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Análise: Fast & Furious: Crossroads é um acidente automobilístico

Nem os maiores nomes do transporte alternativo aprovariam

Pouco ouviu-se falar de Fast & Furious: Crossroads antes do seu lançamento no dia 7 de agosto. O game estava originalmente programado para ser lançado em maio, junto ao próximo filme da franquia: Velozes & Furiosos 9. No entanto, por conta das complicações causadas pela pandemia da COVID-19, a película foi adiada para 2021. Assim, Fast & Furious: Crossroads virou o único representante da franquia em 2020 e, mesmo assim, praticamente nenhuma propaganda ou ação de marketing foi feita para divulgá-lo. Talvez estivessem querendo nos poupar do que estava por vir.

Produzido pela Slightly Mad Studios, famosa pela ótima série de jogos de corrida Project CARS, existia uma certa expectativa sobre o game. Afinal, o que poderia dar errado ao entregar o forte e bem-sucedido nome da franquia Velozes & Furiosos para uma desenvolvedora experiente em jogos de corrida?

Tinha tudo para dar certo. Ou não

Fast & Furious: Crossroads traz para os vídeos games todo o casting da famosa franquia de filmes. Sim, espere encontrar os personagens protagonizados por Vin Diesel, Michelle Rodriguez, Sonequa Martin-Green e muitos outros, durante a aventura, todos com uma dublagem competente.

Fast & Furious: Crossroads

A história principal apresenta um novo grupo de pilotos que acabam se metendo em rota de colisão com uma organização criminosa internacional. Logo, para salvarem as próprias cabeças, acabam pedindo ajuda de Letty (Michelle Rodriguez), que já estava atrás desses criminosos. Ela acaba envolvendo Dominic Toretto (Vin Diesel) e todos vão investigar com o objetivo de desmontar essa organização criminosa.

Para isso, você terá que enfrentar carros transformados em máquinas de guerra, hackear veículos em movimento, disputar rachas em várias cidades pelo mundo afora, ou seja, toda a loucura e caos que envolve qualquer Velozes & Furiosos. Então, novamente, o que poderia dar errado? Bem…

Fast & Furious: Crossroads

Um desastre em quatro rodas

Crossroads é uma mistura de corrida e ação. Em algumas missões você vai disputar as tradicionais corridas ilegais à noite, em outras você vai precisar destruir os carros dos inimigos, fugir da polícia ou até enfrentar um tanque de guerra. Em várias você vai precisar somente dirigir do ponto A ao ponto B. Não há um mundo aberto, então todas essas missões são cumpridas de forma linear. Enfim, como já deve ter ficado claro, você passa o tempo inteiro dirigindo. E esse é o principal problema.

Dirigir é um ato inexplicavelmente tenebroso. É até difícil colocar em palavras o quanto a jogabilidade do game é ruim. Qualquer tentativa de fazer uma curva, o carro derrapa como se fosse fazer um drift. Mesmo se você estiver a 20 km/h. Os atos de acelerar e frear também respondem de maneira completamente não-natural. Como se o game não tivesse decidido se seria mais arcade ou mais realista e ficado em um meio termo incompreensível. É impossível prever as reações que o carro terá aos seus comandos.

Limitações inexplicáveis

Só há um único ângulo de câmera. Sim, você não pode trocar por uma visão de dentro do carro ou outra mais afastada. E ela faz um péssimo trabalho em focar no que está acontecendo. Em uma determinada missão, eu precisava chegar perto de um caminhão para hackeá-lo. Parei exatamente ao lado do veículo, no entanto não consegui fazer o hack por limitação da câmera, o que me obrigou a manobrar e parar exatamente frente a frente para, somente assim, cumprir a missão.

Não há muita dificuldade em cumprir as missões apresentadas. O maior desafio está na própria jogabilidade, que será responsável pela maiorias das falhas. E um detalhe: não há como pular as cutscenes. Se houver uma antes do ponto em que você falhou, será obrigado a assisti-la novamente. Pelo menos os checkpoints são bem generosos.

Uma física absurda. Mas não no bom sentido

Se a jogabilidade de Fast & Furious: Crossroads é incompreensível, ela é quase boa perto da física. Seu carro tem um “efeito rampa”, e todas as colisões de frente com outros carros fazem eles levantarem voo enquanto você pouco perde velocidade. A menos que estes sejam carros de NPCs ou da polícia. Estes são feito de puro aço e pouco reagem às suas investidas.

A física beira o absurdo na fase de Marrocos onde deslizamentos de pedras acontecem a qualquer momento (!). Só que, para os mais velhos como eu, é impossível não ver as pedras como os “aerólitos” de um famoso episódio de Chapolin. Os pedregulhos, mesmo muito maiores que os veículos, tem a resposta física de uma caixa de isopor.

Graficamente o game se mantém abaixo da média. Apesar de haver até um certo esforço em digitalizar os modelos dos personagens do filme, os cenários das fases são terrivelmente pobres, com diversas partes do cenário com texturas em baixíssima resolução. Em alguns ambientes, efeitos como tempestades de areia parecem inseridos somente para esconder as texturas. De uma maneira geral, Fast & Furious: Crossroads parece um game de PS2 feito com a tecnologia disponível hoje.

Multiplayer vazio

Crossroads também conta com um modo multiplayer, onde três equipes de três jogadores se enfrentam. Eles são divididos em heróis, vilões e policiais. Enquanto os dois primeiros grupos se enfrentam para completar um objetivo, o terceiro tenta impedir os dois. Novamente, parece uma ideia boa, mas, infelizmente, após esperar 32 minutos para ter uma partida preenchida, o game travou enquanto carregava o mapa.

É difícil entender como uma desenvolvedora como a Slightly Mad Studios foi capaz de entregar um produto final tão aquém do esperado. Pelo menos dá para entender porque tão pouco foi gasto com o marketing antes do lançamento. Fast & Furious: Crossroads já nasceu fadado a ser rapidamente esquecido.

Fast & Furious: Crossroads está disponível para Playstation 4, Xbox One e PC.

Essa análise segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Fast & Furious: Crossroads

Visual, ambientação e gráficos - 3
Jogabilidade - 1
Diversão - 3
Áudio e trilha-sonora - 5
Narrativa - 5

3.4

Ruim

Fast & Furious: Crossroads é um desperdício de potencial e falha em praticamente tudo o que tenta fazer.

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Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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