Pine é o segundo jogo da desenvolvedora independente Twirlbound. Fundado em 2013, o estúdio decidiu-se aventurar no mundo de jogos para computador e consoles pela primeira vez com um ambicioso projeto de RPG em mundo aberto. Este, por sua vez, parece ter sido inspirado na liberdade e ambientação do bem sucedido The Legend of Zelda: Breath of the Wild. No entanto, ficou a dúvida se um estúdio de apenas 7 pessoas conseguiria entregar um bom e polido produto, que se equiparasse aos jogos da geração atual. Como um adendo, informo que a versão testada para essa análise foi a de Nintendo Switch, e a avaliação do jogo será realizada com base na mesma.
O mundo de Pine
Pine coloca os jogadores na pele de Tuhy, um jovem residente de uma das tribos de Albamar. Após uma série de desastres na vila onde morava, o protagonista se encontra na tarefa de encontrar um lugar para seu povo recomeçar, entre diversas outras tribos de cotidianos diferentes.
Comentando também sobre o visual do jogo, esse é um dos grandes fortes do mesmo, visto que os modelos dos seres vivos são muito bem detalhados, tanto no que se diz respeito aos habitantes das tribos, animais e monstros que aparecem durante o jogo. O mundo e estruturas chamam atenção por serem polidos, e um ou outro objeto acaba deixando a desejar.
É perigoso sair sozinho, pegue isso!
Após a introdução da história, o jogador é apresentado a um grande mundo a ser explorado, dando um sentimento similar ao que os jogadores de Breath of the Wild sentiram quando puderam sair da área inicial. No entanto, diferentemente do jogo acima citado, o jogador recebe um balde de água fria, tanto no quesito “Performance” quanto “Jogabilidade”.
Inicialmente, nota-se que as missões são apresentadas de maneira bem vaga. Os objetivos enviam os jogadores a áreas marcadas no minimapa, porém quando se chega à região, é necessário dar voltas até encontrar qual exatamente é o lugar que se deve entrar/objeto a se interagir. Também, a movimentação e comandos não facilitam a aventura em Albamar.
O combate funciona de forma familiar a diversos jogos de Action RPG, com os botões de gatilho servindo para comando do ataque/escudo do personagem, e podem ser alternado com outras armas ao pressionar o botão X, com armas à distância variando entre arcos e estilingues. No entanto, a mira com armas à longa distância não é muito precisa, e não ocorre de maneira fluida como esperado.
Já o combate corpo a corpo é mais acelerado, porém os controles são truncados, fazendo com que ocorra lentidão no tempo de resposta entre apertar o botão e o personagem reagir a isso. Por conta disso, é frequente errar um golpe no inimigo por conta desse delay nas respostas.
Devagar se vai longe (ou a lugar nenhum)
Vale ressaltar que o delay não se encontra apenas no combate, como também no processamento dos cenários e nas telas de carregamento do jogo.
Referente ao cenário, conforme os jogadores exploram os ambientes, é notável a grande quantidade de elementos que brotam à frente do personagem, desde árvores a inimigos e estruturas ainda maiores, que causam bastante incômodo na experiência final do consumidor.
Em uma das explorações, me deparei com uma ponte que cruzava dois morros. A princípio acreditei que a ponte estava quebrada, e tentei pular pelo vão que as separava. No entanto, enquanto caía em direção ao riacho que estava abaixo da ponte, a outra seção dessa construção carregou e fiquei preso entre as vigas. Também, é de se considerar que o jogador irá explorar o cenário caminhando em linha reta, e praticamente todas as vezes nas quais caminhei nesse sentido notei estruturas aparecendo na minha frente, quebrando totalmente a imersão que eu estava (tentando) possuir no jogo.
Referente às telas de carregamento, as mesmas aparecem durante a aventura em duas situações: quando o jogador tenta acessar/sair de um calabouço; ou quando o personagem morre. Na primeira situação o carregamento ocorre em cerca de trinta segundos a um minuto. Já na segunda, tive situações que aguardei mais de dois minutos até que pudesse progredir com minha aventura. Claro, após reinício da aventura, ainda tive que ir atrás de recuperar meu progresso, que em todas as vezes não havia salvado.
Juntos somos melhores
Um dos pontos positivos do game é a mecânica de tribos diferentes possuírem características diferentes, e seria dever do jogador buscar aliar-se às tribos e aproveitar-se dos benefícios individuais de cada.
No entanto, como o restante de Pine, desde balanceamento dos inimigos até a história são extremamente medíocres, esse elemento não consegue carregar o restante do desastre nas costas. E ainda assim, esse elemento se torna ainda mais desinteressante ao notar-se que nada disso é realmente importante para o gameplay e cada tribo se mostra praticamente idêntica, com poucas diferenças além da aparência dos personagens.
Vale a pena jogar Pine?
Pine é um jogo que mira alto, porém acaba caindo em queda livre por conta do escopo ser grande em contraste com a capacidade técnica da equipe que o desenvolveu.
É muito inspirador ver que uma equipe de apenas 7 integrantes conseguiu desenvolver um projeto dessa proporção, porém a sensação que ocorre, como jogador, é que esse é um jogo que receberá muitas atualizações para que fique bom de verdade. Como dito no início da análise, a versão concedida para a crítica foi a de Nintendo Switch, e talvez isso seja o motivo do jogo estar tão limitado.
Caso queira se arriscar, é possível comprar Pine na Loja Nintendo por menos de R$50,00.
Pine (Nintendo Switch)
Visual, ambientação e gráficos - 5
Jogabilidade - 2
Diversão - 1
Áudio e trilha-sonora - 1
2.3
Muito ruim
Pine é um jogo independente que alcança um marco ao apresentar um mundo aberto repleto de biomas e mecânicas interessantes aos jogadores. No entanto, nada se aprofunda a ponto de tornar o produto final divertido e prazeroso de se jogar.