Ao entrar em uma roda de amigos ou então ao ver tópicos em grupos de discussões, diversas vezes se alega que o Xbox não tem jogo. Isso ficou mais forte com o mais recente lançamento da Microsoft, o console Xbox One X que é o console de mesa mais poderoso feito até os dias de hoje e que entrega gráficos a 4K nativo.
Após muitos se vangloriarem deste console, um grupo de pessoas gosta de entrar e falar: Para que 4K se não tem jogo para ele? Bem, essa afirmação tem sim um fundo de verdade, mas ela é muito relativa. Mas antes de entrar nela, vou dar alguns dados interessantes que muitos não consideram antes de sair por ai falando.
Durante a geração passada (Xbox 360 e PS3) o console da Microsoft vendeu um total de 85.8 milhões de unidades enquanto seu concorrente nipônico vendeu 86.9 milhões de unidades, um número praticamente igual de consoles. Agora entrando na atual geração que está completando 4 anos de vida, os números são muito diferentes. Enquanto o PS4 já vendeu um total de 65.4 milhões de unidades, o Xbox One vendeu somente 31.4 milhões de unidades, ou seja, menos da metade de seu concorrente e quase 1/3 do que vendeu de Xbox 360. E não dou esses dados para causar qualquer tipo de guerra não, mas sim para poder falar da base instalada.
Nós podemos estimar que durante a última geração, mais de 150 milhões de pessoas tiveram um ou os dois consoles e que a base instalada era praticamente a mesma. Já esta nova geração podemos ver que o PlayStation está chegando rapidamente no teto colocado pelo PS3 e que o Xbox One ainda tem muito chão para correr até chegar as mais de 80 milhões de unidades.
Com isso dito e analisado, vamos adentrar na seara da afirmação “o Xbox One não tem jogos”. É importante frisar que essa frase leva em consideração somente os jogos exclusivos da plataforma e não os jogos independentes ou multiplataforma, muito menos levam em consideração a retrocompatibilidade que o console apresenta para os jogos de Xbox 360 e do Xbox original.
Parte da verdade – Como mencionei acima, essa frase tem sim um fundo de verdade. Enquanto a Nintendo e a Sony estão entregando títulos de grande expressão como Ni-Oh (média de nota 88), Horizon Zero Dawn (média de nota 89), Persona 5 (média de nota 93), Mario Odyssey (média de nota 97), Zelda the Breath of the Wild (média de nota 97), Splatoon 2 (média de nota 83) e muito mais, a Microsoft tem apresentado jogos não tão impactantes como Forza Motorsport 7 (média de nota 86), Halo Wars 2 (média de nota 79) e Cuphead (média de nota 87) (opinião baseada nas notas gerais da mídia e nas indicações para o TGA). Por outro lado, as empresas mencionadas estão prometendo jogos absurdos como Homem Aranha, Pokemon, Metroid Prime 4, Kirby, The Last of Us 2, Detroit Become Human e muitos outros. Enquanto isso a Microsoft aposta no muito atrasado Crackdown 3, no divertido Sea of Thieves, no bom, mas não muito apelativo State of Decay 2 e ainda sofre com a sombra do cancelamento de Scalebound e do já esquecido Fable.
E quem considera tudo o que acabei de falar como verdade absoluta? Nós da imprensa pelo simples motivo de estarmos sempre “atualizados” com os jogos e de recebermos os mesmo das empresas para jogá-lo. Ou seja, para nós que já jogamos todos os jogos possíveis (e 95% de graça), ficamos sedentos por novos jogos exclusivos que mostram todo o potencial do console. Além de nós da imprensa, tem os jogadores hardcore que acompanham o console e os jogos. Esses também ficam no aguardo de um novo jogo para saciar sua sede de jogar.
Parte da mentira – Se você seguir somente o que foi falado acima, parabéns, você está falando meia verdade e está sendo egoísta. Agora vamos nos embasar em como o que foi dito é algo mega pontual.
Acima eu discorri sobre a base instalada, ou seja, o Xbox One tem um potencial de venda teórico de mais de 50 milhões de unidades. Agora lhe pergunto: Essas 50 milhões de pessoas, só vão jogar as novidades ou vão jogar todos os ótimos jogos que já foram lançados até o dia de hoje e os próximos a serem lançados? A resposta é bem óbvia né? Não somente isso, muitas das pessoas pularam as últimas gerações e estão entrando somente nesta. Com isso, a quantidade de pessoas que iriam se beneficiar da retrocompatibilidade é enorme. E claro, o Xbox One conta com os excelentes serviços de assinatura como o Game Pass e o EA Access que são programas exclusivos do console da Microsoft. Por fim, tenho que citar que os que optarem ao comprar o ainda caro Xbox One X terão acesso a mesma biblioteca de jogos, porém com diversos jogos tendo sua performance melhorada e outros rodando a 4K.
É obvio que eu e todos os gamers anseiam por novos jogos para a plataforma da Microsoft, mas isso não quer dizer que só tenhamos que olhar para a frente e esquecer de todo o resto. E também não quer dizer que tenhamos que passar a mão na cabeça da Microsoft. Temos sim que exigir novos jogos como qualquer gamer normal faria.
Concluindo, essa frase é verdadeira para uma pequena e mais abastarda população de gamers que tem a condição ou sorte de sempre estar jogando tudo. Como sabemos que a realidade brasileira é bem diferente e que estamos passando pela pior crise na nossa história, essa afirmação é cada vez mais vazia e sem sentido. Cada um tem o direito de jogar o que quiser e aonde quiser e, por mais que eu faça parte desse pequeno público que consegue jogar tudo, isso não me dá o direito ou a ignorância de desmerecer o console que tem muitas qualidades. E claro, cada um pode ter sua opinião sobre o que quiser como, por exemplo, eu falei sobre a tecnologia 4K e se vale a pena ou não comprar um Xbox One X (spoiler: eu vou passar longe dessa “meia geração”). E também vale lembrar que todo console tem sua vantagem e desvantagem (o melhor dos mundos é ter os 3 consoles). Vocês podem conferir minha opinião sobre cada um aqui.
E como sempre digo, vamos parar com o console war e vamos somente nos divertir!