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Análise: Have a Nice Death como é duro ser a morte

Mas bastante divertido também.

Imagina se a morte se cansasse do seu trabalho, resolvesse ficar no escritório e depois se arrependesse? Pode parecer doideira, mas é nessa premissa que o desenvolvedor Magic Design Studios e a publicadora Gearbox Publishing apostaram, será que acertaram? Venha conferir o que achamos em nossa análise de Have a Nice Death.

Essa análise de Have a Nice Death foi feita graças a uma Key de PC cedida pela produtora. O game está disponível para PC (via Steam) e Nintendo Switch e conta com legendas e interfaces em PT-BR.

Nem a Morte atura trabalho de escritório

Em Have a Nice Death encarnamos a própria morte. Após eras exaustivas ceifando vidas pelo mundo inteiro, ela se vê cansada de sua rotina e resolve mudar as coisas. Para isso, invoca um exército de demônios para fazer seu papel enquanto vai ‘descansar’ do trabalho braçal, indo para o burocrático. Como diretora e cofundadora da empresa – que leva o nome do game – sua nova função envolve carimbar centenas e milhares de obituários. Obviamente, esse plano não dá certo e após cuidar de toneladas infinitas de papéis, a Morte começa a definhar, ficando menor e cada vez mais estressada com sua nova rotina.

Análise: Have a Nice Death

Com essa premissa, começamos nossa peregrinação nos departamentos da Have a Nice Death, apenas para descobrir que na ausência física da Morte, as coisas viraram de cabeça para baixo. Funcionários não exercendo suas funções, ambientes bagunçados e caóticos, tentativa de golpes. Tudo que já vemos hoje em dia. Agora cabe a Morte limpar e disciplinar seus subordinados indo de departamento em departamento e os dando uma bela surra. Tudo isso passando por personagens caricatos e curiosos e curiosos em uma trama com bastante humor. Principalmente nas interações que mudam e evoluem a cada ‘run’ nova.

Análise: Have a Nice Death

Have a Nice Death é obscuro e colorido ao mesmo tempo – Análise

Have a Nice Death se passa exclusivamente no prédio da empresa – que dá nome ao game. Porém, existe uma diversidade grande de ambientes. Isso porque cada andar que acessamos é um departamento diferente, e todos possuem uma aparência própria. Por exemplo, temos o departamento das doenças físicas, onde o ambiente e os inimigos fazem referência a doenças e remédios. Assim como no departamento dos alimentos tóxicos, onde enfrentamos hambúrgueres e refrigerantes em um mundo gorduroso de queijo. No geral é uma variação muito boa e divertida de inimigos e ambientações.

Agora, falando do seu gráfico, o game possui um visual sombrio e colorido ao mesmo tempo. O cenário e os inimigos de um modo geral são sombras escuras com pequenas variações de tons. Mas o que realmente é encantador são os efeitos especiais. Cada tipo de ataque, tanto nosso quanto dos inimigos, possui uma mistura de cores e efeitos de cair o queixo. Eles fazem um contraste bastante agradável com o cenário mais sombrio e seu tema pesado.

No entanto, em alguns momentos do combate essa quantidade de cores e efeitos atrapalha a visualização do nosso personagem e do ataque dos inimigos. Logo, foi normal terminar os combates e perceber que tomei um ou mais hits sem ter notado. O que é um problema considerável se lembrarmos que estamos falando de um roguelike, ou seja, temos vida e recuperação limitados e cada dano é um risco grande para a continuação da ‘run’.

Um roguelike clássico e rápido

Have a Nice Death é um tradicional hack ‘n slash roguelike 2D, uma fórmula que já estamos bem acostumados. Mas isso não significa que ele não tenha seu diferencial. O game segue com um ritmo bem acelerado que faz com que cada corrida seja mais rápida. Isso ajuda MUITO para o game não ser maçante e nem repetitivo. Começamos em nosso escritório onde podemos interagir com alguns personagens, conferir alguns dados e desbloquear cosméticos com um recurso que mencionarei mais à frente. Após isso, podemos pegar um elevador que nos levará para uma área inicial. Conforme avançamos no game, são desbloqueadas novas opções como pular o andar inicial e assinar contratos com riscos.

Análise: Have a Nice Death

Ao final de cada andar, encontramos um elevador para o próximo. Ao usá-lo, nos é dado algumas opções que vão definir quais são as características do próximo andar. Por exemplo, se escolhermos depósito de anima – recurso de uso nas suas tentativas – encontramos uma quantidade maior desse recurso. Ao mesmo tempo que no depósito de capas podemos encontrar mais armas. Também temos a opção de entrarmos em andar de ‘elite’, onde teremos que enfrentar o subchefe mais difícil que os inimigos convencionais, mas que dão melhores recompensas.

Redundante falar, mas obviamente cada corrida é única e faz parte do game morrer algumas vezes. Nosso objetivo é nos manter vivos até conseguirmos eliminar o chefe final e…. repetir o processo. Esse ponto é um acerto bom de Have a Nice Death. Já tive experiência com diversos roguelikes do gênero e o modo como o game foi estruturado faz com que cada corrida seja divertida e não enjoativa.

Quanto mais maldições, melhor

Obviamente, o game é difícil e isso se escala conforme avançamos. Porém, como todo roguelike, ele não deixa de nos dar alguns artifícios para conseguirmos ir mais longe. Além da experiência, pois em cada corrida aprendemos melhor os movimentos dos inimigos e chefes, podemos conquistar alguns benefícios. Primeiramente temos as maldições, ao enfrentarmos chefes, desafios ou comprarmos nas lojas, podemos escolher um benefício. Esse se subdivide em 3 categorias: foice, a nossa arma principal e suas variações que mudam as opções das maldições; capa, que foca em melhora de defesa e arma secundária, e mana – aprimorando nossas magias e limites. Em alguns pontos, essas maldições podem vir com um ônus como aumento do dano dos inimigos e redução de atributos etc.

Os recursos da Morte em Have a Nice Death – Análise

Além disso, também temos outros quartos com recursos, três para que auxiliam nas runs e um no pós. Os primeiros são anima, um recurso raro que podemos carregar até três que serve para curar. E aqui tem um extra muito interessante, nossas feridas são divididas em imediatas, que o anima básico pode curar, e a ferida aprofundada, que diminui nossa vida total e precisamos de uma anima dourada de luxo para recuperar.

Análise: Have a Nice Death

Outro recurso é o almário que basicamente é o dinheiro da Death Inc. Ele pode ser utilizado em lojas e dispensas para pegar itens, curas e maldições ou para atualizar nossos equipamentos. Também temos um recurso raro que não consegui em nenhuma das minhas runs – o que pode significar que precisamos evoluir ainda mais no game para liberar – chamado Prísmio, que serve para evoluirmos nossa arma principal ou mudarmos seu estilo.

E o último recurso são os lingotes de ouro, que conseguimos de forma aleatória nas tentativas, com mini desafios e ao final, onde recebemos uma quantidade baseado em nosso desempenho. Ao terminar as corridas ganhamos, também, experiência, que aumenta nosso nível e libera novos recursos em game.

O som da morte não poderia ser mais divertido

E por último, mas não menos importante, preciso falar da sua trilha sonora. O game também acerta lindamente nessa parte. Contando com uma música que mistura o mistério e sinistro com algo mais cômico e divertido. Foi uma escolha muito assertiva na minha opinião, entregando diversão sem fugir do tema “morte”. Algo que vemos com frequência em filmes e jogos com temas supostamente sérios, mas focados no cômico – como Caça-Fantasmas, por exemplo.

Análise: Have a Nice Death

Já os efeitos sonoros e a dublagem, definitivamente não tenho do que reclamar. Com sons de impactos, barulhos de foices, magias, explosões etc. O impacto nos inimigos chega a dar uma certa satisfação – #sádico. A dublagem, pode soar irônica mas não é, ela “não existe”. Ou seja, os personagens não possuem voz própria, mas ruídos e grunhidos sem sentido no melhor estilo The Sims. Porém é tão divertido e bem encaixado nos personagens que não consigo imaginar esses personagens com uma voz real. O melhor exemplo é o assistente contábil Cloude, que basicamente tem uma cabeça de discoteca. Ele é um saco de pancada para testarmos nossas armas e cada hit que recebe reage com um som de mixagem.

Conclusão da nossa análise de Have a Nice Death

Resumindo minha análise de Have a Nice Death, confesso que tive uma gratíssima surpresa. Não sendo muito fã do gênero – particularmente não gosto de jogar para passar raiva – aqui eu não senti praticamente nenhuma. Claro, o game é difícil, sua proposta é essa, mas não é irritante como muitos que já experimentei. Começando por uma história hilária e um visual deslumbrante, passando por uma jogabilidade desafiadora e interessante e concluindo com uma experiência auditiva divertida e cômica. Tudo isso somado serve para termos uma experiência agradável, mesmo que desafiadora, e nem um pouco cansativa para conseguirmos encarar as várias corridas que precisaremos para conseguirmos conquistar os objetivos da Morte.

A análise de Have a Nice Death segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Have a Nice Death

Visual, ambientação e gráficos - 8
Jogabilidade - 9
Diversão - 10
Áudio e trilha-sonora - 10

9.3

Excelente

Divertido, desafiador e muito bonito. Have a Nice Death é necessário - se não obrigatório - para os fãs dos gêneros roguelike e hack 'n slash.

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Guilherme Segal

Apaixonado por games desde o Atari. Curte tanto PC que possui quase 800 jogos na Steam. Mas ainda acha que os games de hoje em dia não possuem o mesmo charme dos antigos, motivo pelo qual ainda joga Heroes of Might and Magic 2 até hoje.

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