Análise: Remnant From the Ashes é Bom, Bonito e Barato (review)
Quem disse que BBB não existe?
Quando comecei a jogar Remnant from the Ashes, eu torci o nariz ao reparar similaridades do jogo com The Division e outros títulos do gênero looter-shooter. Pessoalmente não gosto de The Division pelo foco excessivo em itens (inúteis), muito grind e farm para pouca recompensa, história e diversão. Felizmente eu estava enganado. Remnant mantém sim suas similaridades com esse tipo de jogo, mas vai além. O game traz desafios reais, que precisam de inteligência, habilidade e estratégia e seus itens são a cereja do bolo e não o único foco.
História
Remnant from the Ashes começa misterioso. Após criarmos o personagem com algumas (poucas) opções de personalização, assistimos o herói (heroína, no meu caso) tentar chegar a um farol em uma pequena ilha. Ao ser pega por uma tempestade fortíssima, acordamos em terra, um tanto desorientada e corremos rumo ao desconhecido. Ao tentar ajudar um anônimo em apuros, somos resgatados por um grupo de humanos. Acordamos, dessa vez em segurança, em um local chamado Setor 13.
O Setor 13 parece ser a última resistência da humanidade contra as monstruosidades que acabamos por conhecer como Raízes. As Raízes tomaram a terra, acabou com nossa civilização e continuam se espalhando em direção à total dominação do planeta. Após um rápido (até demais) teste de confiança, você ganha a graça da líder do Setor 13 e parte em uma jornada para sanar muitas perguntas. Essas respostas estão com o fundador do Setor, um homem chamado Ford – parente da atual líder.
Adentramos, então, uma Terra coberta por vegetações e monstros gigantes, as tais Raízes. Qualquer semelhança com a ambientação inicial de Darksiders 3 não é mera coincidências, o mesmo estúdio foi responsável pelos dois jogos. Sem um rumo específico, seguimos pistas atrás de Ford, que nos leva eventualmente a eventos sobrenaturais que ligam a nossa dimensão a diversas outras. É aí que a diversão realmente começa.
LEIA AQUI NOSSO REVIEW DE DARKSIDERS 3
Mãos na massa
O jogo é dividido em 4 dimensões que são geradas de forma procedural, ou seja aleatórias. Mapas, detalhes, NPCs, inimigos e até chefes são oferecidos ao jogador através de um algoritmo que tenta transformar cada experiência em algo único. O que significa que (quase) nenhuma aventura vai ser igual a outra. Se eu e você começarmos um jogo novo agora, teremos um longo e diferente caminho cada. Esse é o principal fator positivo do jogo, pois ao adentrarmos a partida de outra pessoa através do modo online, podemos experimentar coisas novas de mundos e partes que já passamos e que ainda passaremos – cuidado com os Spoilers.
Sendo um game muito baseado no combate e itens, isso foi uma jogada de mestre já que para conseguir certos equipamentos e experiência para evoluir o personagens, não precisamos ficar repetindo o que já fizemos antes. Basta entrar online, se conectar a outro jogador e vivenciar uma outra experiência, com novos itens e alguns inimigos e chefes diferentes. Acredite, isso é muito necessário, pois o final do jogo é de lascar.
Jogabilidade
A jogabilidade é ótima. O controle segue a ideia de Souls-Borne com FPS. Resumindo, bons tiros e a capacidade de se movimentar e rolar para se esquivar de ataques inimigos. A câmera sobre o ombro não fica devendo em nada e a fluidez do combate beira os FPS mais otimizados do mercado, com algumas ressalvas em raras armas específicas. Outro acerto foi o fato de que a equipe evitou limitar os personagens por suas classes iniciais, elas basicamente são kits de início de jornada que podem ser mudados conforme a evolução do seu herói, aumentando mais determinadas habilidades em detrimento de outras, vai ser só mais demorado de início. Eu particularmente comecei a minha jornada oficial como Sobrevivente e terminei sendo muito mais um caçador, apesar de variar eventualmente como Ex-Cultista.
As armas e armaduras adquiridas ao longo da jornada oferecem atributos exclusivos que podem ser tonificados e modificados. Apesar de relativamente limitado, esses itens servem para montar personagens focados em determinado papel e estilo de jogo, como mencionado no meu exemplo acima. Você pode escolher se especializar em escopetas, rifles de assalto, sniper e existe até a possibilidade de criar uma build de ataque corpo-a-corpo que, apesar de muito difícil, é bem divertida! Minha maior crítica sobre a construção do personagem é a ausência da possibilidade de criar builds pre-definidas com botão de atalho para alternar entre elas. Ter que abrir o menu para mudar de itens, modificaçoes etc. sempre que desejamos é bem chato.
Experiência sensorial única
Os gráficos do jogo são muito bons. A exceção fica para alguns NPCs e específicos inimigos que parecem um tanto genéricos e sem o devido acabamento. Tudo o que circunda o personagem principal é caprichado e o visual dá uma sensação boa de recompensa, tão necessária para jogos baseados em loot. Os cenários são lindíssimos e contam com uma direção de arte muito competente, dando a imersão necessária em cada etapa do game. Mas é válido lembrar que, por ter um sistema de geração procedural de (quase) tudo, o jogo peca em detalhes, não há aquele capricho final para cada pequeno adereço dos mapas, portanto é possível que uma hora ou outra você sinta o mapa meio vazio. Bem, para cada escolha, uma renúncia – não se pode ter tudo.
Mas é igual Bloodborne?
O desenvolvimento do roteiro pega emprestado muito do que vimos já em Bloodborne oferecendo ao jogador fragmentos da trama para que ele entenda o que tem acontecido bem aos poucos desde muito antes da história do início do jogo. Porém, ao contrário do jogo da From Software, Remnant from the Ashes não deixa tantas pontas soltas, pelo contrário, guia o jogador para um desfecho específico, mesmo que ele opte por não ler/se atentar às pistas ao longo do game. De qualquer forma, saber da história é legal, mas ela acaba não se revelando tão necessária assim e nem vai dar o que falar por parte da comunidade mais engajada. Pelo menos não tanto quanto Bloodborne.
Veredito
Por fim, o jogo cumpre muito bem seu objetivo de entregar uma experiência desafiadora mesclando FPS com o frustrante, porém recompensador sistema soulsborne. Ele conta com muita capacidade de replay e um sistema de loot/visuais divertidos. Infelizmente o jogo é muito dependente de seu modo online, que também peca pela trabalhosa interface. Jogar offline vai requerir horas e horas de grind um tanto repetitivo e pode ser um fator negativo para alguns. A história é divertida o suficiente para manter o jogador mais curioso engajado enquanto seu gameplay afiado com a geração procedural de quase tudo dá conta dos jogadores mais assíduos. Para embrulhar mais esse presente da atual geração, Remnant from the Ashes está a venda por apenas R$ 75,49 na Steam, R$ 147,45 na Xbox e R$122,90 na PS Store, valores bem abaixo do preço padrão de um lançamento AAA – o que torna tudo ainda mais gostoso.
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Remnant: from the Ashes
Gráficos e Animações - 8.5
Ambientação e som - 8.5
História - 7
Gameplay - 8.5
Replay - 8.5
8.2
Vale muito a pena!
Uma experiência divertida e diferente no mundo dos games e excelente para jogar com colegas.
A