Apesar de não ter sido tão badalado, The Evil Within deixou seu legado. A ponto de criar uma base de fãs e defensores que o enxergam como um título de terror de respeito. Afinal, a mente por trás da obra é ninguém menos que Shinji Mikami, um dos criadores da franquia Resident Evil. The Evil Within 2 chega ao mercado com uma certa hype, mas ao mesmo tempo, com desconfiança, pois o primeiro jogo da série deixou algumas pontas soltas no roteiro e sofreu com alguns problemas de performance.
Sob nova direção
The Evil Within 2 não foi dirigido por Shinji Mikami, que apenas assina como produtor do título. Desta vez, quem assume o leme do jogo é John Johanas. Mas calma, pois o game está sob ótima direção. John foi o designer de efeitos visuais no jogo original AND dirigiu as DLCs lançadas para o primeiro jogo. O resultado desta mudança de ares é nítido, como veremos a seguir.
Um mundo aberto par explorar como quiser
A primeira grande diferença é nas inúmeras possibilidades de se explorar The Evil Within 2. Se o primeiro titulo era um grande trem fantasma de pânico, terror e agonia, TEW2 deixa você escolher seu caminho enquanto tenta sobreviver a essa nova empreitada na STEM, sistema de controle mental que se assemelha muito à Matrix,
produção cinematográfica de 1999, criada pelos irmãos Wachowski. Na STEM, várias mentes se conectam em um mundo programado de acordo com seus criadores.
Sobrevivendo a STEM (novamente)
Após sobreviver ao “incidente Beacon”, que conta os fatos acontecidos no hospital psiquiátrico em The Evil Within, Sebastian Castellanos está de volta. Atormentado pelos seus erros do passado, Castellanos vive embriagado para esquecer a dor de ter perdido sua família. Para piorar, a experiência na STEM deixou sequelas em sua cabeça o que causa constante confusão. Dormindo em um bar, Castellanos é acordado pela agente Kindman (lembram dela em no primeiro jogo?) que lhe revela que sua filha, Lilly, está viva. Diferente do que ele acreditava, Lilly está bem viva e precisa da ajuda do pai. Tudo o que ele acreditava saber sobre a morte de sua filha parece ter sido inventado pela Mobius, empresa que controla a STEM e, agora, precisa de Sebastian para encontrar Lilly, peça chave em sua invenção.
Mobius, a Umbrella de The Evil Within
Inspirado por mega corporações malignas e sedentas por lucro e poder, Mikami introduziu a Mobius no universo de The Evil Within para ser a empresa vilã do enredo. A ideia da Mobius é bem simples: conectar as mentes a um sistema central que ela tem total controle e, a partir daí, dominar a mente das pessoas que estão conectadas. Em The Evil Within (o primeiro jogo), a mente de Rubem (Ruvik), que é pra lá de perturbada, toma controle da STEM, pois esta estava em fase de testes e Rubem trabalhava em Beacon, lugar onde todo o projeto da STEM foi desenvolvido.
Em The Evil Within 2 a STEM já é um sucesso da Mobius. Milhares de pessoas já estão conectadas e vivem uma vida virtual dentro do sistema (pois, na via real, elas estão em estado de hibernação dentro de umas banheiras com um liquido branco que parece um leite de magnésio pra curar azia). Porém, algo de estranho está acontecendo na cidade de Unity e Castellanos é chamado para investigar.
Bem-vindos à Unity (ou seria Silent Hill?)
Assim que cheguei a Unity tive a sensação de estar entrando novamente em Silent Hill (o que já me deu aquele frio na espinha). O diretor de The Evil Within 2 claramente se inspirou na aterrorizante cidade que dá nome a outro clássico do Survival Horror e isso é bem legal. Até as ruas rachadas que formam grandes precipícios e uma casa pegando fogo no início do jogo fazem referência. E isso não tem problema algum. Explorar Unity é bem divertido (se é que você considera andar 100% do tempo tenso tentando sobreviver a zumbis de todos os tipos que querem te ver morto). É nesse momento que você vê a ideia do diretor John Jonatan brilhar. The Evil Within original era um jogo extremamente linear. E isso também não tem problema. O lance é que o jogo dava um cagaço do cacete, era difícil ao extremo e, para terminar aquele pesadelo psicodélico louco criado por Shinji Mikami, você tinha que avançar e vencer os desafios (entenda-se monstros assustadores pra cacete). Em The Evil Within 2 você pode “evitar” alguns perrengues. Porém, eu não recomendo, pois há várias recompensas que valem a pena serem descobertas logo de cara. Como a shotgun, que você já encontra bem no começo do jogo apenas explorando o mapa.
Armamento pesado para salvar Lilly
Se com uma faca e uma pistola Castellanos já faz estrago, com um verdadeiro arsenal à disposição então… Em The Evil Within 2, Sebastian Castellanos pode usar: pistola, revolver, shotgun, rifle de precisão (sniper), rifle de assalto, besta (com uma variedade incrível de “flechas”) e, até, um lança chamas. O bom e velho machado está de volta. Com ele, seu ataque corpo a corpo mata a maioria dos inimigos. O problema é que ele se quebra após o primeiro ataque. Portanto, use-o com consciência.
As armas podem ser melhoradas através de uma bancada (workbench) que você encontra ao longo do jogo. Essas bancadas estão disponíveis em refúgios (locais seguros nos quais você consegue beber um café, literalmente, salvar seu jogo, interagir com outros personagens e adquirir matéria prima para melhorar as armas), casas e no escritório de Sebastian. A arvore de evolução das armas é bem parecida entre elas. Você pode melhorar o dano causado, a quantidade de munição que ela carrega, a velocidade de recarga e a velocidade com que atira. A parte boa é que, uma vez evoluída uma arma, caso você encontre uma versão diferente da mesma arma que você está usando no jogo, a evolução passa automaticamente para a nova arma. É como se você evoluísse por categoria de arma e não uma arma especificamente.
Tratamento de choque para moldar o herói de acordo com sua preferência
Quem também pode evoluir é nosso herói, Sebastian Castellanos. Assim como no jogo anterior, The Evil Within 2 nos oferece uma árvore de evolução. Com ela, podemos moldar Sebastian para o estilo de jogo que preferiremos levar. Ex: você pode evoluir em furtividade, o que lhe ajudará a matar inimigos silenciosamente sem gastar munição, porém, ao custo de ter de se aproximar constantemente de seus alvos. Já aqueles que não querem sujar suas mãos, podem evoluir logo de cara em perícia com armas, o que garantirá melhor controle de coice de tiros, uma estabilidade maior na hora de mirar e por aí vai.
Dessa forma, você não perde nada evoluindo mais uma skill do que outra. Pelo contrário, você moldará a evolução de Castellanos a partir do tipo de jogabilidade que você irá querer no jogo. O mundo aberto de The Evil Within 2 faz toda a diferença para o sucesso dessa nova mecânica.
Amarrando as pontas soltas da história
Por falar no mundo de The Evil Within 2, a história do jogo enfim é apresentada de maneira clara. Depois do excesso de mistérios e dúvidas que ficavam na cabeça do jogador ao encerrar a história principal no primeiro jogo, The Evil Within 2 não apenas traz uma história sólida, mas também explica muita coisa do primeiro jogo. As motivações dos vilões não são lá das melhores, mas a caracterização dos personagens é muito legal e certamente ajuda na imersão que o jogo oferece. Algumas cenas e músicas provavelmente entrarão para a história do gênero.
The Evil Within 2 não é para amadores
Se você é novo no gênero survival horror ou simplesmente não gosta de jogos difíceis, fica o alerta: The Evil Within 2 é beeeem difícil. Acho que The Evil Within 2 não chega a ser tão difícil quanto seu antecessor (eu disse acho, pois ainda não tenho opinião formada, mesmo tendo zerado os dois jogos) justamente pela liberdade de exploração e evolução do personagem. Mas prepare-se para passar muito perrengue em Unity. Calhou deu escolher a dificuldade intermediária (o jogo te oferece três opções: algo como fácil, normal e difícil). Qual não foi minha surpresa, após zerar o jogo, que dias antes do lançamento do jogo, Shinji Mikami havia sugerido que as pessoas começassem a jogar o jogo pela dificuldade fácil. Seu eu soubesse o que me esperava, eu juro que tinha começado pela fácil, mas…
O terror que assusta a alma
Eu sempre gostei mais do terror que me fazia suar só de pensar na trama maligna que se avizinhava do que com jump scares que me faziam pular da cadeira e amaldiçoar quem tinha bolado aquilo. É lógico que o jump scare é um recurso válido e que, sim, causa medo. Mas nada como um ambiente hostil em que, a morte pode estar na próxima esquina ou através de uma criatura que você nem viu se aproximar. The Evil Within 2 consegue balancear bem esses dois fatores. O jogo é tenso do início ao fim. E, também, traz alguns jump scares que por muito pouco não fizeram o controle voar das minhas mãos. A função terror em The Evil Within 2 é incrível e catapultam o título a um must have da categoria.
Conclusão
The Evil Within 2 é histórico. O jogo ultrapassa com facilidade seu antecessor em todos os quesitos: enredo, árvore de habilidades, jogabilidade, gráficos e, o mais importante, terror. The Evil Within tem tudo para ser um universo próprio dentro da categoria survival horror. Se o antecessor patinava em enredo e alguns quesitos técnicos, a continuação jogou a série para outro patamar. Os fãs de survival horror vão adorar desvendar os segredos que Shinji Mikami e sua turma competente da Tango Gameworks criaram.
E quem estava saudoso de um Resident Evil “à moda antiga”, está aqui o sucessor espiritual de tudo o que você queria para a franquia.
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plataformas = [PS4, PC e Xbox One] nota = [5/5] game = [The Evil Within 2] game = [] info = [Lançamento: 13/10/2017] info = [Distribuidora: Bethesda] info = [Produtora: Tango Gameworks] texto = [Um jogo de survival horror épico] texto = [Sucessor espiritual dos Residents clássicos] decisão = [Obrigatório para fãs do gênero] positivo = [Enredo] positivo = [Gráficos] positivo = [Terror real] positivo = [Liberdade de exploração]
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Muito boa a Análise! Estou no Capítulo 7, com quase 10h de gameplay, e adorando cada segundo. O jogo parece ser bem longo (pra um jogo desse gênero) e Union já entrou pra lista das cidades mais adoradas, ao lado de Raccoon e Silent Hill; um verdadeiro playground survival horror. Podem comprar sem medo (ps: o trocadilho não se aplica neste caso).
Que bom que você gostou do review (e do jogo, principalmente). Vai curtindo e explorando cada pedaço do jogo. Obrigado pelo elogio.
Opa, valeu! Seu texto tá muito bom mesmo, e condiz exatamente com o que o jogo é. E, pode deixar, to aproveitando sim. Jogando sem pressa e explorando cada cantinho de Union. Que jogo foda!
Valeu, mesmo. Fico muito feliz em ouvir isso. E quando zerar depois me conta o que achou. Vamos trocar uma ideia. 😀
Combinado! Daqui uns dias retorno aqui!
Pronto! Fechei o jogo. E….que jogo, meu caro! Resumindo o que eu achei: gostei demais do mundo semiaberto (achei que ficou excelente do jeito que fizeram, acabou combinando com survival horror – e olha que eu tinha receio sobre isso). Minha única crítica fica para alguns vilões/chefes mal aproveitados. Por exemplo, dos humanos, o Stefano é o mais da hora disparado e achei que ele (e a Obscura) foram derrotados precocemente. Outros chefes que achei mal aproveitados: aquela bruxa fantasma (que poderia ter rendido uma batalha épica – eu esperava algo parecido com a batalha contra a Laura do TEW1, que também te importunava várias vezes durante o jogo), e aquele monstrengo feito de meleca branca (que emite um som assustador….merecia uma batalha de verdade). Não que tenham sido batalhas ruins, mas é que esses bosses são tão bem feitos que dava vontade de ter mais e mais e mais participações deles no jogo. No entanto, no geral, o jogo superou minhas expectativas, que já eram altas. Ou seja: jogo foda!!!
Já zerei o jogo duas vezes, uma no nightmare e outra no casual. A diferença na dificuldade é absurda! Levei mais do dobro do tempo pra zerar na mais difícil, e no fácil deu pra maximizar tudo com todos os recursos sobrando na casa da dezena de milhar.
Gostei muito do jogo, mas não achei ele sem nenhum defeito não. Achei a I.A. dos inimigos um tanto fraquinha, e os inimigos (principalmente os zumbis normais e os que pegam fogo) são bem mais sem graça do que no anterior. Tem um ou outro com o desenvolvimento bacana, como aquela pilha de corpos que realmente dá um nervoso quando tá correndo atrás de vc, e aquela mulher que fica cantarolando e atravessando parede. A câmera que anda pelas paredes era boa mas apareceu muito pouco, infelizmente. Stefano tem uma proposta genial mas não é assustador. Theodore podia ter um desenvolvimento menos clichê, mas o boss fight dele foi muito melhor que do artista. A parte da mulher dele me incomodou imensamente por ser muito curta, a capa do jogo é naquela parte mas dá pra passar por ela em 20 minutos, sendo que o jogo pode levar mais de 20 horas pra zerar.
Uma parada que quebra muito o clima é que o Sebastian não se assusta com nada, ele só fica debochando de todos os inimigos que ele tem, e isso tira todo o clima de terror. Pega por exemplo um James Sunderland do Silent Hill 2, tu via ele tremer na base quando aparecia o cabeça de pirâmide. Ele também sente culpa de umas situações muito toscas das quais não dá pra entender, do tipo “Minha mulher me mandou uma teoria da conspiração bisonha e eu não acreditei, nossa sou mt merda”. Porra, ninguém em sã consciência iria achar aquilo válido, da mesma forma que ninguém acreditava nas histórias dele que rolaram no primeiro jogo. A única cena em que eu realmente me sensibilizei foi (ALERTA DE SPOILER) com aquele delírio que ele teve com a mulher perdoando ele, e logo em seguida a morte da Esmeralda. Pra quem sofreu tanto com a morte da filha ele tava demonstrando mt pouco quando rolava aquelas visões dele. Nem lágrima caiu do rosto do cara durante o jogo todo…
TL;DR:
O gameplay é sólido e com momentos memoráveis que te dão vontade de seguir até o final. A história é boa mas o clima de terror não é pesado por conta do próprio Sebastian ser fodão demais e os dramas dele não colam. Vale cada centavo, mas do gênero dele tem muito mais “survival” do que “horror”.