Warhammer 40.000: Space Wolf é um “enhanced remaster” do jogo homônimo lançado para as plataformas móveis iOS e Android em 2014. Trata-se de um jogo de estratégia tática com mecânicas de baralho, como uma grande mistura de Xcom e o modo Blitz de Halo Wars 2. O jogo saiu no programa de Acesso Antecipado da Steam no dia 17 de fevereiro e tem o lançamento completo planejado para o final de 2017, exclusivamente para PC.
A história contada na campanha de Space Wolf é simples e bastante direta. Um cruzador espacial da legião dos Space Wolf é derrubado pelos inimigos das forças dos Chaos Space Marines em um planeta inóspito controlado pelo inimigo. A partir deste ponto, você acompanha o progonista, Valgard, e seu esquadrão de Space Marines sem muita personalidade na luta para reagrupar com seus colegas, sobreviver aos ataques constantes dos Chaos Marines e fugir do planeta no qual naufragaram. Como já explicado na análise de Space Hulk: Deathwing, o lore de Warhammer é imenso e conhecê-lo bem envolve muito esforço do jogador, mas, ao menos, Space Wolf conta uma história suficiente mínima com uma temática já familiar que dispensa a necessidade de debruçar-se mais profundamente sobre ela. A campanha é até bastante extensa, durando facilmente mais de 15 horas e dividida em 3 partes com missões relativamente longas e progressivamente mais difíceis. Aliás, este é um jogo realmente desafiador que exigirá que o jogador pense taticamente e planeje seu baralho com cuidado para vencer. O que é menos animador é a pouca variedade no design das missões e nas situações que se desenrolam nelas. No geral, as missões consistem em chegar de um ponto a outro do mapa o mais rapidamente possível enquanto inimigos (a grande maioria muito parecidos) surgem de todas as direções.
A jogabilidade, como já dito, lembra um pouco a estratégia tática já vista em jogos como Xcom. É possível movimentar um personagem de cada vez, em turnos e sem a pressão do tempo real, executando ações previstas em cartas do baralho equipado por cada um deles. Não existe mecânica de cobertura ou vantagem de altura como no clássico da Firaxis, mas algumas particularidades distinguem e aumentam a profundidade do gameplay de Space Wolf. Por exemplo, todos os personagens podem executar até duas ações em seu turno. Outro diferencial está no conceito de posicionamento: os soldados atacam apenas em um raio a sua frente (que pode variar de acordo com a arma utilizada) – dessa forma, às vezes um movimento é sacrificado apenas para girar o personagem em seu eixo e colocá-lo encarando a direção de algum inimigo ou alvo. Por fim, vale dizer que os turnos são determinados pela “barra de esforço” de cada unidade, que aumenta a cada ação tomada e diminui entre os turnos – zerá-la significa que o próximo turno será daquele personagem. Isso possibilita uma série de estratégias bacanas, como por exemplo utilizar somente uma das ações possíveis no turno de um personagem para deixar sua barra de esforço pequena e garantir a próxima vez de agir para o mesmo soldado, te dando dois movimentos de vantagem sobre o inimigo, o que muitas vezes é suficiente para ganhar um confronto.
Como já mencionado, os baralhos são a grande sacada de Space Wolf. Você pode construir um baralho para cada uma das 3 classes canônicas de Space Marines de Warhammer. Existem 3 tipos de cartas: equipáveis, armas (de fogo ou corpo-a-corpo) e de movimento/habilidades especiais. Até 6 cartas são mostradas aleatoriamente de cada vez ao selecionar cada personagem, e são substituídas quando usadas. Cada uma tem um valor numérico que é acrescentado à barra de esforço do personagem que a utiliza. Alternativamente, as cartas também podem ser gastas como movimento, o que também conta como se fossem utilizadas. Além disso, existe um sistema de crafting de cartas que utiliza pontos ganhos ao se completar missões da campanha
Além da campanha, também existe um modo multiplayer peer to peer que coloca os jogadores em batalhas 1v1. Ao invés de enfrentar os Chaos Marines, os desafiantes selecionam sua equipe entre os Space Marines da campanha. O modo é divertido e cumpre o seu papel (além da natureza por turnos do jogo tornar irrelevante os problemas de conexão que o p2p acarreta), mas é também bastante simples e pelado, e não prenderá a maior parte dos jogadores por muito tempo.
Graficamente, Space Wolf é passável. Não chega aos pés do magnífico trabalho da Firaxis com Xcom 2 (para citar um exemplo recente de jogo similar), mas, guardada as devidas proporções, os desenvolvedores não fizeram um trabalho ruim, principalmente considerando que se trata de um jogo originalmente desenhado para aparelhos móveis. Falando nisso, as adições gráficas ao jogo com relação a sua versão original são várias, de melhora nas texturas a maior detalhamento dos modelos e retrabalho nos efeitos. Da mesma forma, a trilha sonora faz um bom trabalho em passar o clima militar lendário de Warhammer, mas a pequena variedade e a repetição advinda dela tornam a experiência mais enfadonha.
Apesar de estar em Acesso Antecipado, Warhammer 40.000: Space Wolf parece um jogo terminado. As maiores falhas do jogo dizem respeito ao balanceamento das fases da campanha, que às vezes podem ser frustrantes de tão difíceis, mas praticamente todo o conteúdo de jogo previsto já está presente. A jogabilidade diferenciada também proporciona bastante diversão para os fãs do gênero, mas a aparente simplicidade pode levar o jogador a se acostumar com as mesmas táticas e tornar a experiência algo mais pobre.
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