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Análise: Still Wakes The Deep

Quando se olha longamente para o abismo, o abismo olha para você

Still Wakes The Deep é o mais recente título da desenvolvedora The Chinese Room, e mergulha os jogadores em uma experiência de horror atmosférico ambientada em uma plataforma de petróleo no turbulento Mar do Norte. Situado no inverno de 1975, o jogo combina elementos de horror psicológico, sobrevivência e narrativa rica em detalhes, prometendo uma experiência única que se destaca no gênero. Agora, será que o título realmente alcança esse objetivo? Confira isso e tudo mais na nossa análise completa de Still Wakes The Deep abaixo:

Enredo

O jogo coloca o jogador no papel de Caz McLeary, um eletricista que trabalha na plataforma de petróleo Beira D. A narrativa começa de forma bem gradual, permitindo que os jogadores se familiarizem com o ambiente claustrofóbico e os colegas de trabalho de Caz antes que o caos se instale. Esta abordagem de construção lenta da tensão, típico de obras literárias de autores como Stephen King ou Lovecraft, estabelece um senso de normalidade que logo de cara é interrompido.

A atenção aos detalhes na criação do cenário é impressionante e contribui muito para a criação da atmosfera do ambiente. Para isso, a plataforma Beira D é retratada com um realismo tremendo, desde os corredores apertados e úmidos até os equipamentos industriais desgastados, que junto com o rugido do mar e o ranger do metal criam uma sensação constante de perigo iminente. Essa representação autêntica de uma plataforma de petróleo dos anos 1970 serve não apenas como pano de fundo para o horror que se desenrola, mas também como uma crítica à ganância corporativa da indústria.

Caracterização

O aspecto mais marcante de Still Wakes The Deep é, sem dúvida, sua narrativa e caracterização. Os desenvolvedores fizeram um trabalho excepcional ao criar personagens complexos, que se conectam com o jogador mesmo com as poucas 4h de gameplay. As interações entre os membros da tripulação são naturais e carregadas de significado, revelando tensões que se tornam cruciais à medida que a história se desenrola. O uso de dialeto escocês autêntico adiciona uma camada extra de imersão, inclusive.

Falando nisso, a performance de voz merece elogios especiais. Os atores em inglês entregam suas falas com uma intensidade e emoção que elevam significativamente a experiência. Os gritos de terror, os lamentos angustiados e até mesmo as conversas casuais são convincentes, contribuindo para a atmosfera de medo e desespero que permeia o jogo. Vale mencionar que apesar de ter achado estranho no começo, as legendas trazem um português bastante coloquial, com o intuito de transmitir um pouco do sotaque dos personagens e também as suas condições sociais dentro de um ambiente com certa estrutura de poder.

Horror do jeito clássico

Quando o horror finalmente se revela, Still Wakes The Deep não decepciona. A ameaça sobrenatural que invade a plataforma é misteriosa e aterrorizante. Os desenvolvedores optaram por uma abordagem menos é mais, deixando muito para a imaginação do jogador. Esta escolha prova ser eficaz, já que o medo do desconhecido muitas vezes supera qualquer monstro que possa ser mostrado na tela. Isso, inclusive, é claramente inspirado nas obras literárias dos autores citados acima nesta análise, que junto com John W. Campbell, utilizam muito esse artifício para a criação dos seus universos.

Para acrescentar uma camada extra nesse horror desconhecido, temos o design de som, que é um dos pontos altos do jogo. Desde o constante rugido do mar até os sons inquietantes que ecoam pelos corredores da plataforma, os efeitos sonoros de Still Wakes The Deep são um exercício de construção de tensão. Um uso particularmente eficaz do som é a incorporação dos barulhos dos diferentes eventos meteorológicos que afetam a plataforma, que se tornam incrivelmente perturbadores no contexto do jogo com barulhos de tempestades, ventos, ondas, trovões e muito mais.

Jogabilidade

Se em termos de narrativa o jogo é um grande destaque, em termos de jogabilidade, Still Wakes The Deep segue a fórmula familiar de muitos jogos de horror em primeira pessoa. Os jogadores passam grande parte do tempo explorando ambientes, resolvendo quebra-cabeças e evitando ameaças. Não há combate direto; em vez disso, o jogo se concentra em furtividade e fuga. Embora esses elementos possam parecer familiares para os fãs do gênero, eles são bem executados e mantêm a tensão alta, mesmo sendo relativamente fáceis.

O jogo apresenta uma variedade de quebra-cabeças ambientais que se integram bem ao cenário da plataforma de petróleo, que vão desde a manipulação de equipamentos industriais até pulos por cenários destruídos. Embora alguns quebra-cabeças possam parecer simples demais para jogadores mais experientes, eles geralmente servem bem para manter o ritmo da narrativa.

Agora, é importante mencionar: As sequências de perseguição, que acontecem em diferentes momentos do jogo, são intensas e aterrorizantes, com monstros perseguindo o jogador através dos estreitos corredores da plataforma. A inclusão de um botão dedicado para “olhar para trás”, aliás, adiciona uma camada extra de tensão a essas sequências, permitindo que os jogadores vejam rapidamente quão perto estão do perigo.

Gráficos

Visualmente, Still Wakes The Deep é impressionante. Os ambientes são ricamente detalhados, utilizando todo o poder da Unreal Engine 5 para trazer efeitos de iluminação e atmosféricos que contribuem significativamente para a sensação de isolamento e perigo. A iluminação dos diferentes cenários da plataforma é um show à parte, trazendo todos os benefícios da tecnologia Lumen do motor gráfico, que incluem uma iluminação global e luz indireta excepcionais.

Os designs dos monstros, são perturbadores e únicos, trazendo algo verdadeiramente pertubador. Fica claro que a equipe de desenvolvimento gastou um bom tempo focando na parte do design dos inimigos e personagens, e realmente, em muitos momentos, eu me peguei simplesmente admirando os incríveis cenários que misturam corpos de personagens com elementos sobrenaturais.

Conclusão – Análise: Still Wakes The Deep

Para resumir esta análise, Still Wakes The Deep é uma adição sólida ao gênero de terror em primeira pessoa. Embora o jogo não reinvente a roda em termos de mecânicas, sua narrativa envolvente, atmosfera opressiva, design de som excepcional e seus gráficos o tornam uma experiência memorável. A The Chinese Room demonstrou mais uma vez sua habilidade em criar mundos imersivos e personagens complexos.

Para os fãs de jogos de horror atmosférico e narrativas ricas, Still Wakes The Deep é uma recomendação fácil. Sua história bem elaborada e dublagens muito bem feitas, fazem dele uma experiência intensa e satisfatória. Mesmo para aqueles que normalmente não se aventuram no gênero de horror, a profundidade da narrativa e a riqueza do mundo criado podem torná-lo uma experiência valiosa. Embora possa não ser perfeito, é certamente um título que ficará na memória dos jogadores muito depois que os créditos finais rolarem.

Essa análise/review de Still Wakes The Deep segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.

Acerta na narrativa, mas peca na mecânica

Nota - 8

8

Ótimo

Com uma ambientação autêntica, personagens complexos e uma atmosfera opressiva, Still Wakes The Deep se destaca pela sua narrativa envolvente e design de som excepcional, mas peca em sua jogabilidade.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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