Ser o primeiro jogo brasileiro listado pela renomada revista Time como um dos melhores do ano, figurando ao lado de nomes como God of War e Red Dead Redemption 2. Essa é só uma das façanhas conquistadas por Dandara, criação do estúdio belo-horizontino Long Hat House, fundado por João Brant e Lucas Mattos há 5 anos.
Sabemos que a produção de jogos no Brasil ainda está longe de ser um mercado acolhedor. Entretanto, casos de sucesso como este, estimulam vários jovens a perseguir os seus sonhos. Pensando nisso, retomamos nosso bate-papo com João Brant (já tínhamos conversado sobre a história de Dandara), desenvolvedor e sócio da Long Hat House, sobre como é começar do zero nesse mercado e o que os iniciantes precisam saber para também buscar seu lugar ao sol.
Última Ficha: Como vocês se conheceram e decidiram começar a produzir jogos?
JB: Eu e o Lucas nos conhecemos na faculdade de Ciência da Computação e éramos as únicas pessoas
que conversavam sobre fazer jogos né, como seria, etc. Mais pro final do curso, decidimos juntos que deveríamos tentar fazer algum jogo antes de se formar, pois depois seria procurar um emprego na área de TI, coisa que nenhum de nós queria muito naquele momento.
Começamos a fazer uns projetos quase antes de formar (e terminamos depois), jogando fora o que não dava muito certo, ficando com o que dava. Essa empreitada acabou resultando no Magenta Arcade, nosso primeiro jogo como Long Hat House. Era um jogo mobile, um shoot’em up onde sua nave é seu dedo, de forma que se você tirasse o dedo da tela você saía do jogo e parava de atirar – mas tinha tocar de volta para se arriscar e eliminar os inimigos. Foi muito legal, conseguimos algum reconhecimento da mídia, fomos finalistas em alguns festivais como o Big Festival.
Isso fez a gente sentir que tínhamos potencial para fazer alguma coisa legal e decidimos continuar fazendo jogos.
Qual a dica que vocês dão para outros brasileiros que tem o sonho de também trilhar esse caminho?
Uma dica pra começar é começar logo, juntar os amigos (ou nem que seja sozinho) e colocar a mão na massa. Por enquanto, o Brasil não tem muita indústria de jogos, e na maioria dos lugares, nem faculdade nem algum empregador vai te ajudar muito a fazer jogos e você tem que buscar o conhecimento sozinho. Mas é importante não ficar somente lendo sobre, mesmo que você não saiba programar. Existem várias ferramentas, como o famoso Game Maker, onde não é necessário saber programar e você ainda aprende uma lógica muito útil para aprender a programar depois.
Outra coisa muito importante é começar pequeno. Jogos são muito complicados de serem finalizados, bem mais do que parece. Coisas como efeitos sonoros, interface, menu, etc têm de ser feitas e pensadas para sair um produto de qualidade. Não só isso: também existe o esforço de colocar o jogo disponível na internet e fazer pessoas encontrarem o jogo. Além disso, um fato mais difícil de engolir: nenhuma, mas nenhuma mesmo, ideia crua da cabeça fica boa de primeira. Toda ideia tem que ser jogada no formato de videogame, observada de forma humilde e crítica e iterada várias vezes.
Desenvolver essa visão crítica do jogo também é muito importante, e isso só se consegue fazendo jogos.
Minha dica é: comece a fazer jogos o mais cedo possível, e comece a fazer jogos pequenos. Jogos
que na sua cabeça devem ser fáceis de fazer, e termine-os. A experiência que você consegue finalizando um jogo é incrível, por isso friso de novo que faça-os o mais cedo possível, no maior número de vezes.