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Análise: Final Fantasy VII Remake redefine o conceito de Remake

Jogo impressiona muito e agora é sentar e esperar por sua continuação

Depois de cinco anos de espera podemos finalmente jogar e nos deliciar com Final Fantasy VII Remake, um dos jogos mais aclamados e esperados da geração. O jogo original feito em 1997 foi revolucionário tanto para o mundo dos jogos como para a própria serie Final Fantasy.

Em um mundo que pensamento crítico não era taxado automaticamente de comunismo e outros ismos, o jogo questionava a exploração das grandes empresas onde o grupo revolucionário Avalanche desafiava a empresa Shinra que sugava os recursos naturais e a vida do planeta. Além disso pela primeira vez na série, tínhamos um jogo completamente em 3D e trazia um negro como um dos protagonistas. E o protagonista principal tinha seu momento Drag Queen.

E essa breve descrição é apenas parte do jogo que vemos em Final Fantasy VII Remake, onde foca na primeira parte do jogo original. Como diria a expressão, ainda tem muita água para rolar.

Confiram abaixo nossa análise do jogo que já está disponível exclusivamente para PS4 e possui legendas em português (que está somente aceitável infelizmente. Ela poderia ter sido muito melhor feita). Sua versão de PC sairá em 10 de Abril de 2021. Caso queira experimentar sua demo, ela está disponível na PSN.

Final Fantasy VII sob uma nova perspectiva

Como mencionei acima, Final Fantasy VII Remake traz somente a cidade de Midgard do jogo original e isso sempre levantou o seguinte questionamento: Como vão transformar uma história de cerca de 5 horas em um jogo completo com mais de 30 horas? Para se ter uma ideia, em nosso gameplay completo do FF7 original (confira aqui), fizemos em cerca de 4 horas a parte de Midgard e estávamos no nível 15.

A resposta é a mais satisfatória possível e há de ser dada em partes. A primeira é a perspectiva do jogo. Com a tecnologia do PS1, os personagens eram do tamanho das casas. Você atravessava a cidade em questão de segundos. Agora tudo isso pode ser esquecido. É simplesmente mágico andar dentro das cidades (setor 5, 6 e 7). Poder entrar nos geradores de Mako e ver uma construção complexa digna de tamanha tecnologia. O jogo agora é real para nossos olhos e sua proposta. Graças a isso, praticamente cada novo canto ou evento no jogo é absolutamente fantástico. Não falarei nada para evitar spoilers, mas quem jogou o jogo original irá se surpreender positivamente.

A segunda parte da resposta é que o jogo traz muito conteúdo novo em todos os aspectos. Agora todos os personagens e NPC’s são dublados. Sempre que passa pela cidade existem diálogos entre eles conversando sobre suas vidas ou os atos da Avalanche que a mídia, comprada pela Shinra, espalha para os cidadãos. Além disso existem mini games e missões secundárias que não existiam no jogo original. Elas simplesmente adicionam mais conteúdo ao jogo. Não espere nada profundo nem das missões como dos novos personagens.

Um destaque nesse ponto é que mesmo sendo Cloud o personagem principal, o mundo não gira em seu redor. Muitas vezes verá os outros personagens conversando entre si.

Para fechar esse tripé de novidades, temos tanto o aprofundamento de personagens clássicos como novas missões. Um exemplo claro é que agora conheceremos o trio de ajudantes da Avalanche como Biggs, Wedge e Jessie. Todos devidamente animados e com suas personalidades. E por falar em personalidade, agora todos personagens tem uma personalidade clara e muito bem feita que encaixa com suas visões originais de 1997. Além de termos esse aprofundamento, temos novas missões e ai sim alguns novos NPC’s que influenciam na história e são bem feitos.

Gráficos, trilha sonora espetacular e carinho com o conteúdo original

Vou começar falando sobre a trilha sonora de Final Fantasy VII Remake que é absolutamente fenomenal. A trilha sonora de 1997 já era fantástica, porém, ela foi atualizada com muito sucesso e novos acordes. Não somente a trilha é formidável como existem variações com ritmos inusitados que pode colecionar e tocar nas Jukebox.

Sobre os gráficos, ele é exatamente o que vimos e esperamos. É tudo absurdamente lindo e bem feito. Os efeitos de luzes, em especial nas lutas é um show a parte. E isso tudo tendo uma taxa de frames constante. Porém, existem alguns pop up de texturas assim como texturas com diferentes resoluções. Isso não atrapalha em nada o jogo, mas existem algumas cenas que naturalmente saltam aos olhos, pois a diferença é gritante.

E um outro destaque vai para como a Square teve respeito com o conteúdo de 1997. Todos os momentos épicos estão presentes, referências, piadas e muito mais. Ou seja, o que já existia voltou de forma muito melhor com mais profundidade e ainda tivemos diversas adições na história que desenvolvem todos os personagens.

Batalha técnica e complexa

Possivelmente a grande mudança em Final Fantasy VII Remake foi com relação a batalha que mudou de batalha em turnos para ação. Muitos podem pensar que o jogo é um apertar de botões desenfreado, mas é muito mais do que isso.

Antes de mais nada é preciso saber que cada um dos personagens tem um ataque básico e um especial. Cloud tem como ataque normal a curta distância e tem uma boa mobilidade. Já o especial deixa ele com movimentação muito lenta, mas com um ataque feroz e rápido. Já Barret ataca de longe com sua “mão metralhadora”. Seu especial da um tiro potente, mas demora um tempo para recarregar. Além de atacar, é possível se defender ou então tentar esquivar dos ataques inimigos.

Essa é a primeira parte da estratégia, saber qual membro e qual ataque utilizar. Lembrando que é possível mudar imediatamente os personagens. Além dos dois tipos de ataque, temos as habilidades que são ganhadas através das armas.

Cada arma de cada personagem tem uma habilidade nova. Para ganhar essa habilidade é necessário utilizar essa arma e sua habilidade cerca de 5 vezes. Após fazer isso, essa habilidade será sua independente da arma que utiliza. E por falar em arma temos uma grande novidade que é sua evolução.

No jogo clássico uma nova arma é mais forte que a anterior e fim. Já em seu Remake isso mudou. Cada arma tem uma série de melhorias como ataque físico, ataque mágico, mais espaço para matéria, eficiência de buffs e mais. A cada novo nível você ganhará pontos que poderá ir desbloqueando essas melhorias. Ou seja, até sua primeira arma poderá ser útil no final do jogo.

Algo que está no jogo assim como estava no clássico, são as matérias. Para quem não sabe, elas são “pedras mágicas” que tem magia imbuída. Sempre que estiver uma equipada ela ganhará experiência e com o tempo ficará mais forte. Caso chegue no nível máximo, ela terá uma “filha” e você ganhará uma matéria extra. Ou seja, na parte da estratégia, você precisa saber que arma usar, como irá evoluí-la e qual matéria equipar.

E isso tudo tem algo maravilhoso que é a ATB (a barra de ação). Toda habilidade e/ou magia custará de uma a duas barras de ATB. Ao acionar essa barra (ou a de seus colegas) o jogo entra em câmera lenta e é possível tomar uma decisão com toda calma do mundo. Ou seja, a Square acertou em cheio nesse mix de RPG de ação com essa adaptação de turnos que é perfeita.

E graças a essa ATB, a Square minimizou o problema de câmera que o jogo possui. Por ter muita ação, diversas vezes você fica em um canto ou então por estar no ar a câmera fica extremamente mal posicionada. Essa câmera também incomoda em ambientes apertados como subir e descer de certas escadas.

Mas caso não queira focar tanto na ação, a Square deu uma boa solução. Existe no jogo um modo clássico onde o personagem atacará, movimentará, defenderá e esquivará automaticamente. Você irá focar somente nos comandos das habilidades e magias.

Mas ainda tem mais…

Falei acima sobre a quantidade de decisão e planejamento que tem que ter para preparar seu personagem, porém, as lutas são impressionantes.

O desafio já começa com os inimigos comuns que tirando um ou outro eles sempre serão desafiadores. Então é muito raro você passar por um trecho que seja “mamão com açúcar”. E no meio desses inimigos quem ganhou um lugar em nossos corações foram os chefões.

Todos os chefões tem dois a três modos e as lutas são longas e complexas (tem lutas que duram cerca de 20 minutos). Não ache que é somente estar forte e equipado é o suficiente. Muitas vezes terá que perceber os padrões do inimigo, se proteger atrás de escombros, esperar uma abertura e muito mais. Isso sem falar que ter equipado a matéria correta irá ajudar e muito.

E todas essas lutas ficaram muito mais cinematográficas e interativas graças a essas modificações. Entre cada um dos estágios dos chefões o cenário pode mudar, os padrões mudarão e muito mais. É de ficar boquiaberto.

O final de Final Fantasy VII Remake não agradará a todos

Como a Square sempre havia alertado, Final Fantasy VII Remake seria um jogo por capítulos, mas seria entregue de forma completa. E isso é uma grande verdade com 35 horas para jogar com muito conteúdo. Porém, acabar o jogo e ver que a história continuará, mas sem saber quando, é um tanto triste. Mas não é isso o que quero falar.

Quem já conhece a história, sabe que após o chefão robô da ponte, o grupo sai de Midgard e a aventura continua. Porém, para dar um sentimento de conclusão, a Square adicionou um “fim” para o Remake.

Esse fim envolve os seres misteriosos que aparecem flutuando diversas vezes no jogo e são chamados de sussurros. Após derrotar o chefão robô que mencionei, você deverá entrar em um portão mágico e enfrentar mais dois inimigos.

O primeiro chefão eu apelidei de Heartless gigante. É um momento Kingdom Hearts que faz todo sentido a luta, porém, o inimigo destoa de tudo que encontrou no jogo e acaba sendo uma luta um tanto cansativa.

Já o segundo chefão final é o total oposto. É uma luta excepcional que faz sentido com o mundo apresentado, mas a luta em si não faz nenhum sentido existir.

Ou seja, a Square se encontrou em uma situação que deveria dar um senso de conclusão (a algo que não terminou) e também tentou agradar aos fãs. O resultado? Algo que ficou um tanto meia boca e poderia ter sido feito melhor. Mas não me entenda a mal, estou falando que algo ficou mais ou menos na última hora do jogo, enquanto todas as outras 34 horas são espetaculares. E por mais que possa ser sentido, temos uma luta épica!

Final Fantasy VII Remake

Visual, ambientação e gráficos - 9.5
Jogabilidade - 9.5
Diversão - 10
Áudio e trilha-sonora - 10
Enredo e personagens - 9

9.6

Espetacular

Final Fantasy VII Remake é possivelmente o Remake mais bem feito que já vi até hoje. Ele consegue transformar a cidade de Midgard em algo com muito conteúdo e com muitas cenas épicas. Além disso o novo combate é sensacional, técnico e muito desafiador. Ele irá agradar tanto os novos jogadores como os fãs do game. Embora ele seja extremamente respeitoso com o material original, o jogo deixa a desejar em sua hora final ao tentar dar um senso de conclusão a algo que efetivamente não termina.

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Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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