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Análise: Atomic Heart é maravilhoso e problemático

Camarada, está na hora de salvar a URSS dos robôs e dos bugs

Atomic Heart foi anunciado originalmente em 2017 e sempre chamou a atenção por sua proposta de trazer uma união soviética super avançada e distópica pós Segunda Guerra Mundial. Desde então muita coisa mudou dentro do time de desenvolvimento, tivemos uma nova geração de consoles e a Focus Home entrou como publicadora do jogo. E agora em 2023 nós finalmente conferimos a versão final de Atomic Heart, podendo trazer esta análise para você.

Essa análise de Atomic Heart foi feita graças a um código de PC cedido pela Editora. Atomic Heart será lançado dia 21 de Fevereiro para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series e PC e conta com legendas e uma excelente dublagem em pt-br.

Aquele início quase perfeito

A primeira impressão que tive ao iniciar Atomic Heart foi a melhor possível. Aqui nós somos o agente do governo soviético Nechaev que está numa das pujantes cidades super avançadas da União Soviética. O dia é de festa, pois a data marca o lançamento da Kollektiv 2.0 que irá integrar a mente de todos os cidadãos mostrando de vez a superioridade soviética para todo o mundo.

Adicionalmente, ao andar na cidade você verá uma cidade colorida, com robôs vivendo em perfeita harmonia com os humanos os ajudando a fazer o trabalho pesado. Tudo aqui é absolutamente lindo e fantástico e é possível ficar muito tempo vendo as relações entre as pessoas, as tecnologias futuristas, as construções soviéticas e mais.

Logo de cara Atomic Heart te dá aquela impressão que temos ao jogar Bioshock com um mundo extremamente bem feito, lindo e interessante.

E isso segue ao seguir com sua missão e sair dessa cidade que é uma das muitas ilhas voadoras que a União Soviética conseguiu criar com seus engenheiros e cientistas. Porém, algo acontece de errado e os robôs subitamente começam a ficar agressivos e agora caberá a você tentar resolver essa situação espinhosa e achar os traidores.

Excelente dublagem e personagens

E outro elogio gigantesco que faço a Atomic Heart é para sua dublagem e personagens. Eu testei tanto a dublagem em inglês como a em português e ela está simplesmente fabulosa. Os robôs tem uma voz metalizada e cada tipo de robô ainda tem uma entonação.

É possível rir e muito ao ver como os NPCs, sendo eles robôs em geral, reagirem às situações. Isso inclusive é algo muito bem vindo em missões que podem ser maçantes dando uma leveza e respiro necessários.

Adicionalmente existe um co-protagonista, que é sua luva. A sua luva, que é chamada de Charles e possui uma inteligência artificial super avançada, sempre poderá fazer inúmeros comentários incluindo te questionando sobre o que está acontecendo com a região e levando teorias e deduções de como o governo soviético quer abafar o caso assim como tentar entender como alguns cientistas soviéticos traíram a pátria mãe.

Ao longo da aventura você conhecerá ótimos personagens que sempre acompanharão uma excepcional dublagem em uma trama que com o passar do tempo traz o clássico questionamento dos limites de controle do governo assim como até onde vai a ética dos cientistas nos experimentos com os animais e humanos.

Os problemas começam a aparecer na ambientação e no ritmo

E depois desse começo explosivo e personagens incríveis, certamente Atomic Heart segue uma linha incrível, certo? Bem, a resposta é um grande não.

Algo que tenho que trazer nesta análise é sobre o ritmo de Atomic Heart que está repleto de altos e baixos e irei começar na ambientação. Aqui o jogo traz basicamente duas grandes partes recorrentes que são distribuídas através das suas cerca de 20 horas de jogo.

O primeiro momento são as partes fechadas onde você deverá cumprir uma série de exigências em um ambiente para sair dele e voltar a explorar o mundo. A primeira parte do jogo, onde está investigando um grande complexo subterrâneo, irá te prender por cerca de 5 horas e será enfadonha a partir de sua terceira hora.

Simplesmente toda a excitação inicial que foi muito bem construída é deixada de lado por um bunker chato e fechado. A ideia do bunker e os desafios não são ruins, mas chega uma hora que você vê que essa parte se prolongou demais, ainda mais porque existe uma reutilização gigantesca dos assets. Todas as áreas de descanso são extremamente parecidas, os NPCs mortos são sempre os mesmos personagens sem variação, muitas das salas são similares e por aí vai.

Já a outra parte é quando você está fora desses grandes centros e pode explorar o mundo de forma livre sempre tendo em mente um objetivo de chegar em algum lugar e seguir com a história.

Sendo bem honesto, nessa parte Atomic Heart acerta muito mais do que erra, mas diversas vezes erra no tempo em que é perdido em fazer algo ou em ficar em um lugar. Pelo menos na parte de mundo aberto, o problema de repetição de cenários é diminuído.

Um gameplay cheio de opções

E falando agora um pouco do gameplay, Atomic Heart também possui alguns problemas de ritmo. O que todo mundo já sabe é que o jogo é um FPS e nisso ele se sai bem.

Nessa parte de FPS nós contamos com a clássica roda de armas onde temos uma variedade interessante de opções que se dividem em dois grupos. O primeiro são as armas de curto alcance onde cada uma tem seu próprio design e também seus status como velocidade, dano e até golpes próprios.

Logicamente também contamos com armas de tiro que além de variar o alcance, temos estilos diferentes como pistolas, metralhadoras, escopetas e armas de energia.

Cada arma tanto de fogo como branca tem a possibilidade de ser customizada a bel prazer onde cada alteração melhora algum tipo de status, incluindo a possibilidade de adicionar um dano elemental de fogo, gelo, elétrico caso faça esse upgrade.

Por fim, existe um vasta árvore de habilidade onde o jogador poderá desbloquear tanto melhorias passivas para seu personagem como mais resistência, vida e espaço no inventário, como poderá desbloquear habilidades ativas como raio, gelo, escudo e telecinese.

Todos esses upgrades são feitos em uma máquina específica que é um dos grandes destaques de personagem por ser uma NPC que interage com você e posso afirmar que não é adequada para menores de idade.

Atomic Heart e sua repetição exagerada – Análise

E embora tudo funcione bem, existem problemas de ritmo em Atomic Heart, algo que já tinha alertado nesta análise.

Antes de mais nada, o sistema de crafting embora seja relativamente simples, ele é enfadonho pela quantidade de itens a serem coletados. Basicamente após matar todos inimigos ou entrar em toda nova sala você perderá um tempo coletando itens de gavetas, armários e dos destroços de seus inimigos. Embora isso seja algo normal para o estilo, acontece praticamente em cada canto. Eu afirmo com tranquilidade ao dizer que é possível gastar cerca de 40% do tempo de gameplay coletando itens para crafting.

Adicionalmente, existem puzzles no jogo, todavia, eles vêm de forma exagerada. Sempre ao entrar em algum bunker ou complexo, existirá uma série de quebra cabeças ou então bloqueios de portas para serem resolvidos para avançar.

Embora existam alguns muito criativos como a opção de inverter o polo de uma sala e com isso movimentar todas as plataformas, existem outros que são apenas chatos e atrasam o avanço. E claro, existe um exagero claro nessas travas de portas onde cada uma tem sua forma de solução. Nada é complexo aqui, é apenas exagerado.

Por fim, tenho que falar dos inimigos. Ao mesmo tempo que os chefões são muito interessantes e com design únicos, os inimigos corriqueiros são praticamente os mesmos sempre. Ao longo de sua aventura será sim possível ver a evolução do primeiro robô por exemplo, porém, no mais, a forma de deter eles é sempre a mesma trazendo pouca novidade.

Bugs, performance e problemas

E bem, conhece aquele ditado clássico “o que estava ruim sempre pode piorar”? Indo ladeira abaixo na parte de críticas dessa análise, pude perceber diversos problemas em Atomic Heart.

Primeiramente, eu vi uma festa de bugs como nunca tinha visto antes. Vi minha arma sumir do inventário, tentei construir uma arma e meu jogo simplesmente crashou mais de uma vez, vi inimigos vindo para mim na posição de braços abertos sem me agredir, vi uma espécie de flash de onde inimigos iriam aparecer antes deles aparecerem, vi a câmera quebrar em uma cutscene focando na bunda protagonista e por aí vai.

Eu honestamente não me lembro da última vez onde bugs me incomodaram tanto como em Atomic Heart. Mas os problemas não ficam apenas nos bugs.

Existe uma técnica muito usada, principalmente nos jogos de Nintendo Switch, onde uma paisagem ou personagens rodam a um fps menor para poupar processamento. Isso acontece em Atomic Heart, porém, em alguns momentos isso acontece na sua frente. O caso mais gritante de todos é da sala com diversas empilhadeiras onde é possível subir em uma das caixas e o seu frame fica automaticamente ruim. Espere ver objetos distantes, mesmo em cutscenes, rodando de forma estranha. Isso infelizmente diminui a imersão do jogo.

Por fim, existem algumas cenas mais exigentes, geralmente em cutscenes onde temos muita ação, que é possível ver queda de frames ou então o famigerado stutter. De forma geral, tive a impressão que Atomic Heart poderia receber pelo menos mais um mês de polimento.

Jogar Atomic Heart no PC ou no console? – Análise

E chegando ao meu último ponto de análise, eu devo dizer que estou avaliando Atomic Heart pela versão de PC, porém, eu iniciei a jogatina em um PS5. Pela Focus ter enviado uma segunda key de PC eu pude testar ambas versões e trazer informações que eu diria que são vitais.

O motivo que eu pedi essa “troca” de versões, foi pois ao jogar Atomic Heart no PS5 por cerca de 4 horas, eu achei tudo muito estranho. Todas as convenções que temos de botões estão trocadas no jogo e ele não permite uma opção natural de outro mapeamento de botões. 

Adicionalmente, eu simplesmente não achei prazeroso jogar no controle. Eu sou sim primariamente um jogador de console e já joguei muitos FPS como Call of Duty, Destiny, Metro e até a própria franquia Bioshock de onde Atomic Heart tira parte de sua inspiração. Infelizmente tenho que dizer que jogar no controle está longe de ser uma boa experiência seja no mapeamento de botões como na agilidade da mira.

Felizmente ao jogar no mouse, eu simplesmente me senti jogando outro jogo onde tinha sim controle de minhas ações, incluindo poder mirar e esquivar com mais tranquilidade. Sim, ao jogar no console eu não conseguia mirar a arma em tempo hábil ou desviar corretamente dos inimigos.

E por fim, sabe os problemas que mencionei há pouco como queda de frames em cutscenes ou então um fps variável, incluindo a cena das empilhadeiras? No PS5 essa experiência foi constante me incomodando muito.

Conclusão da análise de Atomic Heart

Sendo muito sincero, Atomic Heart não é um jogo fácil de fazer sua análise, pois ele acerta demais em muitos momentos, mas logo em seguida vemos inúmeros erros e problemas.

De forma geral, eu gostei mais do jogo do que desgostei dele. Sim, tive crashes ou até soft locks onde tive que recarregar meu save para conseguir avançar e isso é chato demais. Mas, eu também consegui avançar no jogo e me surpreender diversas vezes com lindas construções, ambientações e até momentos épicos.

E o ponto alto do jogo vai para as divertidas conversas e inesperados personagens que irão te acompanhar por sua aventura.

E por mais inconsistente que seja, esse foi meu sentimento com Atomic Heart. Às vezes ele era perfeito, divertido e desafiador, mas outras vezes eu simplesmente queria deletá-lo.

Vale pontuar que Atomic Heart recebeu uma atualização de mais de 30 GB antes do lançamento desta análise, porém, não houve tempo hábil para testá-la.

A análise de Atomic Heart segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Atomic Heart é um excelente primeiro jogo, mas tem problemas

Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 8
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 9.5
Performance e polimento - 5

7.9

Bom

De forma geral, eu gostei mais do jogo do que desgostei dele. Sim, tive crashes ou até soft locks onde tive que recarregar meu save para conseguir avançar e isso é chato demais. Mas, eu também consegui avançar no jogo e me surpreender diversas vezes com lindas construções, ambientações e até momentos épicos. E o ponto alto do jogo vai para as divertidas conversas e inesperados personagens que irão te acompanhar por sua aventura. E por mais inconsistente que seja, esse foi meu sentimento com Atomic Heart. Às vezes ele era perfeito, divertido e desafiador, mas outras vezes eu simplesmente queria deletá-lo.

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Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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