E3 2017: Absolver é revolução nos jogos de luta. Jogamos e demos nossa opinião
Um dos momentos mais interessantes em toda E3 é visitar a área da Devolver Digital, emblemática produtora de jogos indies. Já há muitos anos, a empresa aluga um estacionamento ao lado do centro de convenções e enche de cerveja, comida e muitos dos seus jogos tanto para proporcionar um pouco de descontração depois de um dia inteiro de trabalho quanto para mostrar seus próximos jogos. Uma das suas principais apostas da produtora é Absolver, jogo que traz uma mecânica extremamente diferenciada de luta. Tive a oportunidade de jogar o jogo com seus desenvolvedores por aproximadamente 50 minutos e tirar minhas opiniões. Veja abaixo minhas impressões:
Assim que Paul-Emile Boucher, responsável pela criação artística do jogo, iniciou Absolver em um dos trailers fechados da Devolver Digital, fiquei bastante interessado com o que eu jogaria. A primeira coisa que enche os olhos no título é a sua arte. A Sloclap, desenvolvedora do jogo, teve extremo carinho não somente em criar uma experiência fluida de movimentação, mas também em usar todo o poder da Unreal Engine 4 para gerar o mundo e seus personagens de forma incrivelmente artística. Sou um adepto dos jogos que fogem do padrão estético tradicional, e Absolver definitivamente se encaixa nessa curadoria. Conforme me foi explicado pelo time de desenvolvimento, cada pedaço do jogo foi desenhado e criado a dedo pelos artistas da empresa para trazer espaço ideal de luta e beleza ao mesmo tempo. Há árvores, pássaros, sombras, ruínas e detalhes em todos os cantos da tela, de forma a criar um ambiente realmente denso e atmosférico que nos remete ao contexto pós apocalíptico no qual Absolver é inserido. É claro o objetivo de criar não somente um bom jogo, mas também uma experiência artística em todos os sentidos.
Agora, vamos à essência e maior qualidade de Absolver, seu gameplay. É admirável o trabalho que está sendo feito pela Sloclap para inventar um novo gênero de luta nos videogames. O jogo permite que o jogador simplesmente crie o seu próprio estilo de luta, com combos, golpes e sequências que lhe agradarem. O mais incrível é que tudo acontece de forma orgânica. Basicamente o sistema por trás do jogo é o seguinte: há uma árvore de habilidades, estilos de luta, golpes para os personagens e armas que podem ser invocadas. Cada golpe possui uma posição de início e fim de movimento, sendo que há quatro posições para o corpo do personagem, duas de frente e duas de costas. Isso, combinado com o fato de que pode-se criar sequências de combos personalizadas (colocando até quatro golpes em uma sequência), faz com que cada luta seja única. A princípio, essa mecânica parece complexa, mas com o tempo tudo vai ficando mais natural. Na minha experiência, criei duas sequências de combos fortes circulares, em que uma terminava na posição de início da outra. Caso eu acertasse o tempo certo de cada um dos golpes, era possível manter um combo eterno que ia aumentando minha força (claro, a stamina diminui ao longo dos combos). Além disso, uma barra de tempo (do mesmo estilo da barra de reload de Gears of War) e um flash nas luvas auxiliam na tarefa de apertar cada botão no momento certo para continuar os combos de forma fluida. Dessa forma, a habilidade de cada jogador em alternar seus golpes e sequências no timing correto será decisiva para a vitória.
A ideia por trás dessa mecânica é genial, já que possibilita infinitos estilos, com combinações de golpes, combos, posições de corpo e habilidades diferentes. É praticamente impossível que se jogue contra uma pessoa que tenha o mesmo estilo de luta que o seu, o que torna a experiência de Absolver bastante intrigante e variada. É possível, por exemplo, adaptar seu estilo de luta simplesmente mudando o lado de ataque, o que permite o encaixe de uma variada gama de novos golpes e combos. Diferentemente de títulos como For Honor, em que a maioria das técnicas acaba ficando manjada depois de um tempo, Absolver praticamente torna todas as lutas imprevisíveis. Para complementar, o lado RPG do jogo é muito bem trabalhado e me deixou bastante satisfeito com as possibilidades mesmo jogando por 50 minutos apenas. Há equipamentos, habilidades e armas para serem utilizadas. Para obter tudo isso, é necessário ganhar experiência através de luta ao longo do mapa. Resumindo a mecânica do jogo, temos um sistema muito bem feito de customização de personagem e de seu estilo, que levam a combates intensos, belos e fluidos como em nenhum outro jogo de luta.
Algo que não era claro para mim antes desta E3 é se o jogo teria um modo história propriamente dito ou se ele consistiria somente de lutas entre jogadores. Minha pergunta foi respondida da melhor forma na apresentação do jogo. Iniciei a campanha com Boucher e fui felizmente agraciado com uma bela trilha sonora e apresentação do primeiro trecho da história do jogo. Por motivos óbvios, a Sloclap não me revelou mais sobre o enredo de Absolver, mas a sinopse é a seguinte: Após um cataclisma, o mundo é devastado e deixado em ruínas. Poucos são os sobreviventes e a população faz o que pode para conseguir recursos e comida. Em meio a tudo isso, guerreiros são escolhidos pelo mundo para desbravar as terras desconhecidas e ajudar a população. Entretanto, a trama é levada para questões morais e de busca pelo bem maior. Para quem achava que não haveria uma campanha, saí de lá querendo zerar o jogo de uma só vez.
Para fechar com chave de ouro, Absolver é feito para ser jogado cooperativamente. Há a possibilidade de se jogar sozinho sim, mas o seu charme é se juntar a seus amigos e lutar contra os inimigos pelas ruínas do jogo. O sistema de pareamento é bem simples, sendo possível de se juntar a outros jogadores a qualquer momento. Basta segurar L1 para entrar em uma roda de opções, dentre elas a de se juntar a um jogador em um servidor ou de propor uma luta. E já falo aqui, cheguei até o primeiro chefão jogando com Boucher, desenvolvedor do jogo, e tivemos uma baita experiência. É fantástico e bonito de se ver dois personagens com estilos diferentes de luta batalhando contra inimigos que vão surgindo em meio às ruínas e árvores do cenário. O que complementa toda a experiência é o fato de que as lutas não são fáceis. Absolver traz um nível de desafio satisfatório, fazendo com que de fato você tenha que aprender a usar bem seus golpes, a desviar dos inimigos, saber quando mudar de posição e estilo. Bato palmas para a Sloclap, que teve a visão de criar essa obra prima, e para a Devolver, que resolveu apoiar.
Já estou jogando o beta do jogo e gostando cada vez mais. Absolver lança no dia 29 de agosto primeiro para Playstation 4 e ainda em 2017 para PC e é definitivamente um jogo para se estar de olho. Acompanhem o Última Ficha para ter nossa análise final no dia do lançamento e não se esqueçam de curtir nossa página em todas as redes sociais.