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Mulheres comemoram suas conquistas no mundo dos games com histórias de persistência e garra

Fonte: Press Release. Texto original pode ser encontrado aqui.

Faz tempo que o mundo dos games deixou de ser um reduto masculino. Na verdade, esse é um terreno cada vez mais feminino – 52,6% dos jogadores brasileiros são mulheres, segundo a Pesquisa Game Brasil 2016. Desde pequenas, garotas disputam partidas – e os consoles – com irmãos e amigos, participam de torneios, muitas vezes enfrentando preconceito e questionamentos sobre suas habilidades. Mesmo assim, assumem o gosto pelos jogos a ponto de seguir carreira nessa indústria, criando projetos, programando aventuras digitais, assumindo postos de destaque.

Para celebrar as garotas que se dedicam aos games, reunimos aqui algumas histórias inspiradoras de como o fato de ser elas mesmas as levou a realizar o que desejavam e chegar ao sucesso. Duas dessas histórias são de brasileiras reconhecidas no circuito gamer. Outras cinco foram contadas no almoço do 17º prêmio anual Women in Gaming, patrocinado pela equipe Xbox e realizado no início do mês durante a Game Developers Conference (GDC), em San Francisco. Sob o tema “Seja Você”, o evento reuniu mais de 400 mulheres para celebrar suas conquistas. Acompanhe.

Cristina “Olakristal” Santos, gamer e cosplay

Videogames sempre foram uma paixão para Cristina, conhecida como Olakristal entre os gamers. O primeiro contato aconteceu ainda adolescente, com seus primos, que não a deixavam jogar direito. Por isso, pediu para os pais e insistiu até ganhar seu primeiro console e nunca mais parou, apesar da hostilidade que ainda enfrenta. “Já pensei em parar de jogar online por conta do assédio e do machismo. Hoje, minha principal arma é selecionar meus contatos para evitar esse tipo de coisa”, explica.

Cristina acredita que um ambiente mais inclusivo faz toda a diferença para as garotas sentirem-se bem-vindas. Ela conta que muitas meninas estão se unindo para jogar e ter uma experiência mais divertida e segura. Também acredita que é importante que os jogos ampliem sua representação dos diversos tipos de pessoas, para que os jogadores e jogadoras possam se ver nessas obras. “Quando eu gosto de uma personagem, isso me motiva mais a jogar e me interessar por aquele universo”, conta Cristina, que já foi a jogadora mais bem ranqueada com a personagem Rose, no game Street Fighter IV para Xbox 360. Saiba mais sobre Cristina em seus perfis no Facebook e Instagram.

Amora Bettany, desenvolvedora do estúdio Miniboss

Amora concorda com Cristina sobre a importância da representatividade nos jogos. “Uma pessoa ao se ver representada na mídia que consome tem a sensação de que ela também pode fazer aquilo, de que ela é bem-vinda ali. E essa pessoa sendo de fato bem-vinda na criação dessa mídia vai trazer toda uma bagagem que é diferente do que a perspectiva que uma equipe de homens brancos de sempre está projetando ali”, afirma. Ela acredita que ainda falta muito para que os jogos sejam realmente diversificados, mas já percebe uma melhora nos últimos anos.

Sempre ligada em jogos, Amora começou a trabalhar no setor em 2010, após se deparar com ferramentas para a criação de jogos digitais cada vez mais acessíveis. Ela acredita que a chave para as garotas que se interessam pela área é a união. “Não sejam inimigas! Viu outra garota que também quer trabalhar com isso? Se juntem, façam um jogo juntas, se ajudem. Participe de cursos e aulas voltados para isso e procure se rodear de pessoas que querem te ver crescer”, aconselha.

O estúdio Miniboss, da Amora, é um dos responsáveis pelo incrível jogo Towerfall Ascension (disponível para Xbox One), entre outros. Ela sugere às garotas uma visita aos sites Pixel Prospector para conhecer mais sobre ferramentas para criação de jogos e PrograMaria para aprender a programar.

Jenny Xu, estudante do MIT, proprietária da JCSOFT Inc.

Jenny começou a atuar no design de jogos em desenho e animação. Compartilhava seu trabalho online com frequência, o que lhe rendeu uma série de opiniões positivas e a confiança para tentar coisas novas, apesar de ter encontrado sua cota de “trolls e haters”. Jenny, agora com 18 anos, já desenvolveu mais de 50 games online, jogados por mais de 4 milhões de pessoas.

Jenny compara sua experiência a jogar um RPG. Pode ter sido a heroína, mas eram seus amigos e família que compunham seu grupo – eles são “os guerreiros e curandeiros da minha história”, afirmou. “Eles estavam lá para me apoiar sempre que eu precisava de algo ou quando estava me sentindo mal. Meus amigos e família sempre estiveram presentes para lutar por mim.” Jenny recomenda que as garotas busquem por essas pessoas que são presentes em suas vidas para apoiar seus sonhos.

Elizabeth Maler, CEO da Accidental Queens

As primeiras experiências em desenvolvimento de jogos de Elizabeth não foram fáceis. Ela agora administra um estúdio com três mulheres na França e falou sobre o sexismo e o assédio que enfrentou e como ouviu que isso era apenas parte de “como a indústria funciona” e que ela “teria que se acostumar”. Por não ser o tipo de pessoa que aceita essa resposta, começou a questionar durante suas entrevistas de emprego.

“Minha primeira pergunta era: quantas mulheres trabalham em sua empresa? Minha segunda pergunta: porque não há mais? Normalmente, o número era realmente pequeno. Minha terceira pergunta era: o que você estaria disposto a fazer para ter mais mulheres? Algumas empresas não gostavam que eu fizesse essas perguntas e se sentiam realmente desconfortáveis. Mas tudo bem, porque essas eram empresas onde eu não gostaria de trabalhar. Então era um bom filtro.”

Maureen Fan, CEO e co-fundadora da Baobob Studios

Maureen concentrou-se no vaivém entre fazer o que realmente desejava e o que as pessoas esperavam que ela fizesse e em como encontrou formas de realizar sua paixão em situações difíceis. Seja ao formar-se em Stanford ou ao buscar estágios em animação enquanto tentava se graduar em administração por Harvard, Maureen contou que sempre buscou o que queria. Após um tempo na Pixar e na Zynga, ela decidiu se arriscar e inaugurar seu próprio estúdio de animação para realidade virtual, onde lutou contra o cinismo e o ceticismo por ser mulher.

A CEO perseverou e agora a empresa segue de vento em popa. Seu conselho para as mulheres foi de que elas devem se recusar a permitir que as pessoas façam com que elas sejam algo que elas não são só porque é isso que essas pessoas esperam delas. “Só você sabe o que pode fazer e como vai liderar.”

Dra. Kelli Dunlap Psy.D, psicóloga e designer de games

Kelli, jogadora e estudante de psicologia, dedicou boa parte de sua carreira acadêmica questionando a cobertura negativa da mídia sobre os jogos, que sugeria ligações entre agressão e videogames, contradizendo suas próprias experiências positivas. Seu projeto final provou que ela estava certa e que não havia correlação. Kelli encarou pressões e estigmas acadêmicos – foi avisada por um professor que se concentrar em videogames poderia prejudicar sua carreira, já que esse era considerado um assunto imaturo e que não merecia uma investigação acadêmica.

Porém, Kelli persistiu e continuou a colocar os jogos em seu trabalho. “Havia um trabalho chamado ‘O que Freud diria sobre X?’ e eu falei sobre ‘O que Freud diria sobre Halo’.” Ela continuou a seguir sua paixão ao trabalhar em artigos clínicos antes de ser aceita em um programa de bolsas em design de games.

Mariebeth Aquino, fundadora do 360Opportunity

Nativa de Viena, Áustria, Mariebeth percebeu logo nos seus primeiros dias em ciências da computação que ela queria fazer jogos e reiniciou o capítulo da IGDA (International Game Developers Association – Associação Internacional de Desenvolvedores de Jogos), reunindo pessoas para compartilhar ideias e apoiar umas às outras. “Eu me vejo como uma criadora de oportunidades com um entusiasmo infeccioso. E tento reunir as pessoas para ajudá-las.” À medida que trabalhava para ajudar comunidades de desenvolvimento de jogos a se organizarem e falarem por si mesmas, ela enfrentou um crescente assédio tanto online quanto off-line que acabou por exauri-la. “Eu estava tão envolvida em fazer a coisa toda funcionar que esqueci de mim mesma. Fiquei completamente exausta.”

Como muitas mulheres, ela acabou tomando a dura decisão de deixar essa indústria. Contou que não pretendia nem mesmo ir à GDC, até que um amigo pediu que ela participasse do painel Women in Gaming. Após o reencontro com amigas e companheiras desenvolvedoras, ela decidiu ficar e lutar pelo que acredita. “Não importa o que eu encontre. Não importa quais problemas eu enfrente. Eu irei me posicionar. Eu serei eu mesma!”

A reunião do Women in Gaming terminou com uma extensa sessão de perguntas e respostas com a plateia, com tópicos que incluíram práticas de contratação, melhorias na diversidade, mulheres nas áreas científicas e tecnológicas, apoio às estudantes e muito mais. Você pode assistir ao evento completo no Beam ou no Twitch. Siga o @WomeninGaming no Twitter e dê seu apoio!

Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

2 Comentários

  1. Essa pesquisa GameBrasil, leva em consideração jogos de celular… quem joga em celular, na maioria dos casos, não é um gamer. Passatempo e casualidade, não podem ser considerados assim.

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