Hotshot Racing é um jogo de corrida retrô desenvolvido pela Sumo Digital e Lucky Mountains e distribuído pela Curve Digital. Sua proposta é trazer a sensação que tínhamos há 20 e tantos anos com jogos como Top Gear e F-Zero, mas com elementos de jogabilidade e customização inéditos. Confira abaixo a nossa análise de Hotshot Racing:
A volta da década de 90 – Análise: Hotshot Racing
Já há algum tempo temos visto jogos de corrida independentes inspirados nos clássicos títulos das décadas de 80 e 90. As últimas duas décadas viram muitos jogos de corrida excelentes chegarem, mas nenhum que fosse no estilo arcade clássico, com gráficos simples e foco total na jogabilidade e diversão. O primeiro jogo a ter essa sacada foi desenvolvido aqui no Brasil e tomou o mundo. Estou falando de Horizon Chase, desenvolvido pelo estúdio gaúcho Acquiris. Depois do seu lançamento, muitos jogos tentaram copiar a sua fórmula, que bebe muito da fonte de Top Gear, mas trazendo uma roupagem moderna.
Hotshot Racing claramente está nessa lista de jogos que não somente se inspiram na década de 90, mas também tentam surfar nessa vibe de Horizon Chase. Assim que iniciamos o jogo, percebemos que os menus, a trilha sonora e os gráficos poligonais lembram muito o jogo brasileiro. Dessa forma, durante essa análise de Hotshot Racing, será inevitável fazer comparações a todo momento.
Entendendo Hotshot Racing
Hotshot Racing não é lá muito complexo. Há basicamente cinco modos: Grande Prêmio, Corrida, Contra o Tempo, Dirija ou Exploda, e Polícia e Ladrão. Todos podem ser jogados online com oito pessoas, ou em tela dividida com até quatro pessoas. No primeiro modo, há quatro grandes prêmios em pistas com temáticas variadas, que vão desde Cassinos à Dinossauros. Antes de iniciarmos o modo, devemos escolher um piloto da lista disponível. Cada um deles possui uma pequena história por trás, que é correlacionada com a “personalidade” do piloto durante cada corrida. Como exemplo, uma das personagens, Alexa, é filha de um mecânico que sonhava em vê-la trabalhando com ele. Entretanto, ela resolve ir correr e conhecer o mundo em busca de reconhecimento.
Um enredo fraquíssimo
Não dá para fazer uma análise das histórias e temáticas dos personagens de Hotshot Racing porque elas são simplesmente insuficientes. O contexto que nos é dado durante o jogo é tão curto que acabamos não sabendo nada sobre nossos personagens de fato. Ao vencermos os Grandes Prêmios, uma pequena cutscene apresenta um tipo de final para o seu piloto. A grande questão é que ele também é bem curto e não varia de um Grande Prêmio para o outro. Ou seja, a ideia que os desenvolvedores tiveram de tentar deixar as corridas mais pessoais, criando uma ligação entre o jogador e os pilotos, vai completamente por água abaixo. Isso acontece porque simplesmente não houve investimento em desenvolver as histórias.
Um jogabilidade incomum e sem desafios
Ignorando esse ponto, que realmente não faz sentido, iniciamos as corridas. Assim que comecei a correr, achei a jogabilidade estranhíssima, já que jogos do tipo geralmente possuem um gameplay rápido, que exige muito reflexo. No caso de Hotshot Racing, a corrida inteira depende da realização de Drifts nas curvas. A direção é tão dura que simplesmente torna-se impossível de se completar as pistas sem dar drifts completamente desnecessários em todas as curvas. A proposta do jogo é basicamente essa.
Agora, o que faz menos sentido ainda é que as pistas não variam tanto em termos de dificuldade. Geralmente em jogos de corrida começamos nas pistas mais fáceis e vamos progredindo aos poucos. Em Hotshot Racing, entretanto, tudo parece mais ou menos no mesmo nível, e não há muita recompensa em passar de um nível para o outro. Claro, os Grandes Prêmios podem ser jogados em três níveis de dificuldade diferentes, mas mesmo assim todas as pistas mantêm a mesma linearidade. Em termos de desafio, Hotshot Racing peca bastante.
Uma IA atrapalhada
Aliás, um dos motivos que fazem Hotshot Racing um tanto quanto fácil, até, é a sua inteligência artificial. Em algumas corridas, vi adversários fazendo manobras absolutamente sem sentido, ficando presos em partes do mapa por toda a corrida. Apesar de o jogo ser independente e relativamente pequeno, é simplesmente inadmissível que isso aconteça, já que acaba por minar completamente o desafio e a diversão do jogo. Imagino que este ponto seja corrigido pelos desenvolvedores em futuras atualizações. Contudo, até o momento deste review, isso aconteceu por diversas vezes.
A volta da década de 90
Os modos Dirija ou Exploda e Polícia e Ladrão são os mais exóticos do jogo. O primeiro consiste de um modo survival, onde à cada volta devemos manter a velocidade do carro acima de um mínimo para que não tomemos dano, este que faz com que o carro exploda ao chegar a 100. O segundo modo nada mais é do que uma fuga em pista. Devemos fugir dos policiais ao mesmo tempo em que pegamos dinheiro pela pista. Os carros dos policiais devem tentar danificar os veículos dos ladrões antes que as voltas sejam completadas. Ladrões que forem eliminados se tornam policiais. Ambos os modos dão um pouco de variedade para as corridas, que acabam sendo monótonas após um tempo, mas também não são lá tão divertidos.
As opções de customização
Em termos de customização, Hotshot Racing oferece diferentes tipos de carros para os pilotos, estes que podem ser modificados. Não pense que o jogo se trata de um Need For Speed Underground 2, mas para a proposta do título, a customização é até interessante. Podemos trocar partes como spoilers, trocar a cor, cano de descarga, capô, e outros acessórios. As mudanças são meramente estéticas, e não afetam em nada na performance dos veículos. Há cerca de quatro opções por acessório, então tenha em mente que Hotshot Racing está longe de ser um jogo referência em termos de customização. À medida que vamos correndo, ganhamos dinheiro, este que pode ser usado para comprar poucas opções de customização nos carros, e é isso.
Gráficos e trilha-sonora interessantes
Para completar esta análise de Hotshot Racing, o ponto alto do jogo sem sombra de dúvidas é a sua trilha sonora e seus gráficos. As modelagens e as pistas, apesar de consistirem de polígonos gigantes, têm uma direção de arte bem feita. Todas as fases possuem contrastes que chamam a atenção em todos os cantos, e os cenários são bonitos, por mais que não façam sentido em alguns momentos. Outro ponto visual que achei bastante interessante é a opção por usar uma câmera dentro do cockpit. Isso é um tanto quanto inusitado em jogos do mesmo estilo gráfico, e acabou sendo uma adição bem-vinda.
A trilha sonora é típica de jogos de corrida inspirados nos clássicos das décadas de 90. Assim como em Horizon Chase, Hotshot Racing possui músicas aceleradas, com batidas feitas com o intuito de aumentar a sua adrenalina ao jogar. O jogo utiliza a tecnologia Wwise da Audiokinetic para dar vida a todos os sons que acontecem. Inclusive, recomendo fortemente que o jogo seja jogado com um headset, para que este ponto forte do jogo possa se sobressaltar nos seus ouvidos e ofuscar um pouco os pontos negativos.
Conclusão – Análise: Hotshot Racing
Em suma, Hotshot Racing é um jogo de corrida para passar o tempo. As histórias dos personagens, as opções de customização e os modos alternativos de jogo são bastante fracos. Entretanto, caso você queira simplesmente sentar no sofá, apreciar bons gráficos e ouvir uma trilha sonora nostálgica, talvez Hotshot Racing te agrade. Caso você não seja fã do gênero de corrida, ou um saudosista da década de 90, recomendo passar longe.
Hotshot Racing
Visual, ambientação e gráficos - 8
Jogabilidade - 6
Diversão - 6
Áudio e trilha-sonora - 8
7
Bom
Hotshot Racing traz o saudosismo dos jogos de corrida arcade, mas peca pela falta de conteúdo e jogabilidade dura.