Review: Dragon’s Dogma 2

Me lembro como se fosse ontem quando o anúncio de Dragon’s Dogma 2 finalmente aconteceu, após anos de inúmeros rumores. Sendo originalmente um RPG lançado pela Capcom em 2012 e tendo como sequência uma versão turbinada no ano seguinte, o jogo viveu mais de 10 anos apenas com uma versão online restrita ao Japão e também com o remaster de 2017. Sendo uma franquia subestimada pelo grande publico, mas com inúmeros fãs, a sua sequência causou um verdadeiro estrondo em seu anúncio e, consequentemente, seu lançamento.

Com um mundo aberto extremamente vivo e que está em constante mudança, o jogo prometeu inovar. Entretanto, o seu desempenho causou polêmica desde os primeiros minutos de jogatina. Continue lendo nosso review e descubra se Dragon’s Dogma 2 está acima de todas as polêmicas que o envolvem.

Levante-se Arisen

Em Dragon’s Dogma 2, começamos a história com num palácio real onde o verdadeiro governante daquele reino finalmente surgiu. Arisen, aquele escolhido pelo dragão, despertou e tomou o trono como Sobran (um tipo de imperador) daquele continente. Porém, algo estranho acontece e ele para numa escravão como escravo desmemorizado.

A sua estadia como escravo não durou tanto, uma vez que o local foi atacado por uma temível górgona. Para se salvar, o protagonista pega uma arma e a enfrenta, sendo capaz de obliterar o temível ser. Este ato foi a oportunidade para que ele juntamente de outro prisioneiro escapassem num grifo.

Esse é só o começo da jornada do mais atual Arisen que terá que recuperar suas memórias, desvendar quem é o Sobran impostou que tomou seu trono, recuperar o que é seu por direito e também cumprir o dever como o escolhido.

Aqui temos uma história ótima em seu desenvolvimento, principalmente com a conclusão do verdadeiro final. Infelizmente o começo não tem a mesma qualidade que o meio e o fim, uma vez que alternam constantemente entre passado e presente, fazendo com que o jogador fique perdido para identificar o que é cada coisa.

Durante a run, tem risco do jogador perder partes importantes da história, já que ela é contada por missões. O jogo não aponta o que é missão principal e missão secundária, fazendo com que você utilize a lógica para identificar qual é qual e, além disso, ele não tem ícones indicando onde pegar essas missões. Elas apenas acontecem quando você chega num local especifico ou fala com algum NPC. Algo familiar ao que vemos em Elden Ring.

Dito isso, no decorrer da jornada vamos conhecer inúmeros personagens que terão suas próprias narrativas e ajudaram no desenvolver desta história. Pode ser que alguns nem façam parte da sua aventura, enquanto outros fiquem com a trama contada pela metade.

Em resumo, você realmente faz a história do seu jeito e ritmo.

Um mundo extremamente vivo e pesado

O mundo de Dragon’s Dogma 2 é impressionante! Não apenas pelo seu tamanho, mas devido a forma que ele se mostra vivo. Todos os NPCs e criaturas estão se movimentando a todo tempo, fazendo algo o tempo todo, independente da sua influência. Você os encontra em meio alguma ação, se não os encontrar, eles estarão seguindo com suas vidas normalmente.

Por exemplo, há a missão de um mendigo que diariamente ele vai para a praça principal do primeiro reino. Ele conta histórias e quando dá uma determinada hora, ele vai embora. Há uma quest para perseguir o mendigo, mas o próprio não te espera.

Além disso, podemos encontrar criaturas se enfrentando em busca de dominação territorial. NPCs batalhando contra monstros e alguns simplesmente morrendo de forma definitiva porque não conseguiu superar o inimigo.

Inclusive, as mortes de NPCs tem peso naquele momento, fazendo com que a importância deles na história (caso tenha alguma) ou no mundo como um todo venha à tona. Felizmente o Arisen tem um poder especial que permite reviver os mortos ao utilizar um item especifico, deste modo não fica sem avançar no jogo por causa de algum personagem importante que acabou morrendo.

Um mundo tão grande e com tantas criaturas e NPCs se movimentando em tempo real teve um custo caro que foi o seu desempenho. Infelizmente Dragon’s Dogma 2 alcança no máximo 30 FPS nos consoles da atual geração, onde acabei encarando inúmeras quedas enquanto jogava para fazer a análise. No PC, ele até alcança uma taxa maior em computadores mais potentes, porém, a variação é extrema com muitos baixos e altos.

Cada vocação, um gameplay próprio

O que é, definitivamente, um ponto forte de Dragon’s Dogma 2 é o seu sistema de vocações – que seria equivalente aos jobs de Final Fantasy. Cada vocação possuí suas técnicas, habilidades e efeitos próprios, fazendo com que seja algo bem distinto e, além disso, até os botões de comando são bem diferenciados entre elas.

Temos ao nosso dispor quatro vocações iniciais que são: combatente, arqueiro, ladrão e mago. Posteriormente conseguimos liberar mais duas que são guerreiro e feiticeiro, que são praticamente uma variação mais ofensiva de combatente e mago.

No decorrer do jogo, somos apresentados a vocações especiais que apenas o Arisen consegue usufruir, sendo elas: arqueiro mágico, lanceiro místico, ilusionista e, a vocação inédita, chefe da guerra.

Todas as classes possuem três botões de comandos básicos: quadrado, triangulo e R1 (caso você esteja jogando no PS5, como eu). Dependendo da vocação, o intuito dos botões muda completamente, como o R1 servindo para defesa do combatente, mira do arqueiro, disparo de magia do lanceiro místico e etc.

Cada vocação tem o seu estilo único, função própria e também o jeito exclusivo de se proteger. Onde algumas não tem uma proteção básica, sendo necessário equipar alguma habilidade. Como é o caso do guerreiro que usufrui de contra-ataques e habilidades que geram maior defesa.

Apesar da polêmica envolvendo o jogo permitir apenas um espaço para salvar, aqui temos a facilidade em trocar de classe apenas por visitar a guilda e optar pela trocas sem nenhum custo adicional. Dito isso, você consegue em uma única run aproveitar todas as vocações disponíveis no jogo, apesar do equipamento delas serem próprios e isso te obrigar a gastar uma boa quantidade de dinheiro.

Evolução

Já mencionei antes sobre as habilidades, mas como liberá-las? Primeiramente devo dizer que há dois tipos de níveis no jogo. O primeiro sendo o famigerado level up, enquanto o outro se trata da evolução do ranking da vocação.

Enquanto o primeiro aumenta os seus atributos físicos, o segundo libera novas habilidades para a sua vocação. Cada vocação tem 9 níveis, mas este não é o único jeito de liberar habilidades, pois há mestres de vocação espalhados pelo mapa que entregam pergaminhos ensinando os golpes mais poderosos de cada classe. Então fazer as missões e encontrá-los é fundamental para você usufruir do suprassumo de cada estilo de jogo.

Adicionalmente, também temos equipamentos que fazem uma enorme diferença para que você consiga aguentar batalhas mais difíceis e causar maior dano nos inimigos. Os equipamentos também podem ser melhoras em um ferreiro com os itens necessários.

Peões para todos os lados

Mais um aspecto importante do jogo é a utilização de peões. E não estou falando daqueles que giram, mas sim os fiéis escudeiros do Arisen.

Igual ao primeiro jogo, você construirá o seu peão que acompanhará durante toda a sua jornada. Além disso, é possível optar pela vocação dele, trocar a bel prazer e também modificar seus equipamentos. O teu peão é capaz de evoluir no decorrer da jornada, da mesma forma que o Arisen.

Os outros dois lugares da party vão para outros peões que você pode recrutar ao encontrá-los perambulando no mapa ou convocá-los por meio de uma rocha de invocação. Eles, por sua vez, não evoluem quando estão contigo e, consequentemente, é necessário ir alternando para que tenha sempre uma equipe poderosa ao seu dispor.

Esse Shadow of the Colossus está diferente

Outro ponto alto de Dragon’s Dogma 2 é, sem dúvidas, o seu combate. Aqui temos um sistema de combate simplesmente viciante, principalmente quando você encontra aquela vocação para chamar de sua.

Há inúmeros inimigos formidáveis no decorrer do game, fazendo com que você tenha desafios colossais. Afinal, estamos falando de um mundo repleto de dragões, grifos, górgonas, quimeras e muito mais. Eles são enormes e, consequentemente, possibilita que você os escale para causar dano em pontos fracos. No começo podemos até enfrentar inimigos que o tamanho não é tão gigantesco, mas no decorrer da história vamos encarar oponentes que são realmente colossais.

Além de poder escalar, ainda há a opção e se agarrar aos seus pés e derrubá-los no chão e, deste modo, causar dano considerável atacando a cabeça. Inclusive, é possível agarrar pedras, barris e até os próprios aliados para arremessá-los na direção dos inimigos.

Inimigos menores, por outro lado, quando estão atordoados, podemos segurá-los e jogá-los para alguma direção. Por exemplo, lançar um inimigo pelo penhasco para vencer a luta de imediato.

Gráficos, áudio e localização

O gráfico que vemos do mapa e do universo do jogo em si é simplesmente deslumbrante e composto por paisagens bem distintas, fazendo com que você não tenha aquela sensação de estar que tudo é o mesmo lugar. Além disso, o mundo é muito bem construído para ter essa imersão.

Por outro lado, os personagens muitas vezes deixam a desejar em sua construção. Há alguns modelos realmente muito feios, enquanto outros são mais dignos do jogo. Outro ponto negativo está na animação facial deles em momentos da história, pois são incapazes de transmitir alguma emoção verdadeira.

Um bom exemplo é numa quest em que o neto de um idoso foi levado por lobos. O homem está preocupado, é notável em sua voz, mas ele não se movimenta e a expressão está indiferente, sendo algo totalmente contraditório em relação a situação que o neto dele se encontra.

Falando do áudio, a trilha sonora é excepcional fazendo jus ao que vimos no primeiro jogo. Enquanto a dublagem também entrega vozes marcantes aos personagens principais e, por fim, o som ambiente também tem um ótimo destaque para ampliar a imersão do game.

Em relação a localização, é um pouco estranho algumas decisões que eles tomaram como a utilização da palavra “mercê” para se referir a alguém de respeito ou a tradução de Arisen para Nascen. Apesar de estranho não se trata de um erro de legenda, mas sim uma localização bastante peculiar.

Conclusão do review de Dragon’s Dogma 2

Chegando ao fim do review desse fantástico RPG, só tenho a dizer que Dragon’s Dogma 2 consegue entregar algo muito maior do que o primeiro jogo trouxe em seu lançamento. Aqui vemos uma sequência digna e que aprimora muito toda a experiência do primeiro Dragon’s Dogma.

Infelizmente o jogo não é perfeito, ele falha na animação dos personagens e também ao entregar um desempenho consistente, mas felizmente consegue recompensar num mundo realmente vivo, com um gameplay viciante e desafiador.

Dragon’s Dogma 2 tem um duração média de 40 a 50h, sendo um ótimo RPG para quem não tem tanto tempo para se dedicar, ainda mais se levarmos em conta que os jogos do gênero costumam ter mais de 100 horas, facilmente.

Concluo essa análise dizendo que aqui temos um game repleto de potencial e que mostra que a franquia ainda tem muito para entregar.

Essa análise/review de Dragon’s Dogma segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.