ANÁLISESNINTENDONOTICIASPCPLAYSTATIONPS4PS5REVIEWSSWITCHXBOXXBOX ONEXBOX Series X|S

Análise: Mato Anomalies está cheio de boas ideias, mas peca no seu ritmo

Faltou liga para juntar todas as ideias propostas

Nesta análise nós iremos falar de Mato Anomalies, um JRPG que mistura suas mecânicas clássicas de RPG com o estilo Visual Novel em uma Xangai Neofuturista que está passando por momentos tensos e sendo dominada por forças obscuras.

Essa análise de Mato Anomalies foi feita graças a um código de PC cedido pela Prime Matter. O jogo já está disponível para PS5, PS4, Xbox Series, Xbox One, Nintendo Switch e PC e não conta nem com dublagem nem legenda em PT-BR.

Uma história com potencial

Em Mato Anomalies você será o detetive particular Doe que a princípio é chamado pela misteriosa Nightshade para investigar o porto onde uma carga misteriosa está sendo transportada, assim como o desaparecimento de pessoas. 

Porém, ao chegar lá Doe é misteriosamente puxado para uma outra dimensão através de uma fenda e em seguida é salvo por Gram, um misterioso Shaman que também trabalha para Nightshade e tem profundo ódio pelo Bane Tide e foca todas suas forças para erradicá-lo da cidade. Esse Bane Tide são inimigos que residem nesta dimensão misteriosa e se alimentam das emoções extremas das pessoas.

Essa breve descrição é a premissa inicial do jogo que irá se desenvolver para muito além disso. Quanto mais você explorar a cidade de Mato e ir a fundo no Bane Tide, assim como explorar os muitos dungeons que aparecem nas fendas, mais você saberá sobre o que está acontecendo na cidade, sobre a guerra de poderes e dos diversos grupos que agem tanto a luz do dia como na escuridão.

No geral os personagens são interessantes e bem caracterizados pegando o estilo neo noir que o jogo segue. Acredito que o grande destaque reside sobre a motivação dos personagens principais, assim como suas histórias que estão longe de ser algo fofo e tranquilo.

Adicionalmente, ao explorar as dungeons, será possível ver como o Bane Tide afeta as pessoas que entraram em desespero em algum momento de sua vida e podem ou não estar perdidas para sempre. 

Ver a história tanto de NPC’s como até dos personagens principais tendo em foco suas emoções, desejos e sonhos é algo legitimamente divertido. 

E bem, tudo aqui é interessante, mas Mato Anomalies comete dois grandes erros.

Ritmo deixa a desejar

O primeiro erro que trago nesta análise, e que mais me incomodou, é que Mato Anomalies tem um sério problema de ritmo. Como falei inicialmente, o jogo é uma mistura de JRPG com Visual Novel. E não sei se o termo Visual Novel foi usado com o desculpa, mas temos conversas muito longas e sem qualquer tipo de interação.

Verdade seja dita, existem alguns momentos que o jogo te entrega cenas completamente animadas e dubladas, assim como existem cenas que se assemelham a um quadrinho. Essas cenas são perfeitas, porém, não são nem 5% da parte da história e em alguns dos diálogos é possível ver uma clara falta de sincronia labial que incomoda.

O grosso em Mato Anomalies são cenas praticamente estáticas onde aparece o rosto dos personagens que estão conversando entre si e são cenas muito cansativas. A efeito de comparação cito o Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo que é um jogo completamente Visual Novel e que também foi lançado nesta semana.

Neste jogo, o desenvolvedor optou em ter diversos takes de câmera dos personagens, assim como animar as expressões deles, por mais simples que sejam. Isso dá um sentimento de movimento, algo que não existe em Mato Anomalies tornando os diálogos completamente enfadonhos. E logicamente, quanto mais longos os diálogos, maior a dificuldade de ter algum interesse neles.  

Ambientação simples até demais

Já o outro problema do jogo recai sobre sua ambientação. Aqui temos o problema da ambientação tanto da parte da exploração mais simples, como das dungeons.

A exploração da cidade de Mato é dividida em áreas e a travessia entre cada área sofre de uma rápida tela de carregamento. Infelizmente o vai e vem é constante seja nas missões principais como na secundária e esse mundo é praticamente estático.

Deixa eu dar um exemplo para ilustrar este sentimento. Em uma certa missão, eu estava na área de Neo Bloom Road conversando com Nightshade e ela me enviou ao Gram para coletar uma informação. Ao sair da área eu fui até onde estava Gram que era em uma outra área e conversei com ele. Em seguida eu tive que retornar novamente a Nightshade para finalizar a conversa.

E apenas nesse micro momento do jogo eu tive que me deparar com duas telas de carregamento e caminhadas desnecessárias até os personagens. Adicionalmente o mundo da cidade de Mato é completamente blasé onde nada acontece e temos uma série de NPC’s repetidos com pouca ou nenhuma interação. Por fim, muitos desses NPC’s nem sequer tem um rosto modelado, o que pesa para a falta de emoção e apego às cenas e situações.

Agora, a ambientação dos dungeons também sofrem de um problema similar. Acredito que aqui os desenvolvedores tentaram seguir uma linha similar ao que vemos em jogos como Persona 5 onde cada capítulo era baseado em um personagem/situação/inimigo. Ou seja, a Dungeon tem uma representação daquele momento.

Infelizmente, estamos falando basicamente dos mesmos cenários e design de inimigos por horas e mais horas. E essa parte visual é simplesmente simples demais onde suas evoluções ao longo da história acabam sendo uma expansão em tamanho e não uma melhora na arte ou no game design em si. A cada novo capítulo, essas dungeons ficarão mais interessantes, mas a variação dentro de cada capítulo é praticamente inexistente. 

De forma resumida temos uma triste mistura entre tédio e falta de criatividade.

Um gameplay clássico e cheio de possibilidades

E agora chegando na parte da análise em que falo do seu gameplay, Mato Anomalies acerta muito mais do que erra. Além da pesada parte de andar pela cidade e falar por horas a fio com inúmeros NPC’s, existem dois momentos mais ativos do jogador.

O primeiro é o hack mental onde Doe é o grande protagonista. Para conseguir algum tipo de informação, Doe deverá fazer um hack na mente do inimigo para enfraquecê-lo e conseguir as respostas que tanto deseja. Esse mini game é um card game onde cada um dos decks disponíveis tem algum tipo de utilização como ataque, defesa, status e mais. Assim como cada deck terá algum tipo de habilidade própria podendo aumentar seu ataque, contra ataque e por aí vai.

Essa luta mental não será apenas contra o personagem em questão, pois ele geralmente estará protegido por um ou mais demônios onde cada um tem seus buffs para o adversário. Ou seja, você deverá planejar muito bem sua estratégia ao longo do jogo para poder tanto atacar o adversário como os demônios que por muitas vezes acabam dando uma grande dor de cabeça.

Já indo para as lutas nos dungeons, nós não temos a participação de Doe que não tem poder nesse reino, mas contamos com Gram e outros personagens onde cada um terá habilidades e armas próprias.

Aqui temos o pacote completo de JRPG de turno onde as armas e golpes terão efeitos próprios, poderão atacar um inimigo ou mais de um, será possível utilizar itens, equipar armas mais fortes e com raridade diferentes e mais.

O que traz alguma novidade para essa fórmula é o sistema de gear onde será possível equipar alguns itens que irão melhorar um tipo de ataque, aumentar a vida, melhorar diversos status e mais. Dependendo de como posicionar cada uma, será possível fazer links entre elas para ganhar bônus extras.

Também será possível desbloquear diversas habilidades e melhorias individuais para ter sua build perfeita de cada protagonista onde cada um conta com duas abas de habilidades e uma terceira que é o ataque especial.

Por fim, algo que achei interessante, é que todos os status, incluindo a vida, é uma para o grupo. Cada melhoria de personagem ou cada novo personagem terá sua vida dividida por todos aumentando a dificuldade da luta.

Também é possível ativar o auto battle, embora eu não tenha visto nenhuma possibilidade de customização na IA assim como critiquei algumas ações sem sentido como usar uma habilidade de atacar todos quando tinha apenas um inimigo na tela.

Conclusão

E concluindo esta análise, Mato Anomalies é o clássico jogo que está repleto de boas ideias, incluindo uma história e personagens instigantes, mas que simplesmente erra em seu ritmo assim como um game design e uma ambientação simples até demais.

Muitas vezes eu me pegava passando a história o mais rápido que podia para ter um momento de ação. E mesmo durante a exploração de dungeon quase sempre chegava um momento em que eu ficava igualmente entediado seja pela repetição de cenários, inimigos ou dos puzzles nada desafiadores.

Mato Anomalies funciona no papel e individualmente tudo faz sentido, porém, ao colocar os elementos de JRPG e de Visual Novel com uma experiência limitada em muitos sentidos e uma progressão lenta, infelizmente o jogo não entrega o que promete.

A análise de Mato Anomalies segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Mato Anomalies não agradará a todos

Visual, ambientação e gráficos - 6.5
Jogabilidade - 6.5
Diversão - 5
Áudio e trilha-sonora - 7
Narrativa - 6

6.2

Mediano

Mato Anomalies é o clássico jogo que está repleto de boas ideias, incluindo uma história e personagens instigantes, mas que simplesmente erra em seu ritmo assim como um game design e uma ambientação simples até demais. Infelizmente é normal se sentir entediado ou cansado após jogar por um tempo.

User Rating: Be the first one !

Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo