Fui designado a analisar boa parte dos episódios da primeira temporada de Hitman. Obviamente muito do que já escrevi sequer precisa estar aqui (para detalhes específicos de cada missão, clique aqui), logo focarei essa análise em aspectos mais relativos ao jogo como um todo, deixando de lado a lente específica e microscópica que me via obrigado a usar em cada missão.
Quando Hitman foi anunciado em um formato de lançamento episódico, fatiado ao longo do ano, torci o nariz na hora. Fiquei na dúvida se não era apenas uma jogada de marketing para manter o jogo no boca a boca do público por um tempo ainda maior, além de duvidar da capacidade da IO Interactive de por em prática essa estratégia comercial sem perder a mão na qualidade do jogo em si. Fui surpreendido em muitos aspectos, admito, mas acertei em cheio em outros. Resumidamente, Hitman é um jogo fraco de enredo, até agora, mas que surpreendentemente soube usar a estrutura em episódios a seu favor no quesito jogabilidade.
Não tinha reparado nisso ao jogar pela primeira vez, mas um tempo depois de terminar as missões, voltei ao Hitman com a proposta de esmiuçar o jogo. Pode ser contraditório com o primeiro parágrafo, mas não é. Na verdade, indo em cada pequeno detalhe do game, em seus desafios e troféus, pude perceber exatamente qual foi a verdadeira proposta do agente 47 nesse ano. Enquanto que ao longo da história o jogo pareceu um pouco raso, mal trabalhado e sem uma linha condutora madura, é no gameplay que Hitman acerta em cheio e consagra a sua escolha episódica.
Mas como Hitman dessa geração se difere dos seus anteriores e solidifca o gameplay a esse ponto? A resposta é o replay. Acho que a grande sacada de Hitman, foi integrar sua interface com as propostas dentro do jogo, ou seja, com sua jogabilidade. Cada desafio proposto e cada recompensa por completá-lo fazem sentido dentro do leque de novas outras opções de desafios e troféus que se abrem. Por terem lançados em tão poucos episódios, foi através do conteúdo extra, aquele além do fio condutor central da narrativa, que o jogo se
torna tão bom.
Há troféus que são extremamente difíceis de se completar, tomando horas de análise do cenário por parte do jogador para que seja solucionado da maneira adequada com os requisitos propostos. O mais interessante é que se fizermos os desafios supostamente mais fáceis antes, a escalada na dificuldade é bem arquitetada de forma que no fim já conseguimos ter uma boa intuição do melhor approach para as situações mais complexas. Hitman não se esgota em uma primeira aventura e, para completar o que os próprios cenários já oferecem por si só, a questão dos alvos temporários estimularam os jogadores a voltarem ao game mantendo o público sempre ativo.
Como já dito, nada disso veio sem sacrifício. Para a jogabilidade ter tanta opção como parece, o jogo escorrega em alguns problemas técnicos que chegam a ser cômicos. Você aperta um botão e uma máquia esmaga teu alvo na frente de todos e ninguém, que sabia que aquele botão ativava aquela ação, sequer desconfia que foi você; ou alguém acaba de comer o seu sushi e morre a dois passos do balcão do restaurante, mas você não teve absolutamente nada a ver com isso… Apenas dois exemplos de uma IA um tanto esquizofrênica, pois em outros momentos é excessivamente desconfiada. O enredo e o roteiro de Hitman também deixam muito a desejar, como já dito. Em alguns momentos, os diálogos tanto das cutscenes quanto das oportunidades que escutamos dentro do jogo são muito bobos, além da trama como um todo estar bem disconexa e simples demais.
A grande verdade é que esse título é um dos que depende realmente do gosto do jogador. Analisando friamente, posso dizer que é um jogo bom para o que se propõe, mas só vai te agradar de fato se você preferir uma diversão com o gameplay acima de uma história bem escrita e que te prenda. Se você procura uma trama de espionagem e assassinatos ao redor do mundo muito inteligente, com glamour, mas como objetividade, Hitman não vai servir muito para você, a história é curta e boba. Se você for um jogador que se diverte acima de tudo com a mão na massa e flerta com o gênero de assassinatos, esse jogo é um must, pois é desafiador e divertidíssimo.
Todos os episódios de Hitman já encontram-se disponíveis para venda digital em todas as plataformas. O pacote completo da primeira temporada chegará às lojas (físicas e digitais) em 31 de Janeiro de 2017.
{{
plataformas = [PS4, Xbox One e PC]
nota = [4/5]
game = [HITMAN]
game = [Primeira Temporada Completa]
info = [Lançamento: 31/01/2016*]
info = [Produtora: IO Interactive]
info = [Distribuidora: Square Enix]
texto = [HITMAN vence falhas de enredo com]
texto = [uma jogabilidade que faz do replay]
texto = [algo muito divertido e desafiador]
decisão = [Fãs do gênero vão amar!]
positivo = [Infinitas possibilidades]
positivo = [Cenários bem elaborados]
positivo = [Tensão pulsante]
positivo = [Ótimos visuais]
negativo = [IA desarranjada]
negativo = [Enredo fraco]
}}
*data relativa ao pacote completo com a primeira temporada.
