Dishonored: Death of the Outsider (Dishonored: A Morte do Estranho em português) é um jogo que me dá sentimentos conflitantes. Eu sou da corrente que critica muito as motivações pelas quais os estúdios preferem dividir os jogos entre o pacote base e inúmeras DLCs, geralmente pagas, com o intuito de manter o jogo atual por mais tempo. Essa onda geralmente torna os jogos preguiçosos e, no fim das contas, mais caros. Porém, assim como algumas outras excelentes expansões (The Last of Us: Left Behind e Uncharted: The Lost Legacy), este jogo traz muito mais do que uma simples extensão de seus jogos base. Se você compartilha desse dilema, acredito que somente uma análise de custo-benefício possa resolver seu conflito.
A Morte do Estranho bebe do que há de melhor do “jogo base”. Um ponto extremamente positivo, já que Dishonored 2 tem a jogabilidade, formula e gráficos extremamente sólidas. Assim como Dishonored 2, Death of the Oustider é sobre explorar as fases, passar pelos desafios de forma criativa e inovadora e descobrir seus segredos. A história, assim como o jogo original, não é muito profunda e complexa, e cumpre um papel bastante objetivo de lançar o jogador ou jogadora na ação com um objetivo nobre servindo de plano de fundo. Basicamente, a personagem principal (Billie Lurk) e seu mentor (Daud) vão atrás de um objeto para matar quem eles consideram o culpado por toda tragédia em que suas vidas se transformaram. Fique tranquilo, isso não é um spoiler já que é revelado nos primeiros momentos do game.
As novas habilidades vieram substituir algumas das mais básicas que existiam antes. Displace substitui o antigo Blink: com ela temos que marcar o local de destino e depois executar a ação novamente para se teletransportar para lá; no lugar de Dark Vision temos a Foresight que exerce a função da antiga, mas de um modo diferente e mais livre e dinâmico: você congela o tempo por um período e uma espécie de “espírito” deixa seu corpo para vagar podendo marcar objetos de importância e, claro, inimigos; por fim, Semblance permite que você apague um inimgo de forma não-letal e roube sua aparência pelo tempo que sua mana seja capaz de sustentar.
Entenda melhor as novas habilidades de Dishonored: Death of the Outsider clicando aqui
Essas diferenças fazem com que o “mergulhar na ação” seja ainda mais claro nesse Dishonored já que não tem enrolação e nem progressão de personagem nesse sentido. Você recebe essas três habilidades e é com elas que você vai se virar ao longo do jogo inteiro. Apesar do dinamismo nesse sentido, alguns jogadores podem sentir falta dos combos aplicáveis com as combinações das antigas magias. Por outro lado, novos itens tentam cobrir esse vazio dos saudosistas, a Hook Mine é uma mina não-letal que suga o inimigo em direção a ela e nocauteia o alvo. É bem engraçada, por sinal. Se você colocá-la no teto, por exemplo, o inimigo será sugado “misteriosamente” para o alto e ficará pendurado como uma boneca de pano, é realmente legal e divertido. Analisar os prós e contras dessa relativa limitação do personagem cabe a você, já que acredito ser uma preferência bastante pessoal.
Outro fator bastante divertido e que completa a ideia por trás dos personagens é a adição de contratos nas fases. Exatamente como na maioria de alguns jogos de mundo aberto, você tem a possibilidade de executar, abater ou sequestrar determinadas pessoas em troca de dinheiro. Isso dá mais tempero ao jogo já que somos de fato uma assassina declarada e, além disso, oferece mais objetivos e diversão em cada fase que atravessamos. Não se engane também, alguns contratos requerem, inclusive, que você simule que a pessoa tenha se suicidado, não é só o caso de apertar um gatilho, aplicar um enforcamento e tchau tchau.
O ponto em que Death of the Outsider mais acerta, na minha humilde opinião, é pelo fato de que nem a história e nem a progressão do personagem sugere qualquer tipo (mesmo que moral) de caminho quanto a sua escolha sobre matar ou não as pessoas e alvos. Ser uma assassina cruel, só desacordar os alvos ou passar de modo furtivo por tudo é, aqui, uma escolha cem por cento individual. Esse fato é bem interessante, haja vista que você toma total liberdade para fazer o que bem entender. Corvo e Emily Baldwin, dos títulos anteriores, tinham todos uma trama traçada por uma ideia e portanto, eu e muitos jogadores se sentiam mal em fazer certas ações maldosas. Já Billie Lurk não tem amarras nesse sentido, vale tudo.
Assim como fiz questão de destacar sobre Dishonored 2, repito aqui, é muito legal termos mais uma protagonista mulher, principalmente em um jogo recheado de coisas sombrias, macabras e violentas, combatendo o esteriótipo que tanto jogo continua perpetuando. O ponto de fato fraco é que algumas partes das histórias apresentadas ficam apressadas e pouco trabalhadas, porém como sabemos e já esperamos que as tramas de Dishonored não sejam das mais bem trabalhadas e complexas, esse aspecto não estraga a experiência, principalmente pelo fato que seus tropeços ficam mais para o final do game.
Death of the Outsider é uma ótima expansão standalone (sem a necessidade do jogo base). O game dura cerca de oito horas, mais do que a metade do necessário para zerar Dishonored 2, possui elementos próprios que adicionaram coisas muito interessantes para o universo de Dishonored e conta com uma história própria, que apesar de ser fraca e complementar, ainda assim é uma aventura fresca. Um jogo de cerca de sete horas, muito bom em sua mecânica e jogabilidade, com todo o pesado investimento de um jogo base AAA e melhor que muitos títulos grandes custando, em sua semana de lançamento, apenas R$ 99,90 é de fato uma excelente escolha para qualquer gamer.
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plataformas = [PS4, Xbox One e PC]
nota = [4/5]
game = [Dishonored]
game = [Death of the Outsider]
info = [Lançamento: 15/09/2017]
info = [Produtora: Arkane Studios]
info = [Distribuidora: Bethesda Softworks]
texto = [Uma bela expansão standalone com]
texto = [novidades pontuais, mas necessárias.]
decisão = [Uma ótima pedida!!]
positivo = [Gameplay incrível]
positivo = [Visual deslumbrante]
positivo = [Ágil e dinâmico]
positivo = [Bom custo-benefício]
negativo = [Narrativa rasa]
negativo = [Progressão de personagem limitada]
}}