Análise: Metal Gear Solid Master Collection Volume 1

Nesta análise falaremos de Metal Gear Solid Master Collection Volume 1, a mais “nova” coletânea da franquia criada por Hideo Kojima. Sua genialidade é inquestionável e posso adiantar que ao re-jogar estes games fui acometido pela visão do diretor.

No entanto, não estou aqui para avaliar os jogos em si. Mas sim o conteúdo adicional que vem neles e chegar a conclusão se a Konami acertou ou errou nesta nova coletânea.

Vem comigo descobrir se Metal Gear Solid Master Collection Volume 1 vale ou não a pena! E por mais que estejamos falando de jogos conhecidos por todos, vou rapidamente resumir cada um deles para entender o que vem em cada iteração.

Metal Gear (1987) e Metal Gear 2: Solid Snake (1990) – MSX:

A saga Metal Gear teve seu início em 1987 e 1990 com os títulos “Metal Gear” e “Metal Gear 2: Solid Snake” lançados para o computador MSX (e posteriormente para NES). Nestes jogos, os jogadores se colocam no papel de Solid Snake, um agente da unidade especial FOXHOUND, encarregado de se infiltrar em bases inimigas e eliminar as ameaças nucleares representadas pelos Metal Gear, tanques bípedes capazes de lançar mísseis nucleares.

A jogabilidade se concentra na furtividade, com os jogadores tendo que evitar detecções de guardas e câmeras, enquanto usam uma variedade de itens. Dentre eles temos silenciadores, binóculos, trajes de camuflagem e até mesmo caixas de papelão para se esconder. As mecânicas de combate incluem um arsenal diversificado, de pistolas a granadas, fornecendo opções estratégicas para enfrentar inimigos.

A trama introduz uma série de personagens memoráveis, incluindo Big Boss, o líder da FOXHOUND e mentor de Solid Snake; Gray Fox, um aliado de Snake capturado pelo inimigo; Dr. Madnar, o cientista responsável pela criação dos Metal Gear.

Estes jogos pioneiros da série também estabeleceram as bases para temas filosóficos e complexos que a série continuaria a explorar, como o controle da informação, ética da guerra nuclear e a natureza da identidade.

Metal Gear Solid (PS1):

Em 1998, a série deu um grande salto com “Metal Gear Solid” para o PlayStation. O jogo se passa em 2005, onde Solid Snake é mais uma vez convocado para enfrentar uma ameaça terrorista liderada por Liquid Snake, outro clone de Big Boss. Este título foi um divisor de águas com gráficos em 3D, dublagem profissional, uma trilha sonora orquestrada e cenas cinematográficas que deram início à experiência de storytelling nos videogames.

O jogo evoluiu com mecânicas de furtividade e combate tático mais elaboradas, introduzindo elementos narrativos de grande profundidade. Além dos personagens já mencionados, a história também apresenta Meryl Silverburgh, a sobrinha do Coronel Roy Campbell e interesse amoroso de Snake; Otacon, um cientista que auxilia Snake via codec.

Adicionalmente temos vilões icônicos como Revolver Ocelot, especialista em tortura e interrogatório que trabalha para os terroristas; Psycho Mantis, um telepata capaz de ler a mente do jogador; Sniper Wolf, uma atiradora de elite com ligações ambíguas; Vulcan Raven, um xamã nativo americano com uma metralhadora pesada; Decoy Octopus, um mestre do disfarce; e Naomi Hunter, a médica-chefe com segredos sobre o passado de Snake.

O jogo aborda temas complexos, como genética, livre-arbítrio, lealdade, legados e memória, enquanto estabeleceu novos padrões para narrativas de jogos.

Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty (PS2):

Em 2001, “Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty” deu continuidade à saga. O jogo se divide em duas partes, a primeira situada em 2007 e a segunda em 2009. Na primeira parte, Solid Snake, em colaboração com Otacon, forma uma organização anti-Metal Gear chamada Philanthropy.

Informados de que um novo Metal Gear, chamado RAY, está sendo transportado em um navio-tanque no rio Hudson, em Nova York, Snake é incumbido de documentar o RAY, mas acaba imerso em uma conspiração envolvendo a Marinha dos EUA, a empresa de armas Sons of Liberty e soldados geneticamente modificados chamados Genome Soldiers.

A segunda parte coloca o jogador no controle de Raiden, um novato da FOXHOUND, enviado para uma instalação de limpeza marinha chamada Big Shell, sob o comando dos terroristas Sons of Liberty. Eles exigem um resgate exorbitante e ameaçam explodir a Big Shell, que supostamente abriga o presidente dos EUA. Raiden deve resgatar o presidente e neutralizar a ameaça terrorista, mas logo descobre que há muito mais por trás da situação do que aparenta.

Além dos personagens já mencionados, o jogo apresenta Rosemary, a namorada de Raiden; Fortune, uma mulher com sorte aparentemente sobrenatural; Vamp, um homem com habilidades inexplicáveis; Fatman, um especialista em bombas; Emma Emmerich, a irmã mais nova de Otacon; Arsenal Gear, uma fortaleza submarina que abriga um sistema de inteligência artificial chamado GW.

“Sons of Liberty” explora temas como manipulação de informações, realidade virtual, identidade, memória e patriotismo, além de fazer críticas à sociedade contemporânea e à política internacional.

Metal Gear Solid 3: Snake Eater (PS2):

Em 2004, “Metal Gear Solid 3: Snake Eater” voltou no tempo, ambientando-se em 1964 durante a Guerra Fria. O protagonista, Naked Snake (futuro Big Boss), é enviado para a União Soviética para resgatar um cientista desertor, Sokolov, forçado a criar o Shagohod, uma arma nuclear.

A trama é repleta de traições e reviravoltas, com Snake tendo que enfrentar sua mentora, The Boss, que se aliou a Volgin, um militar soviético, para usar o Shagohod como uma arma de destruição em massa. O grande destaque aqui vai para as mecânicas de sobrevivência e camuflagem.

Aqui temos a unidade de apoio de Snake que conta com Major Zero, Para-Medic e Sigint. Além deles, o jogo introduz EVA, uma espiã infiltrada na base soviética; Ocelot, um jovem oficial soviético com uma rivalidade com Snake; The Cobra Unit, um grupo de elite formado por The Pain, The Fear, The End, The Fury e The Sorrow; Granin, um cientista rival de Sokolov.

“Snake Eater” explora temas como lealdade, sacrifício, traição, honra e destino, homenageando os filmes de espionagem e guerra da época.

Performance e opções de jogo

Após essa longa introdução devido a quantidade dos jogos e de suas mecânicas, agora vou efetivamente falar o que pode encontrar na coletânea. Antes de mais nada eu joguei no PS5 e a performance dos jogos é impecável. Afinal, estamos falando de jogos de décadas atrás.

Aqui Metal Gear Solid 1, assim como Metal Gear 1 e Metal Gear 2 estão em Full HD rodando a 30 fps. Já Metal Gear Solid 2 e 3 estão também a Full HD, mas rodando a 60 fps.

Adicionalmente, todos os jogos contam com suas versões mais completas e missões extras, desafios, missões VR e mais. Adicionalmente, é possível escolher a língua do jogo, dublagens em Japonês e outros detalhes. Infelizmente não temos PT-BR dentre as opções.

Por fim, as versões de Metal Gear Solid 2 e 3 são as versões já remasterizadas em HD lançadas para PS3 e Xbox 360. Os outros jogos são as versões clássicas, mas estendidas para 1080p. Aqui a Konami deixou as telas dos jogos na versão 4:3 e colocou opções de Wallpaper para complementar as barras laterais.

A minha única crítica fica para Metal Gear Solid de PS1 que fica evidente a necessidade de uma remasterização. Embora ele seja completamente jogável, visualmente não está agradável dada a imagem antiga estendida para uma tela 4K.

Conteúdo adicional

Em relação ao conteúdo adicional, tenho três destaques. O primeiro destaque vai para a possibilidade de ouvir a trilha sonora. No entanto, ele conta apenas com um apanhado de 20 músicas. Embora as principais estejam lá, não entendo porque a Konami não inclui mais músicas.

O segundo destaque vai para o roteiro. Cada um dos jogos possui o roteiro com todas as frases de todos os personagens na íntegra.

Por fim, o terceiro destaque vai para uma espécie de glossário de cada jogo. É possível acessar diversas curiosidades, ver a descrição de personagens, comentários sobre fases e mais. Certamente eu queria isso de forma física em minha casa.

E na realidade há um quarto destaque para Metal Gear Solid Master Collection Volume 1, mas que não estava acessível na hora desta análise. A coletânea contém as versões digitais dos HQ ‘s de cada jogo. Eu tenho a versão física de Metal Gear Solid e é basicamente a história completa do jogo contada através de quadrinhos com um traço muito estiloso.

No geral eu me surpreendi muito com esse conteúdo adicional. Contudo, é um conteúdo voltado para o fã apenas. Adicionalmente, é um conteúdo que clama por uma edição física para expor em sua casa. Sendo sincero, não é algo prazeroso ficar vendo em sua TV tendo que dar zoom em cada imagem ou texto.

De um lado temos um conteúdo sublime, de outro, temos uma experiência de usuário que deixa a desejar.

Outras coletâneas

E agora vou entrar na parte mais delicada de Metal Gear Solid Master Collection Volume 1. Afinal a Konami está lançando uma coletânea baseada em outra coletânea. Aqui temos um port de jogos já lançados sem nenhuma melhoria em seu gameplay.

E essas coletâneas são:

Metal Gear Solid HD Collection:

A coletânea Metal Gear Solid HD Collection foi lançada em 2011 para PlayStation 3 e Xbox 360, e mais tarde tornou-se jogável no Xbox One e PS4 via retrocompatibilidade.

Esta coleção centra-se em jogos da série remasterizados em alta definição, incluindo Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty (versão Substance), Metal Gear Solid 3: Snake Eater (versão Subsistence), e Metal Gear Solid: Peace Walker, proporcionando uma experiência renovada dos jogos em consoles modernos.

Metal Gear, Metal Gear 2: Solid Snake e Metal Gear Solid também estavam presentes na coletânea, mas através de um voucher de download.

Metal Gear Solid: The Legacy Collection:

A coletânea Metal Gear Solid: The Legacy Collection é um tributo à icônica série Metal Gear. Lançada em 2013, exclusivamente para o PlayStation 3, essa compilação oferece aos fãs a coletânea suprema com títulos que abrangem toda a história da franquia.

Inclui Metal Gear, Metal Gear 2: Solid Snake, Metal Gear Solid, Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty, Metal Gear Solid 3: Snake Eater, Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots e Metal Gear Solid: Peace Walker, proporcionando uma experiência completa da série.

Vale a pena comprar Metal Gear Solid Master Collection Vol. 1?

Em suma, ao mesmo tempo é fácil e difícil avaliar essa coletânea. Digo isso porque uma coisa são os jogos e conteúdo que temos em Metal Gear Solid Master Collection Vol. 1 e a outra é comparar com outras coletâneas já lançadas pela própria empresa.

Resumidamente, essa coletânea vale a pena apenas para o fã que quer todos os conteúdos extras, que são sim interessantes. No entanto, fica evidente que temos aqui um port sem nenhuma melhoria visual ou mecânica. Nem ao menos temos legendas em português.

Por outro lado, eu não entendo muito o lançamento deste jogo. Primeiro porque não temos nem Peace Walker que já foi lançado e relançado no passado. Em segundo lugar, porque poderíamos já ver aqui Metal Gear Solid tornando um lançamento valoroso para fora do PS3. Isso seria um grande chamariz.

Por fim, alguns desses jogos estão jogáveis através da retrocompatibilidade. Ou seja, a Konami está lançando a preço cheio uma coletânea que tem menos jogos do que outras coletâneas já lançadas por ela no passado onde estamos falando de versões idênticas.

Adicionalmente, estamos falando do Volume 1. Tudo indica que veremos um volume 2 com Peace Walker, Metal Gear Solid 4 e Metal Gear Solid 5 (suas duas partes) rodando a 60 fps. A grande pergunta que fica é: Isso vale a pena para você? Ao meu ver, não vale.Essa análise de Metal Gear Solid Master Collection Vol. 1 segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.