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Quanto você realmente vai gastar no Nintendo Switch

Matéria de co-autoria entre Arthur Franco, Leonardo Coimbra e Vicente Brison.

Todas as coisas que compramos na área da tecnologia podem sofrer com hidden cost, ou custo escondido. Essa expressão refere-se ao custo que inevitavelmente teremos se quisermos utilizar o produto que adquirimos com todas as suas funcionalidades e ele pode muito bem variar de acordo com o que cada pessoa valoriza. E em se tratando de videogames o assunto fica ainda mais polêmico. Cada console oferece um número de funcionalidades que apenas são possíveis de se usufruir caso você possa gastar um pouquinho a mais com algum periférico interessante.

Gosta de jogos como Just Dance ou Rock Band? Prepare-se para comprar uma camera com sensor de movimentos e um controle especial para seu console. Gosta de receber os amigos em casa para jogar? Já sabe que vai ter que gastar mas dinheiro com novos controles e cabos. Baixa muitos jogos e gosta sempre de ter muitas opções a sua disposição? Um novo HD será necessário para você. Só gosta de jogar jogos online e prioriza a qualidade do som e do chat entre os amigos? Um bom headset será indispensável. Todas essas coisas podem ser consideradas custo escondido para cada tipo de jogador, o que na prática acaba por encarecer o valor total do console.

O conteúdo da caixa do Switch todos já sabem e está na capa desta matéria, mas vamos recapitular: Switch mais o dock, dois Joy-Cons (um da direita e outra da esquerda), um Joy-Con grip, duas pulseiras para os Joy-Cons e os cabos HDMI e de força (no caso do Switch, um carregador). Além disso outros aspectos importantes são que o console conta com 32 Gb de espaço no HD e que os Joy-Cons não podem ser carregados fora do Switch ou de um Grip especial que não vem na caixa, o que também é importante para se pensar o custo do videogame. Portanto, o Nintendo Switch certamente escapará de problemas com custo escondido. Além do mais o preço dos acessórios extras, bem como as especificações técnicas do console têm causado preocupação e muita discussão por toda a internet, colocando até em xeque o sucesso do console.

Mas, será que as pessoas têm razão ou estariam exagerando, tanto ao preocupar-se com isso de forma demasiada, quanto ao criticar o conteúdo oferecido frente ao que será entregue na caixa do Nintendo Switch? Veja o que alguns aqui do Última Ficha pensam sobre isso e quanto custaria o Nintendo Switch de cada um:

Arthur Franco

Meu Nintendo Switch certamente não custará apenas 299 dólares (+- 1000 reais na conversão da moeda). O que não significa dizer que eu ache o conteúdo da caixa ruim. Pelo contrário. Juntando tudo que está sendo entregue na caixa do Nintendo Switch eu acredito que a companhia esteja oferecendo aos consumidores um bom negócio. Pelo valor cobrado terei um console inovador, carregando uma ideia e um conceito inéditos e tecnologia de ponta, com uma tela que reproduzirá os jogos em 720p fora do dock, me possibilitando mobilidade e comodidade jamais entregues para um console que é de mesa, pois sim certamente vou utilizá-lo muito mais em casa do que fora. Além disso o Switch será o único videogame que entregará na caixa a possibilidade do multiplayer local, sem necessidade de se comprar um controle extra para isso e com dois controles que carregam inovações tecnológicas interessantes como HD rumble e o novo sensor de movimentos da Nintendo.

Porém mesmo considerando que o Switch vá ser um bom negócio por 299 dólares é claro que é necessário fazer algumas considerações e admitir que certamente não comprarei apenas a caixa do console em 3 de Março. O primeiro dos custos escondidos da Switch que não há como negar é o espaço de armazenamento. 32 Gb é muito pouco espaço! Hoje em dia 32 Gb são praticamente nada, mesmo levando-se em consideração que os jogos do Nintendo Switch ocuparão uma média de 12 Gb quando baxados para o console. Desses 32 Gb ainda haverá uma porção que será usada pelo sistema do console. Ou seja, um cartão SD de no mínimo 64 Gb será imprescindível caso você pretenda ter alguns jogos na sua memória, o que será meu caso. Um desses custa em média 110 reais pela internet. Caso o upgrade seja maior, para 128 Gb, algo em torno de 200 reais (em dólares os encontramos em 20 e 40 dólares respectivamente). O problema do espaço, no entanto, não será uma questão imediata (mesmo que decisiva) já como está sendo lançado agora o Switch não terá uma biblioteca tão vasta logo de cara e será possível ter Zelda e mais um jogo sem fazer o upgrade inicialmente, guardando este gasto para alguns meses depois do lançamento.

Em segundo lugar falamos dos controles. Como dito antes o Switch virá com dois Joy-Cons na caixa. Portanto se você é como eu e prioriza o multiplayer local e sempre acaba comprando um controle extra toda vez que compra um videogame esse é um ponto muito positivo do console. Será possível jogar alguns jogos multiplayer como Mario Kart, 1-2 Switch e pelo que vimos nos vídeos, NBA 2K simplesmente dividindo os Joy-Cons, o que é incrível. No entanto, certamente vou comprar mais um par deles para ter um sobrando, junto com um grip que carrega os controles, por dois motivos: O primeiro deles, porque priorizo multiplayer local, sobretudo pensando no uso que gostaria de dar pro Switch. Segundo é para que eu possa ter um par sempre carregado sobrando, para eventualidades. O grip servirá tanto para carregar os controles quanto para poder ter um segundo controle no formato mais “clássico”, para multiplayers que demandarem isso. Pelo valor de 79 dólares o par de Joy-Cons sai um pouco mais caro do que um novo DualShock4 ou Xbox One controler, no entanto te entrega dois controles e mais valor agregado (tecnologia).

Em relação a um controle Pro (parecido com o de Xbox One) farei a aposta de que o grip no qual você encaixa os controles será confortável para se jogar jogos de maneira mais convencional e de que ter dois Joy-Cons extras será melhor do que ter um controle Pro. Aqui vale destacar o seguinte: Uma vez que no momento do lançamento não haverá nenhum multiplayer no estilo Super Smash Bros, que necessitem de um controle mais convencional, terei tempo de testar os Joy-Cons posicionados no grip para ter certeza de que um par extra de Joy-Cons será a melhor opção.

Então vamos às contas. Uma caixa do Switch – 299 dólares/1000 reais; SD de 64Gb (gasto adiável, porém necessário) – 20 dólares/110 reais; um par extra de Joy-Cons – 79 dólares/250,00; um grip que carrega – 29 dólares/90 reais. Portanto, meu Nintendo Switch vai custar 427 dólares/1450,00 reais. Respeitando-se o fato de que essas contas foram feitas usando, em sua maioria, taxas de conversão, eu acredito que para um novo console e todos esses equipamentos esse valor esteja bastante coerente.

Ainda em tempo: Por se tratar de um console novo, vale a pena incluir o preço de no mínimo um jogo no custo escondido, afinal ninguém compra um console apenas para enfeitar a sala. Logo, adicionando-se mais Zelda Breath of The Wild, por 60 dólares/190 reais o valor final ficaria em 487 dólares ou 1640,00 reais. 

Leonardo Coimbra

Como o Arthur muito bem explanou, o Nintendo Switch vem com animadoras funcionalidades únicas que certamente tem meu interesse. Porém, este custo escondido é algo que vai acabar pesando sim no bolso do consumidor.

O meu Nintendo Switch também não custará os 299 dólares (+- 1000 reais na conversão da moeda). A minha primeira aquisição será um cartão de memória, pois a memória interna dele de somente 32GB chega a ser uma piada de mal gosto. Vale dizer que os rumores apontam que seu sistema operacional ocupará 7GB, deixando somente 25 GB para fazer download de atualizações, aplicativos e jogos. Eu certamente pegaria o SD de 128 GB´s que custa 40 dólares (200 reais por aqui). Também é necessário adicionar que a Nintendo já informou que está pensando numa futura atualização para aceitar HD externo. No momento de seu lançamento, o Switch NÃO suportará HD externo.

Outra aquisição que é quase certa de fazer é o grip com a tecnologia de carregar os Joy-Cons. Ok, a bateria tem uma estimativa de duração de até 20 horas, porém ficar limitado a carregá-los somente quando conectados no Switch não é algo que me agrada. Não seria um problema caso a Nintendo oficializasse que poderíamos carregar em um possível sleep mode do console. Mas como não falaram nada até agora, entendo que não será possível carregá-los assim. E ai temos um custo adicional de 29 dólares.

Por falar em Joy-Con, essa é a grande aposta da Nintendo e sinceramente me impressionou muito esses pequenos e maravilhosos controles. Como a proposta do Switch, assim como seus outros consoles, é de ser um console amigável e que muitos possam participar, seria muito interessante adquirir mais um par de Joy-Con. Assim, 4 amigos poderiam jogar Mario Kart, Bomberman e outros divertidos jogos da Nintendo. Ai somamos mais 79 dólares a essa matemática.

Por fim temos o mais importante que são os jogos. Hoje sou o feliz proprietário de um Wii U e já joguei diversas horas de Mario Kart 8. Logo, ele não seria uma aquisição inicial. Com relação ao mais novo Zelda, é certo que quero muito jogá-lo, porém, as chances de jogá-lo no Switch seriam mínimas. Descartando essas duas franquias, os jogos que chamaram meu interesse foram o novo Super Bomberman R, que custara 50 dólares, e o Snipperclips que custará 20 dólares na loja digital. Claro que não seria maluco de pagar 50 dólares por Bomberman, então iria descartar este jogo.

Logo, meu Nintendo Switch custaria: 299 dólares/1000 reais; SD de 128Gb 40 dólares/200 reais; um par extra de Joy-Cons – 79 dólares/250,00 (gasto adiável, mas faria esse combo de início); um grip que carrega – 29 dólares/90 reais. Além disso teria o jogo Snipperclips a 20 dólares/75 reais. Então o meu Nintendo Switch custaria 470 dólares/1550 reais.

Duas observações que devo fazer: A primeira é que se numa situação hipotética de conseguir o Switch no dia 1 eu certamente pegaria Zelda nele, o que aumentaria seu custo em mais 60 dólares. A segunda é que eu não planejo pega-lo no início, mas sim 3 meses após seu lançamento por já estar mais consolidado e ter mais opções de jogos. E claro, esperaria uma promoção de Super Bomberman R.

Vicente Brison

Minha avaliação de custos do meu Switch é bem parecida com a do Arthur e do Coimbra: serão bastante elevados. Os US$299,99 ou R$1.000,00 em conversão direta do preço-base do console não chegam perto do custo final para o gamer hardcore médio.

Primeiro o aspecto mais grave. Como meus colegas, acho a adoção de apenas 32GB de espaço interno risível para um console em 2017 (os 500GB dos modelos de lançamento de PS4 e Xbox One já estavam ultrapassados em 2013), mas compreendo que o design do Switch, por si só, restringiu as opções da Nintendo. Colocar um HD mecânico no interior da máquina significaria mais consumo de bateria e um SSD seria proibitivamente caro, então a Nintendo utilizou um EmmC, que é o padrão utilizado pela indústria em dispositivos móveis semelhantes como Tablets. Como EmmCs são padronizados em tamanhos de 32GB, 64GB etc., a Big N optou pelo primeiro tamanho, transferindo para o consumidor o ônus de arcar com mais espaço para o videogame. Para piorar, como apontado pelo Coimbra acima, o Sistema Operacional deve tomar alguns Gigabytes de espaço interno do console, reduzindo ainda mais sua capacidade de fábrica. Sem a opção de usar HDs externos (o que mesmo se suportado pela Nintendo estaria longe da solução ideal, visto à portabilidade do Switch – mais uma vez a Nintendo se complica devido às próprias escolhas de design) a solução é comprar um cartão Micro SDXC, que tem na versão de 128GB o melhor custo-benefício, por volta de US$40,00/R$200,00 no mercado brasileiro. Tamanhos maiores, como 256GB (que ainda considero pequeno), custam até dez vezes mais, o que não compensa nem um pouco na minha opinião. Apesar da especulação a respeito de tamanhos reduzidos de jogos no Switch, penso que jogos multiplataforma não respeitarão essa lógica e o espaço extra se fará necessário. Uma pena.

Os controles são outro ponto importante. Não me imagino jogando um console da Nintendo desde o Wii sem os mais tradicionais Pro Controllers. Apesar das declarações que apontam o quanto o Joy-Con é confortável montado no grip, sou amante de jogos multiplayer altamente competitivos e, se pretendo um dia jogar seriamente Splatoon 2 ou um futuro Smash Bros (admita que uma nova versão da franquia é inevitável ainda que ser melhor do que Melee seja impossível) seriamente, precisarei de um Pro Controller. Simplesmente não suportaria jogar na desvantagem contra um oponente que usa um controle mais adequado. Então lá se vão mais US$70,00/R$220,00, tornando o Pro indiscutivelmente o controle mais caro entre os tradicionais dos concorrentes Sony e Microsoft em seu preço em dólar.

Surpreendentemente, uma das coisas que achei mais interessante na apresentação da Nintendo foi o anúncio de Arms, o jogo de luta para até dois jogadores em que boxeamos usando um Joy-Con em cada mão para simularmos os golpes. Parece incrivelmente divertido, um jogo pra festas estupendo e tremendamente evocativo de jogos light gun em arcades. Só tem um problema: mesmo com um par de Joy-Cons e um Pro Controller, precisarei de mais Joy-Cons para poder desfrutar de Arms com os amigos em um multiplayer local. Além disso, com os supracitados problemas para recarregar o Joy-Con enquanto joga, a solução ideal para poder jogar e recarregar, mesmo com o Power Grip, é ter um outro par para substituí-lo e poder jogar livremente, sem o Grip. De qualquer forma, fica nos meus planos ter os três: um par extra de Joy-Cons (US$79,99/R$250,00), um Power Grip (US$29,99/R$90,00) e o jogo Arms (US$60,00/R$190,00).

Ainda faltam algumas incógnitas que certamente custarão mais do rico dinheiro do consumidor no Switch, como o modo online pago ou o companion app para celulares que possibilitará a jogatina pela internet, mas como ainda não temos confirmação sobre esses preços não vale à pena especular aqui. No total, vamos ver o quanto custaria meu Nintendo Switch: o console, naturalmente, custa US$299,99/R$1,000,00. Some-se a isso o cartão de 128GB (que procuraria expandir no futuro, adicionando mais custos), que ficaria a US$ 40,00/R$ 200,00. Um Pro Controller por US$70,00/R$220,00, um par de Joy-Cons extras por US$79,99/R$250,00, um Power Grip que sai por US$29,99/R$90,00 e o jogo Arms  por US$60,00/R$190,00.

No total, o Switch seria um console bastante caro pra mim, saindo a US$580,00 ou R$1725,00. Lembrando que essas conversões diretas de moeda não contam com o lucro do revendedor nem impostos (exceto no caso do Micro SDXC), que devem elevar consideravelmente o preço de console, jogos e periféricos. Pode ir quebrando o cofrinho.

Observação geral: Devemos enfatizar que a partir do Nintendo Switch, a Nintendo começará a cobrar pelo uso de seus serviços online como multiplayer, chat, grupos e mais. O valor ainda não foi definido, mas é certo que os 3 redatores assinariam este plano que elevaria o custo final. Acreditamos que não custe mais do que U$60 que é o preço praticado pelo Playstation e Xbox.

Anderson Mussulino

Publicitário louco por toda a cultura geek. Redator do Última Ficha e apaixonado por jogos que vem da terra do sol nascente.

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