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Reportagem especial: O alto custo do banimento de Trump sobre a indústria dos videogames

A indústria de games conta o custo do banimento da entrada de cidadãos de sete países aos Estados Unidos por Donald Trump

Shadie El-Haddad é animador e artista em um pequeno estúdio de games na Carolina do Norte. Ele é um cidadão estadunidense. Seus pais chegaram aos Estados Unidos do Kuwait, pouco antes da invasão de Saddam Hussein em 1990. Eles vieram, diz ele, por melhores oportunidades, estabilidade e liberdade de expressão.

Seus pais estavam “sempre tão aceptivos à cultura daqui, sendo esta tão diferente da do Oriente Médio”, ele acrescenta. “Minha irmã e eu simplesmente crescemos aqui como estadunidenses e somente a partir do 11 de setembro que começamos a ser tratados como diferentes.”

Shadie adora trabalhar com jogos. “É um sentimento bom descobrir aquele algo que te faz pular da cama animado todas as manhãs.”

Por todos os anos de sua vida, a avó de El-Haddad visitou a ele e sua família vinda da Jordânia. Apesar do país ser um aliado estratégico dos Estados Unidos e não constar na lista de países banidos pelo presidente Donald Trump, sabe-se que pelo menos um cidadão jordaniano foi detido por oficiais de imigração estadunidenses.

Esse ano, a família de El-Haddad tem sérias dúvidas em colocá-la novamente em um longo vôo para os Estados Unidos. “A atmosfera que está sendo criada por Trump e suas políticas de imigração vão complicar as coisas para meus familiares planejando visitar o país com vistos válidos. Especialmente minha avó. Suas extensas visitas têm sido parte da minha vida desde que posso me lembrar como gente.”


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Ódio e dor


A história de El-Haddad não é incomum para muitos muçulmanos estadunidenses. A comunidade muçulmana nos Estados Unidos simplesmente não consegue compreender o banimento de cidadãos de sete países com maioria muçulmana de entrar no país. A medida afetou pessoas com vistos, Green Cards e refugiados fugindo da guerra na Síria. O decreto de Trump fez com que muitos protestos acontecessem pelos Estados Unidos. Assim que assinado, o mesmo foi severamente criticado por organizações que representam imigrantes e refugiados, assim como caracterizada como discriminatória pelo próprio judiciário do país.

A Polygon conversou com muitos desenvolvedores que emigraram para os Estados Unidos provenientes de países com maiorias muçulmanas, ou cujos pais vieram desses Estados, procurando por uma vida melhor. Leia abaixo o artigo traduzido por completo para português.


“É desumanizador”

“É desumanizador”, diz Ramsey Nasser, um artista e desenvolvedor morador do Brooklyn. “Quero dizer, a percepção de árabes e muçulmanos com um viés negativo é mais do que chocante. Eu nunca vi uma ordem executiva da forma como está sendo feita agora. É assustador, e traz um sentimento horrível.”

Nasser é um cidadão estadunidense nascido no Tennessee. Ele é um Líbano-Americano que passou alguns anos morando em Beirute e viajou extensivamente. Entretanto, ele sente que é necessário se conter por enquanto.

“Falando de forma prática, viajar para fora do país não é algo que eu quero fazer por um tempo. Oportunidades fora das fronteiras dos Estados Unidos são coisas que estão fora de cogitação para mim. Eu sinto como se viajar fosse um rolar de dados nesse momento. Estamos além da certeza.”

Navid Khonsari é um canadense de origem iraniana portador de Green Card nos Estados Unidos. Ele mora em Nova Iorque e comanda o estúdio Ink Stories, mais conhecido pelo aclamado jogo político 1979 Revolution. Ele também está pensando em cancelar suas viagens para fora, incluindo algumas visitas a sua família e compromissos em que ele poderia promover o seu trabalho.

“O desenvolvimento de jogos não é limitado somente aos Estados Unidos”, ele acrescenta”. “É incrivelmemente internacional. Provavelmente, não terei problemas em entrar no país de volta, mas sendo um cidadão iraniano – se não me for permitido entrar novamente – o que isso quer dizer para uma pessoa que mora nesse país há 17 anos?”

Ahmed Khalifa é um designer de jogos e estudante de PhD na Universidade de Nova Iorque. Originalmente do Egito, ele está nos Estados Unidos sob um visto de estudante. “Estou com medo de viajar para fora dos Estados Unidos, o que deixa a minha família super triste,” ele diz. “Trump é imprevisível e, um dia, ele pode decidir banir o Egito também. Estou assustado e com muita raiva. Isso me faz sentir como se eu ainda estivesse no Egito sob um regime militar.”


Futuro Incerto

Mojdeh Gharbi é vice-presidente de marketing e operações da Certain Affinity, uma desenvolvedora baseada no Texas mais conhecida pelo seu trabalho na franquia Halo, e por Age of Booty. Nascida no Irã, ela se mudou para os Estados Unidos quando era criança.

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“Sou uma cidadã estadunidense e as pessoas dizem para mim, ‘Bom, não temos que nos preocupar'”, afirma ela. “Mas isso tem um efeito cascata que vai além desses sete países. Eu tenho muitos amigos estrangeiros aqui – da Itália ao Vietnã à Turquia – e isso afeta de forma especial todos os imigrantes. É desalentador. As pessoas estão com medo do que o futuro pode trazer para suas famílias e seus filhos.”

Por volta de 15% dos funcionários da Certain Affinity são originários de fora dos Estados Unidos. “Como uma líder empresarial, eu tenho que proteger meus empregados. Tenho que ter cuidado com quem mando em viagens para fora. É uma pena porque isso impacta em oportunidades potenciais que pessoas perderão. Apesar de eles terem direitos legais absolutos, nós não queremos colocá-los em uma situação em que eles são detidos em algum lugar e não podem chegar em casa.”

“Estou mais do que triste com o fato de que tenho empregados que agora não se sentem mais seguros aqui. Minha sobrinha de 10 anos me perguntou se seus amigos e família seriam mandados para fora do país. Nenhum criança deveria ter que se preocupar com algo como isso. Não está certo. Todos nós queremos as mesmas coisas: paz, amor e prosperidade para todos.”


Conselhos e reações

Mona Ibrahim é uma advogada no Interactive Entertainment Law Group que trabalha em nome das empresas de jogos. Ela se descreve como uma Árabe-Americana crescida na Virgínia Ocidental.

Seu conselho para qualquer um afetado pelo banimento é simples. “A única e mais perigosa coisa que uma pessoa dos países referenciados no decreto pode fazer agora é viajar para fora dos Estados Unidos. Portadores de Green Card devem estar OK, mas as autoridades nos dizem o contrário, então eu hesitaria em tomar tal ação.”

“Pessoas aqui com vistos de trabalho ou qualquer outro visto que não seja específico à empregos governamentais não devem sair do país agora porque elas não poderão voltar.”

I Need Diverse Games é uma organização sem fins lucrativos em prol da diversidade na indústria de videogames. Ela acabou de lançar uma campanha chamada “Game Devs Against Muslim Ban”, ou em tradução literal, “Desenvolvedores de Jogos Contra o Banimento Muçulmano”.

“Esse banimento mira de forma injusta em pessoas que estão morando nos Estados Unidos e faz com que elas não possam viajar por medo de não serem readmitidos novamente”, diz a organizadora Tanya DePass. “Ou eles estão fora do país e não podem vir para a Games Development Conference ou para os Estados Unidos para negócios. Então estamos angariando dinheiro em nosso site para doar para pessoas que estão lutando contra o banimento.”

DePass, que não é muçulmana, diz que muitos muçulmanos da indústria de jogos provavelmente manterão um perfil discreto e ficarão nervosos em chamar atenção para si. “Um monte de gente conhece alguns desenvolvedores muçulmanos conhecidos, mas eles não param pra pensar nas pessoas que trabalham consigo e são afetas pelo decreto.”

As organizações mais proeminentes da indústria de jogos também estão pesando sobre o banimento. Tanto a International Game Developers Association quanto a Entertainment Software Associations emitiram declarações sobre a ordem executiva.

“Restringir a imigração baseado na origem de um indivíduo representa um reflexo ignorante que assume somente os piores e mais errados esteriótipos às pessoas de uma cultura inteira”, disse Kate Edwareds, cabeça da IGDA. “Nós estaremos na oposição absoluta de qualquer política de qualquer governo que procure restringir a habilidade de uma pessoa de perseguir sua paixão criativa e sua carreira no desenvolvimento de jogos.”

De forma menos dura, a ESA, que representa os interesses dos produtores de jogos, pediu que a Casa Branca “fosse cautelosa”, adicionando que “nossas companhias necessitam de talentos tanto de cidadãos dos Estados Unidos, quanto de estrangeiros e imigrantes da mesma forma.”

A Game Developers Conference, que acontecerá em São Francisco no final deste mês, foi também atingida pelo decreto, com desenvolvedores fora dos Estados Unidos dizendo que não poderão atender ao evento por conta do banimento, incluindo figuras bem conhecidas, como o executivo da Sony, Shahid Kamal Ahmad. Rami Ismail, egípcio e holandês co-fundador da Vlambeer, disse que está pesando se irá ou não à conferência, esperando para ver o que acontecerá nas próximas semanas sobre a questão. Os organizadores da GDC também emitiram opinião através de Tweet: “Estamos horrorizados pelo decreto. Claro, reembolsaremos pessoas afetadas e continuaremos lutando pela inclusão.”


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O que vem agora para a indústria de games?


Várias companhias de jogos emitiram declarações criticando o banimento, ou seus executivos escreveram cartas para empregados que acabaram chegando à mídia.

O chefe da Blizzard, Mike Morhaime não foi diferente, apoiando funcionários afetados e criticando a ordem executiva. “O decreto ataca e é incrivelmente contrastante com os valores sobre os quais nossa companhia foi fundada,” afirmou ele para seus empregados sobre o banimento. “Nós somos, e sempre seremos, uma companhia que luta pela inclusão, abraça a diversidade, e trata as pessoas com respeito”

A indústria de jogos tem um interesse claro em acessar livremente uma variedade de talentos internacionais o máximo possível. Muçulmanos estadunidenses que trabalham na indústria acreditam que a ordem executiva vai tornar ainda mais difícil atrair talentos – não somente dos países afetados, mas de todo o mundo.

“Nós temos que ter a possibilidade de sermos competitivos em uma economia global,” diz Gharbi, “Mais ainda, se você não inclui diversidade na equação, você está perdendo perspectivas importantes.”

“Isso vai ter um impacto enorme”, acrescenta Khonsari. “A indústria está crescendo nos Estados Unidos, mas o resto do mundo vem exponencialmente atraindo talentos criativos.” Ele cita a Finlândia, outros países da União Europeia e Austrália como exemplos de lugares que têm conseguido com sucesso atrair os melhores talentos.

“Como as pessoas verão os Estados Unidos quando suas filosofias podem não estar alinhadas com essa ordem executiva? Elas vão querer fazer negócios aqui?”

A Ink Stories está doando todas as receitas das vendas de 1979 Revolution para a American Civil Liberties Union, importante organização defensora dos direitos civis, durante os primeiros 10 dias de fevereiro.

“Jogos em particular atraem pessoas de todas as partes do mundo,” Nasser acrescenta. “Muitas companhias do Vale do Silício estão desesperadas e a indústria de jogos está na mesma situação. Se esse país quer colocar fronteiras à comunidade global, isso simplesmente irá limitar o talento que se pode ter aqui.”

“Precisamos recrutar os melhores talentos independente das suas origens,” diz Ibrahim. “Nós devemos ser inclusivos, mas no momento, estamos em um ambiente muito perigoso. Eu honestamente penso que a forma hostil com que essa administração tratará muçulmanos será uma desvantagem muito grande.”


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Problemas em terras estrangeiras


Mohamed Alaaeddine Ben Hamza, também conhecido como Aladin Ben, é um ex-executivo da companhia de eSports Hitbox, e trabalha atualmente da Áustria. Ele é um cidadão alemão de origem tunisiana.

Ele diz que já esteve nos Estados Unidos muitas vezes, contratando pessoas, planejando escritórios e fechando negócios, mas acredita que essa será uma tarefa difícil de ser cumprida a partir de agora. Suas tentativas de conseguir um emprego nos Estados Unidos – onde ele acredita que seus talentos em desenvolver negócios em eSports serão mais necessários agora – estão minadas pelos controles de visto apertados e trabalhadores ansiosos.

“Caso eu use meu nome completo, eu geralmente nem recebo uma resposta,” ele afirma sobre aplicações feitas para empregadores importantes. “Se eu usar meu nome de forma resumida, ele se interessam por mim somente até o momento de chegar aos detalhes para aplicar para um visto.”

“Eu criei muitos trabalhos nos Estados Unidos, mas não consigo um para mim mesmo. As companhias não querem iniciar um processo na admistração Trump para uma pessoa árabe ou muçulmana, mesmo que no meu caso eu seja alemão, porque eles têm medo de perder dinheiro e ter o visto recusado, ou de que meu país seja banido.”

Como muitas das pessoas entrevistadas pela Polygon para essa história, ele tem tido dificuldade ao viajar para os Estados Unidos, tendo que esperar muitas horas para dar entrevistas para oficiais de imigração. Uma vez, ele foi detido por 24h por uma confusão com alguém que possuía o mesmo nome.

“Eu tenho trabalhado com vários desenvolvedores muçulmanos pelo mundo, sejam de países banidos ou não”, diz Ismail. “Ele estão preocupados com sua habilidade de entrar nos Estados Unidos, ou então estão consternados com a situação dos Estados Unidos. É desolador ouvir que pessoas que estão em economias mais frágeis estão gastando um monte de dinheiro voando para os Estados Unidos e agora não podem ir, perdendo seus bilhetes.”


Hipocrisia nos games

Entretanto, a indústria de jogos está fazendo barulho sobre a injustiça do banimento agora – quando seus interesses vêm sendo ameaçados – mas não tem sido sempre assim.

“Eu acho um pouco vergonhoso o fato de que tivemos que ter uma ordem executiva dessas para que as companhias se pronunciassem”, diz Nasser. “Anteriormente havia um sentimento por parte das companhias de ‘vamos escutá-lo [Trump] e dar uma chance para ele’ ao mesmo tempo em que muçulmanos, pessoas da comunidade negra e comunidades inteiras gritavam sobre o risco dessa catástrofe. Essas empresas deviam ter ouvido as comunidades das minorias, que têm falado isso por mais de um ano”

“Quando você é um dos meios mais populares do mundo, isso vem com uma responsabilidade de lutar contra coisas como essas”, acrescenta Ismail. “A Vlambeer vai continuar usando nossa voz, porém, isso será pouco no cenário macro. O setor de tecnologia tem sido decepcionante nesse sentido. Não consigo nomear muitas companhias que tomaram ação quando os direitos constitucionais das pessoas foram basicamente ignorados. Não acho que palavras sejam o bastante, aliás”.

Terrorists

Muçulmanos têm geralmente sido retratados negativamente nos jogos, inflando esteriótipos que fomentaram o medo, e contribuíram para o sucesso de políticos que exploram o mesmo.

El-Haddad diz que mais cedo em sua carreira, lhe foi dada a tarefa de criar “terroristas” para um jogo de tiro. “Havia uma tensão inerente no fato de que eu era um muçulmano criando um jogo sobre matar muçulmanos da forma mais eficiente,” ele lembra. “Sendo cedo na minha carreira, eu não queria criar um caso com isso. Entretanto, a impressão deles do que era um terrorista era muito clara. Todos eles eram marrons, falavam árabe e vestiam roupas drapeadas com turbantes. Na realidade, quando você visita partes do mundo em que o jogo se passa, quase ninguém se veste daquela forma.”

“[Muçulmanos] são retratados nos jogos como árabes em que se tem que atirar,” diz Khonsari. “Houve uma recente tentativa de mudar isso, mas é muito pouco. Eu sinto, como criador e apoiador dos videogames, que isso deve ser uma agenda mandatória. Se você tem esses inimigos contínuos que têm a pele amarronzada, isso inevitavelmente vai fazer com que as pessoas os vejam de tal forma negativa. Jogos são muitos imersivos. Eles absolutamente têm um efeito nas pessoas.”

“Os esteriótipos continuam”, acrescenta Gharbi. “Se você não quer isso, deve-se ter um ambiente de trabalho diverso. Nós queremos continuar competitivos no mercado. Queremos ser os melhores e, para isso, temos que ter os melhores contribuindo.”


Um olhar para o futuro

A maioria das pessoas citadas nesse artigo também expressou esperança, baseados nos esforços dos americanos e das pessoas no mundo em protestar e lutar contra o banimento.

“Eu amo ver as pessoas realmente protestando e dando suporte a esta causa”, Gharbi responde. “É por isso que eu quis falar abertamente sobre isso. Como empresário de videogames, nós temos uma plataforma, e cabe a nós dar voz às pessoas sem voz. Cada um de nós pode fazer um impacto pequeno ou grande, não somente nisso, mas em muitas outras causas também.”

“Muitos estadunidenses são inspirações para nós”, afirma Ismail. “É legal ver uma resposta quando algo como isso acontece. Só espero que seja o suficiente para que deixem de colocar a culpa de poucos em toda uma religião de 1,6 bilhão de pessoas.

“Estou continuamente lutando contra a tristeza e a discrença, mas também tenho coragem,” diz Khonsari. “Estou encorajado em ver as pessoas levantando suas mangas e fazendo algo sobre isso, agora que esse problema foi colocado frente a todos. Por bem ou por mal, isso vai nos trazer uma conclusão.

Por fim, Nasser completa: “Os jogos são meios de protesto incríveis”. “Se Trump de fato conseguir ficar no seu posto por quatro anos, acho que teremos quatro anos de jogos de protesto. Eu não entrei nessa indústria para lutar contra o fascismo, mas acho que isso é algo que farei daqui pra frente.”


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Este artigo foi traduzido livremente de uma matéria da Polygon escrita pelo jornalista Colin Campbell

Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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