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Análise: Indiana Jones e o Grande Círculo

Indiana está de volta e melhor do que nunca

Indiana Jones e o Grande Círculo é uma nova abordagem para a icônica franquia do arqueólogo mais famoso do cinema, trazendo uma história inédita desenvolvida pela Machine Games e publicada pela Bethesda. Diferente de outras adaptações do passado, que frequentemente acompanhavam o lançamento de filmes, este jogo se distancia dessa fórmula ao apresentar uma narrativa completamente original, ambientada poucos anos após os eventos do primeiro filme da série.

Nesta análise, exploraremos como a Machine Games, conhecida por seu trabalho em jogos de ação intensa e focados em tiroteios, como Wolfenstein, conseguiu se adaptar para entregar uma experiência que equilibra exploração, quebra-cabeças e a ação característica do universo de Indiana Jones. Além disso, analisaremos se a engine da desenvolvedora foi capaz de traduzir de forma convincente o espírito da franquia para um título que mistura aventura, história e momentos marcantes de ação.

Confira conosco se Indiana Jones e o Grande Círculo consegue trazer à vida a essência do lendário explorador.

Uma história fiel à essência de Indiana Jones

A narrativa de Indiana Jones e o Grande Círculo começa de forma emblemática, com uma recriação fiel de uma das cenas mais icônicas de Os Caçadores da Arca Perdida, o primeiro filme da franquia. Indiana Jones e o Grande Círculo coloca o jogador diretamente na lendária sequência do templo, onde Indiana enfrenta armadilhas e, após trocar o ídolo de ouro por uma bolsa com peso, é perseguido pela gigantesca bola de pedra. Essa abertura não apenas presta homenagem à franquia como estabelece o tom de respeito à sua história e nuances.

Logo após essa sequência, descobrimos que tudo não passava de um sonho. Indiana acorda em sua rotina de professor universitário nos Estados Unidos. Porém, a calmaria é interrompida por uma tempestade e a invasão de um gigante portando o símbolo do Vaticano. Este invade a universidade e rouba um item valioso das expedições do arqueólogo, desencadeando os eventos da trama.

A partir daí, o jogo abraça o espírito da franquia Indiana Jones, focando mais no explorador e professor de história do que em um herói de ação desmedida. Essa abordagem funciona de forma magistral, conduzindo o jogador por uma narrativa repleta de momentos épicos e característicos da saga. Você viajará para locais icônicos como Roma, desvendando segredos no Vaticano, e o Egito, onde esfinges e mistérios aguardam e muito mais. Tudo isso converge para o mistério do Grande Círculo, uma teoria que conecta grandes centros históricos da humanidade, sugerindo um poder ancestral por trás de seus alinhamentos.

O enredo também explora o contexto histórico da década de 1930 e 1940, com nazismo e fascismo em alta. O antagonista principal, Dr. Voss, é apresentado como uma espécie de “Indiana Jones nazista”, um explorador ambicioso que se confronta com o protagonista em cada novo sítio arqueológico. Essa rivalidade é complementada por diálogos memoráveis e encontros que elevam a tensão narrativa.

Além disso, os parceiros de Indiana no jogo são bem desenvolvidos, adicionando camadas à história e contribuindo para a dinâmica das missões. Combinando mistério, exploração e história, Indiana Jones e o Grande Círculo entrega uma narrativa impecável que captura a essência da franquia e agradará tanto os fãs quanto novos jogadores.

Ambientação e trilha sonora que transportam o jogador ao universo de Indiana Jones

Se a história de Indiana Jones e o Grande Círculo já impressiona pela fidelidade à franquia, o mesmo pode ser dito sobre sua ambientação e a parte sonora. O jogo mergulha o jogador em cenários históricos icônicos, recriando com maestria tanto os ambientes quanto o clima da década de 1930. Desde a Roma sob o controle fascista de Mussolini até os locais dominados pelo regime nazista, cada detalhe contribui para uma experiência imersiva e historicamente verossímil.

Os cenários são deslumbrantes, com uma atenção minuciosa aos detalhes. Cada catacumba explorada e cada corredor iluminado mostram a excelência gráfica de Indiana Jones e o Grande Círculo, potencializada pela iluminação derivada do ray tracing. A iluminação é impecável, e os materiais exibem texturas realistas, dando vida aos ambientes. É importante destacar que Indiana Jones e o Grande Círculo exige bastante do hardware, e mesmo sem o Path Tracing ativado, o ray tracing global já eleva significativamente a qualidade visual.

Os personagens também são um ponto alto, com modelagens cuidadosas e trajes característicos da época. A dublagem é outro destaque, com versões localizadas em português brasileiro de boa qualidade. No entanto, a performance de Troy Baker no papel de Indiana Jones merece menção especial. Baker recria a voz icônica de Harrison Ford com maestria, tornando a experiência ainda mais imersiva para quem opta pelo áudio original em inglês.

A trilha sonora é igualmente impecável, capturando a essência da franquia. Ela se adapta perfeitamente aos momentos do jogo, alternando entre tensão, exploração e ação. Além disso, os diálogos ambientados respeitam os idiomas locais, com personagens italianos falando em italiano, nazistas conversando em alemão e até o antagonista – Voss – transitando entre idiomas como italiano, alemão e inglês, sempre com sotaques bem executados. Esses detalhes tornam o mundo de Indiana Jones e o Grande Círculo ainda mais autêntico.

Embora existam pequenos problemas, como bugs visuais e falhas em sombras, eles não comprometem a experiência geral. Para jogadores em PC, ativar configurações avançadas de iluminação já é suficiente para apreciar toda a beleza do jogo, mesmo sem o Path Tracing.

Primeira pessoa ou terceira pessoa?

Uma das decisões mais intrigantes e debatidas em Indiana Jones e o Grande Círculo foi a escolha de alternar entre câmeras de primeira e terceira pessoa. Desde os primeiros anúncios, essa abordagem dividiu opiniões, principalmente ao exibir o uso do icônico chicote em primeira pessoa, algo que inicialmente parecia um pouco estranho. No entanto, essa mecânica acaba sendo uma parte central da experiência e merece ser analisada com mais profundidade.

Durante o gameplay, a perspectiva predominante é a de primeira pessoa, que coloca o jogador diretamente nos olhos de Indiana Jones. Essa escolha funciona muito bem em momentos de exploração, como investigar catacumbas, acender tochas e observar os detalhes dos ambientes. A imersão proporcionada por essa câmera é excelente, reforçando a sensação de estar dentro da aventura.

Por outro lado, Indiana Jones e o Grande Círculo faz transições frequentes para a terceira pessoa em momentos de história e algumas ações específicas. Por exemplo, ao pegar um livro ou resolver um quebra-cabeça, a câmera muda para exibir o personagem e permitir interações mais cinematográficas. O mesmo acontece em sequências como o uso do chicote para escalar paredes ou atravessar vãos. Esses momentos são visualmente impressionantes e bem executados, aproveitando o modelo detalhado de Indiana Jones e o excelente trabalho de ambientação.

Entretanto, essa alternância constante entre perspectivas pode causar estranheza inicial. Embora a transição funcione e não prejudique a jogabilidade, ela quebra um pouco o ritmo e pode incomodar jogadores que prefeririam uma experiência uniforme. Além disso, como os momentos em terceira pessoa são tão bem feitos, muitos jogadores podem sentir que a câmera fixa nessa perspectiva teria sido uma escolha mais natural para um jogo baseado em um personagem tão icônico.

Uma solução que talvez agradasse a todos seria oferecer ao jogador a opção de alternar livremente entre primeira e terceira pessoa, algo já presente em outros jogos. No entanto, isso demandaria um esforço extra de desenvolvimento, especialmente para garantir que ambas as perspectivas fossem igualmente refinadas.

Outro ponto a considerar são os pequenos problemas técnicos que ocorrem durante essas transições de câmera. Como há uma mudança na forma como Indiana Jones e o Grande Círculo renderiza as cenas, é comum observar pequenas travadas ou quedas de frame nesse momento, o que pode tirar um pouco da fluidez da experiência.

Exploração e mistérios: o coração do gameplay de Indiana Jones e o Grande Círculo

O gameplay de Indiana Jones e o Grande Círculo é dividido em duas partes principais: exploração e combate. A primeira, foco principal do jogo, encapsula tudo o que os fãs esperariam de um título protagonizado pelo icônico arqueólogo, entregando uma experiência rica e imersiva.

A exploração, que ocupa a maior parte do jogo, é exatamente o que se espera de Indiana Jones. Aqui, o jogador assume o papel não apenas do aventureiro, mas também do professor universitário, alguém com habilidades limitadas para confrontos diretos com regimes autoritários, como nazistas ou fascistas. O destaque, então, está na descoberta de segredos, investigação de catacumbas e resolução de enigmas.

Os puzzles apresentados em Indiana Jones e o Grande Círculo são bem elaborados, sempre condizentes com o ambiente e com a temática de arqueologia. Não são excessivamente complexos, mas demandam atenção aos detalhes e observação, recompensando os jogadores mais atentos. Durante a exploração, o jogador frequentemente encontrará situações que requerem interação cuidadosa com o ambiente, como destravar portas, decifrar combinações e acessar áreas secretas para coletar itens e tesouros.

Além disso, o jogo apresenta áreas de hub em cada grande localidade, onde o jogador pode interagir com NPCs, como vendedores, para adquirir mapas de tesouros escondidos ou segredos que auxiliam no progresso. Essas áreas também oferecem momentos de pausa e ambientação, permitindo que o jogador mergulhe ainda mais no mundo de Indiana Jones e o Grande Círculo.

Uma mecânica interessante é a árvore de habilidades, que reflete bem o perfil acadêmico de Indiana Jones. Em vez de habilidades tradicionalmente voltadas para combate, a progressão do personagem é baseada na coleta de livros e na realização de atividades intelectuais, como resolver enigmas ou tirar fotos de pontos históricos ou raros. Essa abordagem dá um tom autêntico à experiência, já que Indiana aprimora habilidades como resistência, estamina, manuseio de armas e até recuperação em situações críticas, sempre com base em sua expertise e aprendizado ao longo da aventura.

Esses elementos criam uma sinergia perfeita com a identidade de Indiana Jones, oferecendo um gameplay que respeita as raízes do personagem enquanto entrega uma experiência recompensadora e alinhada com a narrativa. A exploração é o ponto alto de Indiana Jones e o Grande Círculo, capturando a essência da franquia e mantendo os jogadores engajados em cada nova descoberta.

Combate: furtividade e ação em equilíbrio

Embora Indiana Jones e o Grande Círculo não seja um jogo focado em ação, o combate desempenha um papel importante na jornada do protagonista. Como mencionado, Indiana Jones é um professor universitário e não um combatente treinado, o que molda diretamente a dinâmica do gameplay. Essa abordagem prioriza a furtividade como o principal método para superar obstáculos e inimigos, mas também abre espaço para momentos de ação direta quando necessário.

Furtividade: o ponto forte do combate

O sistema de stealth é a base de grande parte dos encontros. Indiana Jones e o Grande Círculo incentiva o jogador a evitar ser detectado, permitindo abordagens silenciosas que envolvem derrotar inimigos por trás, abatendo-os e escondendo os corpos para que não sejam descobertos. A mecânica de furtividade é intuitiva e oferece diversas opções estratégicas, como observar padrões de patrulha dos inimigos e aproveitar o ambiente para permanecer oculto.

Há uma variedade de inimigos com diferentes níveis de percepção, o que obriga o jogador a adaptar constantemente sua abordagem.

Combate corpo a corpo: a trocação clássica

Quando o stealth falha, o combate corpo a corpo entra em cena. Inspirado nos filmes, o jogo apresenta mecânicas simples, mas eficazes, de trocação de socos, com um estilo que lembra um pugilista improvisado. Além disso, o jogador pode usar objetos do ambiente, como chaves inglesas, vassouras e diversos objetos, para criar momentos dinâmicos e muitas vezes engraçados durante os embates.

Finalizações no combate corpo a corpo também são um destaque, especialmente quando feitas durante abordagens furtivas.

Combate à distância: funcional, mas não o foco

Indiana Jones e o Grande Círculo também inclui mecânicas de combate à distância, com armas de fogo como o clássico revólver de Indiana Jones. A funcionalidade das armas é sólida, mas claramente não é o ponto central da experiência. As animações de recarga são mais demoradas e realistas, o que aumenta a tensão durante confrontos diretos. Ainda assim, a mecânica é satisfatória o suficiente para momentos em que a ação é inevitável.

Disfarces e interação ambiental

Outro elemento interessante no gameplay é o uso de disfarces. Em determinadas seções, o jogador pode encontrar roupas que permitem infiltrar-se entre inimigos. No entanto, oficiais de alta patente conseguem identificar o disfarce, criando um equilíbrio entre segurança e risco. Essa mecânica adiciona mais uma camada de estratégia ao jogo, incentivando o jogador a avaliar cuidadosamente seus movimentos.

Equilíbrio entre furtividade e ação

Apesar de Indiana Jones e o Grande Círculo não ser um jogo de tiro ou combate intenso, ele entrega um equilíbrio interessante entre furtividade e ação direta. Enquanto o stealth é claramente o ponto mais polido e satisfatório, os momentos de ação oferecem variedade e capturam a essência improvisada do personagem. Não temos aqui um Wolfenstein, mas o sistema de combate cumpre bem seu papel, complementando a experiência geral.

Conclusão: uma aventura digna do nome Indiana Jones

Indiana Jones e o Grande Círculo vai além das expectativas e entrega uma experiência autêntica que respeita e enriquece a franquia. A MachineGames conseguiu capturar com maestria o tom dos filmes clássicos, trazendo uma história envolvente, diálogos bem elaborados e momentos marcantes que agradam tanto os fãs nostálgicos quanto aqueles que entram pela primeira vez no universo do famoso arqueólogo.

O jogo acerta em praticamente todos os aspectos importantes: ambientação, visual, gameplay e narrativa. Ele traduz com perfeição a essência de Indiana Jones, criando uma aventura que não apenas diverte, mas também imerge o jogador no mundo do personagem, com direito a momentos que poderiam facilmente ser transportados para o cinema.

É claro que Indiana Jones e o Grande Círculo não é perfeito. Pequenos bugs visuais, como falhas em sombras sem o Path Tracing ativado, e a previsibilidade da inteligência artificial dos inimigos são pontos que poderiam ser refinados. Contudo, essas limitações não comprometem a experiência geral.

No final, Indiana Jones e o Grande Círculo é um título original e respeitoso, uma aventura que equilibra bem exploração, furtividade e ação, e que certamente será lembrado como uma excelente adição ao legado do personagem. Para quem está disposto a embarcar nessa jornada, fica a certeza de que a diversão será garantida e a sensação de estar dentro do universo de Indiana Jones será inigualável.

Essa análise/review de Indiana Jones e o Grande Círculo segue nossas diretrizes internas. Acesse e confira nossas diretrizes e nosso processo de avaliação.

Uma verdadeira aventura de Indiana Jones

Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 8.5
Diversão - 9
Áudio e trilha-sonora - 10

9.1

Fantástico

Indiana Jones e o Grande Círculo é um título original e respeitoso, uma aventura que equilibra bem exploração, furtividade e ação, e que certamente será lembrado como uma excelente adição ao legado do personagem. Para quem está disposto a embarcar nessa jornada, fica a certeza de que a diversão será garantida e a sensação de estar dentro do universo de Indiana Jones será inigualável.

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Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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