existam uma infinidade de efeitos, eles nada mudam no visual, apenas as cores que aparecem. O estilo é, infelizmente, sempre o mesmo.

Já a customização é vasta e será possível comprar diversos tipos de roupas, calçados e acessórios para seu personagem, assim como será possível customizar seu carro ao trocar seu corpo, aerofólio, cano de escape, cores, tipo de material e muito mais. É aquele bom e velho pacote de customização que estamos acostumados e gostamos tanto.

O que fazer em Need for Speed Unbound – Análise

E depois de abordar tantos pontos nesta análise, é claro que não vou deixar de falar de como funciona o gameplay em Need for Speed Unbound. E muito infelizmente irei me repetir ao falar que Unbound é extremamente parecido com Heat.

Aqui nós teremos a parte do dia e da noite. Durante o dia iremos correr em provas mais simples e com menor recompensa onde iremos, após cada prova, aumentar o heat da polícia em cima de você. Após decidir voltar à garagem, você será carregado para a parte da noite onde fará provas similares, porém terá uma recompensa maior assim como o heat que teve de manhã, será carregado para a parte da noite. Ou seja, existe uma espécie de estratégia ao escolher que corridas fará baseado no heat acumulado, afinal você será perseguido após cada corrida ilegal assim como será caçado pela cidade pelos policiais.

Aqui as corridas são as que já conhecemos e isso não é algo ruim. Temos a corrida normal, a sprint, drift, áreas de pontuação e mais. Tudo acontece ao utilizar as ruas da cidade de Lakeshore o que ajuda na imersão do game assim como passar em algumas áreas que serão conhecidas com o tempo.

Adicionalmente, o mapa está repleto de atividades como destruir outdoors da polícia, quebrar recordes de velocidade em pardais, tomar desafios de drift, desafiar seu recorde de saltos e mais. Isso é bem legal, pois em cada canto de Unbound, existe algo a ser feito dando uma impressão de jogo de mundo aberto clássico.

E é claro que essa parte não viria sem uma clássica ressalva. O equilíbrio no sentido de recompensa financeira está completamente quebrado. Ao longo da jogatina você irá ganhar novos carros em dias especiais, porém, até esse momento chegar você deverá utilizar seu carro inicial. Sim, logicamente será possível comprar outros carros, mas esse dinheiro também poderá ser usado para melhorar seu carro e sua classe.

Ao melhorar um carro, as chances de vitória e maiores recompensas surgirão. Ao mesmo tempo, ao ficar zerado em dinheiro com um carro novo, terá que entrar nas corridas mais básicas. Isso sem contar que muitas das corridas será necessário pagar a entrada e essas darão uma recompensa maior. Também é possível apostar com alguns dos corredores que caso chegue na frente deles, terá uma recompensa adicional.

Ou seja, no fim do dia você ficará entre melhorar um único carro para receber mais recompensas e tentar evoluir mais rápido ou ficará buscando carros novos, mas sairá com muita dificuldade das classes mais baixas. E alie isso ao fato de que é extremamente difícil chegar entre os três primeiros e tem a receita para a frustração.

A redenção vem no online

E para não acabar a análise de forma tão pessimista, existe sim uma redenção em Need for Speed Unbound e ela curiosamente vem em seu modo online. Diferente de diversos jogos que integram a experiência de campanha com a online, aqui nós temos um modo completamente separado.

Faça um novo personagem, customize ele, compre um novo carro, ganhe dinheiro e evolua dentro deste modo. Diferente do modo campanha, aqui você terá uma experiência muito mais direta ao ponto, além de contar logo de cara com dinheiro para novos carros e melhorias.

Ou seja, tudo que era desnecessário no modo história como sua história batida, NPC’s super bombados ou até a falta de equilíbrio nas recompensas, aqui não existe. O mapa e os desafios serão os mesmos e as recompensas virão de forma mais tranquila deixando a experiência como um todo mais leve e divertida. E também veremos mais opções de corridas logo de cara.

A única coisa que me causou estranheza foi a total ausência da polícia no modo online. Não consigo entender porque essa decisão foi tomada. Fora isso, o jogo funciona de forma melhor e muito mais fluida. Claro que isso irá depender de ter outros jogadores no servidor e de aceitarem os desafios propostos nas classes propostas.

Não sei se é uma limitação no servidor, ou se tive sempre muito azar, mas só encontrei partidas com até 16 pessoas. Um número maior de pessoas jogando no mesmo servidor seria muito mais interessante. E vale apontar que a experiência está super estável sem quedas ou lags.

Need for Speed Unbound erra mais do que acerta

E chegando ao fim dessa análise de Need for Speed Unbound eu fico extremamente triste com a experiência final. Na teoria temos um jogo que segue as mesmas ideias do que Need for Speed Heat lançado três anos atrás, mas que o conjunto da obra deixa a desejar.

É curioso como a Criterion Games entregou um jogo inferior a Ghost, sendo que bebe completamente da fonte do jogo mais antigo. Nós temos sim um game bonito e cheio de conteúdo, mas que infelizmente peca em diversos detalhes e falta equilíbrio em sua evolução.

Embora sua estética seja agradável e o conteúdo seja vasto, todo o resto lamentavelmente deixa a desejar. De forma resumida, Need for Speed Unbound está longe de valer os mais de 300 reais pedidos. Do jeito que ele se encontra hoje, um desconto de 50% seria mais do que justo. E sim, caso pense em investir tempo apenas no modo online, isso pode ser uma boa desculpa para comprar o jogo. Mas caso queira aproveitar o modo história, eu não tenho como incentivá-lo a fazê-lo hoje. 

A análise de Need for Speed Unbound segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Need for Speed Unbound tem um longo caminho pela frente

Visual, ambientação e gráficos - 8
Jogabilidade - 6
Diversão - 6
Áudio e trilha-sonora - 7.5

6.9

Razoável

Need for Speed Unbound está longe de valer os mais de 300 reais pedidos. Do jeito que ele se encontra hoje, um desconto de 50% seria mais do que justo. E sim, caso pense em investir tempo apenas no modo online, isso pode ser uma boa desculpa para comprar o jogo. Mas caso queira aproveitar o modo história, eu não tenho como incentivá-lo a fazê-lo hoje. 

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Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

Um Comentário

  1. Perfeita analisa! Digo com toda certeza do mundo que é o pior jogo de corrida que eu já joguei na minha vida.

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